Oito Trechos Teosóficos Sobre Práticas
Cerimonialistas
O Teosofista
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O texto a seguir foi publicado
inicialmente no boletim “O Teosofista”,
de www.FilosofiaEsoterica.com, em
sua edição de setembro de 2010.
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A teosofia é uma filosofia universal. A sua compreensão só pode ser obtida por mérito próprio. Para ser colocada em prática, o estudante de filosofia deve libertar-se do apego a formas externas e crenças supersticiosas.
A seguir, trazemos algumas referências ao problema do cerimonialismo e à necessidade de libertar-se de formalidades materiais.
1) Em uma
das “Cartas dos Mahatmas”, um raja iogue dos Himalaias menciona a ilusão da
“crença na eficácia de vãos rituais e cerimônias, em orações e em intercessão”.
No mesmo trecho, há uma nota de pé de página em que é feita citação das
seguintes palavras de C. Jinarajadasa: “Dos ‘dez grilhões’ existentes no
Caminho da Libertação, os três últimos são: 1) Sakkayaditti, a ilusão do eu; 2) Vichikicheha, dúvida; e 3) Silabbataparamasa, crença na eficácia de ritos e
cerimônias.” [1]
2) Em outro parágrafo
da mesma carta, o raja iogue escreve: “Dentro de uma semana - novas cerimônias
religiosas, novas bolhas resplandecentes para divertir os bebês, e mais uma vez
estarei ocupado noite e dia ...” [2]
3) Um Mestre de
Sabedoria afirma em carta a um discípulo leigo que o movimento teosófico
moderno, criado em 1875, foi concebido “para ser a pedra angular das futuras
religiões da humanidade”. Para realizar este objetivo, os que o lideram “devem
deixar de lado suas frágeis predileções pelas formas e cerimônias de qualquer
credo particular, e demonstrar que são verdadeiros teosofistas, tanto no
pensamento interno quanto no comportamento externo.” [3]
4) Henry S. Olcott,
um dos principais fundadores do movimento teosófico original, escreveu o seguinte
em seu livro Catecismo Budista,
referindo-se a Gautama Buda: “Desde o começo, ele condenou o costume das
cerimônias e outras práticas exteriores que não tendem senão a aumentar nossa
cegueira espiritual e nosso apego às formas inertes.” [4]
5) Um Mahatma
informa em uma carta que é impossível fazer boa magia cerimonial ou uma
“central de mágicas” no Ocidente. Ele narra a experiência frustrada de
algumas reuniões de que ele participou pessoalmente em Londres, com o
escritor Bulwer-Lytton e outros ocultistas. [5]
6) Um Mestre
escreveu: “Muitos preferem chamar-se budistas não porque a palavra se refira ao
sistema eclesiástico construído sobre as idéias básicas do nosso Senhor Gautama
Buddha, mas pela palavra sânscrita “buddhi” – sabedoria, iluminação; e como um
protesto silencioso contra os vãos rituais e cerimônias vazias que, em um
número excessivo de casos, têm produzido as maiores calamidades. Esta é a
origem também do termo caldeu mago.
” [6]
7) Sobre rituais
maçônicos, é interessante ver a abordagem crítica que HPB faz deles em “Ísis
Sem Véu”. Segundo ela, a maçonaria foi amplamente infiltrada e seus rituais
alterados e adulterados pelos jesuítas, que formavam o aparelho de inteligência
e espionagem a serviço do Vaticano.
8) No artigo “The
Beacon of the Unknown” (“O Farol do Desconhecido”), H.P.Blavatsky
referiu-se à “ST”, isto é, à Sociedade Teosófica original, que deixou de
existir depois da sua morte. Ela escreveu: “Não tendo nenhum dogma nem ritual -
e estes dois são apenas obstáculos, um corpo material que sufoca a alma - nós
não empregamos a ‘magia cerimonial’ dos cabalistas ocidentais; sabemos muito
bem dos seus perigos para termos qualquer coisa a ver com ela. Na
ST cada membro tem a liberdade de estudar o que deseja, uma vez que não
se aventure em caminhos desconhecidos que o levariam certamente à magia negra, a feitiçaria
contra a qual Eliphas Levy advertiu o público tão abertamente.” [8]
Até que ponto o movimento teosófico compreende a importância das palavras citadas acima? É verdade que a organização teosófica mais numerosa - a Sociedade de Adyar - está ainda hoje sob o controle de burocracias ritualísticas inventadas por Annie Besant.
No entanto, uma parcela considerável do movimento teosófico internacional permaneceu livre da crença cega e disponível para o livre pensamento. No século 21, há teosofistas que já apontam para um futuro em que o movimento teosófico todo, inclusive Adyar, deverá estar finalmente livre de estruturas ritualistas e organizado, de modo espontâneo e natural, em torno dos ensinamentos autênticos dos Mahatmas.
É deste modo que a loja luso-brasileira da Loja Unida de Teosofistas visualiza o futuro do movimento teosófico. É nesta direção que a Sociedade de Adyar já está a caminhando, ainda que, talvez, tão lentamente que a maior parte das pessoas não perceba.
Um velho ditado popular brasileiro afirma que “a mentira tem pernas curtas”. E, de fato, enquanto a falsa teosofia de Annie Besant e C. W. Leadbeater vai sendo inegavelmente abandonada, cresce em diferentes países o número de teosofistas de Adyar que descobrem o valor permanente da literatura teosófica verdadeira, e se voltam para o ensinamento de Helena Blavatsky. Há uma possibilidade real de que, com o tempo, a velocidade deste processo passe a aumentar. Isso será bom não só para a Sociedade de Adyar, mas para todo o movimento esotérico. Não há qualquer necessidade de arrastar durante mais duzentos anos o processo pelo qual Adyar está deixando de lado as envelhecidas ilusões que alguns falsos clarividentes fabricaram, durante a primeira parte do século vinte.
NOTAS:
[1] Carta 68, na metade da p. 311, do volume um de “Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica.
[2] Carta 68, p. 317.
[3] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, editadas por C. Jinarajadasa, Ed. Teosófica, Brasília, Carta 46, primeira série, p. 107.
[4] “Catecismo Budista”, H.S. Olcott, Edições IBRASA, SP, 132 pp., ver p. 68.
[5] “Cartas dos Mahatmas”, vol. um, Carta 11, pp. 75-76.
[6] “Cartas dos Mahatmas”, Ed. Teosófica, Carta 120, vol. dois, pp. 257-258.
[7] “Ísis Sem Véu”, H. P. Blavatsky, Ed. Pensamento, vol. IV, Capítulo VIII, pp. 9 e seguintes.
[8] “Collected Writings of H.P. Blavatsky”, TPH, Adyar, Índia, volume 11, p. 266.
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