Há uma Ponte de Pensamento Lúcido
Entre o Ideal Cristão e a Teosofia Clássica

Jesus Cristo ensinou por parábolas, isto é, o seu ensinamento possui camadas internas ou superiores de conhecimento.
De fato, existem chaves de leitura pelas quais podemos compreender as escrituras cristãs desde um ponto de vista mais profundo e mais universal. Eis, a seguir, os significados esotéricos de algumas expressões e conceitos do cristianismo popular.
* Agradar a Deus.
A expressão é usada na tradição dos Pais do Deserto. Significa ampliar, pelas suas ações e pela sua atitude, o contato do peregrino com o seu eu superior, ou seja, a alma espiritual, e o mundo divino.
* Anjo.
A palavra pode significar muitas coisas, desde uma pessoa bondosa até o espírito de uma estrela. As hostes de anjos no céu, a que se refere o cristianismo clássico, são os espíritos das estrelas, conforme Helena Blavatsky demonstra.[1]
* Anjo da Guarda.
Este anjo, de que se fala às crianças, é claramente um símbolo do eu superior ou alma imortal, que nos acompanha, guia, protege e orienta a cada passo desde o nascimento até o final da nossa encarnação. Infelizmente ele nem sempre é escutado, e às vezes sequer lembramos da sua presença a nosso lado.
A comunicação entre nós e o nosso anjo da guarda depende de Antahkarana.
“Rezar para o seu anjo da guarda” é perfeitamente correto, especialmente se o verbo “rezar” tiver o significado de entrar em sintonia, prometer lealdade e fortalecer o sentido da presença deste anjo-testemunha e anjo-mestre junto a nós.
É interessante que se fale especialmente às crianças sobre o anjo da guarda, porque as crianças até aproximadamente os sete anos ainda são seres pouco materiais e vivem em parte em um clima de lembranças subconscientes do estado abençoado em que estavam antes de nascer. Este local de bem-aventurança é o Devachan, o “Paraíso Celeste” em que a alma experimenta o estágio mais elevado, mais longo e inteiramente espiritual, do período entre duas encarnações. O Devachan é um território de sonho celeste que pertence ao carma individual e portanto não é coletivo. Mas nele não há isolamento e sim felicidade ao lado dos seres queridos. Ali a energia do Eu Superior está no centro dos acontecimentos.
* Boa Vontade.
É o sentimento que permite plantar bom carma, ou seja, construir um Destino favorável. É a intenção que liberta do mau carma do egoísmo, isto é, do inferno da estreiteza de horizontes.
* Céu.
Um claro símbolo dos níveis superiores de consciência. Daí temos “consciência celeste”, “visão celeste”, “seres celestes”, etc. “Deus do Céu” não é um conceito astronômico. Significa o conjunto das inteligências divinas que habitam o cosmo, não no plano físico, mas nos níveis superiores da consciência universal.
“Ir para o céu” depois da morte física significa ir para o Devachan, o local abençoado entre duas encarnações, isto é, aquele nível de consciência divina em que a alma espiritual descansa longamente antes de encarnar outra vez. Leia “O Processo Entre Duas Vidas”. Examine “A Teosofia e a Reencarnação”. Veja “Jesus Ensinou Sobre Reencarnação”.
* Cristo.
Basicamente um sinônimo de Jesus, mas o termo refere-se mais fortemente ao aspecto solar e cósmico da consciência de Jesus.
* Cristianismo Místico.
Nas “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, primeira série, Carta 1, vemos esta afirmação do Maha-Chohan, conhecido como o Mestre dos Mestres, sobre ao futuro da humanidade:
“O Cristianismo místico, isto é, aquele Cristianismo que ensina a autolibertação através do nosso próprio sétimo princípio - o Para-Atma (Augoeides) libertado, chamado por alguns de Cristo, por outros, de Buda, e equivalente à regeneração ou renascimento em espírito - será visto como exatamente a mesma verdade do Nirvana do Budismo. Todos nós temos de nos livrar de nosso próprio Ego, o ser ilusório e aparente, a fim de reconhecer nosso verdadeiro ser em uma vida divina transcendental. Mas, se não formos egoístas, devemos esforçar-nos e fazer com que outras pessoas vejam essa verdade, e reconheçam a realidade desse ser transcendental, o Buda, Cristo ou Deus de cada pregador.” O documento está disponível online: “A Carta do Maha-Chohan”.
* Demônio.
