O Fundador da Igreja
Católica Liberal
Faz um Informe desde o
Planeta Vermelho

Capa do livro “The
Fire”, e uma imagem de Marte
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O texto a seguir é uma tradução do
capítulo treze do livro “The Fire and Light of
Theosophical Literature”, de Carlos Cardoso Aveline.
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Os maiores absurdos podem ser ditos em nome da teosofia e colocados em prática usando a filosofia esotérica como desculpa. Em relação à existência de vida física em Marte, por exemplo, H.P. Blavatsky escreveu em “A Doutrina Secreta”:
“Quando a presente obra foi começada, a redatora, tendo certeza de que a especulação sobre Marte e Mercúrio era um erro, pediu aos Instrutores, através de uma carta, uma explicação e uma versão oficiais. Ambas chegaram no tempo devido e são reproduzidas agora. ‘…….. É muito correto dizer que Marte está em um estado de obscurecimento atualmente, e que Mercúrio está apenas começando a sair do obscurecimento’.” [1]
As palavras são bastante claras. No entanto, graças às suas conversas com Mestres imaginários, Annie Besant e Charles W. Leadbeater pensavam que tinham conhecimentos muito melhores que os de Blavatsky a respeito.
Leadbeater, cuja clarividência de eu inferior é responsável pelas estruturas “esotéricas” da Sociedade de Adyar, fez afirmações extraordinárias sobre a vida no planeta Marte. Apresentadas nas primeiras edições do seu livro “A Vida Interna” [2], as descobertas marcianas de Leadbeater ajudam os leitores a compreenderem a verdadeira qualidade dos seus escritos.
A obra “A Vida Interna” foi publicada pela primeira vez em 1910. Naquele momento quase todos os teosofistas de Adyar acreditavam que as Expedições Marcianas de Leadbeater eram verdadeiras, tal como ele enfaticamente afirmava.
As suas palavras eram as palavras de um ser divinamente inspirado: poucos ousavam questionar o que ele dizia. Afinal de contas, além de viajar a diversos planetas, Leadbeater tinha frequentes conversas com o “Rei do Mundo” e outras grandes autoridades espirituais que ele mesmo havia inventado, com a ajuda política e clarividente da sra. Annie Besant. Ninguém podia pensar, portanto, que o conteúdo dos seus livros estivesse sob a inspiração direta de Pinóquio.
Foi somente nas décadas de 1960 e 1970 que os editores da Sociedade de Adyar pareceram perder a sua fé, digamos assim, nas suas revelações marcianas.
No entanto, eles não disseram nada ao público leitor sobre o assunto. Os editores tentaram manter o conjunto dos textos fraudulentos de Leadbeater circulando. Fizeram um esforço para esconder as suas viagens marcianas, porque esta parte da fraude era já insustentável. Eles silenciosamente removeram as revelações de C.W.L. sobre Marte e Mercúrio de quaisquer novas edições do seu livro “A Vida Interna”.
Profundamente cristão num sentido jesuítico da palavra, Charles Leadbeater foi o principal fundador da Igreja Católica Liberal. Durante as suas várias visitas pessoais a Marte, ele viu e observou o desenvolvimento da vida diária no planeta vermelho. Profundamente dedicado a temas espirituais, ele informa que alguns marcianos usam sandálias de metal nos pés, enquanto outros parecem cidadãos da Noruega.
Ele escreve em “A Vida Interna”:
“Toda a população civilizada de Marte é de uma raça, e não há praticamente diferença alguma entre as fisionomias ou no aspecto, exceto pelo fato de que, tal como entre nós, há pessoas loiras e pessoas morenas, e algumas pessoas têm pele de um amarelo pálido e cabelo preto, enquanto a maioria tem cabelo amarelo e olhos azuis ou violeta - parecendo-se de certo modo aos noruegueses. Eles se vestem em geral com cores brilhantes e tanto homens como mulheres usam uma roupa quase destituída de forma, feita de algum material muito suave e que cai diretamente dos ombros até os pés. Em geral os pés estão descalços, embora eles às vezes usem uma espécie de sandálias ou chinelos de metal, com uma tira em torno do calcanhar.”
Quase obcecado com fatos imaginários do plano físico, o Bispo Liberal escreve sobre as flores, os jardins e as cidades dos cidadãos marcianos:
“Eles gostam muito de flores, das quais há uma grande variedade, e as cidades são construídas com base no plano geral de uma cidade-jardim, com as casas tendo normalmente apenas um andar, mas construídas em torno de um pátio interno e ocupando uma grande quantidade de terreno. Estas casas parecem exteriormente como se fossem construídas de vidro colorido, e de fato o material usado é transparente, mas possui sulcos ou estrias feitas de tal modo que as pessoas de dentro podem ver sem quase dificuldade alguma os seus jardins, mas ninguém situado do lado de fora pode ver o que está acontecendo dentro da casa.”
