Galeno de Pérgamo, a
Arte
de Curar e a Filosofia Esotérica
de Curar e a Filosofia Esotérica
Carlos Cardoso
Aveline

Galeno de Pérgamo e pertencente à biblioteca da Loja Independente de Teosofistas.
“Teosofia é aquele ramo da medicina
dos seus erros de tempos imemoriais.”
no texto “Sobre o Que é a Teosofia”)
O estudante
de filosofia esotérica deve avaliar a relação entre teoria e prática na sua vida
diária. Um olhar verdadeiramente honesto para esta questão ensina a ele mais de
uma lição de modéstia.
Um Mestre de Sabedoria certa vez definiu a
Teosofia como uma Medicina da Alma. A ignorância espiritual é uma doença, e
sofrem dela aqueles cujas almas ainda são infantis. A sabedoria divina cura os
seres humanos desde dentro para fora, porque abre a porta para a autorresponsabilidade.
Galeno de Pérgamo, o famoso médico que viveu em
Roma no século dois da era cristã, fez uma advertência decisiva aos médicos do
seu tempo. Mas o alerta é especialmente útil, também, para os teosofistas modernos:
“Aquilo que acontece com a maior parte dos
atletas que pensam em vencer os Jogos Olímpicos, mas não fazem qualquer
treinamento que os qualifique para a vitória, acontece também com a maior parte
dos médicos. Eles elogiam Hipócrates, a quem consideram o melhor de todos os
médicos; mas, no plano da ação, preferem fazer qualquer coisa exceto tratarem
de ser como ele.”[1]
A ideia é socrática. Não é fácil obter uma relação
correta entre teoria e prática. A humildade é fundamental para que alguém possa
reconhecer com serenidade a distância entre os dois fatores. Uma vez que este
passo é dado, o peregrino pode lenta e pacientemente trabalhar para reduzir a
falta de congruência e de harmonia entre os seus ideais e a sua vida
diária.
A prática de tapah,
austeridade, surge então como uma ferramenta valiosa na jornada de aprendizado.
Um Mahatma escreveu para uma senhora que estudava teosofia e queria trabalhar
para o bem da humanidade:
“Você está pronta para fazer sua parte no grande
trabalho de filantropia? Você ofereceu-se para a Cruz Vermelha; mas, Filha,
existem doenças e feridas da alma que não podem ser curadas pela arte de nenhum
cirurgião. Irá auxiliar-nos a ensinar à humanidade que os doentes-da-alma devem
curar-se a si próprios?”[2]
Outro mestre de Sabedoria define implicitamente o
movimento teosófico como um esforço para curar, quando aborda o ato de acolher
no movimento pessoas “difíceis”. O mestre começa dizendo:
“A Natureza uniu todas as partes do seu Império
por meio de fios sutis de simpatia magnética, e há uma relação mútua até mesmo
entre uma estrela e o homem; o pensamento corre mais rápido do que o fluido
elétrico, e o seu pensamento irá
encontrar-me caso seja projetado com um impulso puro”.
Algumas linhas mais adiante o mestre acrescenta:
“Compreenda isso e a admissão dentro da [associação
teosófica] de pessoas que frequentemente lhe são desagradáveis não o
surpreenderá mais. “Aqueles que estão sadios não necessitam de médico, mas sim
os que estão doentes” - este é um axioma, seja quem for o autor da frase.” [3]
Verdadeiro seguidor de Hipócrates, Galeno de Pérgamo
ensina que os médicos devem ir além de usar o nome do fundador da Medicina. O
dogmatismo cego não ajuda. Os médicos devem desenvolver uma compreensão
adequada da sua ciência sendo filósofos independentes e praticando
“contemplação racional”.
O raciocínio é válido para os teosofistas
modernos em sua relação com os mestres de Helena Blavatsky e com os
ensinamentos deles, dados através de Blavatsky. Podemos aplicar ao movimento
teosófico moderno as palavras de Galeno citadas acima, substituindo apenas a
palavra “Hipócrates” pela palavra “Sábios”.
Galeno escreve:
“… Pareceu-me que eu deveria buscar a causa, fosse
ela qual fosse, pela qual embora eles todos têm admiração por Hipócrates [ou pelos Sábios], eles não leem os
escritos dele [ou deles]; ou pela
qual, se um deles por acaso os ler, não entenderá o que foi dito; ou pela qual,
se por acaso os entender ele não ligará a compreensão com a prática, de modo a
estabelecer a prática e torná-la habitual, descobrindo assim, por decisão e
capacidade próprias, todas as coisas que Hipócrates realizou e transmitiu [ou os Sábios realizaram e transmitiram] aos
seres humanos.” [4]
Ao invés de apenas memorizar um ensinamento, os
teosofistas devem curar a si próprios da doença da ignorância e ajudar outros a
fazer o mesmo.
Eles terão êxito na tarefa através do poder
curativo de três luzes orientadoras na busca do conhecimento divino: o
altruísmo, a autorresponsabilidade, e um crescente discernimento.
NOTAS:
[1] Traduzido do primeiro
parágrafo do ensaio “That The Best Physician Is Also a Philosopher”
(‘O Melhor Médico é Também Filósofo’), de Galeno de Pérgamo.
[2] “Cartas dos Mestres de
Sabedoria”, editadas por C. Jinarajadasa, Ed. Teosófica, Brasília, 1996, Carta
72, segunda série, página 248.
[3] “Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica,
Brasília, 2001, dois volumes. Veja a Carta 47, volume I, p. 218. O axioma está
presente em Mateus, 9:12, no Novo Testamento: “Não são os saudáveis que
necessitam de um médico, mas os doentes”.
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O texto
“Teosofia, a Medicina da Alma” foi
publicado nos websites associados dia 22 de agosto de 2022. Trata-se de uma
tradução, feita pelo autor, do artigo “Theosophy or the Medicine of the Soul”.
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Leia
mais:
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Helena
Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes
de desejar, faça por merecer”.
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