Os significados são muitos, abrangendo desde uma pessoa considerada má, até espíritos negativos imaginados por pessoas supersticiosas. Entre os Padres do Deserto, os demônios a serem enfrentados através da disciplina diária são os instintos animais, que habitam o subconsciente do peregrino. Expandidos pela força do hábito, tais demônios se revestem de belas desculpas racionais e explicações “espiritualizadas”, enganando a parte autoconsciente do buscador da verdade. São a matéria-prima da parte antievolutiva do subconsciente humano, e a fonte do sentimento subconsciente de “resistência” contra a caminhada espiritual.
Veja o artigo “Os Teosofistas Combatem Demônios?”. Leia “Resistência à Mudança, em Teosofia”.
* Destino.
O destino de cada peregrino é traçado todos os dias por ele mesmo através das suas ações, das suas intenções e da sua atitude. O destino, portanto, é algo dinâmico. “Não está morto quem peleia e luta”, diz o ditado popular. O carma pessoal é elástico. Aquele que nasceu “destinado” a algo construiu um carma em encarnações passadas que toma a forma de Destino na encarnação atual. Cabe a nós, portanto, construir um bom Destino para esta encarnação em que estamos, e para as próximas. O destino é o Carma.
* Deus.
Personificação poética e popular da Lei Universal, a Lei do Carma, a Lei do Equilíbrio, a Lei da Simetria. Mas o termo também é usado como sinônimo de eu superior. “Rezar para Deus” é orar para nossa alma imortal. “Temer a Deus” é lembrar de que somos mortais, porém temos um Mestre e Professor Celeste, que é sobretudo nossa Alma Espiritual; e ela não chega a ser exatamente “nossa”, já que na verdade nós é que pertencemos a ela.
* Fé.
Confiança em si mesmo, confiança na vida, confiança nos outros. Confiança naquilo que consideramos sagrado, eterno e inspirador. A confiança é como uma luz que ilumina a vida nas várias direções. Boa-fé significa boa vontade, e resulta de um contato correto com a nossa própria alma espiritual.
* Graça.
A graça desce como o orvalho da madrugada, abençoando as almas que buscam o bem. A graça divina é o bom carma acumulado, quando ele cai silenciosamente sobre nós, e dissolve a dor nas águas ilimitadas do oceano do saber divino, que é o oceano da boa vontade universal.
* Igreja e Loja.

Página de abertura e
início do Índice da obra “Exercicio Cotidiano”, ed. de 1796
A palavra Igreja vem do grego, ekklesia, e significa originalmente “assembleia, agregado, reunião, comum união, congregação, agregação” ou ainda, em termos mais gerais, “alojamento, loja”.
Theodoro D’Almeida, um dos maiores pensadores do mundo lusófono de todos os tempos, escreveu um livro chamado “Exercício Cotidiano Segundo o Espírito da Igreja”, do qual a Loja Independente de Teosofistas possui um exemplar em espanhol publicado em Madrid em 1796: “Exercicio Cotidiano Segun el Espiritu de la Iglesia”.
De fato, toda agrupação tem um Espírito, imperfeito mas capaz de aprender: uma “atmosfera sutil” que influencia os seus membros. O fenômeno é mais fácil de perceber numa agrupação voltada para a educação da alma. Do mesmo modo que uma agregação de cristãos tem um espírito vivo na sua condição de agrupamento concreto de pessoas que cooperam, trabalham e aprendem juntas, assim também cada loja teosófica possui um Espírito Vivo que a torna única no mundo.
A alma deste alojamento-assembleia de teosofistas, ou cristãos, é constituída pelo fluido magnético dos seus líderes fundadores, dos ensinamentos que proclama, e dos seus membros mais dedicados. Um exemplo disso é a Congregação do Oratório, à qual pertencia Theodoro D’Almeida. Todo grupo humano cuja meta é legítima e em que as pessoas cooperam em harmonia profunda possui um Espírito bem formado, eficiente. No livro “Lei do Triunfo”, Napoleon Hill chama esta alma comum de “Master Mind”.
Participar da construção permanente de uma Loja teosófica cujo Espírito seja sensato, e que siga ensinamentos legítimos, é uma tarefa diária de todo teosofista.
A Loja ou Assembleia é um instrumento necessário para o nosso crescimento. É um ambiente indispensável, no qual devemos usar, testar e ampliar os nossos conhecimentos, corrigindo constantemente os nossos erros e confirmando os acertos.
* Imaculada Concepção.
Embora pareça um absurdo quando aplicada mecanicamente ao plano físico, a ideia de uma Imaculada Concepção corresponde perfeitamente ao ensinamento teosófico antigo. Para compreender esta imagem simbólica, basta examiná-la desde o ponto de vista da filosofia esotérica autêntica.
