24 de julho de 2024

Donald Trump Como um Espelho

 
O Que é Verdade em um Aspecto da Vida
Tende a ser Verdade em Outros Aspectos Também
  
Carlos Cardoso Aveline
  
Donald Trump (foto) reflete pontos incômodos do carma coletivo e
também revela aos cidadãos as potencialidades positivas presentes nas suas almas.



O empresário norte-americano Donald Trump chamou atenção do mundo inteiro em 2015 e 2016 ao captar e projetar sobre o nível “consciente” das mentes dos cidadãos alguns dos sentimentos e pensamentos deles que eram subconscientes.

A projeção psicológica foi saudável.

Trabalhando gratuitamente como espelho psicanalítico para muitos cidadãos, Donald Trump se tornou objeto de críticas intensas e profundo desprezo vindos tanto da esquerda como da direita, e foi impulsivamente atacado por líderes religiosos de diferentes tradições.

Os seus críticos consideravam a si mesmos como pessoas equilibradas e racionais, e acreditavam que tinham bom senso. Rejeitar Trump era uma atitude inteligente. Havia um firme consenso em torno disso entre os especialistas.

Enquanto ensinavam às nações que Trump devia ser automaticamente desprezado e rejeitado, os “proprietários da opinião pública” estavam recorrendo à prática do ataque pessoal. Antes disso, eles haviam decidido que era preciso fazer de conta que os aspectos mais profundos da visão de vida de Trump não existiam.

Eles projetaram sobre o espelho os seus próprios medos e suas ambições subconscientes. Odiavam o que estava refletido no espelho, e pensavam que todos tinham a obrigação de fazer o mesmo. Uma projeção oferece ao indivíduo uma oportunidade de adorar ou odiar intensamente outro ser, ao invés de conhecer a si mesmo. As projeções cegas causam um alívio de curto prazo que é ilusório. Na verdade, elas levam as pessoas à derrota, ao cancelar o seu bom senso e sua clareza de visão. 

Quando em novembro de 2016 Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, ficou dolorosamente claro, para alguns, que os slogans não podem substituir os fatos; a propaganda não cancela a realidade; os ataques pessoais não conseguem definir um indivíduo, e o consenso político artificial com frequência é uma tentativa fracassada de distorcer a dinâmica da História.

No entanto, um espelho psicológico funciona em vários níveis de realidade e pode ser observado desde diferentes pontos de vista. Como espelho, Trump reflete aspectos incômodos do carma coletivo e também revela aos cidadãos as potencialidades positivas presentes nas suas almas. Ele faz isso quando se recusa a ser um escravo da opinião pública de curto prazo. O fato de que Trump sente-se confortável quando é criticado dá a ele um grau mais alto de independência diante das formas estabelecidas de manipulação mental e emocional. Ele usa os obstáculos para reunir mais força.

O estilo de Trump é transparente, e é muito mais complexo do que a imagem dele que foi fabricada por seus adversários.

Ao longo dos anos, ele publicou vários livros sobre o modo como ele age e se movimenta.  Sua visão de vida tem pontos significativos em comum com pensadores bem conhecidos do movimento da Nova Era. [1]

Quanto ao ritmo cármico da vida, Trump afirma:

“Uma maneira de preservar a sua própria força dinâmica é dar a você mesmo desafios cada vez maiores. Uma vez que você chega ao topo, o que deve fazer? Uma vez que você chegou ao ponto mais alto, é a hora de retribuir. Faça doações a obras de caridade, doe a seus filhos, dê o seu conhecimento a outras pessoas, dê à vida cultural do seu povo. Ganhei uma grande quantidade de dinheiro, e doo uma grande quantidade de dinheiro a projetos altruístas.” [2]

A “força dinâmica” é uma onda de acontecimentos. É uma nuvem crescente de possibilidades em movimento. É uma tendência cármica criada pelos nossos esforços e pelas nossas ações, à medida que elas interagem com a vida.  

Trump descreve o modo como vê a arte de construir este poder criativo:

“Força dinâmica depende da energia e do uso correto do tempo. Quando você começa algo novo, você não tem força dinâmica. Nesta fase as coisas são difíceis. As pessoas não estão procurando por você. E você não parece estar chegando a lugar algum, mas se persistir e continuar trabalhando um dia depois do outro para alcançar suas metas, em pouco tempo você entrará no fluxo das pessoas e dos acontecimentos. (…) Por quê? Porque você tem força dinâmica, mas não pensa que a força dinâmica está necessariamente garantida. Se você perder o ritmo, todo o seu sucesso terminará, e as coisas ficarão muito mais difíceis. Torna-se difícil fazer qualquer coisa quando você perde sua força dinâmica. O ritmo correto da sua ação desaparece, e as pessoas e acontecimentos não estão mais a seu favor. Portanto, cuide para não perder jamais a sua força dinâmica.” [3]

Ao adotar uma meta elevada, o indivíduo desafia a rotina, ou “tamas” em sânscrito, e destrói as ilusões estabelecidas.

