Novas Aptidões Humanas Estão
Surgindo, Mas Seu Despertar Exige
Ética
Carlos Cardoso Aveline
Ler pensamentos, perceber o futuro, caminhar sobre as
águas, levitar, mover objetos com a força da mente ou desmaterializar objetos e
rematerializá-los no mesmo instante a grande distância. Estas poderão ser
funções normais da consciência humana em um futuro distante. Sua importância,
no entanto, é secundária. E é preciso cuidado e discernimento, porque há hoje todo
um folclore em torno delas, com um batalhão de espertalhões tirando proveito da
credulidade alheia.
O potencial da mente parece infinito. A história humana
está repleta de relatos sobre os poderes extraordinários conquistados por
santos e iogues adiantados.
De onde vêm as habilidades espetaculares que tantos
sábios (e mesmo pessoas comuns) têm demonstrado possuir desde a antiguidade?
Qual a real importância delas?
Segundo a teosofia, o futuro da evolução humana é tão
sagrado quanto o seu passado. A humanidade tem uma longa e bela aprendizagem
pela frente. Os sábios e iogues com poderes extraordinários são mestres. São
precursores. Eles vão na frente. Eles abrem caminho para que o resto da
população expanda mais rapidamente sua consciência. Nesta caminhada, toda
habilidade de manipular sutilmente energias materiais e semimateriais é um fato
desprezível em si mesmo, e leva a verdadeiros desastres cármicos, a menos que
esteja a serviço de metas rigorosamente altruístas e impessoais.
Em sua autobiografia, o iogue Paramahansa Yogananda
discute a relação entre a ciência “exata” convencional e a sabedoria do Oriente.
Com a conversibilidade da matéria em energia e da energia em matéria, os
físicos de vanguarda apenas redescobriram, segundo Yogananda, a antiga lei de Maya,
segundo a qual o universo físico é de certo modo uma ilusão sensorial que não
tem existência de fato, exceto em um plano superficial da realidade.
A partir do fato de que a matéria pode ser convertida em
energia pura, fica mais fácil compreender aquilo que a superstição religiosa chama
de “milagres”. Segundo Yogananda, “os Mestres capazes de materializar e
desmaterializar seus corpos e outros objetos, de mover-se com a velocidade da
luz, e de utilizar os raios da luz criadora para produzir instantaneamente
qualquer manifestação física, têm, do ponto de vista da física, uma quantidade
imponderável, ou infinita, de massa.”
A “luz criadora” de que fala Yogananda é a luz astral ou
o akasha da filosofia esotérica, e constitui uma contrapartida sutil e
invisível do mundo físico. O akasha possui vários níveis de densidade e
sutileza. Os seus níveis mais elevados são território do espírito imortal e
controlam o que é externo e denso.
Yogananda escreve:
“A consciência de um iogue perfeito identifica-se, sem
esforço, não com um corpo limitado, mas com a estrutura do universo. A lei da
gravitação (...) é impotente para obrigar um mestre a exibir a propriedade do
peso, que é condição inerente a todos os objetos materiais. Quem tem consciência
de ser Espírito Onipresente não está mais sujeito à solidez do corpo no espaço
e no tempo.” [1]
Neste ponto há algo que não pode ser esquecido. Um Raja
Iogue não é um Iogue porque sabe manipular energias. Ele é um Raja Iogue ou
Mestre de Sabedoria pelo fato de nada desejar para si, e de estar inteiramente
voltado para a meta impessoal e imparcial de beneficiar a evolução da
humanidade e dos outros seres de nosso planeta.
Suas outras aptidões decorrem naturalmente da sua
identificação com a luz eterna e a vida infinita. Ele nada deseja para si,
porque transcendeu a ilusão segundo a qual alguém pode ser feliz como um “eu”
separado. O resto é secundário. Ele está em contato com o âmago do Universo; e
o Universo é governado desde o seu centro.
Alguns cientistas da ciência recente concordam com este
princípio da filosofia antiga. O antigo axioma afirma: “assim no céu como na
terra”: ou “assim no espírito como na matéria”. Em seu livro “O Universo
Inteligente”, o físico do século 20 Fred Hoyle afirma que o universo evolui e é
controlado desde seu interior, e que sua evolução flui sempre desde dentro para
fora. [2]
É possível observar que a mesma evolução de dentro para
fora ocorre com cada um de nós. Nosso comportamento físico é guiado por nossas
emoções, que são guiadas pelos nossos pensamentos, que são guiados pelas nossas
intuições mais internas, algumas das quais são quase desconhecidas do nosso
cérebro pensante.
