Só Uma Intenção Firme e
Elevada Conduz à Sabedoria Universal
John Garrigues

O propósito
central de cada indivíduo funciona como a agulha de uma bússola
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Nota Editorial:
O texto a
seguir analisa o chamado
“Compromisso de Kwan Yin”. Foi
publicado pela
primeira vez de modo anônimo
na revista
“Theosophy”, de
Los Angeles, edição de
abril de 1932, pp. 260-261. Título Original: “The Right
Motive”. Os dados históricos disponíveis e uma análise
do seu
conteúdo indicam que o autor é John Garrigues.
(CCA)
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“Nunca irei buscar nem
aceitarei uma salvação particular ou individual; jamais entrarei isoladamente na
paz da libertação final, mas sempre e em todo lugar viverei e me esforçarei
pela libertação de todos os seres no mundo inteiro.”
Este
antigo compromisso “contém a ideia da motivação mais elevada que um ser humano
pode ter.” [1]
Uma
intenção deste tipo deve dominar cada pensamento e ação - e deve ser a principal
força orientadora ao longo da vida -, se alguém quiser alcançar “a paz que
ultrapassa o entendimento humano.”
Há
muitos séculos a busca da salvação individual tem sido considerada como o dever
de todo bom cristão. “O que é que eu devo fazer para ser salvo? Quero ser
salvo seja qual for o destino do meu irmão”. Este tem sido, e ainda é, o
ponto de vista adotado pelos seres humanos em geral.
Aos
olhos do cidadão comum, a sua própria individualidade parece tão importante que
não é difícil compreender por que os seus valores éticos ficaram tão confusos.
Ele realmente acredita que quanto mais alto chegar, no mundo material, mais
próximo estará da salvação final!
O
fator que governa a existência diária é a busca de vantagens pessoais. Digamos
que um indivíduo acumula uma grande riqueza. Ele concentra todo o seu interesse
e sua atenção nesta meta durante a maior parte da sua vida, e tudo o que não traz
ganho pessoal é descartado. Mas estes tesouros não podem comprar a sua passagem
para a felicidade eterna, porque ao longo do caminho para a riqueza material
ficou registrado o sacrifício dos que contribuíram, de um modo ou de outro,
para que ele obtivesse suas vantagens pessoais.
“É
mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um homem rico entrar
no reino dos céus”, disse Jesus.
Por
que ele fez esta afirmação?
Porque
sabia que a motivação daquele que luta por um ganho individual está
inteiramente fora de sintonia com o Reino dos Céus, se entendermos “Céu” como o
lugar mais alto, o lugar do “conhecimento total”.
Ser
“rico” não se aplica apenas à acumulação de riqueza monetária, mas também à
luta pela posse de qualquer coisa material. Assim, um homem pode ser rico em
egoísmo e não ter dinheiro; pode levar uma vida de desobediência às leis da natureza
e não possuir dinheiro. Ele pode passar a vida buscando obter posições de
destaque na política ou na sociedade, e querendo alcançar a aprovação do mundo
ao seu redor; mas só ele saberá dizer com que motivação trilhou o caminho da
vida.
A
teosofia ensina que as posses materiais e as vitórias no mundo são apenas
obstáculos no progresso espiritual, se não forem usadas com sabedoria. Aquele
que obtém vitórias materiais deve manter total desapego em relação a elas, de
modo que quando chegar a hora da renúncia possa deixá-las de lado sem reservas
e sem lamentações.
O
antigo Compromisso exige a disposição de renunciar incondicionalmente a todos os tesouros do eu e da
personalidade. A autorrenúncia é uma conquista difícil, porque o eu está na
fonte de cada ação, e todos devemos agir. Como, então, podemos agir com uma
motivação correta?
A
intenção certa exige que façamos o nosso dever com um coração que não se
preocupa em relação a resultados, mas fica satisfeito pelo fato de fazer a
vontade do Senhor interno, o eu superior.
Os
estudantes de teosofia sabem que todo esforço feito desta maneira é um passo
dado na direção certa.
Nosso
progresso talvez seja lento, e pode necessitar grande número de encarnações, mas
aprendemos alguma coisa de cada experiência, e podemos destilar as amarguras e
sofrimentos da vida, obtendo a partir deles um bálsamo que cura a alma.
A
compreensão dos princípios básicos da existência, e o conhecimento do Ser Uno
que é “a essência de todas as criaturas”, surgem como uma luz que brilha na
escuridão e indica o caminho para aqueles que buscam.
NOTA:
[1] Este é o “Compromisso de Kwan Yin”. Ver “Notes on Bhagavad
Gita” (“Notas sobre o Bhagavad Gita”), Theosophy Company, Los Angeles, 237 pp.,
1986, p. 152. O compromisso também é citado
na obra “The Friendly Philosopher”,
de Robert Crosbie, Theosophy Company, 1945, p. 357. (CCA)
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Sobre o
mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição
luso-brasileira de “Luz no Caminho”,
de M. C.

Com
tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos,
85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The
Aquarian Theosophist”.
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