Filosofia Teosófica Ensina a Amar a Vida
Helena P. Blavatsky

O futuro da humanidade depende do respeito às crianças
que ainda não nasceram
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Nota Editorial:
Reproduzimos a seguir uma pergunta sobre
a prática do aborto, feita por um médico norte-
americano ao jornal “The Theosophist”, e a resposta de
Helena Blavatsky, que editava a publicação. A pergunta
e a resposta
foram publicadas pela primeira vez na Índia,
na edição do
mês de agosto de 1883 de “The Theosophist”.
(CCA)
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1. Pergunta de um Leitor:
Os artigos em seu
jornal, intitulados “Suicídio é Crime?”, sugeriram-me fazer outra pergunta:
“Feticídio é crime?”
Não que eu,
pessoalmente, tenha qualquer dúvida séria sobre a ilegalidade de tal ato, mas o
costume prevalece com tamanha força nos Estados Unidos que há relativamente
poucas pessoas que conseguem ver algo de errado nisso. Remédios para este propósito
são anunciados e vendidos livremente; em “famílias respeitáveis”, a cerimônia é
regularmente realizada todo ano e o médico da família que pensasse em se
recusar a realizar tal trabalho seria peremptoriamente demitido e substituído
por outro mais dócil.
Conversei com
médicos que não veem diferença entre produzir um aborto e administrar um
remédio qualquer; por outro lado, há certos tratados contra esta prática,
publicados por setores ortodoxos; mas a maior parte deles exagera tanto ao
descrever as suas “temíveis consequências” que perde a capacidade de
influenciar o leitor comum devido ao seu caráter absurdo.
Deve-se dizer que
há certas circunstâncias em que a melhor coisa a fazer, tanto para a criança que
vai nascer como para a comunidade em geral, é, aparentemente, que sua vinda ao
mundo seja impedida. Por exemplo, no caso em que a mãe deseja intensamente a
destruição da criança, o seu desejo provavelmente influenciará a formação do
caráter da criança e a tornará, nos seus dias de maturidade, um assassino, um
criminoso ou um ser para quem teria sido melhor “se nunca tivesse nascido”.
Mas se o feticídio
é justificável, não seria então ainda melhor matar a criança depois de nascida,
já que então não haveria mais nenhum perigo para a mãe? E se é justificável matar as crianças, antes
ou depois de nascerem, então surge a próxima pergunta: “Em que idade e sob que circunstâncias é o
assassinato justificável?”
Como a pergunta
acima é uma questão de grande importância para milhares de pessoas, eu ficaria
muito grato se ela fosse tratada do ponto de vista teosófico.
Um médico, membro
da Sociedade Teosófica.
George Town, Colorado,
Estados Unidos da
América.
2. Resposta de Helena Blavatsky
A Teosofia em
geral responde:
“Em nenhuma idade e
nenhuma circunstância o assassinato é justificável!”
E a Teosofia
oculta acrescenta:
“No entanto, não é
nem do ponto de vista da lei, nem de qualquer outro argumento de um ou outro ‘ismo’
ortodoxo que a voz de alerta se levanta contra esta prática imoral e perigosa,
mas sim porque, na filosofia oculta, tanto a fisiologia como a psicologia
mostram as desastrosas consequências de tal ato”.
No caso específico,
o argumento não lida com as causas, mas com os efeitos produzidos. Nossa
filosofia chega ao ponto de dizer que, se o Código Penal de muitos países pune
tentativas de suicídio, ele deveria, por coerência consigo mesmo, punir
duplamente o feticídio como tentativa de “duplo suicídio”.
Porque, de fato, mesmo
quando o aborto tem sucesso e a mãe não morre em consequência dele, ele encurta a vida dela na terra para
prolongá-la numa triste proporção em kama-loka,
a esfera intermediária entre a terra e a região do descanso, um lugar que não é
o “purgatório de São Patrício”, mas um fato e um necessário lugar de parada da
evolução no grau da vida.
O crime cometido
reside precisamente na destruição propositada e pecaminosa da vida, e na
interferência com as operações da natureza, portanto – na interferência com o
CARMA. O pecado não é considerado pelos ocultistas como algo de caráter religioso, porque, na verdade, não
existe uma presença maior de espírito e alma num feto, ou mesmo numa criança
antes que ela adquira a autoconsciência, do que em qualquer outro pequeno animal.
Nós negamos a ausência de alma, tanto no mineral quanto na planta ou no animal;
e acreditamos que há apenas uma diferença de grau nestes vários casos. Mas o feticídio é um crime contra a natureza.
Naturalmente,
todos os tipos de céticos zombarão das nossas concepções e as chamarão de
superstições absurdas e “tolices não científicas”. Mas nós não escrevemos para
os céticos. Foi-nos pedido que déssemos a visão da Teosofia (ou melhor, da
filosofia oculta) sobre o assunto, e respondemos à questão, até onde sabemos.
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Título original do texto: “Is Foeticide a
Crime?” Traduzido de “Theosophical
Articles”, H. P. Blavatsky, Theosophy Company, three volumes, Los
Angeles, 1981, ver volume II, páginas 335-336.
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Veja em nossos websites associados o artigo “Impedir o Filicídio e Respeitar as Crianças”, de Carlos Cardoso
Aveline.
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