A Ação Individual
Pode Provocar Uma
Reação Em Cadeia
Que Leva ao Despertar Coletivo
Carlos Cardoso
Aveline
“…A
forma primordial de tudo o que é
manifestado,
desde um átomo a um globo,
desde
um ser humano até um anjo, é esferoidal.
Em
todas as nações, a esfera tem sido o símbolo da
eternidade
e da infinitude (...). Ela é o círculo simbólico
de
Pascal e dos Cabalistas, ‘cujo centro está em toda
parte,
e cuja circunferência não está em parte alguma’ (...).”
(Helena
P. Blavatsky)
Em qualquer espaço ou tempo, aqueles que
buscam a verdade e a justiça necessitam uma visão compartilhada da meta comum.
O objetivo deve ser suficientemente universal para que
a independência de cada um seja respeitada. Mas a meta também precisa ser clara
e desafiadora. Embora todo objetivo valioso seja necessariamente difícil de
alcançar, o progresso em sua direção deve ser verificável, para que se saiba
que o esforço não é feito em vão.
É pior que inútil reclamar da época em que se vive. É
uma perda de tempo atribuir as limitações do esforço teosófico individual à “decadência
da civilização de hoje” ou à presença de um materialismo cego na mentalidade
atual.
O ponto de vista correto aponta na direção oposta: se
o mundo está do jeito que podemos ver, a responsabilidade disso é, precisamente,
dos cidadãos de boa vontade. Porque só eles podem mudar a situação, e a
mudarão.
A humanidade atual está esperando, subconscientemente,
pela reação em cadeia do redespertar humano.
A energia do despertar opera no plano da mente
superior e universal, ou buddhi-manásica.
É possível dizer que esta reação cármica em cadeia
começou há muito tempo e vem se acelerando mais fortemente desde 1875, quando
foi criado o movimento teosófico moderno e foi feita a proposta de uma civilização
da fraternidade.
O que os humanos estão “esperando” é apenas aquele momento em que a aceleração desta invisível reação em cadeia alcançará uma massa crítica
suficiente para chegar até eles, e para ajudar
a fazer com que eles acordem, de fato.
Isso pode demorar mais ou menos tempo linear. O tempo cronológico
do despertar não é motivo de preocupação. Os teosofistas não dão prioridade a resultados
de curto prazo. Ao contrário, eles sabem que é
fundamental trabalhar com uma perspectiva de tempo imenso.
Cabe aos estudantes de filosofia, isso sim, identificar o ponto central , o
fator decisivo que muda a vida e o carma
como um todo; o centro da roda da vida. Uma vez que ele foi localizado, deve-se trabalhar
pacientemente nele, a partir dele e em torno dele, deixando de lado os
elementos periféricos do carma planetário.
Desde 1875, quando foi fundado o movimento esotérico
moderno, o melhor modo de trabalhar a partir do centro da roda da vida é buscar
uma meta universal. O objetivo é acordar a si mesmo enquanto se desperta a
humanidade, e despertar a humanidade
enquanto se acorda a si mesmo.
Este modo de abandonar o sonho da ignorância pode
parecer contraditório e paradoxal, mas é eficiente. Cada estudante
tem através dele o privilégio de assumir plena responsabilidade pela sua vida,
e, na mesma medida, de ajudar para que mais
indivíduos desenvolvam um contato ampliado com as suas próprias consciências.
Por este método o despertar provoca uma cooperação sem
fronteiras que constitui a reação em cadeia. O despertar de cada um ajuda o
despertar de todos, e o despertar de
todos acelera e aprofunda o despertar de cada um.
Os testes são inevitáveis. Os tropeços fazem parte da caminhada. No início, a ajuda mútua se
espalha devagar. Mas há de fato um ponto
único a partir do qual cada estudante de filosofia pode colocar em
funcionamento, simultaneamente, o seu próprio despertar e o despertar do mundo
inteiro.
Este ponto decisivo está no centro do Círculo de
Pascal, e Helena Blavatsky escreveu sobre ele, em “A Doutrina Secreta”:
“…A forma
primordial de tudo o que é manifestado, desde um átomo a um globo, desde um ser
humano até um anjo, é esferoidal. Em todas as nações, a esfera tem sido o símbolo
da eternidade e da infinitude - uma serpente engolindo sua própria cauda. Para
compreender o seu significado, no entanto, deve-se pensar a esfera como se ela
fosse vista desde o seu centro. O campo de visão ou de pensamento é como uma
esfera. Os seus raios saem do nosso ser em todas as direções e vão até o espaço
exterior, abrindo visões ilimitadas ao nosso redor. Ela é o círculo simbólico
de Pascal e dos Cabalistas, ‘cujo centro está em toda parte, e cuja
circunferência não está em parte alguma’ (...).”[1]
Cada estudante, de acordo com as suas circunstâncias e
possibilidades individuais, constitui o centro criativo de toda a roda da
vida.
O movimento teosófico é em si mesmo um nível - vivo, flexível, potencialmente decisivo - da esfera de Pascal.
O segredo do “ponto de mutação” a partir do qual pode
ocorrer um processo de iluminação súbita da humanidade - ou, pelo menos, uma iluminação menos lenta - deve ser
encontrado precisamente no Círculo cabalístico de Pascal.[2]
O centro do universo está em todas as partes. Portanto,
ele está em cada cidadão. Todo indivíduo dotado de boa vontade tem, em si mesmo,
a alavanca capaz de mover o mundo.
Ele não poderá mudar o carma humano de imediato. Mas ele não está
sozinho, e não dispõe apenas de uma vida para fazer a tarefa. A lei da reencarnação ensina que o tempo é
precioso, porém, também ensina que ele é infinito.
A transfiguração do mundo ocorre, então, de modo
natural. Quando a consciência desperta, o esforço
individual faz a diferença que muda a realidade compartilhada por todos.
A fraternidade universal resulta da percepção direta de
que o centro da vida está em todas as partes. O esforço evolutivo da humanidade gira hoje em torno deste fato. O movimento teosófico existe para colocar à
disposição de cada um os meios que tornam mais fácil viver esta compreensão inevitável, e
arcar com as responsabilidades que
decorrem dela.
NOTAS:
[1] Veja o comentário
(a) do item 2 da Estância III, no volume I de “A Doutrina Secreta”, de Helena P. Blavatsky, edição
online de nossos websites
associados. Na edição original em
inglês, “The Secret Doctrine”, H. P.
Blavatsky, Theosophy Co., Los Angeles, Volume I, p. 65.
[2] Para
ler mais sobre o Círculo de Pascal, veja o artigo “Pascal’s Sphere”, de Jorge Luis Borges. Ele pode ser encontrado em
nossos Websites Associados.
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O artigo acima corresponde ao capítulo 26
do livro “The Fire and Light of
Theosophical Literature”.
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Sobre a missão do movimento teosófico, que
envolve o despertar da humanidade para a vivência da fraternidade universal,
veja o livro “The Fire and Light of
Theosophical Literature”, de Carlos Cardoso Aveline.
A obra tem 255 páginas e foi publicada em outubro
de 2013 por “The Aquarian Theosophist”.
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