28 de julho de 2025

Ideias ao Longo do Caminho - 62

 

Observar os Efeitos Práticos da Paz Interior 
 
Carlos Cardoso Aveline
 



* Os animais agem com moderação por instinto, mas os humanos precisam ter sabedoria por mérito próprio. O presente e o futuro de um país ou civilização dependem da moderação e do autocontrole que cada indivíduo tenha, de modo a respeitar em sua própria alma o bem comum e a defender a felicidade dos outros.

* Não basta erguer de vez em quando a mente e as emoções acima da ignorância. É necessário firmar a independência pessoal com um vigor concreto e terrestre, bastante material, feito na direção da luz. A força terrestre que obedece à energia superior deve vencer a batalha material na luta contra a força terrestre que ainda não aprendeu a obedecer à Lei e à intenção correta. A média da consciência diária deve ser elevada enquanto se ergue e se purifica os pontos mais baixos da consciência. Para isso é necessária uma vontade indômita.

* Diz um antigo provérbio turco que, quando o machado entrou na floresta, as árvores comentaram: “O cabo é um dos nossos”. O ditado tem um sentido profundo. Para o lenhador que corta árvores, o cabo de madeira do machado é um convite à moderação. O autocontrole leva à bem-aventurança. A floresta sustenta a todos, se for preservada, mas não há civilização sem florestas. [1]

* A ignorância é mais confortável que a sabedoria, ou assim parece. Por isso nem todos sabem que abrir mão de coisas materiais e posições de destaque pessoal permite conquistar o mais valioso, que é invisível. Quem tem discernimento percebe que desapegar-se do egoísmo permite alcançar o seu oposto. E que a ação justa produz contentamento. A pobreza é amiga da sabedoria. Quando cumpre seu dever perante a alma espiritual, o peregrino deixa de lado o que não vale a pena e conhece pouco a pouco a bem-aventurança.

O Passado é Fonte de Inspiração para o Futuro

* A visão que temos das nossas origens é um fator determinante da nossa visão de futuro. Este necessário equilíbrio está presente em todos os níveis da vida.

* Quando um peregrino vê suas origens como um conjunto que envolve mais de uma encarnação - incluindo, portanto, níveis superiores de consciência - a visão de futuro do indivíduo passa a ser mais ampla e profunda.

* No âmbito familiar ou de uma comunidade qualquer, uma visão espiritual do passado sustenta uma visão espiritual do presente, e estabelece também a estrutura e a substância interna de um futuro melhor. A compreensão do passado determina secretamente o futuro da comunidade.

* A visão que uma loja filosófica tem da linhagem a que pertence é um fator decisivo para a fonte de legitimidade e de magnetismo superior da associação. Fundada em 2016, a Loja Independente de Teosofistas, por exemplo, vê como parte da sua origem os escritos do Visconde de Figanière (1827-1908). Amigo pessoal e aluno de Helena Blavatsky, Figanière é autor de livros clássicos importantes e escreveu artigos publicados por Blavatsky nas revistas que ela editava.

O Bem-Estar e o Bom Senso

* O discernimento é indispensável no caminho da sabedoria, porque a aparência de ideias nobres é com frequência usada para disfarçar ações ignóbeis.

* O escritor brasileiro Lima Barreto abordou o processo pelo qual o discurso elegante serve para esconder os fatos reais: “Em nome da religião têm-se praticado muitos crimes; em nome da arte têm-se justificado muitas sem-vergonhices; mas, atualmente, é a ciência que justifica crimes e também assaltos aos minguados orçamentos do país.” [2] Tendo por arma a força da ironia, Lima Barreto desmascarou a astúcia da ignorância espiritual organizada.    

* Quando olhamos as misérias do nosso tempo, fica fácil perceber que a paz interna deve ser incondicional, e que ela precisa fluir com independência em relação ao mundo externo. Por outro lado, o tesouro que está nos céus é imortal. A libertação da consciência enfrenta obstáculos, mas avança devagar e sempre.

Resultados Práticos da Paz de Espírito

* Não é tarefa simples enumerar os efeitos da harmonia na alma das pessoas.

* Uma profunda paz mental pode tornar-se um fato sociológico em grande escala, na medida em que a paz se expande e produz um sentimento de boa vontade entre diferentes grupos e classes sociais. As formas políticas e religiosas de egoísmo passam então a desaparecer.

* A harmonia emocional com nós mesmos e com os que estão mais próximos de nós reduz radicalmente o medo; cura ou reduz os efeitos da maior parte das doenças; previne a maioria das enfermidades; torna desnecessárias e desagradáveis mil e uma maneiras de ser hostil; multiplica a cooperação e a ajuda mútua nos parlamentos; expande a criatividade em cada ação social e econômica; e permite que as nações economizem dinheiro que de outro modo seria desperdiçado em guerras, ou em preparações militares.

