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11 de junho de 2016

Hoje Desaprendo o Que Tinha Aprendido

O Desafio do Progresso na Escola da Alma

Cecília Meireles

Cecília Meireles (1901-1964)


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Nota Editorial:

Cecília Meireles estudou filosofias
orientais. A consciência teosófica tem
presença central em seus poemas. Nos
versos a seguir, ela examina em poucas
palavras o mistério do aprendizado espiritual.
Cecília mostra que a verdadeira escola de filosofia
é interna: cada estudante é a escola, ele mesmo, e
o processo do aprender recomeça a cada instante. 

(Carlos Cardoso Aveline)

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Hoje desaprendo o que tinha aprendido até ontem
e que amanhã recomeçarei a aprender.
Todos os dias desfaleço e desfaço-me em cinza efêmera:
todos os dias reconstruo minhas edificações, em sonho eternas.

Esta frágil escola que somos, levanto-a com paciência
dos alicerces às torres, sabendo que é trabalho sem termo.

E do alto avisto os que folgam e assaltam, donos de riso e pedras.
Cada um de nós tem sua verdade, pela qual deve morrer.

De um lugar que não se alcança, e que é, no entanto, claro,
minha verdade, sem troca, sem equivalência nem desengano

permanece constante, obrigatória, livre:
enquanto aprendo, desaprendo e torno a reaprender.

(1961)

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O poema acima é reproduzido do volume II de “Poesia Completa”, de Cecília Meireles, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2001, 1993 pp., ver pp. 1442-1443. Título original: “Hoje desaprendo o que tinha aprendido até ontem”.

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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10 de junho de 2016

É Preciso Não Esquecer Nada

Um Poema Sobre a Disciplina Cotidiana
                       
Cecília Meireles

Cecília Meireles


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Nota Editorial:

Cecília Meireles (1901-1964) estudou
filosofias orientais. A consciência mística e
teosófica tem presença central em seus poemas.
Nos versos a seguir, ela examina em poucas
palavras o desafio da prática diária da sabedoria.  
 
(Carlos Cardoso Aveline)

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É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso esquecer é o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a ideia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos nossos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

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O poema “É Preciso Não Esquecer Nada” é reproduzido do volume II de “Poesia Completa”, de Cecília Meireles, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2001, 1993 pp., ver p. 1926.

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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