14 de novembro de 2025

O Teosofista - Novembro de 2025

 



A edição de novembro de O Teosofista começa com o artigo “Uma Dimensão Sutil: A Vida Astral do Brasil e de Portugal”.

Assim como a Bíblia judaico-cristã, a teosofia clássica afirma que cada nação tem o seu anjo-protetor, a sua divindade orientadora, os seus níveis superiores e espirituais de consciência.

A página cinco apresenta “Sepulcros Caiados: Jesus Cristo Ajuda a Fazer uma Psicanálise do Espiritualista Moderno”. O espírito ou eu superior busca a essência. Mas o pequeno eu superficial, apegado aos cinco sentidos, se contenta com as aparências. Em seguida o leitor encontra “O Desapego e o Equilíbrio Trazem a Bem-Aventurança”.

Na página oito, “O Tolo e o Sábio na Vida Diária”.

Estes são outros temas de novembro:  

* Um Mistério do Futuro Humano - Blavatsky, Teosofia e Ressurreição.   

* Abençoando Cada Célula Viva e Cada Átomo.

* A Teosofia do Amanhecer - Uma Lição Espiritual do Sol.  

* Força Magnética, Vontade, e Vida Simples.

* A Teosofia das Constelações Familiares.

* A Melhor Maneira de Aprender Filosofia Esotérica.

* Recuperando a Força da Vida - O Milagre da Purificação do Pântano.

* Aprendendo Com os Mahatmas - No Silêncio Nasce a Compreensão.

* Ideias ao Longo do Caminho - O Conceito de Imortalidade nas Cartas dos Mahatmas.

* Dois Pensamentos Sobre a Bênção Divina.

Com 27 páginas, o Teosofista inclui a lista dos itens publicados recentemente nos websites da LIT.



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A edição acima foi publicada no dia 14 de novembro de 2025, com a Lua em torno do grau 23 de Virgo.  

A coleção completa de “O Teosofista” está disponível nos websites associados.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

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13 de novembro de 2025

O Vento e a Montanha

 
A Vitória é Certa Para Aquele Que
Não Se Rende ao Desânimo ou à Euforia
  
Joana Maria Ferreira de Pinho
 



O estudante de filosofia esotérica está familiarizado com a ideia de que o caminho teosófico se apresenta como íngreme e acidentado. O ensinamento aponta para o topo, e é nessa direção que o teosofista caminha ao dedicar sua vida ao ideal de progresso e perfeição humanos. No entanto, o caminho que nos conduz até o pico não é feito de uma linha reta.

Para alcançar o cume, o peregrino enfrenta terrenos variados, com altos e baixos. Ele avança por áreas de vegetação densa, mas também percorre zonas desertas. Em alguns pontos da caminhada, ele vê o caminho à sua frente, mas também existem etapas em que se tem de avançar pelo desconhecido. A caminhada reúne momentos que exigem um grande esforço e outros de relativa tranquilidade. O peregrino tem dias de plena expressão de coragem e energia, mas também tem dias de algum receio e cansaço.

São muitas as armadilhas com que o estudante se depara. Coisas aparentemente agradáveis e doces revelam-se posteriormente como lições amargas. Trilhos amplos e cômodos podem levar a becos sem saída, obrigando o peregrino a voltar atrás e a retomar a via acidentada e íngreme.

Os maiores obstáculos não estão nas pedras, na chuva, no vento ou em qualquer outro obstáculo externo. É dentro do peregrino que residem as maiores limitações, e é também dentro do peregrino que está toda a coragem, toda a luz e força necessárias para que ele prossiga e vença a si mesmo.

A jornada espiritual passa inevitavelmente por períodos de crescimento e de estagnação, ou de relativo avanço e relativa espera. Mas para aquele que está comprometido com o ideal, a estagnação é ilusória. Tal como o futuro pássaro se desenvolve dentro do ovo sem que ninguém dê por isso, também o peregrino está em constante desenvolvimento nos momentos de aparente estagnação.

O caminho é complexo e multifacetado. A vitória é certa para aquele que não se rende ao desânimo ou à euforia e persevera no compromisso com o eu superior. Cada passo dado, por mais pequeno que seja, representa um avanço em direção à meta.

O ideal de progresso não é algo que aguarda por nós ao final do caminho. A meta é construída por nós próprios diariamente, através de cada escolha, de cada pensamento, de cada ação nossa que apoie o ideal. A montanha que nos propusemos conquistar está dentro de cada um de nós.

Nos momentos mais desafiantes o estudante deve lembrar que é graças aos desafios e à luta interior que há avanço.

