15 de março de 2024

O Teosofista - Março de 2024

 




A edição de março começa com o artigo “A Universalidade do Monte do Templo”.

Na cidade de Jerusalém temos o monte Moriá ou Monte do Templo. É o local mais sagrado do planeta, para os judeus. Ao longo dos séculos, ao redor do mundo, ele tem sido um imã para sentimentos nobres. Ele tem inspirado a busca de uma visão divina do universo e um sentimento de respeito pela vida. Também tem sido causa de guerra, ódio, fanatismo e atos terroristas. 

À página quatro temos uma chamada para um tema histórico, central na vida da Loja Independente, e um artigo que acaba de ser significativamente ampliado: “A Autocrítica de Helena Blavatsky”. O subtítulo explica: “Ou Como Confúcio, Cícero e Outros Autores Clássicos Podem Ajudar o Movimento Teosófico”. O artigo poderá ser mais ampliado, à medida que novos dados forem liberados para publicação.

O Ideal e a Prática”, de Joana Maria Ferreira de Pinho, começa à página cinco e tem o seguinte subtítulo: “A Autonomia no Aprendizado Traz um Sentido de Dever e de Responsabilidade”.

Outros temas do Teo de março:

* O Respeito Espiritual por Si Mesmo - de Ivan A. Il’in.

* Pirkê Avót: a Ética Judaica do Talmud.

* Não ao Ódio, Sim à Amizade - Sabedoria Exige Respeito Por Si Mesmo e Pelos Outros - e uma Educação da Vontade.

* Ideias ao Longo do Caminho - Jesus Cristo, o Antissemitismo, e a Força Necessária Para Seguir uma Disciplina.

* Do Espiritismo Para a Teosofia - Uma Ampliação Gradual de Horizontes.

Com 26 páginas, o Teosofista inclui a lista dos itens publicados pelos websites associados nas semanas anteriores.


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A edição acima foi publicada dia 15 de março de 2024.  

A coleção completa de “O Teosofista” está disponível nos websites associados.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

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12 de março de 2024

O Obstáculo é Necessário Para a Vontade

 
O Que Fazer Quando Preocupações e
Problemas Interrompem o Seu Caminho
  
Jean des Vignes Rouges
 



Mais problemas que me caem em cima!” - você exclama, frustrado.    

Não reclame! Os problemas dão a você uma grande oportunidade para fortalecer a sua vontade própria. Perceba que, na realidade dos fatos, é o obstáculo no seu caminho que cria este fenômeno chamado ato de vontade. Se a sua vida deslizasse sobre uma pista cômoda, sem jamais enfrentar contradições, você não tardaria a se transformar num ser amorfo, viscoso, uma espécie de pasta, um “macarrão”!

Olhe ao seu redor e observe aqueles que chamamos de “lutadores dedicados”. Eles têm uma vida cheia de dificuldades indescritíveis. Nisso está a fonte da sua vontade forte.

Mas por que eles encontram tantos obstáculos?

É porque eles se lançaram vigorosamente para a frente, ávidos de enfrentar a realidade, e implacáveis na sua decisão de dar a ela uma nova forma de acordo com a sua vontade.

Aqui nós chegamos à seguinte constatação: a necessidade de vencer o obstáculo cria a vontade. Mas, por sua vez, a própria vontade faz com que surja o obstáculo.

Uma prova desta verdade está no espetáculo dos idiotas desprovidos de vontade. O que acontece com eles? Para evitar problemas, eles deixam de querer, abandonam os seus desejos e se contentam com grunhir. Mas, ao recusarem preocupações, eles suprimem a si próprios.

Portanto, a vontade e o obstáculo geram um ao outro, e são inseparáveis. Ao querer, você inevitavelmente cria dificuldades, pois é preciso forçar a realidade a se curvar à sua vontade. Ao lutar para obter esta submissão por parte da realidade, você desenvolve a sua vontade.

Conclusão: quando as preocupações e os problemas bloquearem o seu caminho, aceite-os com alegria dizendo: “Que boa sorte! Eis finalmente a possibilidade que me é oferecida de me superar, ou seja, de vencer esse obstáculo. Vamos adiante!”

