O Crescimento do Rigor Ético Abre
Espaço Para a Prática da Fraternidade
Carlos Cardoso Aveline

Há alguns
anos lutam no Brasil dois campos de forças morais. São duas áreas de afinidade
magnética e cármica, que disputam o controle do país no plano cultural, e também
lutam pelo seu controle político.
De
um lado está o hábito infeliz de enganar os outros e enganar a si mesmo. É o
plano da ilusão. No processo sociológico visível tem destaque aqui o crime
organizado, e ele inclui em lugar discretamente central os traficantes de droga.
Quando
se fala de tráfico de drogas, porém, é preciso lembrar que ele conta com o
apoio decisivo dos consumidores de maconha, de cocaína e outras substâncias
destrutivas da alma e do corpo.
1. O País
Infantil do Fingimento
Os
consumidores de droga têm todos os tipos de opinião política. Em muitos casos
se consideram direitistas. Outros tantos se apresentam como “progressistas”,
“socialistas” e “liberais”. Estes são a desgraça dos ideais de justiça social.
Embora
tais pseudointelectuais não raciocinem por si mesmos, eles apreciam a arte de
gritar slogans e repetir frases. Sua atitude é essencialmente infantil. Não
cantam em corais de igreja. Formam corais de rua, e esses corais interrompem às
vezes a rua para queimar pneus. Assim os autoiludidos intoxicam os seus
próprios pulmões enquanto envenenam o ar respirado por todos.
Este
é o campo do populismo político corrupto e irresponsável, que distorce de modo
quase carnavalesco os ideais humanitários e os coloca a serviço da falsidade
sistemática, desmoralizando a luta pelos direitos dos trabalhadores.
É
o âmbito de Macunaíma, “o falso herói sem caráter”.
Do
mesmo lado está o clero “progressista” e corrupto da igreja católica. Afundando
a si próprio em escândalos inenarráveis, o cristianismo autoritário tem sido impotente
para conter a renovação moral trazida pelas igrejas evangélicas, que, com sua
pluralidade, ajudam a renovar o Brasil e vão vencendo pouco a pouco suas imperfeições.
No
movimento teosófico, que atua num plano mais sutil, aqueles que defendem a
falsa teosofia e a pseudoclarividência de Annie Besant e Charles Leadbeater
tendem em muitos casos a defender a fraude populista. É uma questão de
afinidade. Uma mentira leva à outra. A pseudoteosofia tem algo em comum com a
corrupção na política porque pratica a mentira devocional e a “fraude piedosa”.
De
outro lado, no movimento teosófico, estão os que praticam a sinceridade e estudam
a filosofia autêntica de Helena Blavatsky. A ética universal da teosofia coincide
com a ética da tradição de Francisco de Assis e com o que há de melhor no
cristianismo como um todo. A força ética da teosofia autêntica vem crescendo
pouco a pouco entre os estudantes de filosofia esotérica. A análise dos fatos
mostra que o carma do movimento não só faz parte do carma do país, mas também
atua no plano das causas e é determinante, influenciando o rumo da história num
plano essencial e invisível aos olhos.
2. A Grande
Mídia Comercial
No
plano da opinião pública, uma parte dos veículos da grande mídia comercial
trata de conseguir leitores e espectadores transformando em espetáculo a
hipocrisia, a maldade e a violência.
Em
toda parte, os subjornalistas atuam como mercadores do mau-gosto. Os
jornalistas dignos cumprem o dever de ser sinceros.
Para
aumentar o seu lucro, a grande mídia irresponsável nivela por baixo. Estimula
uma certa semipornografia. Considera moderno consumir drogas e praticar o
aborto. Procura desmoralizar o mundo da honestidade. Transforma em “famosos” os
cidadãos derrotados pela vaidade que levam uma vida fútil e habitam o
território do narcisismo desvairado. Apresenta como dignos de destaque os
criminosos e os autores de atos repulsivos ou violentos.
De
outro lado estão os cidadãos que usam a internet e as redes sociais para a
prática da sinceridade e o uso responsável das palavras. Profundas
transformações sociais estão ocorrendo graças à democratização dos meios de
informação social através do mundo online.
O
campo falsamente populista inclui o corporativismo sindical das categorias profissionais
mais bem pagas do país. Neste aspecto têm destaque algumas das universidades
federais e certos grupos de funcionários das estatais.
O
dinheiro do crime organizado ajuda a dinamizar o campo magnético que asfixia as
almas. O capital financeiro de curto prazo nada produz de útil. Ele distorce a
economia do país, prejudica os seus setores produtivos e vicia o espaço
monetário da nação.
A
“proposta” do “campo cultural” materialista é a destruição da alma. A sua “ética”
é a ética da negação cega da sinceridade. O desrespeito à vida e a promoção do
aborto são centrais para esta subcultura. As hostes da destruição cética dizem
que é correto desejar antes de merecer. Afirmam que o caminho da felicidade
passa pelo desprezo do dever e pelo atropelamento de quem pensa diferente.
A
cor ideologicamente usada por este campo, no Brasil, é a vermelha. E cabe
evitar que no futuro este vermelho seja símbolo de um sangue derramado em vão.