À medida que alguém constrói uma força dinâmica, fica mais fácil derrotar o falso consenso segundo o qual todos devem obedecer às aparências, e piedosamente ignorar todos os níveis mais profundos da realidade. Então compreendemos que ter demasiada pressa de declarar que alguma pessoa ou nação são nossos inimigos não vai além de uma superficialidade mental desastrosa. Nossa sociedade deveria aprender um antigo axioma da filosofia esotérica:

“A inteligência é imparcial: ninguém é teu inimigo; ninguém é teu amigo. Todos são teus instrutores. O teu inimigo se torna um mistério que deve ser resolvido, mesmo que para isso sejam necessárias longas eras; porque o ser humano deve ser compreendido. Teu amigo se torna uma parte de ti, uma extensão do teu ser, um enigma difícil de decifrar. Só uma coisa é ainda mais difícil de conhecer: o teu próprio coração.” [4]

Conflitos existem, e eles deveriam ser poucos; deveriam ser fenômenos passageiros; e em todos os casos o peregrino deve manter um sentido de justiça em relação aos seus adversários. Equilíbrio, reciprocidade e ética são três dos fatores necessários para que haja paz.

Nossa Visão da Verdade Está Sempre em Desenvolvimento

Tanto as ideologias políticas como as ideologias religiosas costumam apresentar-se como as proprietárias da “verdade final” em relação aos aspectos da vida que abordam.

Elas induzem as pessoas a pensar que a melhor maneira de conhecer a verdade é acreditar cegamente em tudo o que dizem.

As igrejas, as seitas e os partidos políticos com frequência punem e condenam ao isolamento os buscadores independentes da verdade. “Não há necessidade”, dizem, “de estudar e pesquisar de maneira independente. É uma perda de tempo”.

Na verdade, o falso consenso produzido por estas organizações é um mecanismo de defesa emocional contra o caráter limitado e precário do conhecimento humano. Ao invés de humildemente reconhecer a profundidade da Vida e aceitar as frequentes surpresas que ela provoca, eles negam a complexidade do mundo. Os líderes das organizações ineficientes não querem ver a necessidade de aprender com os seus erros, e adotam uma visão congelada da realidade. 

Donald Trump está entre os que não dão grande importância aos consensos organizados. As suas ações podem ser perigosas tanto para as ideologias de esquerda como para as ideologias de direita, porque ele pensa por si mesmo. Para Trump, o conhecimento se expande o tempo todo a partir do momento em que nascemos, e ele pergunta:

“Você lembra como era desafiante aprender a andar de bicicleta? Já viu uma criança aprendendo a caminhar, dando os seus primeiros passos? É uma ocasião cheia de força dinâmica. Se pudermos adotar em nossa vida diária esse mesmo tipo de entusiasmo, creio que estaremos no caminho da sabedoria. Albert Einstein disse: ‘A mente que se abre para uma nova ideia nunca volta ao seu tamanho original.’ Eu concordo. Depois que você aprendeu a caminhar, por que você iria voltar a andar arrastando-se para lá e para cá? Não faria sentido. Nós todos temos um propósito na vida, e o propósito é fazer o melhor para viver de acordo com o nosso potencial.” [5]

Estas ideias exaltam os aspectos criativos do amor dos seres humanos pela vida. São ideias não-violentas; elas estimulam o poder que todo indivíduo tem de abrir o seu próprio caminho para a bem-aventurança e a prosperidade. São ideias naturalmente perigosas para estruturas de poder político ou religioso que tenham como base a manipulação mental, a obediência cega e a passividade automática. Os indivíduos criativos são os cidadãos do futuro. Eles provocam medo e raiva entre os que se identificam com a ignorância organizada. O enfoque de Trump diante da vida parece convidar as pessoas a abraçar e desenvolver as suas potencialidades mais elevadas, e isto significa deixar de lado a preguiça mental.

Superando o Medo  do Fracasso

O conforto pessoal é considerado um valor de suprema importância nas sociedades consumistas. Os cidadãos dispõem de numerosas alternativas para escolher o que eles compram ou quais são os seus artistas preferidos, mas são mantidos à parte das decisões mais importantes.

Os riscos são evitados, e a vida não é reconhecida como uma aventura. Este tipo de experiência asfixiante não tem futuro. A necessidade humana de transcendência é irreprimível. Se as formas criativas de viver são roubadas das pessoas, outras formas de transcender, não-criativas, surgirão.

Assim, uma grande porcentagem da população é levada a optar pelo uso de drogas, de álcool, ou a optar pela prática de crimes, de violência e pelo exagero do sexo. Estas são algumas das principais alternativas através das quais as pessoas desinformadas - com frequência jovens - tentam libertar-se do tédio e deixar de lado as formas organizadas de hipocrisia.

Entre aqueles que aceitam um modo passivo de viver, muitos sofrem de depressão, ou de irritação. A depressão psicológica é agora um problema de milhões de pessoas em todos os continentes.

Num aspecto menos dramático da realidade, o fenômeno da passividade cega e da incapacidade de ver a vida como uma “jornada do herói” está presente no movimento esotérico. Mais de uma organização teosófica procura negar o caráter arriscado, incerto e probatório de uma vida autenticamente filosófica.

