Refletindo
Sobre
Fragmentos
da Teosofia Universal
Carlos
Cardoso Aveline

Há milênios diferentes povos e
nações registram a sabedoria eterna em frases e pensamentos curtos, que são memorizados
e passados de geração em geração por tradição oral.
Séculos antes da era cristã, começaram a ser popularizados
os documentos escritos. Até hoje a tradição oral da filosofia prossegue ao lado
da tradição escrita, e são frequentes os “ditados populares” carregados de
conhecimento profundo.
Escritos ou falados, tais fragmentos trazem em
poucas palavras a sabedoria das idades. Sua brevidade os torna eloquentes. Eles
produzem paz interior naquele que reflete com calma sobre eles.
No espírito desta tradição, reproduzimos, com comentários,
uma pequena seleção de aforismos clássicos dos rabinos Maimônides e Tibban, originalmente
publicados por Helena Blavatsky em sua revista mensal “The Theosophist”.[1] Os aforismos estão em negrito. Os nossos
comentários se seguem em linhas independentes.
1) Nunca morre aquele que vive pela
sabedoria.
É imortal aquela parte do ser humano que vivencia o
conhecimento eterno.
2) O coração é o tesouro oculto do ser humano.
Está no coração o único templo verdadeiro.
3) A sabedoria é uma árvore que cresce no
coração.
E esta árvore deve crescer até que, como é da sua
natureza, dê frutos sem nada esperar em troca.
4) Reduzir o alimento prejudicial é melhor do
que comer alimentos que fazem bem.
Este princípio vale tanto para os alimentos físicos
como para os alimentos emocionais e mentais.
5) Se você não pode obter o que deseja, fique
satisfeito com aquilo que não precisa desejar.
Uma vida simples elimina as fontes de preocupação e
sofrimento.
6) Não há riqueza comparável ao contentamento.
A felicidade está em nada desejar pessoalmente.
7) Um herói só se mostra em época de desgraças.
É diante das dificuldades que se revela o
verdadeiro caráter de alguém.
8) O caminho para o Éden é difícil, mas os
caminhos para Tope (o inferno) são fáceis.
Muitas vezes o que é bom não é agradável e, frequentemente,
o que é agradável não é bom. O Éden e o inferno são imagens simbólicas: indicam
estados de espírito vividos pela alma humana durante a vida física, e também
entre duas encarnações.
9) Nenhuma crítica surtirá efeito sobre aquele
que não critica a si mesmo.
Sábio é aquele que aprende com seus erros.
10) Não é correto que um homem lamente o
que perdeu. Ao invés disso, deve cuidar bem daquilo que ainda permanece
com ele.
O desapego, a perseverança e a responsabilidade são
três princípios básicos para levar uma vida correta.
11) Se quiser associar-se a alguém, mostre ao
indivíduo um erro cometido por ele. Se reconhecer o erro, ele é confiável. Caso
contrário, deixe-o de lado.
A verdadeira amizade só pode ocorrer quando não há
uma casca externa feita de orgulho e aparências. Como destacou Marco Túlio
Cícero, a amizade não pode ser uma cumplicidade visando beneficiar interesses
egoístas.
NOTA:
[1] Os onze aforismos
foram selecionados do texto “Aphorisms of the Sages”, em “The Theosophist”,
Madras/Chennai, Índia, janeiro de 1885, p. 85.
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Uma versão inicial do texto
acima foi publicada anonimamente na edição de março de 2008 de “O Teosofista”.
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Em setembro de 2016, depois de
cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de
estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como
uma das suas prioridades a construção
de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
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