* No plano individual, a paz interior expande a felicidade e o contentamento; elimina as causas da ansiedade; promove o amor e o bem-estar no casamento e em outras formas de vida familiar; cura a doença emocional do consumismo; torna o indivíduo capaz de avançar no caminho espiritual; permite que cada ser humano seja amigo das árvores e dos animais; e capacita as pessoas a agir de maneira mais sábia em todos os aspectos da vida.

* Estes exemplos facilmente se multiplicam, à medida que pensamos neles.

NOTAS:


[2] Do livro “Feiras e Mafuás”, Lima Barreto, Editora Mérito, São Paulo e Rio de Janeiro, 1953, 312 pp., ver p. 09.

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O artigo “Ideias ao Longo do Caminho - 62” foi publicado como item independente em 28 de julho de 2025. Uma versão inicial e anônima dele pode ser vista na edição de setembro de 2020 de “O Teosofista”, pp. 15-17.  

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Embora o título “Ideias ao Longo do Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the Road”, de Carlos C. Aveline, não há uma identidade exata entre os conteúdos das duas coletâneas de pensamentos do autor. Desde 2018 a série “Thoughts Along the Road” está sendo publicada também em espanhol sob o título de “Ideas a lo Largo del Camino”.

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Leia mais:








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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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23 de julho de 2025

Ideias ao Longo do Caminho - 61

 
Como Se Perdeu a Memória
Sobre Pedro Álvares Cabral
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
Em 23 de abril de 1500, Cabral desembarca no futuro Brasil. No dia
anterior ele havia chegado a Porto Seguro e preparado o desembarque.




* Nem sempre a força moral de uma pessoa de caráter é compreendida ou valorizada no mundo social.

* Pouco tempo depois de descobrir em abril de 1500 o território do futuro Brasil, Pedro Álvares Cabral caiu em uma certa desgraça política e viveu esquecido o resto da vida. De acordo com Metzner Leone, isso ocorreu porque ele era um navegador demasiado ético para aquele momento, e para aquele rei.

* Cabral considerava que ter caráter era mais importante do que agradar os poderosos. Quando Pedro Álvares morreu - em 1520 - fortaleceu-se o processo do seu esquecimento. Desde então, poucos dados biográficos resistiram ao tempo. A obra de Metzner Leone sobre o navegador é uma exceção à regra do esquecimento. Trata-se de um livro valioso que está disponível online.[1]

Um Informe Sobre o
Brasil - em Livro de 1730

* Uns 230 anos depois de 1500, o historiador Sebastião da Rocha Pitta escreveu o seguinte a respeito da América portuguesa:
                                               
* “Em nenhuma outra Região se mostra o Céu mais sereno, nem madruga mais bela a Aurora. O Sol em nenhum outro Hemisfério tem os rayos tão dourados, nem os reflexos noturnos tão brilhantes. As Estrelas são as mais benignas, e se mostram sempre alegres: os horizontes, nasça o Sol ou se sepulte, estão sempre claros. As águas, quer se tomem nas fontes pelos campos, ou dentro das Povoações nos aquedutos, são as mais puras.”

* “É em fim o Brasil Terrenal Paraíso descoberto, onde têm nascimento e curso os mayores rios; domina salutífero clima; influem benignos Astros, e respiram auras suavíssimas, que o fazem fértil e povoado de inumeráveis habitadores, [embora] por ficar debaixo da Tórrida Zona o desacreditassem e dessem por inhabitável Aristóteles, Plínio, e Cícero, e [com estes não-cristãos] os Padres da Igreja Santo Agostinho, e Beda, que se tivessem tido experiência deste feliz Orbe, seria ele famoso assunto das suas elevadas penas, onde a minha pena receia voar …”. [2]

Os Pés no Chão e o Paraíso Interior

* O paraíso deve começar na alma de cada cidadão. Paraísos externos só podem existir como reflexos concretos de um estado de consciência que constitui um paraíso interior. O país abençoado é aquele cujos cidadãos são sábios. O conhecimento divino, como se sabe, é obtido através da ética e do amor à verdade.  

* Durante o século 21, cabe investigar qual é a melhor maneira de trilhar o caminho espiritual. Tudo indica que é preciso, em primeiro lugar, manter os pés no chão. Um Mestre da Sabedoria do Oriente escreveu a uma aluna ocidental:  

* “Trate (…) de aprender uma lição através de quem quer que seja que ela possa estar sendo dada. ‘Até mesmo as pedras podem pregar sermões’. (…) Você sempre obterá o que necessita se o merecer, mas não mais do que merece ou estiver apta a assimilar.” [3]

* A afirmação do instrutor significa que são inúteis as palavras, as crenças e os rituais, se estiverem separados da vida interna que acontece na alma do aprendiz.

* O ensinamento escrito da teosofia clássica nos dá o instrumento básico do aprendizado. Mas a própria vida é o livro principal a ser estudado. A natureza, nos seus diversos níveis de consciência, é o instrutor dos instrutores.