Em primeiro lugar, devemos levar em conta o fato de que, além da concepção física de uma criança, é necessário que haja - antes dela - uma concepção espiritual ou oculta da mesma criança.
A concepção primordial acontece quando o Eu Superior, a Alma Espiritual, sente necessidade de reencarnar e se aproxima da Mãe Primordial, a Mãe-Matéria. Este fato inspira ou provoca o processo espiritual-emocional do amor humano que levará à concepção física da criança. O processo ocorre conforme o patrimônio cármico da Alma cujo próximo passo evolutivo será nascer outra vez.
Assim, o verdadeiro Pai, o Pai do Céu, é o Eu Superior, Atma Buddhi, a Mônada, o Espírito. O pai biológico participa da paternidade espiritual. Ele atua como reflexo psicológico vivo do eu superior. Ele respeita e coopera com a Imaculada Concepção pela qual o Eu Superior faz com que a matéria densa fique “grávida” do novo ser. Temos deste modo dois níveis de Concepção: a imperfeita, ou maculada, que ocorre no plano físico, e a concepção imaculada, que acontece no plano espiritual, e que leva ao Início do processo de preparação do nascimento físico.
Esta é uma primeira dimensão do símbolo que estamos examinando.
Em segundo lugar, em termos coletivos, o termo “Imaculada Concepção” corresponde em filosofia esotérica ao processo de reprodução vivido pela humanidade durante os estágios espirituais e não materiais da sua evolução.
A concepção imaculada era o modo normal de concepção antes da chamada “Queda do Paraíso”, isto é, a separação em sexos, em função da qual Eva nasce a partir de uma costela de Adão e os seres humanos passam a ser plenamente materiais. As raças humanas anteriores eram pré-físicas, conforme explica Helena Blavatsky em “A Doutrina Secreta”.
Em um futuro distante, a humanidade voltará a viver o processo divino da Imaculada Concepção, tal como simbolizada pela lenda do nascimento de Jesus. O “caminho de Jesus” é o caminho do futuro. Assim como as raças pré-adâmicas eram pré-físicas, do mesmo modo a humanidade futura será pós-física. Vista desde o nosso estágio atual de evolução, o aprendizado humano na direção do Espírito é algo divino e ilimitado. Todos seguiremos o caminho indicado por Jesus, no Cristianismo - e por outros Mestres, em outras grandes religiões.
A ideia de Imaculada Concepção pode ser aplicada também ao processo dos “Nascidos Pela Segunda Vez”, isto é, ao renascimento espiritual, e às grandes iniciações. Todos os nascimentos espirituais são imaculados, isto é, ocorrem acima do plano material.
Para ampliar a visão do tema, veja um texto escrito por um Mahatma: “Como a Mulher Ilumina o Futuro”.
Para saber mais sobre a Concepção Humana nos níveis superiores e Imaculados de consciência, estude “A Doutrina Secreta”, de H.P. Blavatsky.
Examine também “The Theosophist”, volume V, agosto de 1884, p. 264. O mesmo texto curto está em “Theosophical Articles and Notes”, The Theosophy Co., Los Angeles, 1985, pp. 123-124.
* Inferno.
É o sofrimento que os seres humanos provocam para si mesmos e para aqueles a quem amam ou odeiam. Fazem isso através da sua própria ignorância infantil. O inferno é eterno enquanto dura. Mas ele perde força e se dissolve através da Compreensão e da Boa Vontade.
* Ira do Senhor.
A Ira de Deus é o carma negativo acumulado. Quando uma nação ou civilização cai na imoralidade, no materialismo e na falta de ética, provoca a Ira de Deus, isto é, acumula mau carma, e será destruída pelo aspecto severo e rigoroso do Carma. Mas sempre haverá um certo número de Justos em qualquer tipo de civilização, e uns poucos Justos podem evitar o pior, conforme for o seu número e a força interior que eles têm.
* Jesus.
Jesus significa o nosso eu superior, o sexto princípio da consciência humana, Buddhi. Tem uma relação estreita com a voz da nossa consciência. Mas a figura humana de Jesus, com seus poderes ocultos, simboliza também os Sábios Imortais presentes desde a antiguidade em diferentes tradições culturais. Neste sentido, Jesus é um Buddha, um Adepto, um Mahatma, um grande Iniciado, um Imortal taoísta, um Rishi hindu.
* Missa.
A prática religiosa recomendada por Jesus, assim como pelos teosofistas, está em Mateus 6:6-7: “Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.”
