3 de junho de 2021

Santo Antônio e a Teosofia do Sol

 O Santo de Lisboa e Pádua Ensina Ideias
e Princípios Básicos da Filosofia Esotérica

Carlos Cardoso Aveline

A visão parcial da foto de Roberto Gil mostra a antiga
escultura de Santo Antônio, patrono da cidade de Lisboa, que está
na Igreja de Santo Antônio. A escultura foi poupada pelo terremoto
de 1755. A imagem contém um Sol acima da cabeça do Santo.
 
 
 
A alma e o espírito nunca se separam da natureza. Apenas o ser humano desinformado faz isso, e assim provoca sofrimento.
 
A sabedoria antiga anda perto da natureza e vê o sagrado nos fenômenos do meio ambiente. A filosofia esotérica sabe que a natureza tem sete níveis de existência e consciência.
 
Antes de ela ser física, ela é espiritual; durante sua existência física ela é espiritual, e depois de ser física, ela volta a ser apenas espiritual por algum tempo. A filosofia esotérica autêntica é uma filosofia da natureza, ao mesmo tempo que é uma filosofia do espírito.
 
Este fato fica claro também no cristianismo do frei Antônio de Lisboa e Pádua. Em sermão do início do século XIII, Santo Antônio cita a Epístola de Tiago, 1,17:
 
“Toda dádiva excelente e todo dom perfeito vem do alto, desce do Pai das luzes, como o raio desce do Sol.”
 
Em seguida Antônio identifica a luz do Sol com Jesus:
 
“Assim como o raio do Sol, descendo do Sol, ilumina o mundo e, todavia, não se afasta nunca do Sol, também o Filho de Deus, descendo do Pai, iluminou o mundo e, contudo, não se afastou nunca do Pai, porque faz um todo com o Pai; ele mesmo o disse em S. João: eu e o Pai somos um só.” [1]
 
A teosofia ou sabedoria divina não foi criada por Helena Blavatsky mas existe desde antes do surgimento da humanidade atual. Olhando para estas passagens desde o ponto de vista da filosofia esotérica, vemos uma alusão aos sete níveis de consciência do ser humano. O Sol ou Pai do Céu corresponde a Atma, o sétimo princípio, uma fagulha do Absoluto. O Sol envia ao mundo o seu Filho, isto é, um raio de luz, Jesus, o sexto princípio, chamado em sânscrito de Buddhi, o princípio da compaixão universal.
 
O “mundo” que é iluminado por Jesus ou Buddhi, a Luz divina, significa os cinco princípios inferiores da consciência. O quinto é a mente pensante, “Manas”. O quarto princípio é a emoção, “Kama” em sânscrito. O terceiro, “Linga Sharira”, garante as estruturas sutis astrais do corpo (pelas quais flui a vitalidade). O segundo princípio é “Prana”, a vitalidade. Finalmente o primeiro princípio é o corpo físico propriamente dito, Sthula Sharira.
 
E é preciso lembrar que a luz da estrela está presente em cada átomo do corpo físico do ser humano. A luz astral, cujo nível espiritual e superior os cristãos chamam de Jesus, permeia todas as coisas.
 
Temos então em primeiro lugar a estrela, ou Sol; em seguida a luz da estrela, e finalmente o mundo. Ou seja, o Pai do Céu, o Filho, e o mundo, ou humanidade. E cada ser humano possui em si mesmo o Pai, Atma, o Filho, Buddhi, e os outros cinco níveis de consciência.
 
Mas Jesus e o Pai são um só. Atma e Buddhi são inseparáveis. Não há Sol sem Luz, nem Sabedoria sem Compaixão, nem Pai sem Filho. E esta unidade fundamental é a Mônada.
 
Antônio destaca algumas linhas mais adiante que todos somos filhos da Luz e nascemos através da Verdade.
 
A luz permite ver a Verdade.
 
O Sol é o Logos, ou seja, o conjunto harmônico das leis que comandam o universo. O Sol é a Verdade e o conhecimento absolutos. Através da Verdade alcançamos a iluminação. É por isso que nas imagens e esculturas de muitos santos e sábios - inclusive de Santo Antônio - é comum ver um pequeno Sol junto às suas cabeças.
 
NOTA:
 
[1] Da p. 417 do volume I de “Obras Completas”, Santo António de Lisboa, Lello & Irmão, Editores, Porto, Portugal, 1987, edição bilingue (latim e português) em dois volumes. Sobre sermos todos filhos da luz, veja a p. 418.
 
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O artigo acima foi publicado nos websites associados dia 03 de junho de 2021.
 
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Leia mais:
 
* “Deixando de Lado a Soberba”.
 
* “Sol, o Deus Que Ilumina a Terra”.
 
* “Os Sete Princípios da Consciência”.
 
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 
 
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