Na natureza vemos que progresso implica vencer desafios. Para uma árvore florescer ela precisa largar as folhas velhas, despir-se daquilo que já não serve o seu propósito. Ela acolhe o frio, os ventos, as chuvas do inverno. O seu tronco é fortalecido à medida que ela resiste às tempestades. A árvore junta-se à canção da primavera, e a cada nota entoada brotam novas folhas. A árvore não se apega a nada que não seja apoiar a roda da vida e por isso consegue transformar em fruto a flor.

Alguns estudantes desinformados pensam que crescimento espiritual significa ausência de desafios e dificuldades. No entanto, a sabedoria chinesa ensina: “Uma grande árvore atrai o vento” [1]. A alma madura não repele desafios, mas lida com eles de maneira sábia e construtiva. “Quando a raiz é profunda, não há necessidade de temer o vento” [2], diz um provérbio chinês. Para o teosofista, as suas raízes estão no Céu, e, como Carlos deixa claro em um texto [3], elas correspondem ao grau de pureza e devoção à verdade eterna.

A sabedoria popular está repleta de ensinamentos que podem auxiliar nossa jornada. Trago aqui outros provérbios chineses que considero úteis para o aprendizado. [4] Acrescento alguns comentários:

* “Um exército de mil soldados é fácil de encontrar; mas, ah, como é difícil encontrar um general.” (276)

Os soldados correspondem aos vários aspectos do eu inferior do peregrino. O general é a alma imortal. Na luta interior temos um batalhão de soldados sempre dispostos a combater. E sem comando firme e lúcido eles acabam por gerar confusão e sofrimento desnecessário, prejudicando o peregrino. É preciso colocá-los sob o comando do eu superior. Só assim o peregrino sai vitorioso da luta interna entre luz e sombra.

* “O ouro puro não teme a fornalha.” (333)

As adversidades que surgem no caminho têm como propósito fortalecer a nossa vontade. O fogo da provação apenas queima as impurezas que o peregrino tem agarradas à sua alma. Aquele que vive para servir o eu superior não receia nem foge das dificuldades e dos desafios, mas é grato por eles.

* “Se você não escalar a montanha alta, não poderá ver a planície.” (362)

Para olharmos para nós mesmos e nos enxergarmos com toda a clareza é necessário fazê-lo a partir do alto, da Alma. A visão ampla e detalhada de nós próprios, dos outros e do mundo só é possível quando subimos até aquele ponto de imparcialidade, rigor e compaixão que pertence ao eu superior.

 * “Um indivíduo sem determinação é apenas uma espada destemperada.” (366)

Como Carlos coloca em um artigo: “Segundo a tradição zen, a mente é a espada da alma imortal. Ela serve para cortar as ilusões do apego ou rejeição à forma externa, e para defender a verdade impessoalmente e sem violência.” [5]

Não há melhor meta do que aquela que surge do compromisso que o peregrino estabelece com o Eu Superior.

* “O que um homem diz em particular, o Céu ouve como a voz do trovão.” (429)

Tudo o que dizemos, pensamos e fazemos tem o eu superior como testemunha e é registrado pelo carma para futuro débito ou crédito.

* “Pessoas apressadas carecem de sabedoria.” (565)

A pressa afasta a lucidez. A sabedoria pertence ao reino divino e para chegar até ela é necessário silêncio, paz e tranquilidade interiores. Na edição de “O Teosofista”, de abril de 2024, lemos que a aceleração do ritmo moderno da vida cotidiana serve para impedir a consciência própria por parte dos cidadãos e a aceleração está vinculada à atrofia da atenção, ao delírio, à histeria e a outros fenômenos doentios. [6]

Aquele que está em contato com a sua própria alma é sereno, confiante e destemido.

* “Coisas baratas não têm valor; coisas valiosas não são baratas.” (107)

É necessário renunciar ao egoísmo e a mil e um objetos sem valor – como hábitos e adereços da personalidade contrários ao caminho – de forma a adquirir o que é realmente valioso: o altruísmo e a sabedoria.

O que é valioso para o aprendizado teosófico custa caro para o eu inferior. Muitas vezes o indivíduo que busca pela sabedoria será visto como um idiota e infeliz por aqueles que se regem pelo egoísmo. Será ridicularizado e marginalizado por quem teme a verdade. No entanto, não há maior riqueza do que a virtude e maior fonte de paz do que seguir a voz da consciência.

“Não importa quão ferozmente o vento possa uivar, a montanha não se curvará diante dele”.[7]

Nenhuma dificuldade pode derrubar aquele que se mantém unido à alma imortal e é leal a ela.