O descontentamento de ver o seu caminho obstruído por um obstáculo torna-se assim a causa de uma criação de si mesmo por você mesmo.

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O texto “O Obstáculo é Necessário Para a Vontade” foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas em 12 de março de 2024. Ele faz parte também da edição de janeiro de 2024 de “O Teosofista”. O artigo é uma tradução, feita por CCA, de um item do livro «Dictionnaire de la Volonté», de Jean des Vignes Rouges, Éditions J. Oliven, Paris, 320 pp., 1945, ver pp. 213-214. O artigo original em francês está disponível online: “Obstacle, Condition de la Volonté”. 

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Leia mais:







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4 de março de 2024

João de Deus, Louco, Santo, e Sábio

 
Como a Ruptura da Rotina Psicológica
Pode Abrir as Portas Para a Vida Mística
 
Carlos Cardoso Aveline
  
João de Deus escolheu como missão amparar os doentes, os que estão
morrendo, os pobres e miseráveis em geral, assim como os médicos e enfermeiros.



Talvez se possa dizer que de santo e de louco quase todos nós temos um pouco. Vejamos por exemplo a experiência do santo patrono dos hospitais e dos doentes.

João Cidade, mais tarde São João de Deus, é o criador da Ordem Hospitaleira. Ele nasceu em Portugal em oito de março de 1495. Faltavam cinco anos para a descoberta oficial do Brasil. Enquanto ainda criança, embora fosse amado pelos pais, fugiu para a Espanha. Uma atitude radical e pouco sensata.  

Inicialmente, teve sorte no seu novo país. Foi adotado, informalmente, por uma boa família de gente honesta. Mas o apego e o conforto não eram sua vocação. Ele sempre “queria algo mais”. Chegando à adolescência, João Cidade deixou a família adotiva para ser soldado. A carreira militar o levou a um fracasso completo. Meio sem rumo, ele voltou à sua terra natal e foi viver na diocese de Évora. Enfrentou então no plano psicológico o carma do passado.  Arrependeu-se profundamente de ter abandonado os pais. Havia motivos para isso. A vida dos seus pais havia sido arruinada. A mãe morrera de desgosto não muito tempo depois da sua fuga. O pai havia ido morar num convento, onde viveu alguns anos dedicado às orações, antes de morrer em paz.

Frustrado consigo mesmo, João Cidade vai novamente para a Espanha. Trabalha algum tempo como pastor no campo. Mais adiante muda-se para a África. Vai para Gibraltar e passa a trabalhar como vendedor ambulante de livros, viajando dali por toda Andaluzia. Lê muito. Dedica-se a livros religiosos. Um dia, tem uma visão: Jesus diz a ele, pessoalmente, que deve ir à cidade de Granada, porque ali encontrará a sua cruz. João obedece. Meses depois, em Granada, o vendedor de livros assiste a pregações do Beato João de Ávila, e com isso começa a viver a sua crise de iluminação.

Querendo expiar as suas culpas, purificar-se e reparar os seus erros, João Cidade passa a distribuir de graça os livros religiosos que vendia. Toma também outras atitudes excêntricas. O povo, agitado, reúne-se a seu redor nas ruas. As pessoas o chamam de louco. A sua alma rompe com a “noção de normalidade”, a visão de mundo convencional que é necessário compartilhar em sociedade. 

Esta “noção de normalidade” é feita de padrões vibratórios médios, sustentados por convenções sociais. A percepção de normalidade tem aspectos positivos inegáveis e merece o nosso cauteloso respeito porque é muito útil. Mas o apego cego a esta normalidade também preserva a ignorância espiritual e reproduz a mediocridade de um modo bastante infeliz. A ruptura com a rotina é necessária para alcançar um nível superior de consciência. Ao mesmo tempo, a perda do apego é amarga. Uma outra noção de normalidade terá de ser construída. Os novos horizontes devem incluir uma visão mais ampla e profunda das coisas.

