21 de junho de 2017

O Uso das Nossas Energias

Uma Chave Para o Mistério do Carma Humano

Carlos Cardoso Aveline

A natureza tem grande quantidade de papagaios falantes



Há uma chave para o mistério do Carma humano, e ela constitui um desafio oculto colocado diante do movimento teosófico e de cada um dos seus membros.

Para construir uma relação mais saudável entre a nossa civilização e o seu futuro, o indivíduo deve, primeiro, descobrir a melhor forma de usar diariamente as suas próprias energias.

Isso inclui as várias dimensões da vida, desde o plano físico ao espiritual, e ocorre no mundo individual tanto como na esfera coletiva. 

A arte de usar as nossas próprias energias está ligada ao terceiro objetivo do movimento teosófico moderno, ou seja, “a investigação das leis inexplicadas da Natureza e dos poderes psíquicos latentes no homem”.

Esta arte é também inseparável dos outros dois objetivos do movimento.

Precisamos vivenciar algo do primeiro deles (a busca da fraternidade universal) e progredir quanto ao segundo objetivo (a busca do conhecimento universal) para fazer algum progresso real em relação ao terceiro objetivo, desenvolvendo o nosso poder de pensar, agir, sentir e compreender de forma correta.

O oposto também é válido. Cabe desenvolver o poder latente do pensamento correto e da compreensão correta, para alcançar o conhecimento eterno que nos leva à prática da fraternidade universal.

Os três objetivos estão estreitamente interligados.

Ajudar a humanidade é a melhor forma de ajudar a si mesmo, ao longo do caminho espiritual. A tarefa que se tem pela frente não é tanto cuidar dos obstáculos externos enfrentados pela humanidade, embora seja preciso manter um olhar vigilante sobre eles. A tarefa é sobretudo criar, reconstruir, preservar e expandir um núcleo global de pessoas que tenham essa visão mais ampla da vida.

A Prova De Que Sabemos Alguma Coisa

A ética pode ser definida como a intenção e a arte de plantar bom carma. Não há filosofia sem ética, porque o “amor à sabedoria” vai além das meras palavras. O real movimento teosófico não é nem um centímetro maior ou mais forte do que a sua ética. Ele depende de uma consciência impessoal e imparcial do que é justo.

O propósito ético de agir corretamente em relação a todos os seres é a única prova de que um estudante sabe de fato algo sobre teosofia em seu coração.

É inútil memorizar a literatura teosófica, na ausência de boa vontade. O indivíduo pode ser capaz de recitar de cor com total exatidão obras como “A Voz do Silêncio”, “Luz no Caminho” e “A Chave da Teosofia”, e tudo o que ele merecerá - se não tiver Ética - será uma medalha de ouro por suas habilidades como papagaio.   

A mesma ilusão que engana os papagaios teosóficos torna-os especialmente orgulhosos de seus talentos. Ninguém está acima de tal perigo. Cada indivíduo deve praticar sempre a auto-observação, para que não se transforme em um papagaio sem sequer perceber o fato.

O grau de vida interna que é possível encontrar hoje nas associações teosóficas depende da existência de uma Ética impessoal. Para a Loja Independente de Teosofistas, a relativa falta de vitalidade que se percebe em círculos esotéricos é resultado de limitações em Ética e Altruísmo. Há também uma vitalidade maiávica, cuja intensidade dura pouco tempo, porque   produz sua própria destruição.

O movimento teosófico precisa de um tipo mais profundo de vida, que resulta de uma clara compreensão dos ensinamentos originais. Esta vitalidade “oculta” expressa um propósito de longo prazo e se expande hoje de forma lenta e silenciosa, à medida que mais pessoas despertam da velha atmosfera pseudoesotérica.  

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O texto acima foi publicado inicialmente em inglês em  nossos websites associados sob o título de “The Use of One’s Energies”.  A tradução ao português é de Joana Maria Pinho.

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