O domínio da luz astral permite ao iogue ou à pessoa
dotada de funções intuitivas movimentar em alguns casos objetos, fazer com que objetos
levitem, ter pressentimentos e exercitar outras aptidões extrassensoriais. Um
grande iogue é capaz de materializar ou desmaterializar objetos atuando a
partir do interior da estrutura atômica da matéria. Ele pode fazer isto porque
reduziu-se à condição de um Espírito Planetário. Ele nada é além da Lei eterna,
e nada mais deseja a não ser o Bem Absoluto.
Antes de alcançar este ponto, ele deve aprender a
desidentificar-se totalmente do mundo físico tridimensional. Quando vence o
desafio, ele atinge o Nirvana e transcende o estágio atual de evolução humana. Então
ele alcança a libertação da roda de reencarnações obrigatórias e completa o seu
aprendizado em termos de sabedoria divina. Ele seguirá aperfeiçoando-se em
outros níveis, em direção a círculos cada vez mais amplos de consciência
planetária e cósmica.
Boa parte de tais seres de consciência planetária
superior conservam seus corpos físicos. Eles podem viver bem mais de um século.
Trabalham retirados do mundo, inspirando a evolução humana de dentro para
fora e estimulando os impulsos mais elevados em cada coração e mente em que
há uma firme boa vontade impessoal. Chamados de iogues perfeitos por Yogananda,
estes seres são conhecidos como Imortais pelo taoísmo, como Rishis
pelo hinduísmo, e Buddhas ou Arhats pelo budismo.
No final do século 19, alguns destes mestres inspiraram a
criação do movimento teosófico moderno. Em colaboração com eles, Helena
Blavatsky fez demonstrações de psicocinese, de desmaterializações e rematerializações
de objetos, e outros fenômenos. Era necessário abrir uma brecha no materialismo
cego daquele momento. A revolução industrial estava no auge e se apoiava em um
cristianismo dogmático e autoritário. Os fenômenos “psíquicos” eram uma
demonstração prática de que a visão mecânica e materialista da vida não tinha
futuro.
Na década de 1880, Alfred Sinnett, um dos principais
jornalistas ingleses, manteve correspondência com dois dos Mahatmas dos Himalaias.
As cartas recebidas por Sinnett estão hoje depositadas no setor de manuscritos
raros da Biblioteca Britânica, em Londres. Os estudantes podem examiná-las.
Além do seu conteúdo extraordinário, há aspectos fascinantes no modo como elas foram
produzidas. Escritas mentalmente no Tibete, elas se materializavam na Índia,
muitas vezes aparecendo do nada diante dos olhos atônitos de pessoas da elite
social, reunidas especialmente para a ocasião. Sinnett descreveu grande número destes
fenômenos, feitos diante de testemunhas cujos relatos foram publicados nos
jornais da época e que estão reunidos hoje em livro. Em uma destas cartas, um
Mahatma explica os fenômenos de materialização e desmaterialização de
objetos:
“O cérebro humano é um gerador inesgotável, e da melhor
qualidade, que produz força cósmica a partir da energia baixa e bruta da
Natureza; o adepto completo se tornou um centro do qual se irradiam
potencialidades que geram correlações e mais correlações durante épocas sem fim
do tempo que virá. Esta é a chave do mistério pelo qual ele é capaz de projetar
no mundo e materializar nele as formas que sua imaginação construiu no mundo
invisível a partir da matéria cósmica. O adepto não cria qualquer coisa nova,
mas apenas utiliza materiais que a Natureza apresenta ao redor dele (...).” [3]
A partir da segunda metade do século vinte, a levitação,
a materialização e outros fenômenos que rompem os limites do mundo físico
convencional vêm sendo abordados de muitas maneiras diferentes pela mente
humana. A ciência avança em sua luta com os mistérios da mecânica quântica, da
astrofísica e da criação do universo. Outros aspectos desta busca do despertar
de novos potenciais da consciência humana ocorrem através do sonho, da arte e
da imaginação. Nas histórias em quadrinhos e filmes, super-heróis como o
Capitão América, o Super-homem, e até o desajeitado Superpateta lutaram durante
décadas pelo bem e pela justiça, sendo capazes de levitar e usar grande
intuição, entre outros poderes ióguicos. No século 21, novos heróis invadiram
os cinemas e as revistas. Eles tomaram conta dos filmes em DVD e ocuparam a
imaginação humana voando em altas velocidades em nosso planeta, ou indo até
galáxias distantes, mas sem sair da tela da televisão na cômoda sala em que o
espectador come pipoca. Sentado na poltrona, Sancho Pança assiste às aventuras
de Dom Quixote. O herói gaulês Asterix ainda resiste, em quadrinhos e desenhos
animados, preservando elementos deste arquétipo de herói humano com aptidões
especiais.
Os poderes latentes do ser humano ocupam de muitas
maneiras a imaginação coletiva. Subconscientemente, nossa cultura materialista percebe
a presença sutil junto à humanidade de grandes mestres dotados de tais poderes
- tal como narrado nas lendas de Buddha, Jesus e outros instrutores da
sabedoria imortal.