O templo verdadeiro é o templo interior, construído sem o barulho de martelos, porque existe na alma do peregrino. Por mais inspiradora que seja uma missa, ainda não é a “verdadeira cerimônia” ensinada por Jesus. Por mais bela que seja uma igreja feita de tijolos, ainda não é o verdadeiro templo erguido em nossa própria alma.
* Natal.
Celebração de origem pagã, o Natal pertence a todos os povos. Ele pode ser visto em profundidade como uma festa que homenageia as grandes iniciações - isto é, as grandes expansões de consciência de que os seres humanos são capazes em certas ocasiões.
Mas cabe viver o Natal também como uma comemoração e um agradecimento pela fraternidade universal de todos os seres. Leia “Não Pergunte Quem Nasce no Natal”, “O Natal Como Lição de Simplicidade”.
Veja também “O Natal de Ontem e o Natal de Hoje”, “Sobre o Natal e o Ano Novo”, “O Presépio na Alma de Cada Um” e “O Significado da Estrela de Natal”, entre outros artigos que encontrará nos websites da Loja Independente.
* Oração.
O tema é abordado detalhadamente nos grupos de estudo e ambientes de leitura da LIT. Veja por exemplo “A Prática da Oração Constante”. E também “Sobre a Prática da Oração”.
Examine a seção temática “Poemas Filosóficos e Orações de Diversos Autores”.
* Pai do Céu.
É o Eu superior. O nível imortal do ser humano. Ele é nosso Pai no sentido de que nascemos, de uma certa maneira, por uma decisão dele. Nascemos sobretudo do alto e não só da Terra. Somos o resultado da aproximação que o Pai do Céu fez do plano físico, para que surgíssemos da interação entre Ele e a Mãe Terra, a Mãe Matéria.
O Pai do Céu Espiritual manda um raio de luz que penetra a Mãe Terra, e como resultado nós nascemos. Somos portanto uma ponte humana e uma síntese precária entre o Pai e a Mãe, o Céu e a Terra. Em certos contextos, Pai do Céu pode ser também Augoeides, a Estrela que guia cada ser humano, e mais especificamente a estrela que guia cada Iniciado, como vemos na lenda do nascimento de Jesus.
* Paraíso.
A ideia de paraíso em geral evoca o Devachan, que já vimos nos itens “Anjo da Guarda”, “Céu”, e “Ressurreição”.
Quanto ao Paraíso de Adão e Eva, vejamos um trecho da Bíblia judaico-cristã. Para compreendê-lo desde o ponto de vista teosófico, é preciso levar em conta que “Deus Jeová” é a Lei Universal em ação na Terra, e é também o bom carma acumulado pela Onda de Vida em nosso Globo.
Diz o Gênesis, cap. 2, versículos 8-12:
“Jeová Deus plantou um jardim em Éden, no Oriente, e aí colocou o homem que modelara. Jeová Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a Árvore da Vida no meio do jardim, e a Árvore do Conhecimento do bem e do mal. Um rio saía de Éden para regar o jardim e de lá se dividia formando quatro braços. O primeiro chama-se Físon; rodeia toda a terra de Hévila, onde há ouro; é puro o ouro dessa terra na qual se encontram o bdélio [resina aromática de origem vegetal] e a pedra ônix.”
Somos portanto irmãos de um jardim, de uma floresta. E somos irmãos dos primeiros rios. Nascemos num meio ambiente em que havia ouro em estado natural. O fato simboliza a idade áurea do desenvolvimento da alma humana, em que predomina o espírito puro, a mente superior, elevada, espiritual. E a pedra ônix é associada a Vênus, à pureza, à segurança e à proteção.
A árvore do conhecimento do bem e do mal nos era proibida porque ela simboliza o conhecimento dualista, fragmentado, dominado pela ilusão da separatividade, que resulta do egoísmo e também é causa do egoísmo.
Tudo é cíclico na história humana.
É perfeitamente possível e talvez seja inevitável voltar à floresta primordial chamada de paraíso. Para isso, no entanto, cabe transcender a mente egocêntrica e alcançar outra vez a mente sagrada, a inteligência pós-dual, a consciência sintetizadora, criativa, que vive o contraste como coisa secundária e a unidade da vida como fato central. [2]
* Pecado.
A palavra deve ser libertada da pesada carga de superstição que a rodeia. Pecado significa erro, e todos erramos. Pecador é quem erra, isto é, pecador é um ser imperfeito, e todos o somos. Mas podemos, e devemos, aperfeiçoar-nos. É o nosso dever.
