O casamento é
uma prova social da maturidade física, mental, emocional, espiritual e cívica
do indivíduo. Implica a momentosa transformação de um rapaz num marido-pai e de
uma moça numa esposa-mãe, com as mudanças correspondentes em sua posição,
privilégios e responsabilidades sociais. Para uma
grande maioria dos homens e mulheres, o casamento é a unificação mais vital,
mais íntima, mais completa, do corpo, da mente e do espírito em um nós socialmente aprovado e indivisível.
Num bom casamento fundem-se os egos individuais das partes. As alegrias e
pesares de um tornam-se as alegrias e pesares do outro. Todos os seus valores,
aspirações e vicissitudes da vida passam a ser inteiramente compartilhados. Sua
mútua lealdade é empenhada incondicionalmente, até que a morte os separe. O
laço do casamento é verdadeiramente sagrado e indissolúvel. Uma união
assim tão completa constitui o mais poderoso antídoto contra a solidão.
Desenvolve e expressa amor em sua forma mais nobre e melhor, no enobrecimento moral
do casal e na verdadeira socialização dos filhos. Desde o
passado mais remoto, os pais casados têm sido os mestres mais eficazes de seus
filhos e a família tem sido a escola mais importante na transformação dos
recém-nascidos dos animais humanos em personalidades inteligentes e socialmente
responsáveis. Esse decisivo papel educacional é perfeitamente sintetizado no
ditado que afirma: “Tal como é
a família, assim será a sociedade”. Além disso,
o cultivo do amor mútuo e da mútua tarefa de educar os filhos estimula as
pessoas casadas a externarem e desenvolverem os seus melhores impulsos
criativos. Pois não há dúvida de que a missão de moldar as próprias
personalidades e as de seus filhos é tão nobilitante como a criação de uma
obra-prima nas artes ou nas ciências. E, independentemente da educação, da
posição social, da religião ou das condições econômicas, cada par casado tira
de um bom casamento a mais completa satisfação desse anseio criador que existe
em todos nós. Neste
sentido, o casamento é a escola mais universal e mais democrática de
desenvolvimento do potencial criador de cada ser humano. Esse anseio criador é
provavelmente a marca mais distintiva da espécie humana e sua satisfação é uma
necessidade absoluta para a felicidade humana. Desfrutando
a união conjugal em sua infinita opulência, os pais realizam espontaneamente
muitas outras tarefas vitais. Mantêm a procriação da raça humana. Por meio de
sua progênie determinam a hereditariedade e as características adquiridas das
gerações futuras. Por meio do casamento atingem uma imortalidade social sua, de
seus antepassados, de seus próprios grupos e de sua coletividade. Essa
imortalidade é garantida pela transmissão de seu nome e valores e de suas
tradições e modos de vida a seus filhos, netos e gerações posteriores. O
cumprimento dessas tarefas explica por que o casamento tem sido considerado por
todas as sociedades o ponto culminante da existência humana e o fator mais
decisivo da sobrevivência e bem-estar das próprias sociedades. 000 O artigo
“O Poder Espiritual do Casamento”
foi publicado nos websites associados dia 02 de setembro de 2021. Trata-se de
um trecho do livro “A
Revolução Sexual Americana”, de Pitirim A. Sorokin, Ed. Fundo de Cultura, Rio
de Janeiro, 1961, ver pp. 12-14. A tradução foi comparada com a edição
original em inglês (“The American Sex Revolution”, Porter Sargent Publisher,
Boston, 1956). Uma versão mais curta do texto faz parte da edição de
novembro de 2019 de “O Teosofista”, pp. 1-2. 000 Helena
Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes
de desejar, faça por merecer”. 000