Esta fonte de inspiração comum vai desde os espetáculos
populares até o lugar mais elevado das almas humanas. Os diferentes campos de
conhecimento humano buscam - através de caminhos diversos - por novos níveis de
compreensão da mesma e única verdade essencial.
A arte, a literatura e a ciência se inspiram mutuamente
há séculos. Desde sempre, uma parcela dos sábios e cientistas estudou alquimia
e filosofia esotérica, ou trabalhou com base na combinação da intuição com o
trabalho experimental. Este é o caso de Isaac Newton, Thomas Edison e Albert
Einstein. Há outros exemplos bem conhecidos.
Francis Bacon (1561-1626), o criador do método científico experimental, foi um sábio
estudante da filosofia oculta. Ele previu o uso de submarinos e aviões, e
descreveu uma civilização governada com sabedoria, em seu texto “Nova
Atlântida”.
O poeta inglês Alfred
Tennyson, que morreu em 1892, previu as guerras do século 20 no seu famoso
poema “Loksley Hall”. Descreveu as batalhas aéreas espantosas, envolvendo
inúmeros “navios voadores” que lançavam bombas. E antecipou que, depois da
guerra, surgiria a ONU, a “federação das nações”, e ocorreria o desarmamento
mundial (do qual já nos aproximamos lentamente desde o final da guerra fria, no
século 20).
No mesmo século 19, o escritor Júlio Verne previu o submarino, o avião, a viagem à lua, a
televisão e o videofone. Só no século 21 o telefone com vídeo tornou-se parte
da realidade. A internet já permite ver a imagem do interlocutor, e o videofone
está disponível a todos.
A vida imita a arte, e a arte imita a vida. A arte pode
falar de coisas que o coração entende e a mente ainda não sabe explicar.
Inspirado nos fenômenos extraordinários dos primeiros
tempos do movimento teosófico, o escritor inglês Conan Doyle escreveu um conto intitulado “A Máquina
Desintegradora”. Nele, certo professor inventa um mecanismo capaz de
“desintegrar qualquer objeto colocado ao alcance da sua esfera de
influência”.
Um personagem do conto explica: “A matéria dissolve-se,
voltando à sua condição molecular ou atômica. Revertendo o processo, a máquina
pode reconstituir a mesma matéria.” [4]
Conan Doyle era espírita e leu sobre teosofia. Seu
detetive Sherlock Holmes, dono de uma intuição extraordinária, mostra mais de
um traço super-humano em sua luta pela justiça e pelo bem.
Nas obras recentes de ficção científica, o fenômeno da
desmaterialização e rematerialização são chamados de teletransporte. Em
filmes do gênero, é rotina ver um grupo de viajantes espaciais entrar em uma
câmara especial e, depois de alguns segundos, desaparecer dali para surgir em
uma galáxia distante.
No mundo real, cientistas buscam compreender e realizar
os rudimentos do teletransporte. Eles partem do fato fundamental de que o
comportamento das partículas subatômicas é ambíguo. Ora elas se comportam como
partículas, ora se comportam como onda. As partículas subatômicas não têm
localização ou materialidade definidas em um instante determinado em que se pretenda
medi-las. Estão, pois, além da rede previsível do espaço-tempo. A partir daí,
abre-se um horizonte novo. Seria possível transformar um objeto em ondas e
depois reconstituir o mesmo objeto como “partícula” ou matéria densa em outro
lugar do espaço? Em 2010, já estavam acontecendo pesquisas intensas nesta direção.
Alguma coisa já se conseguia com fótons - a partícula unitária da luz - e com
os estados quânticos de um átomo individual.
Para uma parcela da população, a ciência e a tecnologia
parecem haver ocupado o lugar de antigas práticas religiosas. O avanço da
ciência tem aspectos extremamente positivos. Por outro lado, quando a ciência
obedece a mecanismos comerciais, ela passa a promover um materialismo cego, sem
destruir, necessariamente, o dogmatismo religioso de conteúdo medieval. Às
vezes a superstição consumista e a superstição religiosa se associam no terreno
comum da ignorância submissa.
A tecnologia faz inúmeros milagres que assombrariam um
cidadão de cem anos atrás. Eles também parecem ter efeitos mágicos e hipnóticos
sobre a população. Os satélites geoestacionários, as viagens espaciais, a
clonagem de animais e mesmo alguns objetos de uso diário, como o telefone
celular, o controle remoto de televisão, e o computador com acesso à Internet, implicam
processos que, na prática, são incompreensíveis para o cidadão médio e,
portanto, mais ou menos milagrosos. A própria luz elétrica é um pequeno
milagre. Na biologia, na informática, na física, na medicina e na astronomia,
estamos indo além do plano físico. Aprendemos a dominar parcelas cada vez maiores
da luz astral e do akasha. A população passa a ter fé na infalibilidade papal
das corporações multinacionais, que vendem a ela os milagres e as indulgências
celestiais da tecnologia colocada a serviço do dólar, e do euro.