Quem estiver livre de pecado, isto é, livre de imperfeições, que atire a primeira pedra.
* Perdão.
É preciso deixar claro que nenhum perdão remove o carma. O perdão liberta o ser humano da autocondenação subconsciente obsessiva e do apego supersticioso ao sofrimento desnecessário. O perdão liberta o peregrino para que repare o seu erro e retome o aspecto abençoado da sua caminhada pela vida. Assim, o perdão não apaga o passado. E o perdão só pode ocorrer quando o autor do erro o merece. O autor do erro está profundamente arrependido? Ele compreendeu o seu fracasso interior? Ele sofreu com o seu erro? O perdão não pode ser um gesto irresponsável e gratuito.
* Providência Divina.
É o funcionamento dinâmico da Lei do Carma em seu sentido construtivo. A Providência cuida de nós. A Lei nos protege. Nosso bom Carma nos guia e orienta e evita o pior. Se ajudarmos a Providência, ela nos ajudará.
* Remorso.
O arrependimento é o primeiro passo para a reparação do dano causado. O sentimento é elogiado nas Cartas dos Mahatmas. Leia por exemplo o artigo “A Arte de Arrepender-se”. Veja “Aprendendo com o Sentimento de Remorso”.
* Satã.
Nas Cartas dos Mahatmas, vemos sobre Satã um texto de Eliphas Levi, comentado por um Mestre dos Himalaias.
Para a Teosofia, Satã “é apenas um tipo, e não um personagem real”. Satã é “a sombra revoltosa que torna visível para nós a luz infinita do Divino.” (“Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, vol. II, p. 378.) Eliphas acrescenta: “O Demônio sempre perturba, mas nunca dá nada em retribuição. São João o chama de ‘a Besta’ (la Bête) porque sua essência é a loucura humana (la Bêtise humaine).” (“Cartas dos Mahatmas”, vol. II, p. 380.)
Num excelente estudo sobre os apotegmas dos Padres do Deserto, vemos que Satã é “o príncipe deste mundo”, isto é, o príncipe das civilizações materialistas, organizadas em torno de poderes coercitivos econômicos ou militares, e que negam ou dificultam a vida da alma espiritual. (“La Voie Royale du Désert”, Fr. Étienne Goutagny, Éditions DésIris, 1996, 361 pp., ver p. 09.)
Em resumo, tanto para a teosofia como para o cristianismo, Satã é aquilo que se opõe, que se contrapõe, combate e boicota o contato humano com o mundo divino, e ataca a nossa necessidade de evoluir como almas. Satã é a ignorância espiritual, quando teimosa e astuciosa.
* Ressurreição.
Significa reencarnação. Leia “A Reencarnação Segundo o Cristianismo”. Veja o artigo “Jesus Ensinou Sobre Reencarnação”.
Em certas situações pode-se considerar que o Devachan é uma Ressurreição que ocorre no mundo espiritual. Examine os artigos já citados “O Processo Entre Duas Vidas” e “A Teosofia e a Reencarnação”.
* Senhor.
Em várias situações, a palavra “Senhor” significa eu superior e Atma, ou seja, o nível de consciência mais elevado do próprio peregrino. Devemos lembrar que o eu superior está em unidade direta e imediata com o Cosmos, o Logos Solar e a Lei do Cosmos. A palavra também é usada como sinônimo de Deus, ou seja, como uma personificação simbólica e poética da Lei Universal.
* Sofrimento.
Uma forma inevitável de purificação, na vida da humanidade atual. Uma grande fonte de lições. A maior parte das sementes da sabedoria futura dorme ainda no sofrimento de cada peregrino.
Caminhar para a frente significa compreender a dor e transmutá-la em conhecimento, e tem por base a decisão inabalável, vitoriosa, de agir corretamente. Veja o artigo “As Lições Que o Sofrimento Ensina”, do médico e pensador francês Paul Carton.
NOTAS:
[1] Leia “Star Angel Worship in the Roman Catholic Church”.
[2] A abordagem do paraíso de Adão e Eva reproduz a maior parte do artigo “As Árvores, os Rios e os Seres Humanos”, publicado sem indicação do nome de autor na edição de outubro de 2021 de “O Teosofista”, pp. 8-9. Veja também “A Teosofia das Florestas”.
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O artigo “Notas Para um Dicionário Teosófico da Mística Cristã” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde o dia 21 de junho de 2024.
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Leia mais:
* Examine nos websites da Loja Independente de Teosofistas a seção temática “Cristianismo e Teosofia”.
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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