Quando a crise do despertar espiritual é vista como “loucura”, o que está ocorrendo é que a alma rompe com uma lógica estreita e uma estrutura de vida que se tornou incompatível com o crescimento da sabedoria do espírito. Com frequência a ruptura é semelhante a uma febre cármica. Constitui um processo perigoso e  acelerado de purificação. Os desequilíbrios do despertar devem ser evitados tanto quanto possível. O mais correto é que a expansão da consciência ocorra sem a perda da estabilidade, mas isso nem sempre está ao nosso alcance.  

O despertar espiritual raramente é fácil, porque desafia o hábito coletivo de apegar-se ao conforto material cego. Nem sempre o carma permite evitar que haja uma crise visível na relação entre o peregrino e a sua família, ou a comunidade.

Um Santo Doido na Itália

Séculos antes de João Cidade, na Itália, São Francisco de Assis, quando jovem, passou por um processo similar. Filho dileto de um comerciante rico, Francisco abandonou as suas roupas caras e elegantes para mendigar nas ruas. Sua atitude radical chamou atenção. Agiu de modo chocante e aparentemente desequilibrado. Assustou a família, envergonhou os pais,  e passou a ser o louco da cidade. Finalmente, Francisco rejeitou os pais que o amavam para dedicar-se à vida religiosa, procurando renovar a igreja cristã.[1]

Por sua vez, o português João Cidade foi encerrado num hospital da Espanha como louco. Mas quando isso ocorreu ele já despertava para a estabilidade interior do mundo espiritual. Em seguida passou a ajudar os seus colegas de doença. Não pensava no seu sofrimento. Queria aliviar a infelicidade dos outros. O altruísmo cura as feridas da alma. Quando recebeu alta, começou sua vida mística como  “João de Deus”, e passou a ser reconhecido gradualmente como um santo e um sábio.

A partir de então a vida de João gira em torno do estudo e do trabalho para amparar os doentes, os que estão morrendo, os desesperados, os pobres e miseráveis em geral, assim como os médicos e enfermeiros que trabalham em estabelecimentos hospitalares.[2]

Seu trabalho dá frutos. É até hoje um dos santos mais prestigiados do mundo. Ao lado de Santo António de Lisboa e Pádua, João de Deus está entre os principais santos portugueses. É um dos santos católicos cujas vidas transmitem numerosas lições teosóficas e são exemplos práticos de sabedoria universal.

A visão da vida adotada por João é profundamente estoica. Não há nela  espaço para ilusões. Até o mais leal dos nossos amigos, diz ele, pode falhar conosco, ainda que não queira. O desapego é fundamental. A teosofia clássica afirma:

A inteligência é imparcial: ninguém é teu inimigo; ninguém é teu amigo. Todos são teus instrutores.” [3]

Vejamos o que São João de Deus escreveu, lembrando que segundo a filosofia esotérica a ideia de “Jesus Cristo” simboliza sobretudo a nossa própria alma imortal:

“Confiai só em Jesus Cristo. Maldito seja o homem que confia noutro homem. Dos homens hás de ser desamparado queirais ou não; mas de Jesus Cristo que é fiel e durável não o serás. Tudo perece, só as boas obras ficam.” [4]

Traduzindo estas palavras - aparentemente amargas - para uma linguagem do século 21, será possível afirmar que este trecho significa:

“Faça o bem sem esperar pela gratidão alheia. Confie na Lei Suprema e em sua própria alma espiritual. Plante o bem, persevere, e, como resultado, mais cedo ou mais tarde, o bem que você plantou voltará para você - acrescido.”

NOTAS:

[1] “São Francisco de Assis”, livro de Piero Bargellini, Editora Universidade de Brasília, 1980, 146 páginas em tamanho ofício, ver pp. 27 a 35.

[2] “São João de Deus - Sua Vida e Sua Obra”, de Frei Bernardino de S. José, terceira edição actualizada, Telhal, Portugal, 1964, 68 páginas, ver pp. 01 a 29.

[3] “Luz no Caminho”, de M.C., livro de 86 páginas publicado por  The Aquarian Theosophist, em Portugal  em 2014, com tradução, notas e prólogo de Carlos Cardoso Aveline.  Ver p. 16.

[4] “S. João de Deus, Sua Vida - Sua Obra”, de Marques Gastão, Centro do Livro Brasileiro, Lisboa - 1982, 733 páginas, ver p. 224.

