Como Avançar Diretamente Para a
Meta
John Garrigues
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Nota Editorial:
O texto a seguir foi publicado
inicialmente na
edição de dezembro de 1926 da
revista “Theosophy”,
de Los Angeles, pp. 84-86, sem
indicações sobre o seu autor.
Uma análise do seu conteúdo e
estilo indica que foi escrito
por John Garrigues. Seu título
original é “Deliberate Action”.
(CCA)
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Quando um homem é atento e sincero, ele responde ao
desafio da Teosofia com a determinação de ocupar o seu lugar como um ser
responsável, tentando aplicar os ensinamentos à sua própria vida. Ou, para
dizê-lo com outras palavras, ao mesmo tempo que reconhece que a sua barca está
indo à deriva e é levada pela correnteza, ele instintivamente pega os remos até
agora abandonados e tenta dirigir o seu curso.
O ser humano comum é vítima das circunstâncias; é uma
marionete de efeitos cujas causas ele criou e sobre as quais ele atualmente não
tem controle. Suas reações a estímulos externos podem ser previstas com uma
precisão quase tão grande quanto os resultados de combinações químicas; o
menosprezo de alguém despertará sua raiva tão inevitavelmente quanto a sua
vaidade florescerá com um elogio imerecido. À medida que ele compreende que sua
natureza é diferente e melhor que aquilo que pode ser desprezado ou elogiado, o
seu controle sobre as suas reações aumenta. Enquanto ele não aperfeiçoar este
controle, deixando de ficar à mercê dos acontecimentos, será tolice que aspire
a ter mais poder. Uma bomba é potencialmente tão perigosa nas mãos de uma
criança quanto nas mãos de um criminoso mal intencionado, e, ao ver ao seu
redor os efeitos devastadores da falta de controle, todo ser humano deve ficar
contente de saber que as suas armas são pouco eficazes, e que o alcance delas é
muito limitado – enquanto não estiver além das reações de raiva, inveja e ódio.
Não é apenas dos inescrupulosos e dos violentos que os
segredos do Ocultismo [1] devem
ficar afastados, para uma melhor segurança do mundo. Os irresponsáveis tampouco
têm as qualificações necessárias para que se confie a eles o conhecimento que é
poder. Reconhecendo que cada palavra ou ação casual traz consigo potencialmente
consequências de grande importância, que podem ser desastrosas ou benéficas, o
Ocultista não se atreve a deixar de colocar total atenção no que está fazendo.
Se alguém que aspira ao Ocultismo não transcendeu enganos e descuidos como
mandar uma carta para o endereço errado ou esquecer de um recado, não é
necessário procurar muito longe por uma explicação para a sua existência
monótona e cansativa.
Erros de avaliação podem ser atribuídos ao nosso estágio
de desenvolvimento, e um discernimento certeiro só surge quando há uma maior
experiência e o despertar da intuição; mas a desculpa de não prestar atenção é
infantil, e constitui uma admissão de que nossa consciência estava fazendo
qualquer coisa, menos manter-se estritamente dentro do assunto em questão.
É verdade que há um grau maior de responsabilidade nas
ações deliberadas que nas ações impulsivas, e que aquele que age
deliberadamente com motivação egoísta se aproxima de um desastre inevitável, porque
está se colocando contra a força centrípeta irresistível do arco ascendente do
ciclo evolucionário. Mas a ação impensada tampouco tem bons resultados para
alguém que deseja ser um colaborador da Natureza. Os movimentos da Natureza
sempre têm propósito e ritmo. Assim como há um tempo certo para o retorno do solstício
e do equinócio, há também um tempo certo para a realização de cada ação e o
cumprimento de cada dever. Do mesmo modo como a Natureza nunca se apressa e
nunca se atrasa, também o ser humano de ação deliberada não tem o sentimento
atormentado de trabalhar sob pressão; ele tampouco posterga indevidamente a
ação necessária, para a qual sempre há tempo. As ações necessárias podem ser distinguidas
da perturbadora imensidade de tarefas possíveis quando paramos para perguntar
quais delas correspondem ao nosso dever, e não ao dever de outra pessoa; e
quais são necessárias para o bem dos outros e para o nosso próprio bem, como
almas. Todo o tempo e toda a energia gastos, por exemplo, em acostumar mal o
corpo físico, dando-lhe conforto além das necessidades reais para a sua
manutenção como instrumento adequado da alma, correspondem a um desperdício
inútil.