Nas Cartas dos Mahatmas, um livro sem igual que revela a Pedagogia da filosofia esotérica do Oriente, os leitores encontram com frequência um convite a TENTAR e a fazer um esforço renovado, cada dia, ao longo da jornada espiritual. [6]

Donald Trump não parece ser um teosofista. Mais de um “especialista” escreve que a mente dele é “superficial”. Na verdade, Trump escreveu ideias que fazem sentido tanto no nível material como no nível espiritual da vida.

“Muitas pessoas têm medo de fracassar”, diz Trump, “e por isso elas não tentam. Elas podem sonhar, falar, e mesmo planejar, mas elas não dão aquele passo decisivo que é colocar o seu dinheiro e o seu esforço em risco. Para ter sucesso nos negócios, você deve arriscar. Mesmo que você fracasse, é assim que se aprende. Jamais houve, e jamais vai haver, um patinador olímpico em gelo que nunca caiu no gelo. Os patinadores desenvolvem a sua habilidade e dominam os seus movimentos tentando e caindo, e não só olhando e falando.” [7]

O que é verdade em um aspecto da vida tende a ser verdade em outros aspectos também. O mundo interno e o mundo externo funcionam como espelhos um do outro. Os teosofistas nominais são muitos, mas aqueles que vivem a filosofia esotérica são menos numerosos. Trump escreve:

“O conhecimento exige paciência; a ação requer coragem. Reúna a paciência com a coragem e você será um vencedor.”

Ele acrescenta:

“Encontre desafios para você. Vá além do que é comum e ordinário.”

As palavras de Trump convidam as pessoas a trilhar um caminho difícil. O rumo fácil da conveniência de curto prazo é algo passivo, e por sua própria natureza leva as pessoas ao tédio, à frustração, e finalmente à dinâmica do medo e do ódio.

A criatividade, por outro lado, renova a vida a cada momento. O mero fato de manter a porta aberta para o processo criativo é algo que ensina solidariedade, confiança, coragem, e estimula a capacidade humana de aprender tanto nas situações fáceis como nas situações difíceis.

NOTAS:

[1] Veja por exemplo “Think Big”, de Donald J. Trump e Bill Zanker, Harper Collins Publishers, 2007, 368 pp., especialmente pp. 219-221.

[2] “Think Big”, de Donald J. Trump e Bill Zanker, Harper Collins Publishers, 2007, p. 218.

[3] “Think Big”, by Donald J. Trump and Bill Zanker, Harper Collins Publishers, EUA, 2007, p. 222.

[4] “Luz no Caminho”, Um Tratado Clássico Sobre o Despertar da Sabedoria, de M.C., Tradução, Notas e Prólogo de Carlos Cardoso Aveline, The Aquarian Theosophist, Portugal, 2014, 86 páginas, ver p. 35.

[5] “Think Like a Champion”, Donald J. Trump com Meredith McIver, Da Capo Press, EUA, 2009, 204 páginas, ver p. 147.

[6] “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes.

[7] “Trump 101”, Donald J. Trump com Meredith McIver, publicado por John Wiley & Sons Inc., EUA, 2007, 188 páginas, ver p. 39. As próximas duas citações são da mesma página.

000

O artigo “Donald Trump Como um Espelho” está disponível em português nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde o dia 24 de julho de 2024. A tradução é do próprio autor.

O artigo foi publicado pela primeira vez em inglês em dezembro de 2016 pelo nosso blog teosófico em “The Times of Israel”, sob o título de “Donald Trump as a Mirror”. O mesmo texto original pode ser visto nos websites da LIT: “Donald Trump as a Mirror”.

000

Leia mais:   

* A Sala de Espelhos, de CCA. 

* Outros artigos de Carlos Cardoso Aveline.


* Alguns escritos de Jean des Vignes Rouges.

000



Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

000

22 de julho de 2024

Transformar o Fracasso em Vitória

 

O Poder Construtivo do Autorrespeito, do 
Pensamento Otimista e do Esforço Constante
 
Donald J. Trump
  
“Lutem, lutem, lutem!”, gritou Trump, ferido, à multidão que o rodeava em 13
de julho de 2024. Ele ainda estava em perigo. Não se sabia se a tentativa de assassiná-lo
havia terminado: os agentes do serviço secreto tratavam de protegê-lo. Foto: AP.



00000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Nota Editorial de Julho de 2024

Os trechos a seguir são reproduzidos do livro “Nunca Desista!”,
de Donald J. Trump, com Meredith McIver, Ed. Campus-Elsevier,
161 páginas, RJ, Brasil, 2008. As páginas em que podemos encontrar
os trechos estão indicadas entre parênteses ao final de cada parágrafo,
exceto no caso da Introdução do livro, cujas páginas não estão numeradas.

(CCA)

0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000



* Em minha trajetória, aprendi que cada projeto traz um conjunto próprio de dificuldades e comecei a aprender a esperar por elas. Tudo bem, eu estava preparado. (…) Lembre-se: para mim, quanto maior o problema, maior a recompensa. (Introdução)

* Aprendi também que o pessimismo não deve ser tolerado por muito tempo. Você pode até ficar cansado e desanimado por um minuto ou dois. Pessoalmente, quando estou cansado, gosto de jogar golfe ou dar uma volta pelo escritório. Mas o negativismo deve ser um estado de espírito muito temporário. É difícil, mas existe uma forma de coragem mental que pode ser cultivada (…). (Introd.)