* A partir do momento em que os ensinamentos clássicos de teosofia são reconhecidos como marcos referenciais para uma experiência direta do conhecimento divino, uma leitura inteligente das lições de vida poderá começar. Mas este processo será independente do mundo enganoso das aparências.

A Força e a Utilidade das Leis

* Nenhuma quantidade de leis e regulamentos pode substituir a força tácita e não-escrita da boa vontade mútua. Em última instância, o processo da boa convivência não pode ser provocado por palavras. Ele deve ser um sentimento comum, um valor moral compartilhado.

* Laotse afirma no capítulo 87 do Wen-tzu que “quando as leis são complicadas e os castigos severos, o povo se torna desonesto.” E o fundador do taoísmo acrescenta: “Quando as proibições são muitas, pouca coisa é realizada.”

* Embora as leis sejam importantes, a boa vontade e a decisão comum de ter respeito pelo Espírito das leis são fatores centrais e decisivos.

* Quando as pessoas querem se aproveitar de sutilezas para agir com desonestidade sem quebrar a lei formalmente, as regulamentações precisam tornar-se exaustivas, detalhadas e complexas.

* Três passos são necessários para evitar complicações dolorosas na sociedade. 1) O primeiro é obedecer à lei e ao seu espírito, apesar das limitações que a lei possa ter, porque o caos não é bom para ninguém. 2) O segundo passo é produzir uma “consciência legal” mais forte na comunidade, tal como escreve o filósofo russo Ivan A. Il’in (1883-1954). Consciência legal é um sentido interno de dever diante das leis e do bem comum. Deste modo se torna mais fácil dar o terceiro passo: 3) Fazer com que as leis sejam simples, justas, compreensíveis, e fortes.

* A vitória ao caminhar neste rumo depende de reconhecer um fato bastante básico: as leis, para serem eficientes, necessitam que haja força moral, sentimento ético e “consciência legal” na comunidade. Em outras palavras, é a boa vontade que mantém de pé uma nação ou um grupo humano, e boa vontade só se ensina pelo exemplo. Propaganda não tem valor nas questões de substância.

O Mistério do Bem-Estar

* O mundo inteiro tem paz, quando nós temos paz. Em outras palavras, na medida em que nos sentimos ligados à nossa alma espiritual, estamos também em unidade e harmonia com a Lei que conduz a vida por toda parte. Este tipo de paz transcende o conflito. Um tal sossego interior cura a infantilidade, desmascara a ilusão, reduz a fonte da dor, faz com que vençamos a falta de discernimento, e nos rodeia de uma atmosfera de bem-aventurança.

NOTAS:

[1] Clique e veja a obra “Pedro Álvares Cabral”, de Metzner Leone.

[2] Do livro “Historia da America Portugueza”, de Sebastião da Rocha Pitta, Edição de Lisboa de 1730, 716 pp., ver pp. 3-4. A ortografia foi atualizada quando necessário para facilitar a compreensão. Tal como Pedro Álvares Cabral, o autor da obra foi membro da Ordem de Cristo, ou seja, pertenceu à tradição antiga dos Templários.

[3] Veja o texto “Os Sermões Através de Pedras”.

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O artigo “Ideias ao Longo do Caminho - 61” foi publicado como item independente em 23 de julho de 2025. Uma versão inicial e anônima dele pode ser vista na edição de agosto de 2020 de “O Teosofista”, pp. 16-17: porém a citação presente na nota “Um Informe Sobre o Brasil - em Livro de 1730” é aqui reproduzida das páginas 11-12 da mesma edição.

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Embora o título “Ideias ao Longo do Caminho” corresponda ao título em língua inglesa “Thoughts Along the Road”, de Carlos C. Aveline, não há uma identidade exata entre os conteúdos das duas coletâneas de pensamentos do autor. Desde 2018 a série “Thoughts Along the Road” está sendo publicada também em espanhol sob o título de “Ideas a lo Largo del Camino”.

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Leia mais:








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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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17 de julho de 2025

O Teosofista - Julho de 2025

 




O texto de capa desta edição é “Uma Incerta Recompensa dos Céus”, e o subtítulo faz a seguinte pergunta:

A Bênção Pode Ser Um Prêmio Imerecido?

Perto do final da página dois, algumas linhas de Helena Blavatsky enumeram “Os Três Tipos de Luz Cósmica”.

A página três apresenta “Lições do Esforço Espiritual: a Voz do Mestre Surge do Conjunto das Circunstâncias”.

Em seguida vem “A Ordem, o Progresso e a Paz”, nas páginas cinco e seis. 

Estes são outros temas de julho:

* Você Agradece Todo Dia Pelas Suas Dificuldades?

* Na Busca do Mais Elevado, Há Uma Prioridade Para Quem Quer Vencer.  

* São Pedro de Alcântara, o Patrono da Terra de Santa Cruz.

* Ernest Renan: O Que é Uma Nação?  

