Ama de
Coração a Paciência e Pobreza,
Para Que o Teu Ânimo se Una e Recolha
Para Que o Teu Ânimo se Una e Recolha
Manuel
Bernardes
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Nota
Editorial de 2021
O padre oratoriano Manuel Bernardes nasceu
em 20
de agosto de 1644 e morreu em 17 de agosto de 1710.
O texto a seguir foi reproduzido da sua
obra “Luz e
Calor”, publicada por Lello & Irmão Editores, Portugal,
edição de 1991 em dois volumes, ver vol. I, pp. 319-320.
Acrescento algumas notas explicativas,
numeradas.
(Carlos Cardoso Aveline)
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de agosto de 1644 e morreu em 17 de agosto de 1710.
Calor”, publicada por Lello & Irmão Editores, Portugal,
edição de 1991 em dois volumes, ver vol. I, pp. 319-320.
O dom de lágrimas está posto como um marco ou baliza no
caminho da Oração, entre as coisas corporais e as espirituais; e entre a
viciosidade e a pureza. Enquanto o homem não recebe este dom, ainda fica no
homem exterior a propriedade da sua obra [1];
nem sentiu ainda a eficácia das coisas ocultas do homem interno e espiritual.
Mas quando alguém começa a alongar-se, a deixar atrás as
coisas deste século, e passou o termo que define, ou é raia da natureza [2], então chega a tocar nesta graça
das lágrimas, pela qual é levado ao perfeito amor de Deus.[3] E quanto mais vai caminhando, mais se vai enriquecendo neste
dom, até chegar a bebê-las misturadas no que bebe e come: Potum meum cum fletu miscebam! (Psalmus CI - Sixto-Clementine). E
este é o sinal certo, de que o espírito deixou este mundo, e entrou no mundo
espiritual, que tem dentro de si mesmo.
Há umas lágrimas que dissecam e queimam; e há outras, que
regam e fertilizam. As que procedem do coração por causa dos pecados, dissecam
e queimam o corpo, e ofendem [4] o
cérebro. Mas por estas se passa a outra melhor ordem de lágrimas, que sem
violência emanam do entendimento e trazem gosto, alegria e fertilidade de
virtudes. Com as primeiras se lava a alma, como em banho quente. Com as
segundas se adorna, como com pérolas netas.[5]
O velar alta noite em santos exercícios, estima-o como
coisa muito preciosa: para que aches a divina consolação propínqua [6] à tua alma. Persevera em lição santa,
solitário contigo; para que teu espírito tenha condutor que o leve às
maravilhas e grandezas de Deus.[7]
Ama de coração a paciência e pobreza; para que o teu ânimo se ajunte, una e
recolha, de onde andava vago e espalhado. Aborrece a nímia e prazenteira
afabilidade; para que conserves sem turbação e confusão teus pensamentos.
Retira-te de muitos e trata da tua alma; para que não se estrague sua interior
tranquilidade.
NOTAS DE 2021:
[1] Isto é, ainda ele se sente proprietário de alguma coisa.
[2] O território do eu inferior e do mundo físico.
[3] “Perfeito amor de Deus”: uma perfeita afinidade com o mundo divino.
[4] Prejudicam.
[5] Pérolas límpidas.
[6] Propínqua: próxima, que tem afinidade.
[7] “Deus” é uma palavra excessivamente vaga. Em teosofia, conforme o contexto,
pode significar a Lei Universal, a coletividade das inteligências divinas e
celestes, ou mesmo em certas circunstâncias o eu superior, o “Senhor”,
Atma.
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O artigo “A Ciência das Lágrimas” foi publicado nos
websites associados dia 25 de junho de 2021. A Congregação do Oratório, a que
pertenceu Manuel Bernardes, ensina uma teologia mística. Fundado em 1575, o
Oratório acentua a necessidade do esforço individual e ético na busca da
sabedoria, possuindo numerosos pontos em comum com a filosofia ocidental
clássica e a teosofia moderna. Em Portugal e outros países, a pedagogia da
autorresponsabilidade estimulada pelos oratorianos faz um contraponto saudável
ao centralismo autoritário que caracteriza os jesuítas.(CCA)
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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