* Sem dúvida, várias coisas são irritantes, portanto, não se surpreenda nem as superestime. Aprenda a enxergá-las em perspectiva. (Introd.)

* O que fazer quando as dúvidas continuam aparecendo, mesmo depois que você assumiu o compromisso de ir em frente? Muitas pessoas se enganam ao pensar que enfrento o planeta em estado de absoluta certeza o tempo todo. Na verdade, há momentos em que tenho de combater as inseguranças depois de ter tomado grandes decisões. O desafio é o que fazer com elas. Se não forem dirimidas com habilidade, as incertezas podem minar sua energia e resolução. Quando bem digeridas, as dúvidas servem para deixá-lo mais alerta e aumentar suas chances de sucesso. (p. 76)

* Ter confiança em si mesmo é a chave para se tornar resiliente e começar a encarar as adversidades. (Introd.)

* … Desistir é algo que nunca passou em minha mente. Nem por um segundo, e acho que é por isso que confundo meus críticos. Eles tentavam me crucificar, mas provocavam o efeito contrário - as alfinetadas apenas me incentivaram a querer me reerguer em grande estilo. Sabia que conseguiria provar que estavam errados, com minha teimosia, tenacidade e por jamais me entregar ou desistir. Tornei-me uma pessoa mais forte rapidamente naquela época. Não estou aconselhando-o a procurar o mesmo tipo de pressão, mas saiba que, se passar por alguns reveses, a recusa em desistir provavelmente será a melhor estratégia. (p. 02)

A Força do Pensamento Positivo

* De onde veio esta força? Não sei ao certo (…). Também aprendi que os problemas geralmente são oportunidades disfarçadas. Comecei a ver minha situação, acredite ou não, como uma grande oportunidade. Tinha uma excelente chance de mostrar (….) que eu não era apenas um sucesso passageiro. Essa perspectiva deu-me ânimo e foi uma forma de encarar a situação positivamente. (p. 03)

* … Foi o momento da virada. Tomamos a decisão unânime de nos concentrarmos na solução, não no problema. Esta é outra lição importante. Mantenha o foco na solução, não no problema! (…) Também contei com algo que gostaria de abordar: o pensamento positivo. Acredite, funciona. Foi o que me trouxe até aqui (…). (p. 03)

* Insisto na importância da totalidade. Trata-se de uma combinação de todos os componentes da vida que nos tornam saudáveis, felizes e produtivos. Para mim, o oposto de totalidade é o fracasso. Quando isso acontece, e às vezes é inevitável, o melhor remédio é prosseguir, perceber que o fracasso não é permanente e focar-se de imediato na direção certa. Em última análise, uma solução aparecerá. (p. 05)

* Não quero parecer um curandeiro [1], mas há algo profundo e simples em encarar o fracasso como falta de totalidade. Mais que isso: trata-se de uma postura eficaz. Acreditar que uma situação negativa é temporária e inadequada lhe dará o ímpeto para tomar uma atitude a respeito, bem como a virtude e a energia para consertar a situação. Ficar infeliz e improdutivo não faz parte do meu jogo e não deve fazer parte do seu. Veja a situação como inaceitável, como algo que lhe tira da totalidade, e se sentirá motivado a se livrar dela o mais rápido possível. (p. 05)

* Vejo algumas pessoas totalmente engolidas por seus fracassos. A pior coisa que você pode fazer a si mesmo é acreditar que o azar é seu destino. Nada disso! Não só a inteligência ou a sorte nos coloca no lugar certo, mas sim a tenacidade diante da adversidade. Alguns veem os problemas como má sorte, eu não. As dificuldades fazem parte da vida e de uma grande parte dos negócios. Quanto maior o negócio, maior sua vida e maiores os problemas. Estar preparado para isso lhe poupará de muito desgaste emocional e intelectual, e até mesmo de doenças. (p. 06)

* Meu foco sempre está nas possíveis soluções de problemas e dificuldades. Em contrapartida, conheço muitas pessoas que perdem grande parte do tempo (inclusive o meu) falando de seus problemas. Fica muito claro para mim que elas evitam procurar uma solução. Ou elas gostam do drama da situação ou têm preguiça de se esforçar para encontrar saídas. (p. 88)

* Pensar requer energia e não devemos desperdiçá-la em coisas erradas. Para cada problema existe uma solução, e as pessoas competentes vão sempre atrás dela. Certifique-se de que você está nesse grupo. (p. 88)

* Conheço pessoas que fizeram mais do que dar a volta por cima: superaram verdadeiras tragédias. Existe adversidade e existe tragédia. Pensar que se trata de coisas distintas é uma maneira de manter uma visão objetiva de seus verdadeiros problemas. Sua situação pode ser dura, mas pode apostar que outros enfrentaram coisas muito piores. Uma forma de pavimentar seu caminho para um retorno (ou para a primeira vitória) é ler sobre pessoas que tiveram coragem diante de perspectivas desastrosas. Acredito que elas sentiram que tinham obrigação de vencer e, em alguns casos, de sobreviver. É assim que me sinto. (p. 06)

