16 de março de 2014

A Palavra Correta

O Poder da Palavra Elimina ou
Aumenta as Causas do Sofrimento

Carlos Cardoso Aveline




O uso da palavra define o ser humano. Raramente, num instante de meditação, ficamos livres do pensamento. Uma das nossas características centrais é que falamos quase o tempo todo, não apenas com palavras físicas, mas também mentalmente. Quando não dizemos nada para os outros, estamos dizendo coisas para nós próprios. Quando não escutamos alguém, ouvimos dentro de nós a voz interior das esperanças e anseios que habitam nosso universo pessoal.

A fala, assim, é muito mais do que um mero som ou uma sequência lógica de pensamentos. É uma corrente magnética que contém e transmite vida. Para o cachorro, a voz do dono desperta devoção e um sentido natural de obediência. Para a criança pequena, a voz da mãe dá tranquilidade e a faz dormir. Para aquele que busca compreender a si mesmo, a voz da consciência é seu grande mestre. 

A filosofia esotérica ensina que o mundo físico, com suas três dimensões, é rodeado por  um universo invisível, eletromagnético e transcendente. Nesta quarta dimensão as distâncias físicas não têm importância. Este mundo sutil é conhecido como luz astral, ou akasha. Nele estão registradas as imagens de todas as coisas que passaram e as sementes das coisas que virão. É um espaço-tempo ilimitado, que rodeia e também interpenetra o mundo tridimensional. Ali as coisas podem deslocar-se na velocidade do pensamento.

Este mundo oculto é influenciado decisivamente pela palavra. “No início era o verbo”, diz a Bíblia (João, 1:1). E o verbo ainda hoje cria o universo humano. Todos os dias, pela manhã, reinventamos a vida. É sempre aqui e agora que criamos o nosso destino futuro, através das palavras que dizemos para nós próprios e para os outros. Cada pensamento e cada som é um mantra, porque detém um poder mágico de influenciar a vida de modo profundo. Eliphas Levi escreveu: “As vibrações da voz modificam o movimento da luz astral  e são  veículos  poderosos do magnetismo”.[1] As vibrações do pensamento que não é falado têm o mesmo efeito. Os mantras mais eficientes são ditos mentalmente.

O poder da palavra é enorme, portanto. Ela é um fator vivo, que salva ou condena, ilumina ou causa escuridão, faz adoecer ou cura ou dá esperança, conforme a intenção e a intensidade com que seja dita. A intenção magnetiza a palavra. O pensamento correto leva à palavra e à ação corretas, e disto surge a felicidade interior. Está escrito em “Provérbios”, o texto bíblico:

“Uma resposta branda aplaca a raiva, uma palavra agressiva atiça a cólera. A língua dos sábios torna o conhecimento agradável, a boca dos insensatos destila ignorância. Em todo lugar os olhos de Deus estão vigiando os maus e os bons. A língua suave é árvore da vida, mas a língua perversa quebra o coração. (...) Os lábios dos sábios espalham conhecimento, mas o coração dos insensatos não é assim.” E  poucas linhas mais adiante: “abominação para Deus são os pensamentos maus, mas as palavras benevolentes são puras.” [2]

Na Grécia antiga, Platão escreveu:

“... Só as palavras pronunciadas com o fim de instruir, e que de fato se gravam na alma, sobre o que é justo, belo e bom - apenas nelas se encontra uma força eficaz, perfeita e divina a ponto de nelas empregarmos os nossos esforços  (...). Quanto aos demais discursos, podemos desprezá-los.”[3]

Cada palavra a ser dita merece atenção, porque a palavra é a unidade básica do pensamento e da fala e sempre chega ao seu destino. Ela produz um efeito eletromagnético, e a parte principal do seu efeito se volta para nós próprios. As palavras que dizemos ou pensamos ficam gravadas em nosso inconsciente e se misturam ao nosso destino. Esta é uma lei inevitável, e por isso nossa vida é, de fato, um fruto do nosso pensamento. O “Dhammapada” budista ensina:

“Tudo o que somos é resultado do que nós pensamos no passado. Tudo o que somos se baseia em nossos pensamentos e é formado por nossos pensamentos. Se alguém fala ou age com um mau pensamento, o sofrimento o acompanha, assim como a roda da carreta segue os passos do boi que a puxa. (...) Se alguém fala ou age com pensamento puro, a felicidade o acompanha assim como sua própria sombra, que nunca se afasta dele.” [4]

O Novo Testamento  (Tiago, 3:2-3) afirma: “Aquele que não tropeça ao falar é realmente um homem perfeito, capaz de refrear todo seu corpo. Quando colocamos um freio na boca dos cavalos, a fim de que nos obedeçam, conseguimos dirigir todo seu corpo”. 

