O Último Poema do Pensador Mineiro
Augusto de Lima
O autor, em foto publicada na
biografia
“Augusto de Lima, Seu Tempo,
Seus Ideais”
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Nota Editorial:
No poema a seguir, a ideia de “matéria-prima
elementar” corresponde ao conceito teosófico e
oriental de “mulaprakriti”, a matéria sutil e
primordial,
a matéria indiferenciada, a luz astral - o “akasha”
hindu.
Os versos concluem com uma referência ao círculo
infinito, o círculo
de Pascal, “cuja circunferência não
está em parte alguma, e cujo centro está em todas as
partes”. Helena P. Blavatsky alertou para o fato de
que,
embora este conceito seja atribuído a Pascal, na
verdade
foi concebido antes pelo filósofo Nicolau de Cusa.
O poema foi publicado sem indicação de título na
principal biografia de Augusto de Lima [1]. Ao descrever a
chegada do final da vida do pensador brasileiro, o
biógrafo
escreve a seguinte introdução a estes versos
cosmológicos:
“Nenhum dever lhe resta a cumprir. Nenhuma
ambição o tortura. Nenhum remorso o atormenta. No
crepúsculo que o envolve lentamente, sua arte
readquire
o tom solene do passado, e ele canta pela última vez
(...). ”
(Carlos Cardoso Aveline)
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Que procuras no espaço, olhar faminto,
através das
camadas siderais?
Réstia de luz,
órfã de um foco extinto,
a que destino
vais?
Que te falta
em ti mesmo, ser inquieto?
Fração de um Todo
excelso que não vês,
quando serás
completo?
Hoje, amanhã,
depois, nunca, talvez!
E, contudo, te
exaures nas pesquisas
da fugitiva
Essência. Esforço vão!
Ela, impalpável,
voa sem balizas
na divina
amplidão.
Se nem chegas ao
sol, corpo tangível,
nem à
matéria-prima elementar,
como podes prender
o Incognoscível
e o Infinito
abraçar?
Volve a ti mesmo.
Prostra-te. Contrito,
tudo verás da Fé
no esplendor.
Que importa que
haja um círculo infinito,
se cada átomo é um
centro refletor?
NOTA:
[1]
“Augusto de Lima, Seu Tempo, Seus Ideais”,
de José Augusto de Lima, 322 pp.,
Ministério da Educação e Cultura, RJ, 1959. Ver p. 318.
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Para conhecer a teosofia original desde o
ângulo da vivência direta, leia o livro “Três
Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi
publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.
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