Devido talvez à sua modéstia, o extraordinário vidente não diz a seus leitores se os seus próprios livros já estão sendo publicados pelas editoras de Marte. No entanto, é certo que ele tem um interesse na vida cultural dos habitantes do planeta vermelho, porque escreve:
“Eles têm duas maneiras de registrar os seus pensamentos. Uma é falar para o interior de uma pequena caixa com uma embocadura em um dos seus lados, algo como um telefone. Assim cada palavra falada é expressada pelo mecanismo como uma espécie de sinal complicado sobre uma pequena chapa de metal (…..) que pode ser facilmente lida por aqueles que estão familiarizados com o esquema. O outro método consiste na verdade em escrever à mão, mas esta é uma tarefa imensamente mais difícil, porque a escrita é uma forma muito complicada de estenografia que pode ser escrita tão rapidamente quanto se fala. É nesta última forma de escrita que todos os livros deles são impressos, e os livros estão normalmente na forma de rolos feitos de um metal flexível muito fino. A impressão do texto nos livros é feita com letras extremamente pequenas, e é costume lê-los com ajuda de uma lente de aumento, que é fixada de modo conveniente sobre um apoio. Nesta base há uma máquina que faz girar o rolo diante da lente de aumento na velocidade desejada, de modo que se lê o livro sem necessidade de tocá-lo de modo algum.”
Depois de dizer que há uma sociedade secreta em Marte, o sábio bispo é levado pela sua própria imaginação febril - ou pela tendência de seguir os passos de Pinóquio. Ele afirma: “Pelo menos alguns dos membros da sociedade secreta descobriram a maneira de atravessar sem grande dificuldade o espaço que nos separa de Marte, e tentaram portanto em várias ocasiões manifestar-se através de médiuns em sessões espíritas, ou conseguiram, através dos métodos que aprenderam, registrar as suas ideias em [cérebros de] poetas e romancistas.”
Neste ponto, Leadbeater confirma o caráter vivencial-em-primeira-mão da sua descrição pessoal da vida física em Marte.
“As informações que eu revelei acima estão baseadas em observação e investigação feitas durante várias visitas ao planeta; no entanto, quase todas elas podem ser encontradas nas obras de vários autores dos últimos trinta ou quarenta anos, e em todos estes casos elas foram transmitidas ou impressas [em cérebros terrestres] por alguém de Marte, embora o próprio fato desta impressão (pelo menos em alguns casos) seja completamente desconhecido do escritor físico.”
Um aspecto importante da missão do Bispo liberal a Marte estava relacionado necessariamente com atividades religiosas. Ele deve ter viajado até aquele planeta com um propósito definido. E ele escreveu:
“Uma das características mais notáveis destas pessoas é que elas não têm absolutamente qualquer religião. Não há igrejas, nem templos, nem lugares de adoração de qualquer tipo, não há sacerdotes nem poder eclesiástico.”
Isso dá lugar inevitavelmente a uma ou duas perguntas.
Será possível que, durante as suas várias visitas a Marte, Charles Leadbeater estivesse preparando secretamente uma missão religiosa naquele planeta, uma missão a ser desenvolvida por bem-treinados sacerdotes da Igreja Católica Liberal?
Neste caso, poderia haver agora mesmo e neste exato momento um grupo de sacerdotes da I.C.L. celebrando entusiasticamente uma missa, e pregando o evangelho entre os bons cidadãos marcianos?
Não há confirmação disso, mas é certo que o grau de exatidão e a quantidade de bobagens que se pode encontrar nas descrições de Leadbeater sobre vida em Marte é aproximadamente a mesma que existe nos seus relatos de conversas que teria tido com Mestres de Sabedoria. E há mais um fato que chama atenção: é inteiramente sobre a base destas asneiras supostamente clarividentes que Leadbeater e a sra. Annie Besant criaram os vários esquemas ritualísticos - inclusive o chamado “Rito Egípcio” (R.E.) - que existem até hoje, e que controlam - debaixo das aparências - a Sociedade Teosófica de Adyar.
Quem irá pronunciar com firmeza suficiente o mantra da verdade e assim desmontar - a partir de um sentimento de compaixão - estas armadilhas construídas para derrotar almas honestas e bem-intencionadas?
A pergunta precisa permanecer em aberto.
