29 de junho de 2016

Oráculos

Sobre o Eterno e o Fugaz

Augusto de Lima

Cena de Ouro Preto, Minas Gerais

  

Monge sem fé, mártir do pensamento,
deixei o gabinete e os  alfarrábios,
e, descrente dos mestres e dos sábios,
fui à montanha e interroguei o vento.

Nos desertos rolando o meu lamento,
beijei a rocha e ensanguentei os lábios.
Quanto aos mistérios revelados, sabe-os
só quem m’os  revelou nesse momento.

De que me serves tu, verdade pura,
se a frase humana é tão mesquinha e obscura,
quando procura arrancar-te ao mundo interno?

Eis a forma banal deste segredo:
“hás de passar”, soprou-me o vento a medo,
e a rocha me bradou: “Serás eterno!”


000

Reproduzido do volume “Poesias”, de Augusto de Lima,  H. Garnier Livreiro-Editor,  Rio de Janeiro e Paris, 1909, 300 pp., ver p. 264.  A ortografia foi atualizada.

O poeta mineiro Augusto de Lima viveu de 1859 a 1934.  Ele escreveu também  “São Francisco de Assis - Poemas”, 2ª. edição, Belo Horizonte, 1961, 142 pp.  Foi membro da Academia Brasileira de Letras.

000

Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da vivência direta, leia o livro “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.


Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.   

000