* Você pode ter a mesma atitude, a despeito da situação ou de seu histórico. Quando o fracasso cruzar seu caminho, acredite que você é importante, que pode superar a dificuldade e, o fundamental, que o sucesso é o que se espera de você. Garanto que ficará surpreso com o que é capaz de fazer adotando essa postura. Não se trata de simples sobrevivência ou sucesso, é uma questão de obrigação. Um senso de dever em relação à totalidade [2] ajudará muito em sua trajetória rumo ao sucesso pessoal e profissional. (p. 06)

* Na época de meus maiores problemas financeiros, aprendi que era resiliente e tinha um inabalável senso de sucesso, capaz de me livrar do buraco (…). Isso me leva a outro nível de pensamento bastante parecido com a sabedoria: a fé. As pessoas podem ajudá-lo, mas você terá de desenvolver sua fé sozinho. A fé em si pode provar-se uma coisa muito poderosa. Trabalhe nisso diariamente. Às vezes, quando você está travando uma batalha sozinho, manter-se acompanhado de reforços positivos e de fé em si mesmo pode ser a força invisível que separa os vencedores dos perdedores. [3] Estes são os que desistem. (pp. 6-7)

* Em suma: lute por sua totalidade, acredite em si mesmo, mantenha-se a todo vapor e persista em manter a resiliência. Não espere de si mesmo nada abaixo disso, e eu garanto que o sucesso ser tornará uma situação permanente em sua vida, mesmo quando as circunstâncias externas dizem que não. Nunca desista! (p. 07)

Conselho de Trump



* Espere problemas e reveses. Eles fazem parte do jogo. Se você não se deparar com grandes dificuldades, provavelmente é porque está fazendo algo fácil e não muito valorizado - e provavelmente não ganhará muito dinheiro com isso. Um grande problema costuma ser sinal de uma grande oportunidade. Esteja preparado para trabalhar muito por isso. Não tenha medo de ir atrás de várias opções ou pessoas ao mesmo tempo. Se uma coisa não funcionar, você terá alternativas à mão. Garanto que nem tudo vai funcionar. Na verdade, talvez você tenha de experimentar várias coisas para chegar a alguma que dê resultado. Isso se chama tenacidade e é uma característica crucial do sucesso. (p. 61)

O Poder do Riso

* As pessoas se surpreendem quando visitam nossos escritórios e ouvem minhas risadas. Sou um empresário sério, mas também conheço o valor do riso. É por isso que acho graça quando vejo aquelas caras fechadas em comerciais e propagandas, tentando passar uma imagem de seriedade ao produto. Não há motivos para não se divertir. Na verdade, se você não está se divertindo com o que faz, aconselho-o a procurar outra atividade. Se você não for um neurocirurgião, sugiro que dê um toque de leveza ao seu dia-a-dia. (p. 82)

* Vale a pena ter senso de humor em relação a si mesmo. Fiz um comercial para a Visa há alguns anos em que eu tive de fazer uma cena em que apareço rastejando (ou fingindo rastejar) numa caçamba de lixo para recuperar meu cartão Visa. Fui filmado no topo da Trump Tower mostrando meu cartão quando um vento forte o tira da minha mão, jogando-o prédio abaixo. Um transeunte percebe que estou engatinhando na lixeira e diz: “E eu pensava que ele fosse rico!” Não me importei, pois me diverti muito e o comercial foi um grande sucesso. Se eu me levasse a sério demais, teria deixado de me divertir um bocado e de ganhar um belo cachê. Um bom negócio deve aliar lucros a boas risadas. [4] (p. 83)

NOTAS DO EDITOR:

[1] No original em inglês, “faith healer”, que significa, mais precisamente, “alguém que cura pela fé”. (CCA)

[2] “Um senso de dever em relação à totalidade”. A noção de “integridade” ou “totalidade” (a palavra é “wholeness” no original em inglês) implica um pleno contato com a alma espiritual, ou seja, eu superior, e uma unidade interior espontânea com outros tempos, outros lugares, e outros seres. Assim, um sentido de dever para com a totalidade significa um senso de dever para com a nossa própria alma. E isso nos ajudará muito em nossa trajetória. (CCA)

[3] Esta frase foi revisada conforme o original em inglês. O texto original menciona claramente a necessidade de uma disciplina diária: “reforços positivos” são mantras, frases, lemas, e outros exercícios práticos de autocontrole. (CCA)

[4] Sobre o efeito da risada no caminho teosófico, veja os artigos “A Ciência do Riso” e “Rindo da Dor Desnecessária”. (CCA)

000

O artigo “Transformar o Fracasso em Vitória” foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas no dia 22 de julho de 2024, com o Sol em zero graus e vinte minutos do signo de Leão.

000

Leia mais:






000



Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

000

14 de julho de 2024

O Simbolismo de Judas Iscariotes

 
A Cláusula da Autoexclusão,
Desde um Ponto de Vista Teosófico
  
Carlos Cardoso Aveline
  




“E, ah, querida amiga, quantos traidores e
Judas de todas as cores e tonalidades nós temos,
no próprio âmago  da Sociedade [Teosófica].”