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O texto acima foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas em 4 de março de 2024. Uma versão inicial e anônima dele faz parte da edição de março de 2023 de “O Teosofista”, pp. 5 a 7.

A imagem que ilustra “João de Deus, Louco, Santo e Sábio” é reproduzida da obra “La Granada de Oro”, de Antonio Alarcón Capilla, publicada em Madri em 1950, com 324 páginas.  

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Leia mais:







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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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26 de fevereiro de 2024

Como Educar a Vontade

 
Em 1942 Já se Sabia: Educação da Vontade é
Necessária Para Que Haja Moralidade e Ética
  
João Serras e Silva
  
Lisboa em meados do século 20: aguarela de Vanessa de Azevedo.



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Nota Editorial de 2024

Na década de 1940, a educação moral era um
tema popular. O artigo a seguir é um exemplo disso.
Em Portugal e no Brasil, pensadores notáveis escreviam
sobre a necessidade da construção de uma consciência ética,
tanto no mundo individual como na comunidade, e também
entre as nações. Depois começou a acontecer uma falha
coletiva de memória. O materialismo imediatista ganhou força
e a necessidade de viver de maneira correta foi caindo no
esquecimento, pelo menos em grande parte da mídia. Felizmente a
vida é cíclica. O que morre, renasce, e a sabedoria do passado ressurgirá.   

(Carlos Cardoso Aveline)

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Tudo se tem esperado da ciência: erudição, saber, descobertas, invenções, trabalho intelectual são as divindades dos tempos modernos. Atitude errônea e prejudicial que deixa ao abandono a parte mais nobre do homem - o senso moral.

A experiência diz-nos todos os dias que o saber não chega para organizarmos honestamente e sadiamente a vida. Não é por falta de saber ou por erro de inteligência que o alcoólico não abandona a sua paixão que o degrada e consome - é por impotência da vontade; não é por ignorância do mal que o fumador continua a irritar a garganta, os brônquios e a intoxicar o sistema nervoso, não é por desconhecimento do mal, é por fraqueza da vontade; e o vicioso, o debochado, ignora ele porventura aonde o levam os seus desvarios, em que perde a saúde, a fazenda e a reputação? Não é a inteligência que falta, é a vontade que mingua.

E o pobre jogador, que se balouça todos os dias sobre o abismo, dominado pela vertigem dum sucesso, que sempre lhe escapa, é a vítima da ignorância ou da abulia? São os doentes da vontade, os débeis da vontade; farrapos humanos que o destino arrasta, como as folhas mortas, levadas pelo vento do outono.

A nossa incúria em cultivar e desenvolver a vontade é verdadeiramente criminosa. Quantas vezes dizemos diante de crianças: “Faz-me mal, mas não lhe posso resistir.” Não podemos porque não nos dispomos a querer.

Prevost, o célebre abade, escreveu: “Como é difícil retomar um pouco de vigor, quando fizemos da fraqueza um hábito! Custa tanto combater pela vitória, quando nos costumamos à doçura de nos deixar vencer!”

Ser forte de vontade é a primeira condição da moral e do carácter. Sem esta base, sem uma vontade forte, todo o edifício moral desabará ao sopro da primeira tempestade. Quantas vezes o cristão paga as fraquezas do homem.

Façamos homens primeiro que tudo.

Alguém, que muito tinha visto e meditado, dizia: “Não se podem ter cristãos fortes com naturezas fracas e anêmicas.” (…)

O ideal é o norte, ou a bússola para orientar o esforço. A atitude do espírito, a disposição da alma, favorável ao esforço, a decisão, é o querer; o exercício cotidiano é a ação.

(…)

A técnica da ação para desenvolver a vontade está clara; - todos podem em cada momento procurar desenvolver esta preciosa faculdade. Uma abstenção de falar ou de ficar calado; a privação duma satisfação de vaidade, de curiosidade, de gula, de mil coisas é bastante para fortificar a vontade. Como há uma ginástica para fortificar os músculos entorpecidos, há também uma ginástica para tonificar uma vontade anêmica.[1] Num e noutro caso os peritos inventaram uma técnica apropriada.