Mas qualquer ação que alguém considera como necessária
para si merece o tempo e o esforço indispensáveis para que seja bem realizada e
com todo cuidado. Confiança é algo que só pode ser depositado com segurança no
indivíduo consciente que, durante as horas em que está em estado de vigília,
permanece com um controle positivo e constante dos seus instrumentos de ação,
sendo preciso e atento em todas as ocasiões. A confiabilidade não é uma
qualidade espetacular. Ela constitui o alicerce sólido cuja ausência nenhuma
decoração superestrutural pode compensar. Ela é algo impossível para quem sonha
acordado e para o médium. O desenvolvimento da confiabilidade exige constante
vigilância, e uma escrupulosa atenção à tarefa de cada momento. Ser confiável significa
viver no presente, alerta e concentrado aqui e agora, e não deixando nossas
tarefas pela metade enquanto sonhamos com um futuro glorioso.
Um homem confiável manterá sua promessa a qualquer preço,
mas, se não houver um compromisso solene envolvido, a ação deliberada não exige
a rígida manutenção de um plano mesmo depois que as circunstâncias reais
mudaram. Ignorar fatores novos, quando eles surgem depois que uma decisão é
tomada, é loucura, e mostra falta de capacidade de adaptação. A sabedoria nos
capacita a economizar energias aproveitando qualquer fato inesperado, uma vez
que isso não nos afaste do nosso rumo. Precisamos apenas observar as
circunstâncias, momento a momento, e agir à luz delas de acordo com nosso
melhor critério.
Um dos nossos instrumentos de ação importantes é o poder
da palavra, com suas possibilidades ilimitadas de produzir bem-estar ou
aflição. Não devemos subestimar o mal da fofoca. Toda pessoa que aspira
sinceramente a aplicar os princípios da Teosofia já foi além da vontade de
ferir qualquer semelhante – e certamente foi além do uso desta que é a mais
desprezível das armas –; mas frequentemente as pessoas não veem necessidade de
controlar a sua fala além da abstenção do ato de falar mal dos outros. A
responsabilidade que assumimos ao chamar a atenção dos outros para questões
triviais e que não valem a pena é algo frequentemente subestimado. Quem sabe
dizer como seria mais fácil a caminhada, se as pessoas pudessem prosseguir
diretamente para a meta ao invés de fazer constantes desvios devido a fatores
não-essenciais? Desprezamos o ato de colocar obstáculos deliberadamente no
caminho de um companheiro para que ele tropece; mas uma frase fútil da nossa
parte pode colocar alguém em uma linha errada de pensamento. Poderíamos, nesse
caso, alegar que não somos responsáveis pela correspondente demora no desenvolvimento
do companheiro? Talvez ainda não sejamos capazes de manter as nossas mentes
livres do lixo que é o pensamento desordenado; mas podemos pelo menos deixar de
contaminar com ele a nossa vizinhança.
A fala deliberada não é necessariamente uma fala lenta.
Ela significa que deve haver pensamento antes que as palavras sejam ditas, o
que bem pode eliminar muitas frases impensadas; mas quando o hábito de pensar
antes de falar está estabelecido, a exatidão se torna suprema. Falar ao azar é
frequentemente algo tão inexato que chega ao ponto da falsidade. O controle
deliberado da palavra e da ação pressupõe equilíbrio. Enquanto formos jogados
para lá e para cá pela força dos nossos desejos, estamos em uma situação
semelhante à de um hábil desenhista tentando fazer o seu trabalho em um barco
que oscila jogado por águas revoltas. Não podemos calcular com exatidão o
resultado desta ou daquela movimentação enquanto não estivermos sobre a terra
firme do desapego, e enquanto não formos capazes de tomar nossas decisões sem
sermos perturbados por atrações e repulsões. Enquanto não chegarmos a este estágio,
o que podemos fazer é registrar conscientemente os sentimentos de satisfação e
repulsa, para evitar que esses fatores exerçam uma influência inconsciente em
nossas decisões. Devemos fazer com que nossas ações sejam deliberadas.
NOTA:
[1] A palavra “Ocultismo” pode ser usada como sinônimo de sabedoria divina ou
teosofia. Trata-se da Sabedoria Oculta, ou seja; do conhecimento do que é
Oculto aos cinco sentidos. O termo Ocultismo se refere igualmente ao
conhecimento do potencial interior do ser humano, a ser desenvolvido ao longo do
caminho do autoconhecimento. (CCA)
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Em setembro de 2016, depois de
cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de
estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem como
uma das suas prioridades a construção
de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
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