* Por Que o Lema Nazista Não Faz Sentido: o Brasil Não Está Acima de Tudo, E Deus Não Está Acima de Todos. O respeito mútuo entre as nações (e entre os grupos sociais) forma a base da fraternidade universal.

* O Resgate do Realismo: Quando Será a Vitória do País?

* Ideias ao Longo do Caminho - A Inevitável Lei do Desconforto Regula a Aprendizagem Autêntica.

* Um Poema: Renascimento - A Lei da Reencarnação nos versos clássicos de um grande poeta. 

* Universalismo Brasileiro em Versos - o poema “O Sonho do Astrólogo”, de Cruz e Sousa.

* A NATO-OTAN é Pior que Inútil? - Os arsenais nucleares devem ser desmontados.

* Deixe de Lado a IA e Outras Coisas Artificiais: a Teosofia Convida a Buscar o Verdadeiro.

Com 22 páginas, o Teosofista inclui a lista dos itens publicados pelos websites da LIT nas semanas anteriores.


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A edição acima foi publicada no dia 17 de julho de 2025.     

A coleção completa de “O Teosofista” está disponível nos websites associados.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

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15 de julho de 2025

Em Nome do Silêncio

 
É Preciso Garantir o Sossego da População  
 
Monteiro Lobato
 




À nossa Constituição falta um artigo de capital importância, que estabelecesse a par da inviolabilidade do domicílio a inviolabilidade dos nossos ouvidos.

Se um cidadão não tem o direito de penetrar violentamente em casa de outro, por que terá o direito de penetrar no seu aparelho auditivo por intermédio do berro descompassado, da charanga tonitruante, da corneta guarda-nacionalíssima, do sino das igrejas, da sereia policial e mais estrondos de maori enlouquecido?

S. Paulo é a vítima permanente dum estupro auditivo organizado em sistema. Seus tímpanos não merecem a consideração de ninguém. São uma espécie de casa da Mãe Joana onde todo sujeito capaz de um som violento sem a menor cerimônia deposita a sua contribuição.
Já tínhamos aqui em certo bairro a Guarda Nacional com as suas cornetas. Os moradores andam com algodão nos ouvidos para prevenir a surdez precoce. Durante horas a fio um magote de corneteiros, na atitude clássica dos trombeteiros da Aida, postam-se na rua estrugindo tá-rá-tá-tás nhambiquaríssimos.

Dizem que o caso, visto não ter uma explicação planetária, tem-na interplanetária. Aqueles sons são mensagens da Terra ao planeta Marte. Na impossibilidade de promover uma guerra intestina onde dê largas à sua belicosidade, a Guarda Nacional desafia os marcianos para um prélio à la H. G. Wells. [1] Mas como Marte, avaliando o formidoloso poderio da nossa milícia pela arreganhada insistência daqueles tá-rá-tá-tás, tem medo, ou pelo menos receio, e não aceita a luva, os derrotados ficamos sendo nós, cujas trompas de Eustáquio andam inflamadas como mão de negro após três dúzias de bolos.

A esse belígero corneteamento vem agora juntar-se a histeria fônica pré-carnavalesca.
Bandos de bípedes passam e repassam pelo infeliz Triângulo, em mangas de camisa, balindo, latindo, mugindo, grunhindo, guinchando, urrando, taralhando, coaxando, crocitando, zurrando, ululando, com grandes risos alvares na cara e ademanes atávicos do pitecântropo ereto.

São seguidos por automóveis com mulheres dignas de fornecer quartos ao frigorífico de Osasco ou tachadas de sabão crioulo. Gordas, mamalhudas, desacreditadoras do terceiro inimigo da alma pela exibição de carnaduras faisandées, esses cetáceos femininos, pintadas a vermelhão na cara, passam irradiando nuvens de espiroquetas pálidos, símbolos vivos da Avaria.

Remata o rancho um bando de homens fardados, produtores de barulhos; malham uns nos bombos; outros assopram trombones, saxofones, flautas, clarinetas e mais instrumentos amarelos de provocar vibrações do ar. Tais vibrações, produzidas dentro de uma rua estreita, com uma muralha de paralelepípedos por baixo e a muralha dos prédios lateralmente, escapam na quantidade de um terço pela estreita aberta superior, e por dois terços são absorvidos pelos tímpanos dos miseráveis seres humanos que têm a desdita de se encontrarem dentro do seu raio de ação.

Caso de habeas-corpus não é. Este remédio só cura do corpo inteiro, não admite a desintegração de um “habeas auricula”. Não havendo remédio jurídico, nem policial, nem higiênico, acho, logicamente, que o povo tem o direito de recorrer à justiça sumária indicada pela legítima defesa dos seus tímpanos. É agarrá-los e atufar aquelas bocas com algodão em rama; é furar o bombo do Zé Pereira; é amarrotar um por um os tais aparelhos amarelos de produzir sons. Quanto ao mulherio não há vacilar a respeito do seu destino: é tangê-las para Osasco. Só assim seremos reintegrados nas incomparáveis delícias do Silêncio.

