Há Algo em Comum Entre o Religioso
Português e Um Raja Iogue dos Himalaias

A sabedoria mística universal vive ao longo de todos os séculos e está presente tanto na cordilheira dos Himalaias como em qualquer país ocidental. Mas será que ela pode ser popular? Estará ao alcance de todos?
A resposta é com frequência afirmativa.
Referindo-se à existência física dos seres humanos, um mestre espiritual e Raja Iogue escreveu no século 19, desde os Himalaias:
“…O que é o ‘eu’? Só um hóspede passageiro, cujas preocupações são todas como uma miragem no grande deserto.” [1]
E cerca de 200 anos antes, o padre Manuel Bernardes perguntava-se em Portugal:
“Que coisa é o homem neste mundo? Comediante no tablado, hóspede na estalagem, uma candeia exposta ao vento, padecente caminhando para o suplício. Que são as honras e dignidades? Essa real: por fora brasões e telas e luzes; por dentro ripas de pinho, e lixo.”
As palavras são do livro “Luz e Calor”, de Bernardes (1644-1710). Foram impressas em Lisboa na década de 1940 no Bilhete Postal reproduzido acima (veja a foto). Um dos seus milhares de exemplares foi colocado no correio em Lisboa no dia 15 de fevereiro de 1949 para o sr. J. Pais Júnior, e hoje pertence à biblioteca da Loja Independente de Teosofistas.
Um simples cartão postal pode ensinar a mais autêntica teosofia. Não há dúvida de que as grandes verdades universais são, potencialmente, populares em todos os lugares e a qualquer momento da História. Neste caso específico, se recuarmos no tempo mais alguns séculos, veremos o pioneiro Santo Antônio de Lisboa escrevendo, ainda no alvorecer do século 13:
“Que é a nossa vida? Um vapor que aparece por um instante e que em seguida se desvanece.” [2]
Mas devemos recuar ainda outros séculos no tempo. Porque ao escrever a frase, Santo Antônio indicou uma fonte mais antiga do ensinamento sobre o caráter passageiro de cada vida humana, quando é vista como um fato isolado. A fonte citada por Santo Antônio é S. Tiago.
A verdade é que não há nada de novo sob o céu.
As gerações passam, passam os milênios, e a mesma verdade eterna permanece zelando pacientemente pela evolução humana.
NOTAS:
[1] A frase faz parte das “Cartas dos Mahatmas” (Ed. Teosófica, Brasília, volume I), e está no primeiro parágrafo da Carta 47.
[2] “Obras Completas”, Santo António de Lisboa, Lello & Irmão Editores, Porto, 1987, vol. I, p. 372.
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O texto “Manuel Bernardes e o Mahatma” foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas em 12 de abril de 2025. Uma versão inicial do artigo, sem indicação do nome do autor, faz parte da edição de junho de 2021 de “O Teosofista”, páginas 1-2. Título original: “O Que Há de Comum Entre Um Padre Português e Um Mestre dos Himalaias”.
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Leia mais:
* Corpo e Alma, Cavalo e Cavaleiro (texto de Theodoro D’Almeida).
* Regra da Vida Honesta (tratado estoico clássico de Martinho Bracarense)
* João de Deus, Louco, Santo, e Sábio (Como a Ruptura da Rotina Psicológica Pode Abrir as Portas Para a Vida Mística).
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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