O Dever dos Diferentes Setores Sociais
é Pensar com Lucidez no Futuro do País
Carlos Cardoso Aveline

Desde
antes dos anos 1980 o eleitor brasileiro tem votado predominantemente a favor
da ética na política.
A
mobilização comunitária contra o roubo do dinheiro público provocou dois
impeachments presidenciais desde a aprovação da Constituição de 1988.
Foi
com base na luta pela ética que os setores de esquerda e centro-esquerda
alcançaram o poder a partir da década de 1990.
A
questão é central para o povo brasileiro. Não o percebe quem não quer.
Enquanto
passam as décadas, o povo continua desejando dirigentes sinceros, moralmente
responsáveis, que tenham uma visão estratégica correta de futuro. Isso se vê,
em geral, pelo resultado das urnas.
A
partir de 2003-2005, os setores dominantes de centro e da esquerda abandonaram
a defesa da ética, da moral e da honestidade, e passaram a apoiar direta ou
indiretamente a prática da corrupção. Na mesma medida, adotaram o costume de
acusar de “ultradireita” a quem defende a ética, a quem luta pelos princípios
morais, a quem defende a vida e a família.
Foi
um modo de virar a casaca e trair os seus ideais. [1]
Desta
maneira os setores conservadores que buscam uma renovação do país passaram a
ter quase o monopólio da luta pela honestidade na política. [2]
A
esquerda e o centro, sem visão de futuro, cegos, viciados em jogadas de
marketing e manobras manipuladoras de curto prazo, adotam os piores hábitos da
direita e pedem implicitamente demissão da tarefa histórica de buscar o bem do
país.
Os
ideais sociais se tornaram propaganda enganosa. As necessidades do povo são
usadas em discursos que apenas encobrem a corrupção. O crime organizado
derrotou a esquerda desde o seu interior. A decadência moral individual levou
ao roubo do dinheiro público. A imprensa convencional faz o papel de abutre, e
ganha dinheiro vendendo notícias ruins.
Deste
modo, os setores políticos nominalmente “de esquerda” providenciam com todo
empenho a sua própria derrota, enquanto transferem para a direita conservadora
o prestígio de quem luta pelo bem, de quem pratica a franqueza, de quem pensa o
futuro em termos estratégicos, de quem defende o cumprimento da Lei, combate o
crime, preserva o bom senso e respeita a verdade.
O
que o Brasil merece, no entanto, é que os diferentes setores políticos, inclusive a esquerda, tenham ética. A
recuperação da honestidade pode demorar bastante tempo, mas é uma tendência
saudável a ser colocada em movimento. Uma longa caminhada começa com o primeiro
passo. Cabe à esquerda afastar-se do crime organizado, para então começar a
reconstruir-se com base em princípios éticos elevados.
Lentamente,
passo a passo, o Brasil se afirma como país. O tempo histórico avança
devagar.
Seja
qual for o resultado desta ou daquela eleição, o pensamento político brasileiro
terá de reconstruir as fontes e as bases
da sua força moral. O dever dos diferentes setores sociais é pensar com
lucidez no futuro do país. Cabe combater o roubo, defender a vida, cumprir a
lei. E o bom senso manda preservar o nível do debate público, que é uma forma
de respeitar o espaço comum.
NOTAS:
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Uma versão inicial do texto
acima foi publicada pela primeira vez – sem indicação de nome de autor – nas
páginas um e dois da edição de setembro de 2018 de “O
Teosofista”. A sua publicação como artigo independente ocorreu dia 3
de outubro de 2018.
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Os
leitores estão convidados a ler “Marxismo Não Promove o Crime”, “Esquerda, Ética e Fraternidade”, e,
de Franco Montoro, “Filosofia do Direito e Colonialismo Cultural”.
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Em 14 de setembro de 2016, depois
de uma análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de
estudantes decidiu criar a Loja
Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um
futuro saudável.
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