NOTAS:

[1] Do livro “A Collection of Chinese Proverbs”, William Scarborough (trad.), American Presbyterian Mission Press, 1875, Nova Iorque, EUA, 1964, 478 pp., p. 444.

[2] “A Collection of Chinese Proverbs”, William Scarborough (trad.), p. 305.

[3] Ver o artigo “LIT: a Árvore Com Raízes No Alto”, de Carlos

[4] Os provérbios citados são traduzidos do livro “Seven Hundred Chinese Proverbs”, Henry H. Hart (trad.), Stanford University Press, Califórnia, EUA, 1947, 83 pp. Os números dos provérbios estão indicados ao final de cada citação.

[5] Do texto “As Quatro Proteções do Guerreiro”, de Carlos.

[6] Ver o texto “Ideias ao Longo do Caminho”, edição de abril de 2024 de “O Teosofista”, p. 18. 

[7] Do livro “Confucius for today, a Century of Chinese Proverbs”, Gerd de Ley & David Potter, Robert Hale, Londres, 2009, 128 pp., p. 117.

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O artigo “O Vento e a Montanha” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 13 de novembro de 2025.  Inicialmente, o texto foi tema de um estudo interno da LIT, em abril de 2024. Faz parte também da edição de maio de 2024 de “O Teosofista”, pp. 15 a 18.

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Leia mais:






* Examine nos websites da LIT a seção temática sobre Cristianismo e Teosofia.

* Veja a lista de textos de Carlos Cardoso Aveline em vários idiomas.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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11 de novembro de 2025

Jesus, um Sábio do Deserto

 
O Reformador Nazareno Recebeu
Sua Educação nas Moradas Essênias
 
Helena P. Blavatsky
  
Jesus preferiu a vida independente de um nazaria errante [Pintura de William Dyce]



Foi dada a um contemporâneo de Jesus a possibilidade de mostrar à posteridade, interpretando a literatura mais antiga de Israel, a que ponto a Filosofia Cabalística concordava em seu esoterismo com a dos mais profundos pensadores gregos. Esse contemporâneo, ardente discípulo de Platão e Aristóteles, foi Fílon, o Judeu. Porque explica os livros mosaicos de acordo com um método puramente cabalístico, ele é o famoso escritor hebreu a quem Kingsley chama de Pai do Novo Platonismo.

É evidente que os terapeutas de Fílon são um ramo dos essênios. Seu nome o indica - ’Εσσαίοι, médicos. Daí, as contradições, as falsificações e outros desesperados expedientes para reconciliar as profecias do cânone judaico com a natividade e a divindade do Galileu.

Lucas, que era médico, é designado nos textos siríacos como Asaya, o essaiano ou essênio. Josefo e Fílon descreveram bastante bem essa seita para não deixar nenhuma dúvida em nossa mente de que o Reformador nazareno, após ter recebido sua educação nas moradas essênias do deserto, e ter sido profundamente iniciado nos mistérios, preferiu a vida livre e independente de um nazaria errante, e assim se separou ou se desnazarianou deles, tornando-se um terapeuta viajante, um nazaria, um curador. Todo terapeuta, antes de deixar sua comunidade, tinha de fazer o mesmo. Tanto Jesus como João Baptista pregaram o fim da Idade [1], o que prova seu conhecimento da computação secreta dos sacerdotes e dos cabalistas, que partilhavam com os chefes das comunidades essênias o segredo exclusivo da duração dos ciclos. Esses últimos eram cabalistas e teurgistas; “tinham seus livros místicos, e prediziam os eventos futuros”, diz Munk [2].

Dunlap, cujas pesquisas pessoais parecem ter sido coroadas de sucesso nessa direção, constata que os essênios, os nazarenos, os dositeus e algumas outras seitas já existiam antes de Cristo: “Elas rejeitavam os prazeres, desprezavam as riquezas, amavam uns aos outros e, mais do que outras seitas, desprezavam o matrimônio, considerando o domínio sobre as paixões como uma virtude”[3], diz ele.

Todas essas virtudes eram pregadas por Jesus; e se devemos aceitar os Evangelhos como um padrão de verdade, Cristo era um partidário da metempsicose, um reencarnacionista - tal como esses mesmos essênios, que eram pitagóricos em todos os seus hábitos e doutrinas. Jâmblico afirma que o filósofo samiano passou algum tempo com eles no monte Carmelo [4]. Em seus discursos e sermões, Jesus sempre falou por parábolas e empregou metáforas com seus ouvintes. Esse hábito é também característico dos essênios e dos nazarenos; os galileus que habitavam em cidades e aldeias jamais foram conhecidos por empregarem tal linguagem alegórica. Na verdade, sendo alguns de seus discípulos galileus, como ele próprio, ficaram estes surpresos ao vê-lo empregar tal modo de expressão com o público. “Por que lhes falas por parábolas?”, perguntavam com frequência. “Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não”, foi a resposta, que era a de um iniciado. “É por isso que lhes falo por parábolas: porque veem sem ver, e ouvem sem ouvir, nem entender.” [5] Além disso, vemos Jesus expressando ainda mais claramente seus pensamentos - e em sentenças que são puramente pitagóricas - quando, durante o Sermão da Montanha, diz:

“Não deis o que é sagrado aos cães,
Nem atireis as pérolas aos porcos;
Pois os porcos as pisarão
E os cães se voltarão e vos morderão.”

O Prof. A. Wilder, o editor de Eleusinian and Bacchic Mysteries, de Taylor, observa “uma idêntica disposição da parte de Jesus e Paulo para classificar suas doutrinas como esotéricas e exotéricas, ‘os mistérios do Reino de Deus para os apóstolos’ e ‘parábolas’ para a multidão. ‘Pregamos a sabedoria’, diz Paulo, ‘àqueles dentre eles que são perfeitos’ (ou iniciados)” [6].

NOTAS:

[1] O significado real da divisão em eras é esotérico e budista. Os cristãos não iniciados tão pouco o compreenderam que aceitaram as palavras de Jesus literalmente e acreditaram firmemente que ele falava do fim do mundo. Já antes houvera muitas profecias sobre a era vindoura. Virgílio, na quarta Écloga, faz menção a Metatron - uma nova prole que terminará com a idade de ferro para renascer com a idade de ouro.

[2] Palestine, p. 517 e s.

[3] Dunlap, Sōd, the Son of the Man, p. XI.

[4] T. Taylor, Iamblichus’ Life of Pythag., p. 10; Londres, 1818. Munk deriva o nome Iesseus ou Essênios do siríaco Asaya - os curadores, ou médicos, assinalando, dessarte, a sua identidade com os terapeutas egípcios. - Palestine, p. 515.

[5] Mateus, XIII, 10-3.

[6] Página 47, na quarta edição.

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O artigo “Jesus, um Sábio do Deserto” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 11 de novembro de 2025.  Ele foi foi reproduzido da obra “Ísis Sem Véu”, de H. P. Blavatsky, Ed. Pensamento, São Paulo, volume III, pp. 131-132. O texto faz parte também da edição de abril de 2024 de “O Teosofista”, pp. 1-3. Veja outros dados sobre  o tema Jesus no Deserto em Lucas, capítulo 4, Novo Testamento.  

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Leia mais:






* Examine nos websites da LIT a seção temática sobre Cristianismo e Teosofia.

* Veja a lista de textos de Carlos Cardoso Aveline em vários idiomas.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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6 de novembro de 2025

Padres do Deserto, Jornada de um Livro Raro

O Volume de 1866 Teve Que Fazer uma
Viagem no Tempo Antes de Chegar à Casa
  
Carlos Cardoso Aveline
  
“Les Vies des Pères des Déserts D’Orient”, Nouvelle Édition,
Michel-Ange Marin, Tome Premier, Louis Vivès Libraire-Éditeur, Paris,
 1886, 478 páginas. Foto tirada em 25 de março de 2024, durante reparos. 



Com as páginas ainda unidas e por abrir, um exemplar do volume I de “Les Vies des Pères des Déserts d’Orient”, de Michel-Ange Marin, edição 1886, chegou à biblioteca da Loja Independente de Teosofistas em março de 2024. Apresentava escoriações e manchas de oxidação, embora nunca tivesse sido lido ou sequer folheado por alguém.

Michel-Ange Marin nasceu em 1697, e viveu até 1767. Nos anos 1880, a sua obra tinha mais de um século de existência, e era um clássico, quando mereceu uma nova edição, revisada.

Na primeira metade de 1886, Helena Blavatsky estava em Würsburg, Alemanha. Em julho transferiu-se para Ostende, na Bélgica. Em 1887, instalou-se em Londres. Deste modo, quando o livro de Marin sobre os Padres do Deserto saiu da gráfica, havia ao redor dele a mesma aura magnética e a mesma atmosfera tanto densa como sutil da Europa em que vivia Blavatsky. Foi uma longa viagem pelo tempo, até ele desembarcar por correio expresso na biblioteca da LIT, ainda sem ser lido por ninguém.

Em 1886, os livros eram vendidos com as páginas unidas umas às outras, em grupos de 8. O hábito continuou até metade do século 20. Antes da leitura, as folhas precisavam ser separadas manualmente com uma faca ou espátula. Foi assim que o livro sobre os Padres do Deserto chegou à biblioteca teosófica da LIT.

