10 de janeiro de 2013

A Escada de Ouro

 Fragmento da Tradição Oriental
Resume as Regras da Caminhada

Carlos Cardoso Aveline


Uma Escada Para o Alto



O pensador Robert Crosbie escreveu: 

“Uma mente aberta, um intelecto ardente, sem medo ou dúvidas, é a clara percepção espiritual.” [1]

Com esta frase, Crosbie comentava um trecho da “Escada de Ouro”, um documento divulgado por Helena Blavatsky no século 19.

A Escada constitui um resumo das regras a serem seguidas pelos aspirantes ao discipulado da tradição esotérica oriental.  Trata-se de um texto breve e decisivo. Os aprendizes costumam memorizar suas palavras, para terem acesso permanente a ele.     

Há algumas linhas introdutórias à Escada. Embora pouco conhecidas, elas têm uma importância fundamental.

Diz a introdução: 

“Quem não retira a sujeira com a qual a fonte de sua inspiração pode ter sido contaminada por um inimigo, não  ama sua fonte de inspiração, nem honra a si mesmo.  Quem não defende os perseguidos e os indefesos,  quem não compartilha sua comida com os famintos nem tira água do seu poço para os que têm sede,  este nasceu demasiado cedo sob forma humana. Observe a verdade diante de você.”

Segue-se, então, a Escada de Ouro:

Vida limpa, 
mente aberta, 
coração puro, 
intelecto ardente, 
clara percepção espiritual,
afeto fraternal para com seu codiscípulo [2],
presteza para dar conselho e instrução,
leal sentido de dever para com o instrutor [3],
pronta obediência aos preceitos da VERDADE,
uma vez que nela pusemos nossa confiança
e cremos que o instrutor a possui; 
corajoso suportar das injustiças pessoais, 
destemida  declaração de princípios,
valente defesa daqueles que são injustamente atacados,
e mira constante no ideal de progresso e perfeição humanos,
que a ciência secreta (Gupta-Vidya) revela -
esta é a Escada de Ouro, 
cujos degraus pode o Aspirante galgar
até o Templo da Sabedoria Divina. [4]

Em sua aplicação na vida do aprendiz, a sequência exata da Escada de Ouro não é necessariamente rígida. 
                                                
Nela qualquer degrau pode ser o primeiro, dependendo do temperamento do aprendiz e das necessidades éticas do momento vivido.

Cada degrau contém, de certo modo, todos os outros.
                 
O texto da Escada de Ouro é usado há muito tempo pelos aprendizes da sabedoria esotérica. Ele tem valor como mantra, porque resume bem o “caminho para o alto” a ser percorrido. Há aprendizes que recitam estes axiomas com regularidade, examinando lentamente as implicações práticas de cada um deles.    

Quando olhada desde o ponto de vista do seu conteúdo essencial, a Escada de Ouro é também a Escada de Jacó, que une a consciência celeste e a consciência terrestre (Gênesis, 28: 11-12). E seus degraus correspondem, de certo modo, aos Versos de Ouro de Pitágoras. [5]  

Estas diversas abordagens simbólicas estão ligadas à “ponte” oculta que há em cada indivíduo humano, e cuja função é ligar o seu eu inferior ao seu eu superior, a alma mortal à alma imortal. O nome da ponte, em sânscrito, é Antahkarana.  

NOTAS: 

[1] “The Friendly Philosopher”, Robert Crosbie, Theosophy Company, Los Angeles, 416 pp., 1946, p. 37.

[2] Todos os seres são nossos codiscípulos, isto é, nossos companheiros de aprendizado.

[3] Quem é o mestre? A obra “Luz no Caminho”, cuja origem é essencialmente a mesma que a da Escada de Ouro, avisa: “A inteligência é imparcial: ninguém é teu inimigo; ninguém é teu amigo. Todos são teus instrutores.” (“Luz no Caminho”, Ed. Aquarian, 2014, p. 35.) No entanto, há fontes sagradas e centrais de instrução espiritual, e o acesso a elas deve ser preservado. Este verso também poderia ser formulado assim: “leal senso de dever para com a fonte de instrução/inspiração”. Porque a fonte não é pessoal, nem fixa, nem única, mas deve ser respeitada, para que não se interrompa o contato com ela e para que o processo de aprendizagem tenha condições magnéticas de prosseguir. 

[4] “Collected Writings”, H. P. Blavatsky, TPH, India/USA, volume XII, p. 503.  A Escada de Ouro foi divulgada também em várias outras publicações.

[5] O texto “Os Versos de Ouro de Pitágoras”, com introdução, tradução e comentários de Carlos Cardoso Aveline, pode ser encontrado em nossos websites associados.
    
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Clique para ler o artigo Comentários à Escada de Ouro”.

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Sobre o mistério do despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.


Com tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.

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