Assim como a cabeça do cavalo, a palavra vai na frente, abre caminho e define as linhas pelas quais o futuro será construído. Por outro lado, a palavra é quase sempre um resultado prático de uma determinada experiência de vida. O Jesus do Novo Testamento ensina:

“A boca fala daquilo de que o coração está cheio. O homem bom, do seu bom tesouro tira o bem, mas o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal. Eu lhes digo que de toda palavra inútil que os homens disserem darão contas no Dia do Juízo. Pois por suas palavras você será justificado, e por suas palavras será condenado”. (Mateus, 12:34-37) 

Sobre o mesmo assunto, um raja-iogue dos Himalaias escreveu:

“O princípio fundamental do Ocultismo é que cada palavra ociosa é registrada, do mesmo modo que uma palavra sincera e plena de significado.” [5]

O poder da palavra e do pensamento é como o fogo. Ele ilumina, mas também pode queimar, e por isso deve ser usado com atenção. Em geral, quem fala impensadamente também age sem pensar. Quando sabemos calar, fica mais fácil parar o pensamento verbal e abrir espaço para a luz da intuição. Então passamos a perceber a verdade de modo cada vez mais direto, diminuindo a necessidade da intermediação da palavra. O pensamento pode ir além da palavra, e Gibran Khalil Gibran escreveu:

“O pensamento é uma ave do espaço que, numa gaiola de palavras, pode abrir as asas, mas não pode voar. Há entre vós aqueles que procuram os faladores por medo da solidão. A quietude da solidão revela-lhes seu Eu desnudo, e eles preferem escapar-lhe. E há aqueles que falam e, sem o saber ou prever, traem uma verdade que eles próprios não compreendem. E há aqueles que possuem a verdade dentro de si, mas não a expressam em palavras. No íntimo de tais pessoas, o espírito habita num silêncio rítmico. ” [6] 

A palavra eficaz surge da ação e da vivência conscientes. Nenhum discurso pode ser mais forte que a prática da qual ele emerge. As palavras são extremamente úteis, quando sinceras. Mas só servem para desorientar quando estão divorciadas dos fatos. Neste caso, elas desorientam mais aquele que as diz do que aquele que ouve a falsidade, porque quem fala falsidades se acostuma com elas e perde o hábito de enxergar a verdade. Com isso, perde o rumo.   

A ética budista recomenda a prática do Pensamento Correto, da Palavra Correta, da Ação Correta e do Meio de Vida Correto. Os quatro pontos são inseparáveis. “A Palavra Correta, ou linguagem pura” - escreve Georges da Silva - “é a que traduz honestidade, verdade, paz, carinho; que é cortês, agradável, benéfica, útil, moderada e sensível. Significa abstenção das mentiras, da difamação, da calúnia e de todas as palavras capazes de provocar ódio, inimizade, desunião e desarmonia entre indivíduos ou grupos sociais.” [7]

O espírito crítico é importante, porque significa discernimento. Mas a intenção - que dá a direção e o sentido da palavra - deve ser correta. Podemos usar com mais eficácia o poder da palavra se evitarmos a dispersão mental e emocional, e se aprendermos a desejar a verdade sobre todas as coisas. Esta meta, porém, não pode ser alcançada sem enfrentar numerosas armadilhas. A verdade promove uma perigosa destruição da ingenuidade e da preguiça a que estamos, em geral, acostumados. Quando a ilusão desaparece, num primeiro momento nos sentimos órfãos. Só depois vem a sensação de liberdade.

Naturalmente, quem fala a verdade muitas vezes contraria interesses. A palavra sincera nem sempre encaixa nos esquemas dos poderosos. Aquele que tem coragem de ser íntegro percebe que muitas pessoas  preferem desconhecer a verdade. “O pior cego é aquele que não quer ver”, diz um ditado popular. E, às vezes, os que não querem ver estão em maioria. “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei”, diz outro ditado. Mas, na realidade, em terra de cegos, quem tem um olho pode ser duramente perseguido, especialmente quando insiste em falar sobre o que vê. Helena Blavatsky escreveu o seguinte:

“A sinceridade é a verdadeira sabedoria apenas para o filósofo moral. Ela é agressão e insulto para aquele que considera a dissimulação e o engano como cultura e cortesia (...).”  

Para Blavatsky, a palavra é uma das principais armas do guerreiro da sabedoria. Ela não deixa dúvidas:

“O nosso lema é e será sempre ‘não há religião superior à verdade’. O que procuramos é a verdade, e, uma vez encontrada, nós a colocamos diante do mundo, aconteça o que acontecer”. [8]

Embora possa ser atacado por dizer a verdade, o estudante da teosofia original jamais usa a palavra com o objetivo de ferir alguém. Ele vigia constantemente a sua própria atitude para que a intenção permaneça pura e ele não seja distraído pelo desejo medíocre de uma pequena vingança, nem desorientado pela vontade de humilhar sutilmente outra pessoa, ou de parecer que é melhor que alguém. 

