Nações Inteiras Estão Sob Hipnotismo, Fato
Que os Cidadãos Podem Constatar e Desmascarar
Carlos Cardoso Aveline
A capa de duas edições do
best-seller de Vance Packard
Helena
Blavatsky antecipou em 1887 que nações inteiras poderiam cair sob o domínio de
técnicas de manipulação mental.
Ela indicou a alternativa e a cura para o problema. Cada cidadão
deve tornar-se autovigilante e autorresponsável. Também é necessário
desmascarar a “magia egoísta” que ocorre nos processos de controle mental em
grande escala.
Desde os anos 1920, o nazismo, o fascismo e o stalinismo foram
exemplos notáveis do uso de técnicas de controle mental em massa. Em 1948, o
problema da manipulação coletiva de pensamentos e emoções foi denunciado por
George Orwell em seu famoso livro “1984”.
A partir da década de 1950, variedades “mais sutis” de controle
das mentes surgiram incorporando e atualizando os instrumentos usados em
décadas anteriores.
Vance Packard (1914-1996) fez uma investigação reveladora sobre o
modo como a propaganda moderna manipula milhões de cidadãos através dos seus
medos e desejos subconscientes.
A propaganda de hoje, conforme demonstrado por Packard, usa os
impulsos e frustrações íntimos das pessoas para vender qualquer coisa, desde
gasolina e roupa até políticos de direita ou esquerda. Uma grande proporção das
chamadas “necessidades de consumo” da nossa sociedade é criada artificialmente.
Além do comportamento econômico, as opiniões “pessoais” do público
são produzidas através de processos subconscientes por empresas da área de
propaganda que ganham fortunas para determinar que as escolhas e preferências
dos cidadãos obedecerão ao desejo do pagador.
Grandes empresas garantem acesso à mente subconsciente dos compradores
e registram ali o que querem.
Os dias em que a propaganda existia para informar o público estão
no passado: desde os anos 1950, mecanismos subconscientes de controle mental se
espalharam, e agora a propaganda com frequência usa os mais íntimos sentimentos
das pessoas de modos difíceis de prever.
Assim, aquilo que não é necessário pode ser visto como
indispensável, e ideias nocivas podem ser consideradas agradáveis. Cabe a cada
cidadão consciente evitar tais armadilhas, e ajudar outros a fazer o mesmo.
No ano de 1957, Vance Packard escreveu em sua obra clássica “Nova
Técnica de Convencer”:
“Este livro é uma tentativa de explorar um novo setor da vida
moderna, estranho e bastante exótico. Trata-se da maneira como muitos de nós
estamos sendo influenciados e manipulados - muito além do que percebemos - nos
padrões de nossa vida cotidiana. Estão sendo feitos, com êxito impressionante,
esforços em ampla escala para canalizar nossos hábitos irrefletidos, nossas
decisões de compra e nossos processos de pensamento, com o emprego de
conhecimentos buscados na psiquiatria e nas ciências sociais. Tipicamente,
esses esforços se verificam abaixo do nosso nível de consciência, de tal modo que
os apelos que nos influenciam são muitas vezes, em certo sentido, ‘ocultos’.”
Packard acrescentou:
“Parte da manipulação que está sendo tentada é simplesmente
divertida. Outra parte é inquietadora, principalmente quando encarada como um
prenúncio do que talvez esteja reservado a todos nós, no futuro, em escala mais
intensa e efetiva. Cientistas dispostos a cooperar surgiram providencialmente
para fornecer alguns instrumentos impressionantes. O emprego da psicanálise de
massa para orientar campanhas de persuasão tornou-se a base de uma indústria
multimilionária. Persuasores profissionais recorreram a ela em sua procura de
meios mais eficazes para nos vender seus artigos - sejam eles mercadorias,
ideias, atitudes, candidatos, objetivos ou estados de espírito.”