Não
se pode odiar as pessoas desinformadas que se deixam enganar e caem nesta rede
de armadilhas moralmente destrutivas. Deve-se combater o erro, e não os que
erram. Desmascarado o processo do engano coletivo, uma des-ilusão saudável
libertará as vítimas da fraude “progressista” da esquerda que nega a existência
da alma apenas para endeusar o prazer material imediato, que leva ao desespero.
As fraudes da direita política e do dogmatismo religioso devem cair junto com
as ilusões da esquerda.
No
lado oposto à falsidade temos o verdadeiro Brasil, que busca a verdade e sabe
que o sentimento honesto liberta as almas para o que há de melhor.
Aqui
estão os cidadãos que não buscam enganar os outros e tratam de libertar-se a si
mesmos da ilusão. Sociologicamente, o campo magnético da sinceridade usa com
destaque as cores verde e amarelo. Nele vemos um setor minoritário do
catolicismo, influenciado por uma leitura sincera do Novo Testamento, pela
tradição de Francisco de Assis e outras fontes de inspiração mística
verdadeira.
3. O Brasil
Responsável É Sensato
Temos
nesse campo popular a maior parte das igrejas evangélicas, tão combatidas desde
sempre pelo papismo medieval autoritário.
Apesar
das suas limitações, as agrupações evangélicas afirmam-se como uma alternativa
saudável na cultura brasileira. Muitas delas têm um contato fraterno com uma
fonte central da civilização do Ocidente: o judaísmo, religião de grande
riqueza ética, hoje abrigada e ancorada em seu próprio país, Israel.
Embora
cheias de falhas humanas, as igrejas evangélicas combatem, em geral, os ataques
contra a família, que é bastião indispensável dos laços de amor profundo. Os
evangélicos dizem “não” à corrupção na política. Ensinam ao povo pobre o estudo
da Bíblia como uma alternativa ao desespero. Combatem as causas da
criminalidade. Transmitem aos humildes a autoestima e o respeito pela vida.
Combatem o aborto. Defendem o casamento, estrutura espiritual e afetiva básica
da civilização. Despertam o autorrespeito nos cidadãos desesperados. Ensinam
que é preciso merecer, antes de desejar. Esclarecem que o caminho da felicidade
passa pelo cumprimento do dever.
Predomina
no nível honesto da alma brasileira uma atitude adulta, isto é, responsável.
Busca-se aqui seguir o lema “Ordem e Progresso”. Considera-se moralmente belo
cumprir a lei. Sabe-se, também, que falar a verdade é indispensável para ser
feliz.
4. Respeito à
Vida Torna Natural a Ajuda Mútua
Neste
campo já tivemos, e voltaremos a ter no tempo certo, os defensores éticos e
altruístas dos ideais sociais. A ele pertencem os pioneiros do cooperativismo, os
que praticam a ajuda mútua e ensinam a simplicidade voluntária, aqueles que defendem
a natureza e fazem uma crítica coerente à voracidade do capitalismo cego.
Este
é o campo sincero da luta pela justiça nas relações sociais.
Aqui
estão os defensores não-demagógicos da ética nas relações de produção econômica,
e do respeito à vida nas relações com o meio ambiente e os recursos naturais. A
meta de todos deve ser um país eticamente correto. Cabe construir uma nação ecologicamente
sustentável, socialmente justa, moralmente equilibrada e economicamente eficaz.
Para isso se necessita tanto de calma como de sinceridade no modo de pensar, falar e agir.
A
luta pelo bem de um país não é um combate da esquerda contra a direita, nem da
direita contra a esquerda. É uma batalha que acontece na alma de cada cidadão.
É uma oposição entre a lealdade e a deslealdade.
Não
se trata de um combate de ideias, apenas, mas de um duelo entre honestidade e
ilusão. Ele se desdobra 24 horas por dia nos pensamentos, nos sentimentos de
cada um. Ele é travado nas instituições, nas classes sociais e na família.
Ocorre nas associações teosóficas e maçônicas. Acontece nos sindicatos, nas
igrejas, no parlamento e em todo lugar.
A
vitória da verdade é certa, porque a verdade é indelével, eterna e invencível,
enquanto a mentira tem pernas curtas.
O
Brasil é protegido pela Lei Natural da justiça, segundo a qual “tudo aquilo que
se planta, se colhe”. O crescimento das forças morais do país torna possível a
construção do ideal teosófico e cristão da fraternidade entre todos os seres.
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O
artigo acima foi publicado em nossos websites associados no dia 30 de outubro
de 2018.
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Leia também os textos “A Justiça Prática Para Todos”, “Observando o Astral de um País”, “A Fonte da Ética na Política” e “O Renascimento Moral do Brasil”.
Examine
os artigos “Marxismo Não Promove o Crime”, “Esquerda, Ética e Fraternidade”, “A Bancarrota do Partido dos Trabalhadores” e “Democracia Exige Respeito à Lei”.
Sobre
falso esoterismo e pseudoteosofia, não deixe de ver “Leadbeater Diz Que Matou Brasileiros”, “Bispo Católico Visita Plantações em Marte”, “Fabricando um Avatar”, “Besant Anuncia Que é Mahatma”, e “Krishnamurti e as Ilusões Besantianas”.
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