Uma Chave Para o Mistério do Carma Humano
Carlos Cardoso Aveline
A natureza tem grande quantidade de
papagaios falantes
Há uma chave para o mistério do Carma
humano, e ela constitui um desafio oculto colocado diante do movimento
teosófico e de cada um dos seus membros.
Para construir
uma relação mais saudável entre a nossa civilização e o seu futuro, o indivíduo
deve, primeiro, descobrir a melhor forma de usar diariamente as suas
próprias energias.
Isso inclui
as várias dimensões da vida, desde o plano físico ao espiritual, e ocorre no mundo
individual tanto como na esfera coletiva.
A arte de
usar as nossas próprias energias está ligada ao terceiro objetivo do movimento
teosófico moderno, ou seja, “a investigação das leis inexplicadas da Natureza e
dos poderes psíquicos latentes no homem”.
Esta arte é
também inseparável dos outros dois objetivos do movimento.
Precisamos
vivenciar algo do primeiro deles (a busca da fraternidade universal) e progredir
quanto ao segundo objetivo (a busca do conhecimento universal) para fazer algum
progresso real em relação ao terceiro objetivo, desenvolvendo o nosso poder de pensar,
agir, sentir e compreender de forma correta.
O oposto
também é válido. Cabe desenvolver o poder latente do pensamento correto e da
compreensão correta, para alcançar o conhecimento eterno que nos leva à prática
da fraternidade universal.
Os três
objetivos estão estreitamente interligados.
Ajudar a
humanidade é a melhor forma de ajudar a si mesmo, ao longo do caminho
espiritual. A tarefa que se tem pela frente não é tanto cuidar dos obstáculos
externos enfrentados pela humanidade, embora seja preciso manter um olhar
vigilante sobre eles. A tarefa é sobretudo criar, reconstruir, preservar e
expandir um núcleo global de pessoas que tenham essa visão mais ampla da vida.
A Prova De Que Sabemos Alguma Coisa
A ética pode ser definida como a intenção e
a arte de plantar bom carma. Não há filosofia sem ética, porque o “amor à
sabedoria” vai além das meras palavras. O real movimento teosófico não é nem um
centímetro maior ou mais forte do que a sua ética. Ele depende de uma consciência
impessoal e imparcial do que é justo.
O propósito
ético de agir corretamente em relação a todos os seres é a única prova de que
um estudante sabe de fato algo sobre teosofia em seu coração.
É inútil memorizar
a literatura teosófica, na ausência de boa vontade. O indivíduo pode ser capaz
de recitar de cor com total exatidão obras como “A Voz do Silêncio”, “Luz no
Caminho” e “A Chave da Teosofia”, e tudo o que ele merecerá - se não tiver
Ética - será uma medalha de ouro por suas habilidades como papagaio.
A mesma
ilusão que engana os papagaios teosóficos torna-os especialmente orgulhosos de seus
talentos. Ninguém está acima de tal perigo. Cada indivíduo deve praticar sempre
a auto-observação, para que não se transforme em um papagaio sem sequer perceber
o fato.
O grau de vida interna que é possível encontrar hoje nas associações
teosóficas depende da existência de uma Ética impessoal. Para a Loja Independente de
Teosofistas, a relativa falta de vitalidade que se percebe em círculos
esotéricos é resultado de limitações em Ética e Altruísmo. Há também uma
vitalidade maiávica, cuja intensidade dura pouco tempo, porque produz sua
própria destruição.
O movimento
teosófico precisa de um tipo mais profundo de vida, que resulta de uma clara
compreensão dos ensinamentos originais. Esta vitalidade “oculta” expressa um
propósito de longo prazo e se expande hoje de forma lenta e silenciosa, à
medida que mais pessoas despertam da velha atmosfera pseudoesotérica.
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O texto acima foi publicado
inicialmente em inglês em nossos
websites associados sob o título de “The
Use of One’s Energies”. A tradução
ao português é de Joana Maria Pinho.
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