O dinheiro cumpre com frequência o infeliz papel de Deus, em
operações que envolvem moeda. Packard escreveu:
“Esse processo de profundidade para influenciar nosso
comportamento está sendo empregado em muitos setores, através de uma variedade
de técnicas engenhosas. É usado mais amplamente para influenciar nossos atos
cotidianos de consumo. A venda, a nós, de bilhões de dólares de produtos está
sendo significativamente afetada, se não revolucionada, por esse processo, que
ainda mal está em sua infância. Dois terços dos cem maiores anunciantes dos
Estados Unidos empenharam-se em campanhas baseadas nesse processo de
profundidade, utilizando-se de estratégias inspiradas pelo que os vendedores
chamam de ‘análise da motivação’.”
Os cidadãos são tratados como animais e “amestrados” em seus medos
e desejos instintivos:
“Entrementes, muitos dos principais especialistas em relações
públicas nos Estados Unidos vêm-se instruindo no conhecimento da psiquiatria e
das ciências sociais, a fim de aumentar sua aptidão de ‘fabricar’ nosso
assentimento às suas propostas. Angariadores de fundos estão se voltando para o
processo de profundidade a fim de tirar de nós mais dinheiro. Número
considerável e crescente de nossas empresas industriais (inclusive algumas das
maiores) está procurando selecionar e modelar o comportamento de seu pessoal -
particularmente seus próprios chefes - com o emprego de técnicas psiquiátricas
e psicológicas. Finalmente, esse processo de profundidade está-se evidenciando
em plano nacional no emprego intensivo, pelos políticos profissionais, da
manipulação e reiteração de símbolos sobre o eleitor, que cada vez mais é
tratado como o cão condicionado de Pavlov.” [1]
No século 21, o problema da manipulação mental em grande escala
está ainda maior, conforme anunciou corretamente Packard. É um dever dos
indivíduos de boa vontade enfrentar a questão. O movimento teosófico não tem
razões para postergar esta tarefa, nem para fingir que ela não faz parte da sua
agenda.
Fabricando Bolhas de
Opinião Coletiva
Instrumentos de hipnotismo de massa estão vergonhosamente
envolvidos na política e na economia atuais.
A indústria da propaganda produz “opinião” individual e pública.
Os indivíduos que têm consciência disso podem manter distância da feitiçaria
eletrônica, preservando respeito pela sua própria consciência e pela
consciência dos outros.
Desde uma perspectiva teosófica, a liberdade de pensamento não se
limita a escolher entre este e aquele partido político, produto no supermercado
ou jornal na banca de revistas. É uma escolha mais profunda do que a feita
entre dois autores, duas linhas de pensamento ou canais de televisão. Olhando a
vida com desapego, podemos ir além de um horizonte tão estreito.
A sociedade atual nos oferece um “consenso” fabricado
artificialmente, cujos princípios básicos e fundamentais não são examinados, e
o seu exame é evitado, porque eles são falsos. Tais premissas são transmitidas
subconscientemente às massas. Entre elas está a ideia de que a felicidade deve
ser obtida através de dinheiro, fama, ou posição social; e talvez pela
obediência a alguma religião, igreja ou seita.
Se alguém adota como sua tal ideia, seja de modo consciente ou
subconsciente, todas as outras escolhas na vida serão também distorcidas por
esta Ilusão da Era Atual. A liberdade de pensamento é mais profunda do que o
nível em que se escolhe entre esta e aquela opinião. A liberdade inclui a
decisão e a audácia de escutar a nossa própria consciência. Mesmo que a
ignorância organizada pareça poderosa, não há razão para temer a opção pela
verdade. A prática demonstra que a Verdade costuma prevalecer.
Grandes bolhas de ilusão estão sendo destruídas agora e outras
deixarão de existir nos próximos anos. A consciência de cada indivíduo é parte
do campo de batalha planetário em que ocorre o nascimento de um novo nível de compreensão,
pessoal e coletivo.
NOTA:
[1] “Nova Técnica de Convencer”, Vance
Packard, IBRASA, SP, 1965, 247 pp., páginas 1-2.
000
Uma
versão inicial do artigo acima foi publicada sem indicação de nome de autor na
edição de julho de 2016 de “O Teosofista”,
páginas 3 a 6, sob o título de “Manipulação Mental Coletiva”.
000
Em setembro de 2016, depois
de cuidadosa análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo
de estudantes decidiu formar a Loja Independente de Teosofistas, que tem
como uma das suas prioridades a construção
de um futuro melhor nas diversas dimensões da vida.
000