NOTA:

[1] H.G. Wells, autor do romance de ficção científica “A Guerra dos Mundos”. (CCA)

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O artigo “Em Nome do Silêncio” foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas em 15 de julho de 2025. Trata-se de uma reprodução do livro “Ideias de Jeca-Tatu”, de Monteiro Lobato, Ed. Brasiliense, SP, 1959, 275 pp., ver pp. 177-179. O escritor brasileiro Monteiro Lobato nasceu em 1882 e viveu até 1948.

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Leia mais:

* A Música do Silêncio (texto de CCA).

* Mestre Silêncio (um poema de Hermes Fontes).

* Elogio ao Silêncio (texto de Malba Tahan).

* O Clube dos Silenciosos (um conto de Malba Tahan).

* A Ciência das Lágrimas (de Manuel Bernardes).


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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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7 de julho de 2025

A (Difícil) Arte de Aconselhar

 
Fortalecendo a Autoconfiança
e o Discernimento dos Amigos
  
Carlos Cardoso Aveline




Pode ser um casamento em crise, uma senhora de meia-idade momentaneamente arrependida do rumo que deu à sua vida, ou um jovem que não sabe que profissão escolher. O que fazer quando alguém nos pede conselhos sobre dificuldades pessoais que está enfrentando?

Pedir amparo psicológico é um fato natural. Os seres humanos trocam palavras e energia o tempo todo, e devem poder confiar uns nos outros, falar das suas dores e incertezas, intercambiar experiências e ponderações. Numa sociedade saudável, essa forma de apoio mútuo é parte do cotidiano.

O que as pessoas mais precisam, atualmente é de vínculos humanos confiáveis. Se pudéssemos todos ter - e merecer - a confiança uns dos outros, o mundo melhoraria com rapidez impressionante. Muitos de nós se rodeiam de uma couraça protetora por medo de confiar nas pessoas, e assim caem num isolamento psicológico.

O ciúme, a competição e a inveja são resultados da falta de confiança recíproca - e também da falta de pessoas que sejam dignas da confiança depositada nelas.

Há maridos que não confiam nas mulheres, e mulheres que não confiam nos maridos. Há competição e inveja entre colegas de trabalho, amigos e irmãos. Numa escala maior, quem considera confiáveis os políticos e demais dirigentes do país? A energia é a mesma no mundo individual e no coletivo, no micro e no macro. Quanto mais o dinheiro é exaltado em nossa sociedade, menos confiança se tem nos sentimentos entre as pessoas. Nesse contexto incerto, o conselheiro que ajuda alguém em crise pessoal surge como um amigo que faz pensar a vida mais profundamente. Funciona como um apoio flexível que não leva à dependência, mas à autonomia.

Como Cuidar das Minhas Feridas

Digamos que eu queira parar agora e “cuidar das minhas feridas”, fazendo um inventário dos sofrimentos por que passei na vida, com o objetivo de libertar-me dos sofrimentos acumulados - através da compreensão serena do mecanismo que os produz. Quantas pessoas estarão preparadas para ajudar-me? Poucas, talvez. No entanto, o apoio psicológico mútuo é parte importante da caminhada pela vida. O trabalho verdadeiramente espiritual não consiste em fazer propaganda de certas ideias religiosas ou filosóficas, mas em dar elementos práticos para que as pessoas sofram menos em suas vidas e fortaleçam a ligação consciente com suas almas imortais.

Na realidade, todos somos conselheiros. Influenciamos de mil modos diferentes nossos colegas, amigos, filhos, vizinhos e conhecidos. Por que não tomarmos plena consciência desse processo? Por que não sermos mais sábios nessa função? Toda tentativa de ser útil a outra pessoa é uma oportunidade para testarmos nossos conhecimentos sobre a arte de viver.

Paradoxalmente, o primeiro ponto de qualquer manual do bom conselheiro afirma:

“Não diga o que o outro deve fazer.” 

Você pode dizer que ônibus tomar para chegar a certo bairro da cidade, ou dar conselhos práticos sobre coisas concretas. Mas não diga o que outra pessoa deve fazer em sua vida pessoal. O bom conselheiro sabe que dar instruções simples e mecânicas é tratar o outro como incapaz. É reduzir-lhe ainda mais a autoestima e fazer com que o problema de fundo aumente. Um bom “manual do conselheiro” diria:

“Aproveite o pedido de conselho como instrumento para fazer com que o outro reflita mais profundamente sobre a vida desde um ponto de vista saudável e otimista-realista, estimulando a sua capacidade de enfrentar dificuldades e assumir responsabilidades sobre si próprio.”

A mesma meta é válida para o seu próprio autoaconselhamento. Você só pode aconselhar alguém com base na sua experiência vivencial, mas precisa guardar a devida impessoalidade e o desapego. O presente artigo não contempla aconselhamento profissional nem pago de qualquer forma, e se limita a situações em que conselheiro e aconselhado compartilham uma filosofia de vida altruísta e espiritual. O aconselhamento deve ser um fato episódico relativamente isolado e não um processo estendido que gere dependência e complicações.