[Helena P. Blavatsky em carta para Francesca Arundale,
ver “Letters of H.P.B. to A. P. Sinnett”, TUP, 1973, p. 95.]



Uma das duas escrituras principais do budismo da Terra Pura, o budismo Shin, é a obra “Sukhavati-vyuha Maior”. O autor japonês Taitetsu Unno afirmou que esta escritura “descreve a trajetória de um bodhisattva, um futuro Buda em potencial, chamado de Dharmakara, que faz quarenta e oito votos diante de outro Buda (...)”. [1]

Destes compromissos, o mais importante é o Décimo Oitavo Voto, conhecido como o Voto Primordial. É um voto de sacrifício pelo bem de todos os seres. E ele diz:

“Se, quando eu atingir a condição de Buda, os seres sensíveis dos dez quadrantes, dotados de uma mente sincera, confiantes em si mesmos, aspirando por nascer em minha terra e dizendo meu Nome talvez até dez vezes, não nascerem lá, então que eu não alcance a iluminação suprema. Excluídos estão aqueles que cometem as cinco ofensas graves e aqueles que caluniam o dharma.”[2]

A mesma cláusula de exclusão  por  caluniar o dharma, o  ensinamento - ou  por caluniar o professor - , opera nos níveis mais elevados do movimento teosófico moderno. No entanto, um estudante inexperiente de teosofia pode ter a sensação, neste ponto, de que a última frase do voto budista acima é cruel e demasiado crítica:

“Por que motivo alguém deveria excluir ou rejeitar aqueles que traem a sua própria fonte de inspiração espiritual? Não será uma atitude arrogante - e pouco fraterna - olhar com severidade aquelas pobres almas que imitam Judas Iscariotes em suas vidas espirituais?”

Na verdade, a “cláusula de exclusão” - que também faz parte dos votos de muitas organizações maçônicas - não provoca realmente a exclusão de ninguém, no plano oculto.

Apenas reconhece e aceita uma autoexclusão oculta que já ocorreu antes, e que aconteceu por livre iniciativa.

1. A “Cláusula de Exclusão” é na Verdade Autoexclusão

Aqueles que caluniam os seus instrutores espirituais, que atacam ou distorcem os ensinamentos sagrados, ou que deixam que estas coisas sejam feitas sem defender a sua própria fonte de inspiração, na realidade excluem a si mesmos de um determinado campo magnético e de um determinado campo cármico. E isso acontece no plano interno e sutil. É uma ação silenciosa, que flui nas dimensões ocultas ou não visíveis da vida. E pode ocorrer subconscientemente, isto é, sem que a pessoa tenha plena consciência do que está fazendo.

A cláusula de exclusão não é, portanto, uma causa em si mesma de exclusão ou separação, e muito menos uma punição. Ela é apenas uma consequência. É uma decisão realista, como a decisão de não fingir que um pote quebrado ou um cálice quebrado ainda está intacto. E, naturalmente, a decisão de não fingir é tomada no nível abstrato e impessoal dos princípios filosóficos. Aceitar os fatos desagradáveis ​​é útil porque, se alguém sabe que um objeto está quebrado, pode consertá-lo ou substituí-lo, mas se fingir que o objeto ainda está intacto viverá num estado de ilusão e de negação da realidade.

A possibilidade prática de autoexclusão dos níveis superiores de consciência corresponde ao perigo de falhar no processo de autoinclusão nesses domínios. Tanto o esforço como o perigo de fracassar estão presentes na vida cotidiana dos teosofistas. Para expressá-lo em linguagem budista, pode-se dizer que através das suas ações diárias os estudantes ajudam (ou atrapalham) a sua própria inclusão gradual nos “três refúgios”, que são os seguintes:

1) O Dharma (isto é, a Lei e os Ensinamentos);
2) O Buda (isto é, o Instrutor ou os Instrutores) e,
3) A Sangha (a comunidade invisível de estudantes sinceros).

Talvez seja possível tirar algumas lições úteis desse duplo conceito de autoinclusão e autoexclusão. A primeira lição é que somos os responsáveis ​​pelo nosso destino futuro. Ao observarmos as nossas ações diárias, podemos ver se elas estão excluindo-nos, ou incluindo-nos, no amplo Espírito do Ensinamento, na atmosfera dos instrutores, e na comunidade sutil dos estudantes mais dedicados.

Podemos ver, então, até que ponto as nossas ações diárias tendem a ajudar o nosso acesso aos níveis superiores da realidade, nos quais vivem os nossos verdadeiros eus. Assim descobrimos meios mais eficientes de melhorar o nosso processo de aprendizagem. 

2. A Perda da Memória Espiritual

Há algo mais a acrescentar em relação ao lado interno da “cláusula da exclusão”: é o processo da perda da memória.

Em algum lugar da tradição esotérica afirma-se que, quando o candidato aos Mistérios sai do campo magnético do aprendizado da Alma, ele perde a memória do conhecimento que havia obtido.

Constitui um fato da Natureza que existem memórias e registros de ensinamentos e sistemas de orientação em cada nível diferente de consciência; e eles pertencem a aquele nível de realidade, e não ao indivíduo que em algum momento possui a memória deles.