Embora este volume da obra de Michel-Ange Marin nunca tenha sido lido, teve que enfrentar problemas ao longo da viagem pelo tempo. A capa e a contracapa, assim como primeira e última folhas, chegaram a 2024 no processo de desfazer-se. Porém, uma vez que a cola dos consertos secou, já foi possível lê-lo virando as páginas de modo natural como qualquer outro livro.

Os ensinamentos dos padres do deserto são reconhecidos tanto pela igreja ortodoxa russa (e grega) quanto pelos católicos e protestantes. Naturalmente, são vistos como importantes pelos teosofistas.

O próprio Jesus era um sábio do deserto, fato que Helena Blavatsky destaca no texto de capa de “O Teosofista”, edição de abril de 2024

No entanto, a vida dos Padres do Deserto constitui um pálido remanescente da sabedoria esotérica pagã de eras anteriores, como podemos ver nas páginas 108 e 196, entre outras, na edição original em inglês de Isis Unveiled, volume II”.

Isso não tira o seu valor.

Por limitado que seja como reflexo do passado, o vasto acervo de sentenças tradicionais e apotegmas atribuídos aos Padres do Deserto transmite mais de uma lição valiosa ao estudante moderno de teosofia, ajudando-o em seus esforços para viver no dia-a-dia a sabedoria que ele trata de compreender.

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O artigo “Padres do Deserto, Jornada de um Livro Raro” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 06 de novembro de 2025.  Uma versão inicial e anônima dele foi publicada na edição de abril de 2024 de “O Teosofista”, pp. 04-05, sob o título “Livro Raro Faz Viagem no Tempo Antes de Chegar a Seu Destino”.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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31 de outubro de 2025

Dos Essênios aos Padres do Deserto

 

A Antiga Ciência de uma Vida Contemplativa
 
Eugène Veuillot
 
O livro «Les Vies des Pères des Déserts D’Orient» na biblioteca da LIT, e
uma pedra de ágata verde da Loja Independente, sendo usada como peso



A vida monástica teve seus precursores na antiga aliança; mas foi a nova aliança que a aperfeiçoou. “Já na religião mosaica”, diz Cantu, apoiando-se em Fílon, “havíamos visto pessoas piedosas que, para se dedicarem mais exclusivamente à vida contemplativa, abandonavam os seus bens, a sua pátria, e retiravam-se para lugares desertos”.

“Esses solitários pertenciam aos essênios e em grego eram chamados de terapeutas; eles  viviam principalmente ao redor do Lago Mœris, no Egito, em moradias separadas, mas não tão distantes que não fosse possível a ajuda mútua contra os bandidos. Eles viviam em abstinência, não ingeriam nada até depois do pôr-do-sol; e alguns se alimentavam a cada três ou seis dias, comendo apenas pão, e acrescentando no máximo ervas aromáticas e sal [1]. As suas roupas estavam em harmonia com este regime austero. Rezavam de manhã e à noite, e passavam o resto do tempo lendo, meditando nos livros sagrados, procurando alegorias, compondo hinos e cantando-os.” [2] Eles faziam exercícios em comum e se reuniam a cada sete semanas para comer e orar juntos. As mulheres eram admitidas nessas reuniões.

Os ascetas solitários da nova aliança, que abraçaram este estado desde o início, tinham em vista, segundo diz o Padre Marin, colocar em prática os conselhos do Evangelho e executar literalmente estas palavras de Jesus Cristo: Vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem, e segue-me.” (Lucas, 18:22.) E estas outras: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes mais, e herdará a vida eterna.” (Mateus, 19:29.)

NOTAS:

[1] Cabe observar: o clima do Egito permitia formas de abstinência que seriam impossíveis em países frios. (Eugène Veuillot)

[2] César Cantu, Histoire  universelle, t.v, p. 547. (Eugène Veuillot)

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O curto artigo “Dos Essênios aos Padres do Deserto” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 31 de outubro de 2025. Foi traduzido da Introdução de Eugène Veuillot ao livro «Les Vies des Pères des Déserts D’Orient», Nouvelle Édition, R.P. Michel-Ange Marin, Tome Premier, Louis Vivès Libraire-Éditeur, Paris, 1886, 478 pp. Veja as páginas XIII e XIV. Tradução: CCA. Uma versão anterior e mais breve deste texto faz parte da edição de abril de 2024 de “O Teosofista”, pp. 05-06, sob o título de “Antes dos Padres do Deserto”.

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* Examine nos websites da LIT a seção temática sobre Cristianismo e Teosofia.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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