O Conhecimento Superior Só
Pode Ser Comunicado Gradualmente
Um Mestre de Sabedoria

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Nota
Editorial:
O texto a seguir é reproduzido de “Cartas
dos
Mahatmas”,
Ed. Teosófica, Brasília,
2001. O trecho vai da metade inferior da
p. 134,
no
volume I, até a metade superior da p. 136.
Trata-se de uma reprodução parcial de um
único
parágrafo. Para facilitar uma leitura
contemplativa,
o texto é aqui dividido em parágrafos menores.
(Carlos Cardoso Aveline)
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Na
Ciência Oculta os segredos não podem
ser transmitidos subitamente, mediante uma comunicação escrita, nem mesmo oral.
Se fosse assim, tudo o que os “Irmãos” teriam que fazer seria publicar um
Manual de Instruções que poderia ser ensinado nas escolas, ao lado da
gramática.
É
um erro comum das pessoas acreditarem que nós nos envolvemos, e envolvemos os
nossos poderes, em mistério por vontade nossa; que desejamos manter nosso
conhecimento para nós mesmos, e que por nossa própria vontade nos recusamos a
transmiti-lo - “deliberadamente e de modo irresponsável”.
A
verdade é que, até que o neófito atinja a condição necessária para aquele grau
de Iluminação para o qual ele está qualificado e apto, a maior parte dos
segredos, se não todos eles, é incomunicável.
A receptividade deve ser tão grande quanto o desejo de instruir. A iluminação deve vir de dentro. Até lá, nenhum
truque de encantamento ou jogo de aparências, nem palestras ou discussões
metafísicas, e tampouco penitências autoimpostas, podem dar essa iluminação.
Todos estes são apenas meios para um fim, e a única coisa que podemos fazer é
dirigir o uso destes meios, que, como foi comprovado pela experiência das
idades, levam ao objetivo buscado.
E
há milhares de anos que isto não é
segredo. Jejum, meditação, castidade em pensamento, palavra e ação;
silêncio durante certos períodos de tempo para permitir que a própria natureza
fale a quem se aproxime dela em busca de informação; domínio das paixões e
impulsos animais; completa ausência de egoísmo nas intenções, e o uso de certo
incenso e certas fumigações com objetivos fisiológicos, têm sido apontados como
instrumentos desde a época de Platão e Jâmblico, no Ocidente, e desde os tempos
ainda mais remotos de nossos Rishis hindus.
A maneira como tudo isso deve ser posto em prática de modo que seja adequado
para cada temperamento, é, naturalmente, tema de experimentação da própria
pessoa e da cuidadosa observação de seu tutor ou guru. Isso é de fato uma parte
do seu aprendizado, e seu guru ou iniciador só pode ajudá-lo com a sua
experiência e força de vontade, mas não pode fazer nada mais que isso, até a última e suprema iniciação.
Penso
também que poucos candidatos imaginam o grau não só de desconforto, mas de
sofrimento e sacrifício, a que o mencionado iniciador se submete pelo bem do
seu discípulo. As condições específicas, físicas, morais e intelectuais, de
neófitos e Adeptos são muito diferentes, como qualquer pessoa pode compreender
facilmente. Assim, em cada caso, o instrutor tem que adaptar as suas condições
às do discípulo, e a tensão é terrível, pois para conseguir êxito temos que nos
colocar em plena sintonia com o
indivíduo em treinamento.
E
quanto maiores os poderes do Adepto, menos ele está em simpatia com a natureza
do profano, que, com frequência, vem até ele saturado com as emanações do mundo
exterior, aquelas emanações animais da multidão egoísta e brutal que tanto
tememos; quanto mais afastado o instrutor se encontra desse mundo e quanto mais
puro se tenha tornado, tanto mais difícil é a tarefa a que se impõe.
Além
disso, o conhecimento só pode ser comunicado gradualmente; e alguns dos
segredos mais elevados, se fossem expressados, mesmo a seus ouvidos bem preparados,
poderiam soar a você como um palavrório insano, apesar de toda a sinceridade de
sua atual convicção de que “a confiança absoluta desafia a incompreensão”. Esta
é a causa verdadeira da nossa reserva. É por isso que as pessoas se queixam tão
frequentemente, com uma demonstração plausível de razão, de que nenhum
conhecimento novo lhes é comunicado, apesar de terem estado se esforçando por
ele, dois, três ou mais anos.
Aqueles
que realmente desejam aprender devem abandonar
tudo e vir até nós, em vez de pedir ou esperar que nós avancemos até eles.
Mas como isso pode ser feito em seu mundo e sua atmosfera? “Despertei triste na
manhã do dia 18.” De fato? Bem, bem, paciência, meu bom irmão, paciência. Algo
ocorreu, ainda que você não tenha preservado a consciência do acontecimento,
mas deixemos isto de lado. O que mais posso fazer? Como posso expressar ideias
para as quais até agora você não conhece palavras?
As
mentes mais refinadas e sensíveis, como a sua, recebem mais que as outras, e
mesmo quando estas últimas recebem uma pequena dose extra, esta se perde pela
falta de palavras e imagens que fixem as ideias flutuantes. Talvez, e
indubitavelmente, você não saiba a que me refiro agora, mas saberá um dia - paciência.
Dar a um homem mais conhecimento do que ele está capacitado para receber é uma
experiência perigosa, e, além disso, há outras considerações que me limitam. [1]
A
comunicação súbita de fatos que transcendem tanto o comum é em muitos casos
fatal, não só para o neófito, mas também para os que o rodeiam. É como entregar
uma máquina infernal ou um revólver carregado e engatilhado nas mãos de um
homem que nunca viu uma coisa destas. Nosso caso é exatamente análogo. Nós
sentimos que o tempo se aproxima e que somos obrigados a escolher entre o triunfo
da verdade ou o Reino do Erro - e do Terror.
NOTA:
[1]
Pouco mais adiante o Mestre afirma - “Resumindo: o mau uso do conhecimento pelo
discípulo sempre reage sobre o iniciador, e nem creio que você saiba que, ao
compartir os seus segredos com alguém, o Adepto, devido a uma Lei imutável,
retarda o seu progresso para o Repouso Eterno.” (“Cartas dos Mahatmas”,
volume I, p. 136.) E na p. 137: “Se pelo
menos tudo isso fosse mais conhecido pelos candidatos à iniciação, tenho
certeza de que eles se sentiriam mais agradecidos e pacientes e menos
inclinados a irritarem-se com o que veem como reticências e vacilações da nossa
parte.” (CCA)
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O
texto acima foi publicado em nossos websites associados dia 21 de novembro de
2018.
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