Se o candidato aos Mistérios destrói o seu próprio acesso  àquele nível de consciência em que as memórias e os registros mais elevados são preservados - por exemplo, o nível de consciência Buddhi-Manásico - ele vai reter, talvez, o aspecto externo da memória dos acontecimentos, o aspecto inferior e físico dos ensinamentos e dos fatos; mas ele vai perder  o real significado de tudo. A partir de então ele pode voltar-se contra a fonte sagrada que deu a ele o alimento espiritual. Mas ele só pode fazer isso  nos níveis inferiores e ilusórios da realidade.

Esta parece ser a situação de alguns líderes teosóficos. Eles perderam contato com a real substância da Teosofia, mas decidiram permanecer orgulhosamente apegados à casca externa do movimento teosófico. Eles esqueceram o sabor e o significado internos dos ensinamentos, porque ficaram demasiado entusiasmados com o seu aspecto corporativo exterior. Perderam acesso a uma certa frequência vibratória em que ficam guardadas as verdadeiras memórias e percepções. Depois disso, só puderam agarrar-se ao corpo sem vida das aparências imaginadas. 

A autoexclusão provoca a perda de um certo nível de memórias, portanto. É para evitar este perigo que os verdadeiros instrutores examinam com grande cuidado a ideia de expandir a consciência de qualquer candidato à sabedoria. Eles sabem que é melhor para o candidato avançar devagar e estar livre destes problemas no futuro.

Embora a cláusula da autoexclusão não possa ser apagada nem cancelada, a prudência no caminho deve ser colocada em prática, de modo a manter os buscadores da sabedoria longe deste perigo, tanto quanto possível. É devido a um sentimento de compaixão, e não a um sentimento de egoísmo, que os Mestres agem de maneira cautelosa. E isso nos leva a examinar os ensinamentos do Novo Testamento em relação a Judas Iscariotes. Podemos enxergar mais de um simbolismo esotérico na história que mostra Judas enforcando a si mesmo, tal como narrado em Mateus 27. O trecho é um enfoque metafórico da “cláusula de exclusão”.

3. As Lições Teosóficas de Judas - e Pedro

O Judas do Novo Testamento representa a parte desleal do eu inferior do ser humano; é aquela parcela do quaternário inferior que rejeita a influência vinda do Mestre. E o Mestre Jesus representa o sexto princípio da consciência, a alma espiritual.

O “discípulo”, o quarternário inferior, tem expectativas pessoais em relação ao “Mestre”. Se o “discípulo” não estiver disposto a renovar a sua visão das coisas e ampliar seus horizontes - e para isso precisa deixar de lado as velhas expectativas - ele pode ser derrotado. A derrota toma a forma de “traição”.

Em Mateus, 26, os discípulos leais não impedem que Judas se transforme num traidor. Eles estão confusos devido à intensidade dos testes probatórios que eles mesmos estão enfrentando. A estupidez deles, a sua covardia e a sua incapacidade de defender o Mestre sagrado - a fonte da sua aprendizagem - ficam claras em Mateus, 26:69-74. Ali vemos o discípulo-chefe negar expressamente o Mestre por três vezes. Quando perguntado sobre Jesus, Pedro diz:

“Não sei do que você está falando.”

O principal discípulo literalmente lava suas mãos. Ele jura que não viu o Mestre. Pedro é demasiado covarde para ser um traidor, ou para ser um verdadeiro discípulo, naquele momento. Ele é morno. Ele será capaz de se recuperar numa parte mais adiantada da narrativa.

Qualquer um que seja suficientemente covarde ou suficientemente ignorante para não fazer uma “destemida declaração de princípios” e “uma valente defesa dos que são injustamente atacados” (que são duas necessidades práticas em qualquer discipulado verdadeiro) [3] fica preso à mesma situação em que Pedro caiu.

Naturalmente a defesa dos que são injustamente atacados não precisa ser sempre óbvia e verbal: as ações dizem mais do que as palavras. No entanto, neste caso, assim como em várias peças famosas de Shakespeare, os impulsos inferiores e traiçoeiros vencem a batalha. “Judas”, ou os impulsos egoístas, trai o seu Mestre, ou sua alma espiritual, que não é defendido por outros discípulos. Assim, Judas interrompe vitoriosamente o fluxo de energia entre o “céu” (a tríade superior, ou Mônada) e a “Terra” (o quaternário inferior, ou alma mortal).

Judas é um símbolo daquele discípulo ou aspirante à Sabedoria que falha em sua busca pela Verdade, e que corta o elo semiadormecido que o liga aos reinos superiores, um elo presente em si mesmo. Judas também simboliza os setores egoístas do nosso quarto princípio da consciência, o princípio emocional.

O mal se disfarça e se apresenta como bem. Judas trata Jesus generosamente, na aparência. A ambiguidade, o disfarce e a hipocrisia fazem parte da gramática elementar dos traidores. Judas beija Jesus na face. Externamente, o falso discípulo expressa boa vontade para com o Mestre. Mas na verdade ele só fez este gesto para indicar aos soldados quem era o homem a ser preso - e morto.

