Alguns Fatores Decisivos Para a
Vitória de um Esforço Humanitário
Carlos Cardoso Aveline

Para trilhar o caminho da sabedoria, é preciso ter acesso em primeiro lugar a
um ensinamento que pode ser verificado como sendo autêntico, verdadeiro, e
universal.
E embora este ponto seja indispensável, não é suficiente. É preciso também
examinar como abordamos o ensinamento. O segundo item estabelece que o caminho
deve ser olhado simultaneamente desde vários ângulos. O ponto de vista
contemplativo deve estar lado a lado com a perspectiva intelectual, e com o
ponto de vista vivencial ou prático, entre outros.
Há ainda um terceiro segredo básico da caminhada. E ele está na harmonia consciente,
respeitosa, entre as almas e os esforços daqueles que decidiram fazer o
trajeto.
Este fator é tão fácil de esquecer que a razão pela qual ele tem
importância decisiva merece ser analisada. Por que motivo ele constitui uma chave
secreta para o progresso, individual e coletivo?
Há uma lei inevitável segundo a qual, em teosofia, quando um peregrino erra,
é como se todos os seus colegas errassem, em parte. E cada vez que alguém
desenvolve uma ação correta, é como se todos fizessem o mesmo, até certo ponto.
Os peregrinos fazem parte do mesmo campo magnético. A competição ilude os
ignorantes: a verdadeira inteligência é de natureza altruísta e espiritual.
Devido a este fato concreto, um dos lemas da Loja Independente de
Teosofistas é precisamente, “Um por
todos, e todos por um”. A lei da vida é a lei da ajuda mútua. Vemos uma
excelente expressão desta realidade teosoficamente inexorável no volume “Cartas
dos Mestres de Sabedoria”.
Ali, um Mahatma explica:
“Um grupo de estudantes das Doutrinas Esotéricas que queira obter qualquer
proveito espiritual deve estar em perfeita harmonia e unidade de pensamento.
Cada um, individual e coletivamente, deve ser, no mínimo, totalmente altruísta, gentil e pleno de boa vontade em relação a
cada um dos outros, para não falar da humanidade; não deve haver espírito de
facção em meio ao grupo, nem maledicência, má-vontade, inveja ou ciúmes,
desprezo ou cólera. O que fere um deve ferir o outro - aquilo que alegra ‘A’
deve encher ‘B’ de prazer.” [1]
Em uma das cartas de Helena Blavatsky para Alfred P. Sinnett, encontramos
as seguintes palavras:
“Um grupo ou loja, mesmo sendo pequeno, não pode ser uma Sociedade
teosófica a menos que todos os membros dele estejam ligados magneticamente
entre si pela mesma maneira de pensar, pelo menos em alguma direção comum
(...).” [2]
Disso podemos deduzir que o caráter teosófico de um grupo não é determinado
apenas pelo fato de que ele estuda temas nominalmente teosóficos.
A atmosfera eficaz é construída quando os seus integrantes estão unidos, no
plano magnético, por olharem na mesma direção elevada. Este processo
corresponde ao critério da afinidade
seguido pela Loja Independente.[3]
Além de definir o magnetismo do grupo, a intenção compartilhada de agir com
altruísmo cria um processo de sinergia pelo qual a diversidade e o contraste externos
produzem unidade interna e comunhão. A provação prepara a bem-aventurança.
Portanto, sempre que um grupo de estudantes de filosofia trabalha com um
ensinamento autêntico e verdadeiro, deve ser construída uma ponte dinâmica
entre o ensinamento e a vida diária. É neste contexto, e na medida em que forem
construídos laços sinceros de ajuda mútua entre os estudantes, que ocorrerá um
progresso durável.
Haverá então um aprendizado pacífico e harmonioso, cujo alicerce inclui a
firmeza, a franqueza, e a vigilância. Nestas condições a rotina da ignorância
organizada nunca pode predominar por completo, e a arte de viver corretamente
encontra atmosfera favorável para que floresça.
NOTAS:
[1] Veja o item III da Carta 3, na primeira série de cartas, no volume “Cartas
dos Mestres de Sabedoria”, Editora Teosófica, Brasília, pp. 24-25.
[2] “The Letters of H. P. Blavatsky to A.P. Sinnett”, Theosophical University
Press, Pasadena, 1973, 404 pp., ver p. 222. Veja mais abaixo o fac-símile do
manuscrito de Helena Blavatsky, com as palavras citadas.
[3] Leia em nossos websites associados o artigo “Os
Três Tipos de Associados”.
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Fac-símile do
original manuscrito por HPB com as palavras citadas no texto “Um Segredo do Trabalho Teosófico”.
A
imagem foi adquirida junto ao Museu Britânico por “The Aquarian Theosophist” e publicado na obra “The Fire and Light of Theosophical Literature” (à p. 191). Transcrição
literal:
“…
a group or branch, however small, cannot be a theosophical Society - unless all
the members in it are magnetically bound to each other, by the same way of
thinking at least in some one direction…”.
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Em setembro de 2016, depois de cuidadosa análise da situação do movimento
esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu formar a Loja
Independente de Teosofistas, que tem como uma das suas prioridades a construção de um futuro melhor nas
diversas dimensões da vida.
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