O uso eficiente do poder da palavra requer coragem, atenção e equilíbrio. A luz da palavra sincera, inseparável da intenção correta, revela verdades incômodas, que a ignorância e a preguiça preferem rejeitar. “Toda palavra verdadeira é o começo de um ato de justiça”, disse um pensador sábio. Mas ele não disse que este começo era cômodo. Eliphas Levi escreveu: “A beleza da palavra é um esplendor da verdade. Uma palavra verdadeira é sempre bela, uma bela palavra é sempre verdadeira.” [9]  

Felizmente, nem sempre é difícil falar a verdade. Quando há um clima de boa vontade e de liberdade de pensamento, as pessoas aceitam ser democraticamente contrariadas e não se ofendem com a primeira coisa “desagradável” que ouvem. Nas situações em que há pensamento correto e confiança mútua, cada um pode falar com  franqueza. Então os muros de defesa psicológica caem, as máscaras são abandonadas, e todos saem ganhando com isso.  

Mas não basta controlar no dia-a-dia as palavras que falamos. É necessário selecionar também as palavras que escutamos. Devemos decidir com atenção o que queremos ouvir no rádio ou na televisão. É recomendável evitar filmes de violência e outras “obras de arte” em que a mentira e o egoísmo estão excessivamente presentes. Tudo o que vemos tem impacto sobre o nosso subconsciente. 

As pessoas com quem escolhemos nos relacionar devem ser bem selecionadas. É aconselhável adotar como amigos os mais sábios. Outra recomendação para a defesa da nossa alma contra emoções e pensamentos negativos é conduzir as conversas de que participamos para temas elevados. Podemos ganhar grande paz e sabedoria mantendo presentes em todo e qualquer diálogo os sentimentos de ética, respeito e equilíbrio. A razão disto é simples. Cada palavra falada ou escutada passa a habitar a nossa aura, isto é, a atmosfera eletromagnética sutil que rodeia e acompanha nosso corpo físico. Um raja iogue dos Himalaias afirmou:

“... Cada pensamento do homem, ao ser produzido, passa ao mundo interno e se torna uma entidade ativa associando-se - amalgamando-se, poderíamos dizer - com um elemental, isto é, com uma das forças semi-inteligentes dos reinos. Ele sobrevive como inteligência ativa - uma criatura gerada pela mente - por um período mais curto ou mais longo, proporcionalmente à intensidade da ação cerebral que o gerou. Desse modo um bom pensamento é perpetuado como força ativa e benéfica, um mau pensamento como demônio maléfico. Assim, o homem está constantemente ocupando sua corrente no espaço com seu próprio mundo, um mundo povoado com a prole de suas fantasias, desejos, impulsos e paixões; uma corrente que reage sobre qualquer organização sensível ou nervosa que entre em contato com ele na proporção da sua intensidade dinâmica. A isto os budistas chamam de ‘Skandha’. Os hindus lhe dão o nome de ‘Carma’. O adepto produz essas formas conscientemente; os outros homens as atiram fora inconscientemente.” [10] 

O uso equilibrado da palavra é uma prática sagrada, e constitui um ponto central do caminho da sabedoria. No budismo, os seguidores de Buda Amida assumem um compromisso interior ao recitar diariamente a Cadeia de Ouro. Eles dizem:

“Eu sou um elo da Cadeia de Ouro do amor de Buda Amida, que se estende pelo mundo. Devo conservar meu elo brilhante e forte. Tentarei ter pensamentos belos e puros, dizer palavras belas e puras, praticar ações belas e puras, porque sei que de tudo quanto agora faço depende a minha felicidade ou infelicidade, assim como a felicidade dos outros seres. Possa todo elo da Cadeia de Ouro do amor de Buda Amida tornar-se brilhante e forte. E possamos todos nós alcançar a Paz Perfeita.” [11] Buda Amida significa Luz Eterna e Vida Infinita. 

É decisiva, portanto, a importância do diálogo correto com todos, e da leitura constante sobre temas elevados. O pensamento positivo cria emoções construtivas, e o resultado disso é boa saúde. Por sua vez, a boa saúde nos inclina a ter sentimentos e pensamentos construtivos, e assim se forma um círculo magnético de realimentação positiva. Não é por acaso que os gregos antigos tinham como lema “uma mente sã em um corpo são.” As duas coisas andam juntas e trazem consigo o despertar da inteligência espiritual. 