Acontece então a humilhação coletiva daquele que representa a Sabedoria sagrada, eterna. Em Mateus, 26:67, pessoas ignorantes cospem no rosto de Jesus, esbofeteiam-no, batem no seu rosto. A mente espiritual é degradada e desprezada pela arrogância do eu inferior. Uma vez que Jesus é preso, no entanto, Judas, tendo recebido o suborno de trinta moedas, renuncia ao prêmio da sua traição. O ex-discípulo subitamente compreende que - na ausência da Alma Espiritual, o Mestre - tudo perde sentido.  

Judas rejeitou o Instrutor que não correspondia às suas próprias expectativas. Fez isso porque não havia renunciado antes às suas ideias estreitas sobre o que o Mestre tinha ou não tinha de fazer. 

Mas que alternativa restava para Judas, agora que ele havia cometido suicídio espiritual por aquela encarnação? Agora que ele havia interrompido a ponte sagrada entre o céu e a Terra dentro de si mesmo, que havia destruído a sua Escada de Jacó, ficando surdo para a pequena voz da sua própria consciência? Só havia uma coisa a fazer, e ele a fez. Ele completou a metáfora da autodestruição espiritual, enforcando a si mesmo.

Em resumo, nesta história altamente simbólica Judas é o “discípulo” que trai o seu Mestre. Ele revela indevidamente os sagrados segredos esotéricos. Ele destrói o contato com o seu eu superior para o período daquela encarnação. Ele deve confrontar a “cláusula da autoexclusão”, que está sempre presente em qualquer acordo mútuo entre o Alto e o Inferior.

Ao enforcar-se, Judas interrompe o fluxo vital entre a cabeça e o corpo. Assim ele destrói Antahkarana. Esta é uma maneira de perder a consciência, ou a memória. A morte simboliza uma forma de deixar de lembrar. Judas já não recorda mais as coisas que ele sabia quando era leal ao seu Eu Superior, o Mestre.

4. Mahatma Diz Que Não Há Vida em Adyar

No caso do movimento teosófico, vemos uma situação análoga. Quando a Sociedade de Adyar afastou-se da verdade, e o seu presidente Henry Olcott preferiu não defender Helena Blavatsky dos ataques injustos que ela sofria, o Mestre previu a morte espiritual daquela corporação. O raja-iogue dos Himalaias anunciou claramente o despedaçamento futuro do movimento teosófico, isto é, a sua fragmentação. Referindo-se a Henry Olcott e à Sociedade de Adyar, o Mestre afirmou:

“…A Sociedade libertou-se do nosso controle e influência e a deixamos ir - não fazemos escravos à força. Ele disse que a salvou? Ele salvou seu corpo, mas permitiu, por puro medo, que sua alma escapasse, e ela é agora um cadáver sem alma, uma máquina que ainda funciona bastante bem, mas que se despedaçará quando ele se for.” [4]

Depois de trair, Judas destrói a si mesmo. A Sociedade de Adyar não tem vida nos planos superiores de consciência, segundo o Mestre constata. O Mestre sabia que os falsos clarividentes iriam redesenhar completamente o movimento. 

No entanto a vida não cessa jamais, e todo traidor e fracassado terá uma oportunidade para redimir-se, em algum ciclo futuro. Ele pode nascer de novo a partir do seu eu superior. Será uma nova tentativa. E quando isso acontecer, uma outra página será escrita no Livro da Vida.

Os vários fatores mencionados acima estão presentes na jornada de cada buscador da verdade, e as lições de Judas são úteis para todos nós.

O que existe em grande escala existe em pequena escala também, e ninguém poderia dizer, ou pensar, que a experiência de Judas no Novo Testamento é inteiramente distante da sua. O universo inteiro está interligado. Podemos aprender de todo ele: basta ter a capacidade de fazê-lo. As lições de Judas se aplicam a cada estudante, e são igualmente válidas para as associações teosóficas, no século 21 como nos séculos futuros.

Perigo e oportunidade rodeiam não só os indivíduos, mas também os grupos e instituições cuja meta sincera é procurar a verdade. Cabe renascer a cada dia, a partir da mesma intenção nobre de ser leal ao mais Elevado, e a todos. Este propósito leva a aquela felicidade interior cuja fonte é Atma.    

NOTAS:

[1] “Shin Buddhism”, Taitetsu Unno, Doubleday/Random House, New York, 2002, 266 pp., ver p. 03. 

[2] “Shin Buddhism”, Taitetsu Unno, Doubleday/Random House, ver p. 50. 

[3] Veja o artigo “A Escada de Ouro”.

[4] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, transcritas e compiladas por C. Jinarajadasa, Editora Teosófica, Brasília, 1996, 295 pp., ver Carta 47 da primeira série, pp. 106-107. A carta é de 1888.

000

O texto “O Simbolismo de Judas Iscariotes” foi publicado como item independente nos websites da LIT no dia 14 de julho de 2024. Ele faz parte também da edição de julho de 2024 de “O Teosofista”. Trata-se de uma tradução, feita pelo próprio autor. Veja o original em inglês, publicado em 2015: “The Symbolism of Judas Iscariot”.

000

Leia mais:




* Veja os textos disponíveis de Jean des Vignes Rouges.


000



Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

000