O objetivo da conversa de aconselhamento é ajudar o aconselhado a tomar decisões maduras e independentes, depois de um primeiro momento de desabafo e de um segundo momento de contemplação serena do problema e das alternativas possíveis. Assim, o conselheiro é antes de mais nada um amigo que sabe escutar. Não pretende conhecer tudo ou tomar decisões pelo outro, mas dá apoio em geral e ajuda a clarificar a situação. “Dar conselhos específicos não é correto, porque viola a autonomia da personalidade”, escreve Rollo May. [1] Toda dependência deve ser evitada. O aconselhado deve sentir que ele é o autor do seu progresso.

A chave do aconselhamento está na empatia, isto é, na capacidade de se colocar no lugar do outro sem perder a paz emocional nem a clareza de ideias.

Um poeta escreveu que “a amizade ocorre quando a alma muda de casa”. Nesse ponto, a empatia é como a amizade: você se coloca psicologicamente nas condições do outro e então ele se sente apoiado. Ser de fato aceito e compreendido por alguém cura as feridas da alma. A sensação de solidão psicológica do cidadão moderno é produzida pela falta de empatia ou amizade profunda nas relações humanas. O conselheiro, ao ver uma pessoa que está passando por crise pessoal ou sofrimento agudo, usa a empatia para transmitir energia positiva ao outro. O conselheiro não decide pelo outro: apenas é solidário. Ele dá atenção às pessoas, conectando-as ao que elas têm de melhor em si mesmas, porque as faz pensar a vida do ponto de vista do potencial divino que há em cada uma delas. E pode fazer algumas sugestões abstratas - para testar a capacidade do aconselhado de focar em alternativas -, mas não precipita conclusões.

É comum eu ser procurado em busca de conselho. Considero essa tarefa uma atividade sagrada. Na maior parte dos casos é uma crise pessoal que rompe a nossa grossa camada de ilusões sobre a vida, permitindo-nos descobrir com mais força e clareza o caminho espiritual. Precisamos de pessoas confiáveis que possam servir como testemunhas enquanto colocamos em cima da mesa e examinamos sentimentos que ficaram presos em nosso subconsciente - às vezes durante muitos anos - à espera de uma oportunidade para sair à luz do sol e encontrar uma resolução. Então conseguimos compreender nosso sofrimento, tirando dele as conclusões práticas necessárias para alcançar o nível de felicidade que nos é possível nesta encarnação.

O conselheiro deve mostrar ao aconselhado a realidade dura da vida, embora de modo impessoal. As ilusões são grande fonte de sofrimento. Certa vez conversei por algumas horas com uma profissional eficiente, de meia-idade, que sentia que seu mundo psicológico estava à beira da destruição devido à chegada da velhice.

“O destino de todos nós, como seres orgânicos, é amadurecer, envelhecer e morrer”, disse eu. “Por isso, devemos viver cada dia de modo responsável e de maneira pensada. Em algum momento poderemos descobrir que a morte do corpo físico, quando vem depois de uma vida útil para o espírito, é apenas um longo sono reparador, algo temporário. E que este sono dará lugar no momento certo a um novo nascimento em condições diferentes, de modo que o aperfeiçoamento da alma avance mais.”   

Cinco Instrumentos Úteis

Cada vida é frágil e preciosa, e as crises fazem parte dela. As causas das fases pessoais difíceis que todos atravessamos são diversas. Cinco instrumentos, entre outros, podem ajudar-nos a passar pelas tempestades:

1) Sinceridade e sabedoria no diálogo interno consigo mesmo.

A verdade é que com certa frequência enganamos a nós próprios. Deixamos de fazer o que sabemos que é certo; fazemos o que sabemos que é errado, e fingimos acreditar que pode ser bom negócio deixar a verdade de lado. A conscientização desse processo produz grande alívio.

2) Sinceridade e sabedoria no diálogo com os outros.

O fato de enganar a nós próprios faz com que enganemos, ou tratemos de enganar, aos outros. Deixar essa prática de lado gera paz interior.

3) Percepção da vida como um processo de aprendizagem maior do que uma única existência pessoal.

A visão da vida como processo isolado e de curto prazo é grande fonte de ignorância e sofrimento. Saber que a vida é eterna - ainda que seja fisicamente intermitente devido à lei da reencarnação - elimina a principal fonte de medo.

4) Percepção da lei do carma, que nos torna responsáveis por tudo o que vivemos.

O que se planta se colhe. Tudo o que se faz, pensa ou sente fica registrado e voltará a nós, porque a lei de ação e reação funciona em todos os níveis de consciência, e não apenas no plano físico. Quem percebe isso de fato, e não só em teoria, toma as rédeas da vida e constrói sua própria felicidade.

5) Definição de uma meta clara para a nossa vida individual.

