16 de dezembro de 2024

Marden, Blavatsky, e a Teosofia

 
O Poder da Sabedoria Prática no Século 21
  
Carlos Cardoso Aveline
 
Helena Blavatsky (1831-1891) e O.S. Marden (1850-1924)



Muitos pensam, erradamente, que a tarefa do movimento teosófico consiste sobretudo em proclamar, repetir e espalhar os ensinamentos de Helena Blavatsky e dos Mestres de Sabedoria.

Qualquer um pode ler e repetir um ensinamento sagrado. Não faltam papagaios no mundo atual: o verdadeiro desafio é outro.

O dever do movimento teosófico é primariamente viver, vivenciar, praticar, compreender e agir à altura dos ensinamentos dos Mahatmas e de HPB. Secundariamente, ensinar sobre a filosofia esotérica, transmitir a teosofia original e torná-la acessível a todos. As duas tarefas são, aliás, inseparáveis. Só ao transmitir a teosofia o nosso aprendizado se torna suficientemente profundo e verdadeiramente prático. 

Na aparência, no entanto, parece fácil viver o ensinamento.  

A verdade é que a caminhada exige uma autotransformação lenta e profunda, de longo prazo, que irá requerer mais de uma encarnação.

É preciso conhecer e transmutar o que vai pelo subconsciente próprio. Cabe lidar de modo impessoalmente correto com o subconsciente alheio. Ao mesmo tempo, o estudante deve desenvolver um contato constante com o seu próprio supraconsciente - o eu superior, sua alma imortal.

Compreender Blavatsky ou seguir o ensinamento dos Mestres requer portanto um complexo preparo interior que terá uma relação mais ou menos direta com as linhas básicas de Raja Ioga. O progresso avança devagar e pode parecer invisível. No entanto, o treinamento de si mesmo constitui a base concreta que sustenta o estudo elevado da teosofia original. A construção das duas coisas - o alicerce e o ponto mais alto - deve ser simultânea ao trilhar o Caminho. 

Para fortalecer as ideias fundamentais da Raja Ioga em sua alma e mudar a sua vida diária à luz do ensinamento dos Mestres, o estudante dos websites da Loja Independente de Teosofistas dispõe dos textos de vários autores, entre eles, Jean des Vignes Rouges, O.S. Marden, Yogue Ramacharaka e Joseph Buchanan [1].

Marden complementa Blavatsky porque ele ilumina a vida diária do cidadão moderno com a luz do eu superior, ensinando o autocontrole, o autoconhecimento, a autoconstrução, e mostrando como se pode fortalecer a vontade de agir de modo correto. 

A psicologia freudiana (Sigmund Freud, Karen Horney, Erich Fromm), ao lado dos psicólogos éticos em geral, tem também grande importância como ferramenta que ajuda o peregrino a compreender as ilusões do seu próprio eu inferior. É preciso ver o que está errado e morrer para a ilusão, e ao mesmo tempo fortalecer e purificar a vontade, para construir o que é adequado.  

O rumo geral é dado pela Raja Ioga, adaptada para os inúmeros cenários da vida diária moderna. Tanto Helena Blavatsky como os Mestres sempre deixaram claro que é inútil tratar de memorizar e repetir os ensinamentos sagrados, como se estivéssemos num coral de igreja. A autorresponsabilidade e o pensamento independente são indispensáveis. Não pode haver progresso no plano da alma se a humildade e a devoção ao mais elevado não forem completas.

O Esforço Forma o Caráter:
Marden Revela o Destino Humano

O pensador norte-americano O.S. Marden escreveu:

“O esforço se segue à visão do ideal, assim como o êxito se segue ao esforço. À medida que nos aproximamos do nosso ideal, vai ganhando vigor o nosso caráter, e seria ainda mais adequado dizer que, pelo progressivo aperfeiçoamento do nosso caráter, nós vamos nos aproximando do ideal.”

E ainda:

“A vida deveria ser um hino de triunfo, uma canção de contentamento, em vez de ser uma triste lamentação como é para muitos. Nos desígnios divinos está que a vida seja uma glória, e não uma dor. O otimismo ensina que todos chegaremos com o tempo a ser mais felizes do que aquele que hoje se considera o mais feliz. Nossa vida está destinada a ser incomparavelmente mais fecunda, maior e mais gloriosa do que é.” [2]

Orison Swett Marden e Jean des Vignes Rouges ajudam o teosofista a construir uma disciplina diária que permita a compreensão estável e definitiva das verdades universais.

O teosofista sensato, que estuda as Cartas dos Mahatmas, sabe de um ponto básico: tanto a construção do seu próprio caráter como o estabelecimento de uma autodisciplina diária eficaz são tarefas que se renovam sempre e não terminam jamais, até a suprema iniciação.

NOTAS:

[1] Veja o artigo de Blavatsky “Moral Education, by Prof. Buchanan”.

[2] Traduzido da obra “Ideales de Dicha”, de O. S. Marden, Antonio Roch Editor, Barcelona, Espanha, edição sem data, mas seguramente da primeira metade do século vinte; 328 páginas, ver p. 79 (primeiro parágrafo citado) e p. 83 (segundo parágrafo citado).

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O artigo “Marden, Blavatsky, e a Teosofia” foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas em 16 de dezembro de 2024. Uma versão inicial dele faz parte do periódico “O Teosofista”, junho de 2023, pp. 6-7. A citação de Marden é reproduzida da página 11 da mesma edição. 

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

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