Uma Fraternidade Planetária Significa
Cooperação Entre Civilizações Diferentes
estado do BRICS, a proposta global de paz e cooperação que está surgindo.
A humanidade não cria problemas que ela não possa
resolver. Cada forma de ignorância desaparece no seu devido tempo, mas a busca
da sabedoria permanece.
Nós criamos o nazismo, e nós o derrotamos. Nossos países criaram o pesadelo
nuclear - cuja origem, aliás, é nazista - e nós deixaremos para trás este
pesadelo, também.
A existência e contínua produção de novas bombas atômicas, em arsenais
capazes de destruir a vida na Terra, afeta profundamente a nossa perspectiva
subconsciente de futuro. Quem pode aproveitar completamente a vida, e construir
uma família e educar seus filhos em paz, na presença de armas capazes de
eliminar a vida humana em poucas horas, a contar de qualquer momento?
Julius Nyerere, o lendário líder africano, escreveu durante os anos 1980:
“No mundo moderno, a paz é indivisível. A tecnologia estabeleceu isso. Uma
guerra em que seja usada apenas uma fração das armas nucleares causaria um
inverno nuclear e tornaria a vida impossível na Terra inteira. Toda forma de
vida cessaria na Tanzânia, na Suécia, na Argentina, no México e na Grécia -
países que não têm armas nucleares - assim como aconteceria nos países que
possuem armas nucleares.” [1]
As recentes pesquisas e a produção de bombas atômicas “táticas” parecem ser
uma tentativa de tornar o suicídio atômico possível, dando a ele um início
modesto e gradual. Mas os fatos básicos permanecem. Não é possível viver em paz
na presença de arsenais nucleares.
O professor Michel Temer, ex-presidente do Brasil, estava representando o
seu país quando afirmou em 2014, durante uma reunião de cúpula sobre segurança
nuclear:
“Um mundo que aceita armas nucleares será sempre um mundo inseguro. É
imperioso eliminar tais armas, que, em razão das catastróficas consequências
humanitárias de seu uso, permanecem uma ameaça permanente à humanidade.” [2]
Como, então, podemos ficar livres de uma vez por todas do pesadelo suicida
das bombas atômicas?
Fizemos o melhor possível depois que foi obtido um aparente final da Guerra
Fria no começo dos anos 1990. Tentamos um sistema unipolar. Teríamos uma única
superpotência sem rivais. Este país extraordinário iria gentilmente liderar e governar
o mundo para nós. Ele ajudaria as Nações Unidas a preservar o equilíbrio e o
respeito mútuo entre as nações. Um tal país, naturalmente, não poderia se
comportar de modo agressivo, atropelando os direitos dos outros países,
fomentando guerras, transferindo para outros os seus fracassos econômicos, ou
conspirando para derrubar governos de estados soberanos. Este país não poderia se
comportar como um tipo brutal e corrupto de “polícia do mundo”. Não. De modo
algum. Seria uma nação leal e respeitosa.
Mas fracassamos.
Durante a década de 2020, fica claro para um número crescente de cidadãos
de todos os povos que precisamos de um mundo multipolar, e não de uma só nação
que possua o monopólio da liderança global.
Viver sob a ditadura de um só país não é uma grande ideia, afinal.
Necessitamos de um sistema planetário construído sobre o princípio do equilíbrio
de poderes. E isso só pode ser conseguido através de um processo de liderança
multipolar e multidimensional, baseado em um sistema de contrapesos e
compensações, aberto à mudança, capaz de promover a diversidade cultural e
religiosa entre as nações, ao invés de boicotar a diversidade.
Como pode ser realizada esta ideia por meios pacíficos?
O BRICS é a proposta global de paz e cooperação que está surgindo. Trata-se
de um processo prático, começado lentamente vários anos atrás, e não de uma
ideia teórica. É uma ponte material e concreta para o futuro, e não exclui povo
algum.
Em abril de 2023, uma nova ideia
ficou visível para todos ao redor do mundo. Na capital brasileira, o “Correio
Braziliense” noticiou:
“Em viagem oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
criticou a predominância do dólar nas operações comerciais, e defendeu uma
espécie de moeda única para transações entre os países que compõem o bloco do BRICS.
‘Por que não podemos fazer nosso comércio
lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem é que
decidiu que era o dólar a moeda, depois que desapareceu o ouro como paridade?’,
questionou Lula.” [3]
O BRICS é uma coalizão de nações entre as quais não faltam contrastes. Este
espaço celebra tanto a diversidade como a ajuda mútua.
O termo BRICS é a sigla de “Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul”.
Os cinco países ocupam somados uma área de aproximadamente 40 milhões de quilômetros
quadrados, ou cerca de 26% da superfície terrestre do globo, e reúnem mais de
40% da população mundial. Mas vários países influentes na América Latina (entre
eles a Argentina) e em outros continentes (como a Arábia Saudita e o Irã) estão
já cooperando de perto com o BRICS.
Não há espaço no BRICS para racismo ou antissemitismo.
Uma fraternidade planetária necessita respeito mútuo, boa vontade e
cooperação entre civilizações radicalmente diferentes.
A meta do movimento teosófico é formar um núcleo da fraternidade universal
da humanidade, sem distinção de raça, credo, opinião, sexo, religião, casta ou
cor. E a fraternidade começa no reino da boa vontade. Nada tem a ver com
uniformidade.
No plano espiritual assim como na vida da sociedade e na natureza, a
diversidade é saudável, mas a monocultura é suicida. Uma regra básica a ser
estabelecida e seguida entre as civilizações, começando na década de 2020, é “viver
e deixar viver, respeitar a vida, preservar os contrastes culturais.”
Outras ideias úteis:
* Desistir dos círculos viciosos e doentios da violência, e lembrar que
eles começam no pensamento.
* Abandonar o pesadelo das guerras contínuas e da preparação incessante
para a guerra.
* Aprender a viver em paz consigo mesmo, e com os outros.
* Preservar o ambiente natural por toda parte, porque o planeta é pequeno,
e os netos de todos merecem um globo seguro para viver.
NOTAS:
[1] “The Gaia Peace Atlas”, Survival into the Third Millennium, Foreword by
the UN Secretary General, General Editor Dr. Frank Barnaby, PAN Books, London,
Sidney and Auckland, copyright 1988, 272 páginas (de tamanho grande), ver
página 78.
[2] “Brasil é Contra a Proliferação Nuclear”.
Em inglês, “Brazil on Nuclear Proliferation”.
[3] Clique para ver a notícia no Correio Braziliense. E em Euronews.
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O artigo
“O Lado Espiritual do BRICS” está disponível nos websites da Loja Independente
de Teosofistas, LIT, desde 19 de abril de 2023. Trata-se de uma tradução, feita
pelo autor, do texto “The Spiritual Side of BRICS”,
que foi publicado três dias antes no blog teosófico em “The Times of Israel”.
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coloque em prática:
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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