NOTA:

[1] A propósito da semelhança entre o esforço espiritual e o esforço da ginástica física, examine o item três no artigo “A Consciência de um Mahatma”.  

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O texto “Como Educar a Vontade” foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas no dia 26 de fevereiro de 2024. Ele pode ser lido também na edição de julho de 2023 de “O Teosofista”, pp. 16-17. Trata-se de uma reprodução de trechos selecionados da Carta-Prefácio de João Serras e Silva (1868-1956), no livro “Papel da Vontade na Educação”, de Manuel Trindade Salgueiro. A obra de Trindade Salgueiro foi publicada pela Editora Casa do Castelo em Coimbra, Portugal, em 1942, com 246 páginas: ver pp. 7 a 10.

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Leia mais:




* Como Renovar a Consciência (de João Serras e Silva).


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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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A Consciência de um Mahatma

 
Os Vários Níveis de Percepção e Ação na
Vida Cotidiana de um Adepto Oriental
  
Um Mestre de Sabedoria
  



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Parte inicial da Carta 85-B, para Alfred P.
Sinnett, recebida em meados de setembro de 1882.

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A esta altura da nossa correspondência, como geralmente parecemos ser mal compreendidos, até mesmo por você, meu fiel amigo, pode valer a pena e ser útil para nós dois que você seja informado de certos fatos - e fatos muito importantes - em relação ao adeptado. Tenha presentes, pois, os seguintes pontos.

(1) Um adepto - tanto o mais elevado como o mais inferior - é adepto apenas durante o exercício dos seus poderes ocultos.

(2) Sempre que estes poderes são necessários, a vontade soberana abre a porta que leva ao homem interno (o adepto), que só pode emergir e agir livremente se o seu carcereiro - o homem externo - estiver completa ou parcialmente paralisado, conforme o caso,

(a) mental e fisicamente;
(b) mental, mas não fisicamente;
(c) fisicamente, mas não por completo mentalmente;
(d) nenhuma das opções, mas com uma película akáshica interposta entre o homem externo e o interno.

(3) Mesmo o menor exercício de poderes ocultos, portanto, como você verá agora, requer um esforço. Podemos compará-lo com o esforço muscular interno de um atleta que se prepare para usar sua força física. Assim como não é provável que algum atleta esteja sempre divertindo-se com dilatar suas veias na antecipação do fato de ter de levantar um peso, tampouco se pode supor que algum adepto vá manter sua vontade em constante tensão e o homem interno em completo funcionamento quando não há necessidade disso. Quando o homem interno descansa, o adepto se torna um homem comum, limitado aos seus sentidos físicos e às funções do seu cérebro físico.

O hábito aguça a intuição desse último, mas é incapaz de torná-lo supersensório. O adepto interno está sempre pronto, sempre alerta, e isso é suficiente para nossas necessidades. Em momentos de descanso, portanto, suas faculdades também estão em descanso.

Quando sento para minhas refeições, ou quando estou me vestindo, lendo ou ocupado de outro modo, não penso sequer naqueles que estão próximos a mim; e Djual Khool pode facilmente quebrar seu nariz e fazê-lo sangrar, ao bater no escuro contra uma viga, como fez uma noite destas - (apenas porque, ao invés de lançar uma ‘película’, ele tolamente paralisou todos os seus sentidos exteriores enquanto falava com um amigo distante) - e eu fiquei placidamente inconsciente do fato. Eu não estava pensando nele - daí minha inconsciência.

A partir do que foi dito acima, você pode deduzir facilmente que um adepto é um mortal comum em todos os momentos da sua vida exceto aqueles em que o homem interno está agindo.

(Mahatma K.H.)

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O texto “A Consciência de um Mahatma” foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas no dia 26 de fevereiro de 2024. Ele pode ser lido também na edição de julho de 2023 de “O Teosofista”. Trata-se de uma reprodução de parte da Carta 85-B, em “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Ed. Teosófica, Brasília, edição em dois volumes, 2001, volume II, pp. 36-37. Na transcrição, com o objetivo de facilitar a leitura reflexiva, dividimos alguns parágrafos maiores em parágrafos menores.

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Leia mais:






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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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