11 de março de 2015

Quem Chora Não Mama

Cabe Celebrar a Vida Agora
Mesmo, e Sem Impor Condições

Carlos Cardoso Aveline




É fonte de grande paz observar com tranquilidade o movimento das ilusões em nossa vida, e na vida de quem nos rodeia. 

O desvencilhar-se de ideias falsas começa com um desapego em relação a elas, e cresce gradualmente. [1] 

Pouco a pouco aumenta o peso das coisas verdadeiras, e cresce a distância em relação à ilusão que já somos capazes de reconhecer como tal. A liberdade interior resulta do desapego. Ela constitui uma bênção, porque expande o contato com a alma espiritual, cuja substância é a bem-aventurança. 

Deixe de lado, pois, a cultura da insatisfação. Já não postergue o contentamento. Faça dele uma parte essencial do foco da sua mente. 

O bem-estar interior é uma função da alma. Nada tem a ver com o atendimento de desejos, que leva, principalmente, ao tédio. O contentamento é a energia da alma imortal iluminando cada aspecto da existência cotidiana. Ele nos faz ser gratos à vida. 

Quando tiver vontade de reclamar, agradeça. Diante da tentação infantil de protestar por alguma coisa, lembre-se de um velho ditado popular, inspirado nas crianças pequenas, e profundamente errôneo: 

“Quem não chora, não mama”. 

A verdade é que quem chora não mama. É preciso, literalmente, parar de chorar para mamar, e encontrar a paz. 

E não há por que ficar preso à infância.

Cabe a todo adulto abandonar a posição de criança pequena e preparar o seu próprio alimento.

Isso pode ser feito com mais eficiência quando somos gratos à vida e celebramos as oportunidades de aprendizagem que ela oferece. É correto valorizar o momento presente, sem impor condições, e reconhecer a importância das lições que estão ao nosso dispor. 
 
NOTA:

[1] Veja a obra “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline, capítulo “Aprendendo Com a Desilusão”, pp. 129-139. Outros ângulos do tema são abordados no livro “O Poder da Sabedoria”, do mesmo autor, capítulo “Destruindo as Ilusões”, pp. 49-57. As duas obras estão publicadas pela Editora Teosófica, de Brasília.

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O artigo acima reúne e passa a limpo duas notas publicadas inicialmente de modo anônimo na edição de maio de 2014 de “O Teosofista”.  A primeira é “A Bênção Oculta Nas Desilusões”. A segunda é “Quem Chora Não Mama”.

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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