Desenvolver o
Autocontrole,
Derrotar a Gula,
Respeitar a Vida
Carlos Cardoso
Aveline

Nas Cartas dos Mahatmas, os teosofistas encontram mais de
uma advertência contra o uso de açúcar. [1]
Na Introdução do livro “Açúcar, o Pior Inimigo” [2] podemos ver a seguinte citação de
abertura, com palavras do filósofo Arthur Schopenhauer:
“Qualquer verdade passa por três estágios. Primeiro, é
ridicularizada. Segundo, é violentamente combatida. Terceiro, é aceita como
evidente por si mesma.”
Vendido como alimento delicioso, o açúcar funciona no
organismo humano como um veneno: esta é, em resumo, a verdade amarga mas
inquestionável de que trata o livro “Açúcar, o Pior Inimigo”.
É consenso na comunidade médica, segundo os autores, que
uma dieta rica em açúcar causa grande variedade de doenças graves e torna mais
curta a vida das pessoas.
A boa notícia é a seguinte: o cidadão que ama a vida pode
exercer a vontade própria e levar em conta a influência da alimentação na
qualidade da sua existência.
No contexto teosófico, reduzir o consumo do açúcar
permite ampliar o autocontrole, fortalecer a auto-observação, reduzir a força
dos impulsos instintivos no conjunto dos hábitos pessoais, e tornar mais fácil
a vivência da sabedoria eterna.
A isso se acrescentam a purificação emocional trazida
pelo domínio da gula e os inúmeros benefícios da redução do uso do açúcar no
plano da saúde física.
Veneno
Adocicado e Boa Educação
É íngreme o caminho do autocontrole.
De acordo com a lei das boas maneiras superficiais de
hoje, tudo o que for importante na vida deve ser celebrado com guloseimas.
Comprar presentes com açúcar é visto como um modo
“prático” de dizer às pessoas que nos importamos com elas. Aquele que sabe do
perigo do açúcar e recebe como presente balas, bombons e chocolates fica
constrangido ao ter que agradecer por tais presentes, quase sempre sinceros. E
fica ainda mais constrangido ao colocar esses venenos no lixo, como ato de
respeito à sua própria vida.
Em que, exatamente, o açúcar faz mal à saúde?
“Dentada após dentada, o açúcar provoca inflamação nas
suas terminações nervosas e nos seus vasos sanguíneos”, explicam Richard Jacoby
e Raquel Baldelomar. “Esta inflamação incessante promove tensões no sistema
reparador natural do corpo (…).”[3]
O uso do açúcar destrói o sistema nervoso e, através
dele, prejudica o organismo inteiro dos cidadãos.
É preciso reavaliar a tradicional relação entre “açúcar e
afeto”.
Os presentes açucarados podem indicar uma ausência de
cuidado em uma relação humana. Revelam falta de atenção na escolha de pequenas
lembranças. As celebrações com bebidas alcoólicas ou guloseimas açucaradas são
erros infelizes que contrariam a própria ideia de comemorar algo. As
celebrações podem ser mais inteligentes.
A teosofia ensina que cada busca artificial de prazer
provoca uma forma correspondente de sofrimento, sendo este último mais durável
que a satisfação. O universo evolui em equilíbrio e simetria: agarrar-se com
ansiedade a alegrias de curto prazo revela uma cegueira espiritual. Além disso,
provoca uma frustração profunda e fabrica doenças.
Quando o indivíduo aprende a fazer o que é correto, o
prazer de viver acontece sem que ele tenha que correr atrás de sensações
artificiais. A felicidade surge da moderação: a tristeza é irmã do exagero. A
pausa possibilita a ação correta. Uma alimentação livre da gula é fator
decisivo na descoberta da felicidade.
NOTAS:
[1] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, edição em dois volumes, Ed.
Teosófica, Brasília, 2001, Carta 72, volume I, p. 337 e p. 338.
[2] “Açúcar, o Pior Inimigo”, de Dr. Richard P. Jacoby e Raquel Baldelomar,
Ed. Vogais, Portugal, 2015, 253 pp., ver p. 11. A obra tem como uma das suas
limitações recomendar o uso de carne, mas, na abordagem do açúcar, tem grande
valor.
[3] “Açúcar, o Pior Inimigo”, de Dr. Richard P. Jacoby e Raquel Baldelomar,
Ed. Vogais, Portugal, 2015, 253 pp., ver p. 29.
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Uma versão inicial do texto acima foi publicada sem
indicação do nome de autor em “O
Teosofista”, maio de 2017, pp. 2-4.
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Clique para ver os artigos “A Consciência do Estômago”, “As Refeições do Peregrino”, “A Ética da Alimentação Vegetariana”
e “A Explicação dos Jejuns”.
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