22 de maio de 2010

O Altruísmo e a Firmeza

A Arte de Combinar Compaixão com Discernimento

Robert Crosbie




A reunião de alguns poucos produzirá um vínculo mais próximo e uma devoção mais forte. Haverá sem dúvida algumas reações, mas, mesmo assim, elas passarão, e todos serão beneficiados, se todos se mantiverem firmes. As mudanças continuarão. Não fique surpreso se a alma ficar em uma condição em que ela parece estar imóvel, inerte. Ela se acostumará às novas condições  e continuará a partir delas. O nosso lema deve ser: “vamos continuar com o trabalho”.

E tenha cuidado com as críticas e as suspeitas recíprocas. Haverá grandes ocasiões para o exercício delas, ou parecerá haver. Devemos reconhecer que cada estudante sincero está tentando, e que cada um tem o seu próprio jeito, através do qual se aproxima. O nosso jeito é essencialmente nosso, o dele é dele, e ambos são igualmente importantes. Necessitamos apenas Lealdade - lealdade ao trabalho, lealdade às nossas convicções, lealdade de uns em relação aos outros, com toda fé e confiança no fato de que cada um é uma parte do outro e de todos os outros. Assim estaremos unidos em um pensamento, uma vontade, um sentimento. 

Isso não significa uma aceitação indiscriminada de tudo e de todos. A atitude acrítica é  apenas pseudotolerância. Levada à sua conclusão legítima, esta falsa ideia de “fraternidade” significaria que o pecado, a dor, o sofrimento, o erro, todas as religiões e todas as filosofias estão corretas; que todos estão fazendo o melhor que podem, da melhor maneira que podem fazer, e que não podem fazer nada diferente, e que tudo isso são passos de aprendizado.

A humanidade peca, se aflige, sofre e morre um milhão de vezes, por que motivo? Apenas ignorância. A teosofia é verdade e como tal não pode fazer aliança com qualquer forma de erro e permanecer verdade. Se filosofias parciais pudessem salvar o mundo não haveria necessidade do sacrifício feito pelos Mestres.

Para aqueles que nunca conheceram a Teosofia, ou cujas mentes são tão distorcidas, quando atuam, que não a percebem, deveria haver piedade e compaixão. Mas piedade e consideração pelas suas posições falsas não podem levar a um abandono do nosso discernimento - nem ao abandono do que nós sabemos, e daquilo que é nosso propósito viver e conhecer.

Não acredito em teosofia diluída. Os Mestres não a diluíram. Ou nós levamos adiante o trabalho Deles ou não o levamos adiante; não há  necessidade de hipocrisia ou de autoilusão. Outros, no mundo, que não são capazes de ver a Unidade da teosofia nem a sua importância na época atual, podem usar partes dela, e alguns deles, infelizmente, fazem isso de modo que prejudicam a si mesmos e desorientam a humanidade.  Será que eles estão certos? Devem ser elogiados ou “tolerados”? 

O dever daqueles que têm conhecimento não é manter elevado o Padrão Branco da Verdade? A resposta deve ser afirmativa. Se não fosse assim, de que maneira alguém que busca a verdade poderia percebê-la? A teosofia deve ser mantida no alto, de modo que ela possa confrontar erros de todo tipo - assim como os seus instrumentos, o fingimento e a hipocrisia.

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O texto acima foi traduzido da obra “The Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie, Theosophy Co., Los Angeles, 1946, 416 pp.,  ver pp. 11-12.  Partes dele foram publicadas na edição de novembro de 2009 de “O Teosofista”, sob o título “A Arte da Ação Altruísta”. A coleção completa de “O Teosofista está disponível em nossos websites associados.

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Para conhecer um diálogo documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500 anos, leia o livro “Conversas na Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline.


Com 28 capítulos e 170 páginas, a obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de Blumenau, Edifurb.  

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