A Afinidade Entre o Cristianismo
Místico e a Filosofia de Helena Blavatsky

Municipal de Cascais, em Portugal; pintura de Eduardo Leite.
Escrevendo no final do século 19, a teosofista Helena Blavatsky abordou a luta que se trava na alma de quem pretende trilhar o caminho espiritual.
Ela afirmou que, na aprendizagem de teosofia, “o conflito é entre a vontade do chela [o aprendiz] e a sua natureza carnal”. [1]
E Santo Antônio de Lisboa e Pádua - que nasceu 700 anos antes de Helena Blavatsky escrever as palavras acima - explica este ensinamento básico:
“Os [seres] carnais amam como irmãos os cinco sentidos do corpo. Os justos, porém, têm-nos como servos.” [2]
Em outra passagem, Antônio amplia a ideia:
“Os príncipes [governantes] do povo [mundano] são os cinco sentidos corporais. Estes príncipes devem ser suspensos nas forcas da penitência [a prática da austeridade] por causa dos pecados cometidos. E isto à face do Sol. O Sol designa a claridade do mundo. E já que pecamos ao Sol da claridade mundana, insistamos à face dela com obras de penitência.” [3]
O controle dos cinco sentidos e a colocação deles a serviço do aprendizado da alma é um princípio essencial da filosofia esotérica, e também está presente nas principais religiões da humanidade. Constitui um desafio prático decisivo na vida diária do buscador da verdade.
A vitória sobre as ilusões dos cinco sentidos deve ser obtida com esforços estáveis, regulados pela autoridade do nosso próprio julgamento, que é a voz da nossa consciência. Antônio cita palavras de S. Agostinho:
“Sobe, ó homem, ao tribunal do teu espírito; [e] seja a razão quem te julgue; a consciência quem te acuse; a dor quem te crucifique; o temor, o teu carrasco; [e] as obras [as ações] tomem o lugar das testemunhas.” [4]
Antes de julgar precisamos ter acesso à verdade, e a figura de Jesus é um símbolo da nossa própria alma imortal. Nas páginas 435-436 do volume I das suas Obras, Antônio pede a Jesus que nos faça seguir o exemplo dos santos e dos sábios, e que nos transmita o espírito da verdade, o qual ilumina e ensina verdade toda.
NOTAS:
[1] Do artigo “Chelas e Chelas Leigos”.
[2] Santo Antônio, em “Obras Completas”, Lello & Irmão Editores, Porto, Portugal, 1987, edição em dois volumes, ver volume I, pp. 542-543.
[3] Santo Antônio, “Obras Completas”, Lello & Irmão Editores, 1987, volume I, p. 429.
[4] Santo Antônio, “Obras Completas”, Lello & Irmão Editores, 1987, volume I, p. 428.
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O texto acima foi publicado dia 15 de abril de 2025 nos websites da Loja Independente de Teosofistas. Uma versão inicial dele faz parte da edição de julho de 2021 de “O Teosofista”, pp. 1-2.
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Leitura recomendada:
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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