Esse objetivo central é inseparável de valores altruístas e de um método prático baseado na verdade e na justiça. Quando sabemos o que queremos, podemos eliminar o desperdício de energia vital que decorre da adoção de objetivos contraditórios entre si. Assim, alcançamos o êxito.

A Arte de Ajudar a Si Próprio

Evidentemente, não poderemos ajudar alguém se não soubermos ajudar a nós próprios. Antes de aconselhar outra pessoa, é preciso ter experiência em aconselhar a si mesmo, fazendo as recomendações corretas para o nosso subconsciente e nosso ser emocional. Toda empatia com outra pessoa é apenas consequência da empatia com a nossa vida interior. Quem se conhece pode conhecer os outros melhor, porque os seres humanos funcionam sempre como espelhos uns dos outros. Levar a sério a nossa própria vida e direcioná-la corretamente nos faz encarar com mais clareza a vida das pessoas que conhecemos. 

Helena Blavatsky escreveu que é impossível ajudar os outros no plano espiritual sem ser beneficiado pela nossa boa ação, e que também é impossível avançar no caminho sem ajudar os outros. Isso significa que o desejo natural de aliviar a dor psicológica das pessoas com quem convivemos é parte central do nosso aprendizado da vida. Nem sempre ajudar necessita de discussão ou debate. Em alguns casos, poucas palavras podem ser suficientes, devido ao processo que eu chamo de “telepatia subconsciente” ou tele-empatia. O psicoterapeuta norte-americano Rollo May escreveu sobre as formas sutis de comunicação entre as pessoas:

“Empatia é o termo geral que designa toda e qualquer participação de uma personalidade no estado psíquico de outra, e a hipótese de telepatia está ligada a um aspecto dessa participação.” [2]

Freud e outros comprovaram inúmeros casos de telepatia entre pais e filhos, e sabe-se que ela ocorre sempre que há afinidade profunda entre duas pessoas. Um exemplo dos mais frequentes: você está pensando em alguém, toca o telefone e é a mesma pessoa que fala. Essa é uma comunicação oculta óbvia, mas há inúmeras outras, mais subjetivas. Cada um de nós irradia o tempo todo sua energia mental e emocional, enquanto também recebe energia de pessoas cujos corpos físicos tanto podem estar perto como longe.

Para Rollo May, devemos admitir sinceramente que grande parte da comunicação e entendimento entre as pessoas ocorre por meios mais sutis e mais intangíveis do que a palavra. O tom de voz, a linguagem corporal, expressão facial, gestos com as mãos ou expressão dos olhos funcionam como instrumentos auxiliares da comunicação telepática. Esse processo é independente da linguagem verbal. Quando o conjunto das manifestações do nosso ser surge do nosso centro mais verdadeiro, alcançamos uma certa integridade e podemos irradiar verdadeira paz ao nosso redor, ou para uma pessoa que enfrenta problemas. Vamos supor algumas situações concretas e as possibilidades correspondentes de ação por tele-empatia.

UM

Seu filho adolescente - ou irmão, ou amigo - apresenta baixa autoestima na área da formação profissional. Você pode:

a) Aceitar que se crie uma imagem negativa dele nessa área;

b) Discutir com ele a questão, dando-lhe ânimo;

c) Identificar de que modo ele está sendo espelho de algum aspecto seu, e irradiar silenciosamente energia vitoriosa e autoimagem positiva para ele;

d) Descartar a alternativa a e combinar o uso das alternativas b e c.

DOIS

A pessoa X antipatiza com você. Você sente isso no ar, na presença e na ausência da pessoa. Você pode:

a) Alimentar pensamentos negativos sobre X;

b) Pensar conscientemente que sua atitude diante da pessoa é “respeito e distância”;

c) Avaliar o que se deve fazer para desarmar a situação de possível inveja ou competição.

TRÊS

Uma pessoa qualquer enfrenta um problema sério. Você pode:

a) Comentar com os outros: “Sabe da última? Tal pessoa está enfrentando um problema sério...”;

b) Ficar indiferente;

c) Pensar silenciosamente no bem dessa pessoa e cortar com decisão quaisquer comentários negativos sobre ela que venha a escutar, sem construir com isso expectativas de qualquer tipo.

Em qualquer caso, quando temos força mental suficiente para manter padrões vibratórios positivos em relação aos outros, sem perda da nossa própria autoestima, criam-se situações muito favoráveis e podemos funcionar como um centro invisível de paz e bem-estar psicológico para as outras pessoas. Somos então um “ajudante invisível” dos que nos rodeiam. Nossos gestos solidários e nossa linguagem externa virão carregados com a marca da coerência. Podemos ser atacados por isso, mas valerá a pena.

