25 de maio de 2016

Uma Pluralidade de Passos Integrados

Viver no Céu, Enquanto Caminhamos na Terra

Carlos Cardoso Aveline



O estudante de filosofia pode sentir que ele é apenas “um”, mas é um erro pensar assim.

Ele é um, e é muitos. Até sua visão de si mesmo muda com mais frequência do que ele percebe. Ele tem ideias e sentimentos contraditórios sobre seu próprio ser, em vários níveis de percepção e ao longo de diferentes momentos da vida.

Todos os seus estados de consciência, fatores emocionais, hábitos físicos, circunstâncias e aspectos do seu carma estão interconectados de modo imediato. O estudante os inclui a todos.

Neste sentido ele é um.

No entanto, o fato de ser “um” neste contexto não significa que ele exista como indivíduo separado.

O sentido de separação é uma forma de autoengano e causa sofrimento desnecessário. O estudante e o universo são um só. Ele é único, mas não está separado. É um indivíduo, porém existe em unidade viva, dinâmica, sem intermediários, com o seu sistema solar e a via Láctea. 

Mercúrio, Saturno e Júpiter vivem em sua alma junto com outros deuses celestiais. O Sol e a Lua são seus irmãos e ele é a Terra e a areia, também. Ele é o solo e o semeador. Deve plantar em si mesmo e nos outros o que é Bom, à medida que aprende a praticar a antiga ciência da agricultura celestial.

Saturno, o mestre que estabelece o limite da parte mais próxima do nosso céu, ensina aos estudantes de teosofia autêntica a terem respeito pelo solo. Seria errado procurar com exagero a contemplação do indescritível. A cada passo na direção dos reinos abstratos da Natureza, outro passo deve ser dado no autoaperfeiçoamento terrestre da alma do estudante, através da autopurificação, do desapego, da autocompreensão e da autorresponsabilidade.  

O quietismo, teosófico ou não, não passa de uma armadilha. O estudante precisa agir. Seu trabalho externo deve estar dedicado à meta da Contemplação, e a recíproca é verdadeira. Os seus momentos contemplativos precisam ser vividos de modo que fortaleçam o compromisso diário de viver corretamente no plano físico e no emocional.

Não pode haver divórcio entre Céu e Terra na consciência do estudante. Não existe luta entre chão e estrelas. Nosso planeta sempre foi e será sempre uma parte do oceano cósmico.

A Terra é um corpo celestial feminino em construção, viajando com seus codiscípulos e o mestre Sol em torno do Centro da galáxia. A alma espiritual de cada humano é como uma pequena faísca ou centelha. Está intimamente ligada a todas as partes do sistema solar, e também constitui em si mesma uma miniatura viva do cosmo.

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Uma versão inicial do texto acima foi publicada sem indicação do nome de autor na edição de setembro de 2014 de “O Teosofista”, pp. 4-5. Ele também está publicado em inglês em nossos websites associados sob o título de “A Plurality of Integrated Steps”.

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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