Os grandes bancos internacionais providenciam o milagre extraordinário
da multiplicação das dívidas. Os crentes pagam o dízimo com seus cartões de
crédito.
O que antes apenas os místicos e iogues treinados
realizavam por meios extrassensoriais e em níveis superiores de consciência,
hoje é feito por meios instrumentais, nos planos físico e intelectual, por
técnicos e pesquisadores treinados.
A consciência científica e tecnocrática se expande e toca
a dimensão sagrada da vida. Salvo exceções, faz isso de modo inconsciente, sem
a necessária consciência ética, e usando os seus poderes para fins estritamente
comerciais, a partir de uma visão estreita da vida e do universo.
No outro extremo, temos o pseudoesoterismo usando o mesmo
potencial de expansão da mente humana como pretexto para explorar a credulidade
da população bem-intencionada. São os iniciados de final-de-semana, os avatares
improvisados, os autoproclamados donos de poderes psíquicos. São os
canalizadores de Mestres de Sabedoria, cujos Mestres, por terem sido inventados
por eles próprios, só dizem banalidades. São os clarividentes da estirpe de Annie
Besant e Charles Leadbeater, que deliram sobre grandes iniciações e conversam
com algum Cristo imaginário. Mas a falsidade tem pernas curtas, e sua durabilidade
é escassa.
Num futuro relativamente próximo, espera-se, será
descoberta e reconhecida amplamente uma verdade que possui quatro aspectos, e constitui
o segredo essencial para o caminho da paz individual e coletiva. Esta verdade
diz:
1) Todo saber que não é legítimo degenera rapidamente.
2) A legitimidade de um saber depende do seu uso.
3) Um conhecimento só é legítimo quando é usado para o
bem.
4) O conhecimento ilegítimo, quando se refere a forças
sutis, não passa de um tipo de bruxaria feita por aprendizes de feiticeiros que
tentam roubar o conhecimento divino para propósitos egoístas.
O único verdadeiro milagre, o fato mais extraordinário -
mais importante do que multiplicar pães, clonar ovelhas, viajar a Marte ou
caminhar sem tocar o solo - é a decisão independente de purificar pacientemente
as suas próprias emoções e os seus pensamentos. Esta é uma mudança quântica. Esta
é a suprema atividade científica. Outras aptidões “extraordinárias” da
consciência humana, enquanto forem destituídas da ética altruísta, permanecerão
sempre no plano das atividades circenses de má qualidade.
O despertar do autoconhecimento e o surgimento da autorresponsabilidade
ética transmutam pouco a pouco cada átomo do corpo humano e o conectam mais
diretamente à mesma luz eterna que movimenta galáxias, estimula o crescimento
de uma planta, explode uma estrela longínqua e desperta amor incondicional em
nosso coração. Esta é também a luz interior que brilha no olhar de um animal,
dá alegria de viver a uma criança e mantém nossa galáxia girando em torno do
seu sol central.
Quando o ser humano compreender melhor as implicações
revolucionárias do fato de que tudo o que existe está imerso na luz astral - o
akasha -, então as ciências do mundo externo e físico obedecerão à ciência
sagrada da alma imortal, segundo a qual o universo físico ocupa um espaço ilimitado,
insondável, eternamente infinito, feito de consciência absoluta, que os sábios
orientais chamam de Parabrahm. Dele surge a paz coletiva e individual, porque
ele também existe, de certo modo, em cada coração humano. É a partir deste nível
de despertar que estão dadas, finalmente, as condições para o desenvolvimento
adequado de uma potencialidade ilimitada.
NOTAS:
[1] “Autobiografia de um Iogue”, de Paramahansa Yogananda, Summus Editorial,
455 pp., ver pp. 259-260.
[2] “O Universo Inteligente”, Fred Hoyle, Editorial Presença, Lisboa, 1993,
ver pp. 235-237.
[3] “O Mundo Oculto, A Verdade Sobre as Cartas dos Mahatmas”, de Alfred P.
Sinnett, Editora Teosófica, ver pp. 128-129. Leia também, da mesma editora, as
“Cartas dos Mahatmas” (dois volumes).
[4] “A Máquina Desintegradora”, conto que é parte do livro “O Veneno Cósmico”,
de Arthur Conan Doyle, Ed. Melhoramentos (edição sem data, da década de 1960),
SP, ver pp. 148 e 151.
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“Sobre o Uso de Poderes Psíquicos”.
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O texto acima foi revisado e atualizado pelo autor em
junho de 2011. Uma versão inicial dele havia sido publicada anos antes na revista
“Planeta”, de São Paulo.
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