Em qualquer situação, as palavras que usamos são instrumentos do pensamento, e o pensamento expressa o estado da alma. O grau médio de equilíbrio e sabedoria presente nas palavras de alguém revela o nível médio de equilíbrio e sabedoria da sua alma. Ser conscientemente responsável por tudo o que pensamos e dizemos é um ato de vontade que deve ser exercido durante a vida toda, mas também produz um bem-estar crescente a cada instante. William Q. Judge escreveu:

“As palavras são coisas. Do meu ponto de vista, e também na realidade. No plano inferior da convivência social as palavras são coisas, mas coisas sem alma e mortas, porque a convenção na qual elas nascem as transforma em abortos. Mas quando nos afastamos das convenções, as palavras se tornam vivas na razão direta da veracidade e da pureza do pensamento que está por trás delas. Assim, no diálogo entre dois estudantes [da teosofia original] elas são coisas, e os estudantes devem cuidar para que a base do intercâmbio seja completamente compreendida. Devemos usar com cuidado estes mensageiros vivos chamados palavras.” [12]

Controlar e educar o fluxo das palavras pensadas e faladas elimina gradualmente a causa do nosso sofrimento, e também nos permite assumir por completo as rédeas da nossa vida. O controle do pensamento tende a ocorrer de modo natural, quando o indivíduo atende três pré-requisitos indispensáveis:

1) A primeira condição é que ele tenha uma meta definida e clara em sua vida;
2) A segunda é que esta meta seja correta, nobre e elevada; e
3) A terceira é que ele não esteja disposto a perder tempo ou energia com fatos pequenos e prejudiciais à meta.

A mente humana é do tamanho das metas que abraça. Cada indivíduo atua e cria carma principalmente naquele nível de consciência em que estão os seus objetivos prioritários. Todas as metas da sua vida devem ganhar coerência e harmonia entre si. Na tradição milenar do hinduísmo, há um trecho dos Upanixades que é usado há séculos como mantra e como oração. A força simples da sua sabedoria é inspiradora para quem busca viver com integridade. Diz o “Aitareya Upanixade”:

“Que a minha palavra esteja em unidade com a minha mente. E que a minha mente esteja em unidade com a minha palavra. Ó tu, ser todo iluminado, afasta o véu da ignorância da minha frente, para que eu possa distinguir a tua luz. Quero buscar, noite e dia, incessantemente, a correta compreensão do teu ensinamento. Que eu possa falar a verdade divina. Que eu possa falar a verdade. Que a verdade me proteja. Que ela proteja meu Mestre.” [13] 

O poder interior de uma oração como esta aproxima a mente do seu eu superior. A alma imortal do ser humano é como uma fonte inesgotável de água pura. Dela brota a palavra correta, com sua mensagem de paz e verdade.  

NOTAS:

[1] “A Chave dos Grandes Mistérios”, de Eliphas Levi, Ed. Pensamento, SP, p. 111. 

[2] Antigo Testamento, “Provérbios”, 15: 1-7; e, no mesmo capítulo 15,  o versículo 26.  

[3] “Fedro”, Platão, Ed. Martin Claret, SP, 125 pp., ver pp. 123-124.

[4] “O Dhammapada”, edição online publicada em nossos websites associados, Capítulo 1, versículos 1 e 2.   

[5] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, editadas por C. Jinarajadasa, Ed. Teosófica. Ver a Carta III para Laura Holloway, p. 147.

[6] “O Profeta”, Gibran Khalil Gibran, ed. ACIGI, RJ, trad. Mansour Challita, 89 pp., ver pp. 57-58.

[7] “Budismo: Psicologia do Autoconhecimento”, de Georges da Silva e Rita Homenko, Ed. Pensamento, SP, ver p. 77.

[8] “Theosophical Articles”,  H. P. Blavatsky, Theosophy Company, Los Angeles,1981, edição em três volumes, ver volume I, pp. 279-280.

[9] “A Chave dos Grandes Mistérios”, Eliphas Levi, Ed. Pensamento, SP, ver p. 215.

[10] “Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett”, Ed. Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes, ver volume II, Anexo I, p. 343.

[11] Citado por Murillo Nunes de Azevedo em “Rumo a Uma Mente Sábia e uma Sociedade Nobre”, coletânea de textos publicada pela Editora Teosófica, Brasília, 1994, ver pp. 132-133.

[12] “Letters That Have Helped Me”, William Q. Judge, The Theosophy Co., Los Angeles, 1946, 300 pp. , ver p. 11.

[13] “The Upanishads”, translated from the Sanskrit by Swami Prabhavananda and Frederick Manchester, Penguin Books, USA, 128 pp., ver p. 61.

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