A Arte de Caminhar Sem
Carregar Pesos Desnecessários
John Garrigues

John
Garrigues (1868-1944)
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Nota
Editorial:
Trabalhando anonimamente, o pensador
norte-
americano John Garrigues foi um dos
principais
teosofistas do século 20. Embora tenha
escrito vários
livros e inúmeros artigos, o silêncio quase
completo
em torno do seu nome só começou a ser
quebrado
em 2010. Foi neste ano que os nossos websites
associados passaram a identificar textos seus
e a
publicá-los com seu nome, em inglês e
português.[1]
O artigo a seguir foi traduzido da edição
de
dezembro de 1920 da revista “Theosophy”,
de Los Angeles, onde foi publicado à p.
58, sem
indicação de autor. Título original: “Traveling Light”.
(CCA)
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Ainda há no
mundo de hoje pessoas que só se preocupam com a supremacia física. Não muito
longe desse nível, há gente para quem a vida é uma espécie de competição na
qual vence “o mais esperto”. Outros tantos, incapazes de pensar, constroem seu
caminho procurando pelos prazeres do momento. Todos estes seres são peregrinos na
Grande Viagem da evolução, embora viajem numa escuridão sem consciência.
Por
outro lado, há almas para quem a vida se tornou uma peregrinação consciente. A
luz de uma certa orientação brilha sempre ao longo do caminho desses seres. Graças
à luz, eles veem um plano, e sentem que há um grande propósito em todos os
caminhos, mesmo que aparentemente cheios de curvas e desvios. Os peregrinos
conscientes sabem que os obstáculos e interrupções são provocados por eles
mesmos. Os trechos do caminho que são difíceis e cheios de pedra e que ferem os
seus pés não foram feitos assim por outras pessoas.
Os
peregrinos conscientes não são almas tímidas e recolhidas. Não estão condenados
por algum destino cruel a caminhar sem rumo longe das casas iluminadas. A
escolha foi feita voluntariamente por eles: a luz do fogo foi deixada de lado
em troca da luz da estrela -; a luz do sol.
O
caminho foi mostrado a estas pessoas em resposta a um chamado do seu próprio coração.
Elas buscavam por aquela Luz que todos os seres humanos necessitam, e pela qual
a maior parte deles anseia; a verdadeira Casa para a qual viajamos; a Luz
interior, que foi obscurecida durante algum tempo.
Por
que será que este “estreito e antigo caminho, que aponta para longas
distâncias” parece ser, tantas vezes, um caminho de sofrimento? Será que enquanto caminhamos não podemos ter com
mais intensidade aquele contentamento sentido pelo viajante aventureiro que
avança pelo seu caminho, libertado de toda posse ou propriedade?
Ou
será que caminhamos sobrecarregados, arrastando conosco coisas desnecessárias? Nós
já tivemos o cuidado de fazer uma seleção cuidadosa daquilo que necessitamos
durante a viagem, e de eliminar o peso inútil?
“Poucos
avançam pelo caminho sem reclamar”. Quando olhamos o peso que é levado pela maioria
de nós, percebemos que estamos causando as nossas próprias dificuldades, porque
procuramos o que é imortal enquanto nos apegamos ao que é passageiro e transitório.
Isso é tão impossível como estar ao mesmo tempo cheio de medo e cheio de
coragem; ou como olhar para o eterno do ponto de vista do que é passageiro.
Nós
pensamos que a serenidade está no final do caminho e que ela é uma meta. Na
verdade ela está apenas um passo à nossa frente.
Para
aquele que viaja com um coração cheio de problemas, há algo de doloroso na
glória do pôr-do-sol. O bosque escuro que o vento movimenta acima dele reforça
e prolonga os seus suspiros; não há paz no movimento das folhas. Mas quando
alguém conhece a felicidade interior do coração, todas as coisas contribuem
para a caminhada. Poderíamos
aproveitar o pensamento de um Viajante sábio e dizer:
“A partir de agora eu
não peço mais por boa sorte. Eu próprio sou a boa sorte!”
As
velhas recompensas já não são oferecidas. A busca das novas recompensas torna
necessária uma luta muito maior. Apesar disso, podemos lembrar que a felicidade
de estar a caminho é sempre nossa - se a aceitarmos.
É
nosso o contentamento de saber que caminhamos para a frente, de perceber que
somos parte essencial do glorioso esquema da evolução do universo, e que fazemos
parte do Caminho, da Verdade e da Luz.
NOTA:
[1] Em
setembro de 2011, a foto de John Garrigues foi gentilmente cedida por uma pessoa
ligada à Theosophy Co., de Los Angeles, para os editores dos nossos websites
associados.
Em setembro de 2016, depois de cuidadosa
análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes
decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como uma das
suas prioridades a construção de um futuro
melhor nas diversas dimensões da vida.
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Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.

Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
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