Apesar dos esforços homeopáticos feitos por alguns para distanciar a Sociedade do pesadelo dos ritualismos nocivos, os mesmos antigos esquemas de adoração de retratos e adoração de aparências mantêm muitos líderes da Sociedade de Adyar a quilômetros de distância do verdadeiro ensinamento da ética universal e da sabedoria do Oriente.
A sra. Radha Burnier (1923-2013) fez o que considerou possível fazer. Desde 1978, ela simplificou a estrutura “marciana” de “promoções” e “graus” no falsificado Rito Egípcio, que está secretamente situado acima da Escola Esotérica besantiana. Ao mesmo tempo, Radha divulgou amplamente os ensinamentos de Jiddu Krishnamurti, que fez, durante sua vida inteira, severas críticas a todo tipo de ritualismo.
Atuando como um pensador do movimento da nova era, Krishnamurti não conheceu e não ensinou a verdadeira teosofia, como podemos ver no capítulo 16 de “The Fire and Light”. [3] Mas pelo menos ele denunciava vigorosamente igrejas, organizações burocráticas e crença cega. Ao adotar Krishnamurti como sua principal referência, a sra. Radha deu pelo menos um passo adiante. Outras medidas poderiam ser tomadas pela Sociedade de Adyar no sentido de libertar-se dos destroços disfuncionais da atmosfera “clarividente” do período entre 1900 e 1934.
Cabe mencionar um pequeno exemplo. Dos sete retratos de Mestres usados nas reuniões da Escola Esotérica de Adyar, cinco são retratos falsos fabricados pelo “clarividente” marciano ou sob suas instruções. Esta não é a melhor maneira de mostrar respeito pelos dois verdadeiros Mestres e fundadores do movimento teosófico. Sobre a origem dos falsos retratos, os estudantes podem consultar o texto de C. Jinarajadasa sobre eles, que pelo menos até o ano de 2003 circulava entre os membros do terceiro grau do nível de membros Juramentados da Escola Esotérica de Adyar.
A vida é cíclica: depois do inverno, surge a primavera. Nenhuma falsidade é eterna. Alguns passos corajosos para o restabelecimento do respeito pela verdade podem abrir suavemente o caminho para um segundo estágio, mais forte, do renascimento da teosofia clássica que já está acontecendo dentro da Sociedade Teosófica de Adyar. Vale também a pena examinar os escritos de Charles Leadbeater sobre a Política e a Sociologia em Marte, mas esta investigação é feita em outro texto.
NOTAS:
[1] Veja “A Doutrina Secreta”, volume I, Parte I, p. 191. Em inglês, “The Secret Doctrine, Volume I”, p. 165.
[2] No presente texto, todas as citações que contêm os relatos leadbeaterianos sobre Marte são reproduzidas do livro “Inner Lifeav” (“A Vida Interna”), de Charles W. Leadbeater, Section 10. O texto de Leadbeater foi publicado pela revista “Theosophical History”, de Londres, UK, em janeiro de 1988; veja as páginas 144-148. Eu possuo o mesmo texto na edição espanhola de “Inner Life”, publicada em Buenos Aires por Editorial Glem (pp. 389-394). Em edições mais recentes da obra, a editora TPH, da ST de Adyar nos Estados Unidos, silenciosamente eliminou da obra esta descrição, assim como a breve mas fantástica descrição da vida física em Mercúrio. No entanto, a edição brasileira do livro “O Sistema Solar”, de Arthur Powell - um seguidor de C.W.L.- ainda pode ser comprado e continua contendo esta descrição da vida física em Marte.
Outro autor, também um destacado clarividente de Adyar, o sr. Geoffrey Hodson, seguiu o mesmo caminho pelo menos até a década de 1950. Em 1954-1955, o sr. Hodson deu uma série de palestras e aulas para estudantes na sede internacional da Sociedade de Adyar, em Madras/Chennai, no sul da Índia. Era parte da atividade “School of the Wisdom” (Escola da Sabedoria”). O conteúdo destas conferências foi publicado pela editora TPH na Índia em dois volumes de grande porte sob o título “Lecture Notes - The School of the Wisdom”, com 616 páginas no volume I e 582 páginas no volume II. Nas páginas 442-445 do volume I, o sr. Geoffrey Hodson cita e adota, embora com uma atitude de certo modo cautelosa, a mesma descrição intensamente absurda feita por Leadbeater sobre uma civilização no plano físico em Marte.
[3] O capítulo 16 do livro “The Fire and Light” está publicado em português. Veja “Krishnamurti e a Teosofia”.
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O artigo acima foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas no dia 07 de maio de 2025.
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Leia mais:
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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