Porém
Estudar Blavatsky Não Se
Limita a Repetir o Que Ela Escreveu
Limita a Repetir o Que Ela Escreveu
Carlos
Cardoso Aveline
Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) e a Cruz dos
Templários
“… Antes de sair pregando com um coração e uma vida
prática que contradizem seu discurso - bendiga o raio que
Um Mestre de Sabedoria
Alguns
séculos depois de esmagar a Ordem dos Templários através da prisão, da tortura
e do assassinato, o Vaticano e os
jesuítas inventaram a sua própria versão, dócil, falsificada e obediente, da organização
templária.
O
fato, não muito conhecido, é demonstrado
por Helena Blavatsky em um texto fundamental, disponível nos websites
associados. [1]
A
história humana avança fazendo linhas espirais, e algo de certo modo semelhante
- embora sem violência - está sendo feito pela Sociedade Teosófica de Adyar em
relação à própria Helena Blavatsky.
Assim
como os Templários, Blavatsky lutava contra as visões burocráticas da
religiosidade.
Os
mestres de sabedoria convidam o teosofista a ser um guerreiro não-violento da
verdade, seguindo nesse aspecto os passos de Jesus, que denunciou os sepulcros
caiados e contrariou as burocracias religiosas do seu tempo, segundo ensina a
lenda dos Evangelhos.
Em relação a Blavatsky, porém, a estratégia do poder ritualista dominante, de “reprimir e falsificar”, foi desenvolvida com mais rapidez do que a política do Vaticano contra os templários.
Foi
implementada sem esperar tantos séculos e com a grande vantagem de não cometer
assassinatos nem usar força física. Os tempos mudaram, as circunstâncias são
diferentes, e hoje vivemos a era dos eletrônicos. Apenas o padrão abstrato é o mesmo.
O fato comum nas duas situações é a ideia de destruir a essência e depois criar uma falsificação domesticada. Nas circunstâncias externas, por outro lado, são grandes as diferenças entre o modo como os Templários autênticos foram tratados no catolicismo e a maneira como HPB é tratada no movimento teosófico burocrático.
Depois
da morte de H. P. Blavatsky, em 1891, a Sociedade de Adyar abandonou os
ensinamentos originais dos mestres. Desde 1930 em diante, a Sociedade passou
paulatinamente a admitir e promover a literatura de Helena Blavatsky e as
Cartas dos Mestres, mantendo-as, porém, como adorno e como fonte de prestígio.
A estrutura da Sociedade continua dominada por organizações
pseudomaçônicas e outros ritualismos baseados na falsa clarividência de Annie
Besant e em mestres imaginários fabricados no início do século vinte - entre
eles “St. Germain”.
Toda
a ossatura organizativa segue a mesma,
criada no período em que Jiddu Krishnamurti era apresentado ao mundo como o
novo Messias.
Na
primeira década do século 21 o então vice-presidente internacional de Adyar,
John Algeo, tentou destruir Blavatsky moralmente publicando cartas falsas
contra ela, montagens sem fonte e malfeitas. A manobra foi derrotada. [2]
Adyar
desistiu de atacar HPB e - sem fazer
qualquer autocrítica ou esforço para aprender a lição - vive hoje uma nova onda
de “blavatskianismo” domesticado.
Blavatsky
está na moda.
HPB
inspira seminários internacionais, é motivo para criação de grupos numerosos no
Facebook, livros seus ganham novas traduções, e velhos seguidores de Leadbeater
e Besant, sem uma palavra de autocrítica pelas fantasias proclamadas durante um
século, agora dão palestras sobre Cartas dos Mestres, Cartas dos Mahatmas e a
teosofia de Blavatsky.
Posam
de autênticos.
Este
seria um verdadeiro renascimento espiritual na Sociedade de Adyar, se houvesse
mais sinceridade. Seria ótimo.
Porém
os rituais ilegítimos continuam operando. Nada foi feito para abandonar as
fraudes do período Besantiano. Aliás, falar das falsificações pseudoteosóficas
continua sendo sutilmente proibido na Sociedade.
Os
aspectos probatórios da caminhada espiritual são negados.
As
atividades “renovadoras” limitam-se a
recitar Blavatsky, tal como antes se recitava Jiddu Krishnamurti em nome da
renovação.
A
encenação de liberdade de pensamento - um pensamento desvinculado dos fatos -
faz parte da proposta organizativa de Annie Besant, surgida nas primeiras
décadas do século vinte em torno da desastrada operação da suposta volta de Cristo.
A
nova moda de ler Blavatsky - como mera curiosidade intelectual e sem relação
com a vida concreta do movimento teosófico - é por enquanto apenas mais um desafio ao discernimento do
estudante.
O
pensamento desvinculado da ação não é pensamento, mas discurso vazio.
Para
levar Blavatsky a sério, é preciso desvencilhar-se da estrutura de poder
baseada na burocracia ritualista de Adyar.
Do
mesmo modo, só se pode compreender a tradição templária quando se deixa de lado
as fraudes do Vaticano e dos jesuítas, e se estuda a tradição esotérica
autêntica.
O
lema do movimento teosófico é “Não há religião (nem cerimônia ritualística, nem
estrutura de poder ou ambição pessoal) mais elevada que a Verdade”.
E
cabe lembrar estas palavras de um Mestre de Sabedoria:
“…
Antes de sair pregando com um coração e uma vida prática que contradizem seu
discurso - bendiga o raio que cause a sua
morte, pois cada palavra irá acusá-lo no futuro.” [3]
Estudar
Blavatsky não se limita a repetir o que
ela escreveu. Inclui seguir na prática os passos dados por ela, aprender com os
erros e avançar em sinceridade, respeitando os fatos.
NOTAS:
[1] “O Mistério dos Templários”.
[2] Veja “Projeto de Defesa de HPB - 2016”.
[3] Da Carta
24 da primeira série de “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, compiladas
por C. Jinarajadasa e publicadas pela Editora Teosófica, Brasília, 1996, 295 páginas.
Ver pp. 71-72. Esta Carta extraordinária está publicada como artigo nos
websites associados sob o título de “A Regra da Sinceridade”.
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O artigo
acima foi publicado nos websites associados dia 28 de outubro de 2020.
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Leia
também “Os Estudantes de Blavatsky na Sociedade de Adyar”.
Examine
os textos “A Fraude da Escola Esotérica” e
“A Teosofia e o Bardo Thodol”.
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Em relação
ao caminho da sabedoria, cabe lembrar destas palavras de Helena P. Blavatsky
(foto): “Antes de desejar, faça por
merecer”.
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