Dentro do contexto da empatia e da tele-empatia, uma conversa de aconselhamento é muito mais do que uma troca de palavras. É o diálogo total entre duas auras e duas almas, e a troca de palavras deve estar a serviço dessa empatia ou troca energética multidimensional. O aconselhador deve proceder com total impessoalidade. Caso contrário, o sofrimento que ele eliminar na vida da outra pessoa pode vir para ele na forma de energia negativa. Deve ter constante vigilância sobre seus próprios pontos fracos. Isso tudo o fará avançar mais rapidamente em sua caminhada individual.

O objetivo da evolução humana na sua atual etapa se resume, de um modo geral, na ideia de que a energia divina em cada um de nós seja capaz de relacionar-se com a energia divina nos outros, e que este padrão energético possa reestruturar as relações humanas desde o casal e a família até a ordem econômica internacional. Esse tipo de onda vibratória expressa na prática a ideia da fraternidade universal. Podemos dizer que o bom conselheiro atua a partir dessa vibração sincera dentro de si. Através do exemplo, da irradiação silenciosa de energia e também do diálogo verbal, ele encaminha o aconselhado para um padrão consciente de produção de paz.

A corrente psicoterapêutica Análise Transacional trabalha com essa ideia básica:

“Eu estou OK, você está OK”. [3]

Trata-se de aprender a ter uma boa autoestima sem precisar rebaixar os outros para isso. Essa percepção integrada das coisas também pode ser chamada de “inteligência emocional”. Há dois mil anos, o mestre Jesus chamou essa técnica de “amar os outros como a si mesmo”. No século 21, manter uma tal atitude significa apenas que possuímos uma dose razoável de inteligência e bom senso. É o mínimo que se espera de um cidadão atento para a vida. E isso nos coloca a todos na condição simultânea de conselheiros e aconselhados.

Ação Prática:
Levantando Problemas e Alternativas

Uma técnica simples e eficaz de aconselhamento entre amigos se desenvolve em três etapas.

* Primeiro, vem o desabafo. O aconselhado joga seus sentimentos para fora. Sofrimentos antigos, reprimidos, vêm à tona. O conselheiro ajuda a localizar onde está a fonte da dor - será a fuga do sofrimento e a busca do prazer? - e cuida para manter a objetividade em todos os momentos. O trabalho pode ser intercalado uma ou duas vezes por uma meditação, silenciosa ou conduzida.

* O segundo ponto da pauta já não se dá no plano emocional, e sim no nível mental, e por isso é necessária a serenidade que vem depois da tempestade. Agora se faz um exame atento e tranquilo das alternativas práticas possíveis. O que se pode fazer para superar o problema, com os dois pés bem colocados na realidade? Qual é a meta da vida? Em função dela, o que fazer na situação concreta? Que práticas laterais - estudo de teosofia clássica, ioga, uma nova filosofia de vida - podem aumentar a eficácia do aconselhado na vida como processo de longo prazo? Trata-se, aqui, de fazer um inventário o mais completo possível das possibilidades de ação, com as respectivas consequências de cada uma delas. É bom colocar um resumo no papel.

* O terceiro e último ponto da pauta, cuja realização não pode ser apressada, é o das resoluções. Se o aconselhado já tiver a suficiente autoconfiança emocional, pode tomar decisões que requeiram mais esforço e persistência. Caso contrário, é melhor começar com decisões menores, mas praticáveis, que sirvam para a construção da autoconfiança e o acúmulo de experiência ao longo das novas linhas de ação que se abrem depois do primeiro e do segundo pontos de pauta.

Essa técnica também pode ser aplicada individualmente por uma pessoa, tomando o seu próprio caderno de anotações [4] como testemunha dos seus sentimentos e pensamentos. A técnica pode ser útil para um casal ou um grupo de trabalho que vive momentos difíceis. Neste último caso, a função de conselheiro-registrador é rotativa, em cada uma das etapas. (CCA)

NOTAS:

[1] “A Arte do Aconselhamento Psicológico”, Rollo May. Vozes, Petrópolis, RJ, 9ª edição, 198 páginas; ver p. 125.

[2] “A Arte do Aconselhamento Psicológico”, obra citada, pp. 65-778.

[3] “Eu Estou OK, Você Está OK”, Thomas A. Harris. Artenova, Rio de Janeiro, 1997, 307 páginas. À justiça e equidade nas relações humanas é um ideal tão antigo quanto o da fraternidade, do qual é inseparável. Está presente em praticamente todas as correntes de pensamento psicológico, filosófico e religioso.

[4] Leia o artigo “O Caderno da Vontade”, de Jean des Vignes Rouges. E veja aqui outros textos de JVR.

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O artigo “A (Difícil) Arte de Aconselhar” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde o dia 07 de julho de 2025. Uma versão inicial dele foi publicada como texto de capa na edição de janeiro do ano 2000 da revista “Planeta”, de São Paulo.

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Leia mais:





* Regra da Vida Honesta (tratado estoico clássico de Martinho Bracarense).

* João de Deus, Louco, Santo, e Sábio (Como a Ruptura da Rotina Psicológica Pode Abrir as Portas Para a Vida Mística).

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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