Fragmento da Tradição Oriental
Resume as Regras da Caminhada
Carlos Cardoso Aveline
Uma Escada
Para o Alto
O pensador Robert Crosbie escreveu:
“Uma
mente aberta, um intelecto ardente, sem medo ou dúvidas, é a clara percepção espiritual.” [1]
Com
esta frase, Crosbie comentava um trecho da “Escada de Ouro”, um
documento divulgado por Helena Blavatsky no século 19.
A
Escada constitui um resumo das regras a serem seguidas pelos aspirantes ao
discipulado da tradição esotérica oriental. Trata-se de um texto breve e
decisivo. Os aprendizes costumam memorizar suas palavras, para terem acesso
permanente a ele.
Há
algumas linhas introdutórias à Escada. Embora pouco conhecidas, elas têm uma importância
fundamental.
Diz
a introdução:
“Quem
não retira a sujeira com a qual a fonte de sua inspiração pode ter sido
contaminada por um inimigo, não ama sua fonte de inspiração, nem
honra a si mesmo. Quem não defende os perseguidos e os
indefesos, quem não compartilha sua comida com os famintos nem tira
água do seu poço para os que têm sede, este nasceu demasiado cedo sob
forma humana. Observe a verdade diante de você.”
Segue-se,
então, a Escada de Ouro:
Vida
limpa,
mente
aberta,
coração
puro,
intelecto
ardente,
clara
percepção espiritual,
afeto
fraternal para com seu codiscípulo [2],
presteza
para dar conselho e instrução,
leal
sentido de dever para com o instrutor [3],
pronta
obediência aos preceitos da VERDADE,
uma
vez que nela pusemos nossa confiança
e
cremos que o instrutor a possui;
corajoso
suportar das injustiças pessoais,
destemida
declaração de princípios,
valente
defesa daqueles que são injustamente atacados,
e
mira constante no ideal de progresso e perfeição humanos,
que
a ciência secreta (Gupta-Vidya) revela -
esta
é a Escada de Ouro,
cujos degraus pode o
Aspirante galgar
até
o Templo da Sabedoria Divina. [4]
Em
sua aplicação na vida do aprendiz, a sequência exata da Escada de Ouro não é
necessariamente rígida.
Nela
qualquer degrau pode ser o primeiro, dependendo do temperamento do aprendiz e
das necessidades éticas do momento vivido.
Cada
degrau contém, de certo modo, todos os outros.
O
texto da Escada de Ouro é usado há muito tempo pelos aprendizes da sabedoria
esotérica. Ele tem valor como mantra, porque resume bem o “caminho para o alto”
a ser percorrido. Há aprendizes que recitam estes axiomas com regularidade,
examinando lentamente as implicações práticas de cada um deles.
Quando
olhada desde o ponto de vista do seu conteúdo essencial, a Escada de Ouro é também
a Escada de Jacó, que une a consciência celeste e a consciência terrestre
(Gênesis, 28: 11-12). E seus degraus correspondem, de certo modo, aos Versos de
Ouro de Pitágoras. [5]
Estas
diversas abordagens simbólicas estão ligadas à “ponte” oculta que há em cada indivíduo
humano, e cuja função é ligar o seu eu inferior ao seu eu superior,
a alma mortal à alma imortal. O nome da ponte, em sânscrito, é Antahkarana.
NOTAS:
[1] “The Friendly
Philosopher”, Robert Crosbie, Theosophy Company, Los Angeles, 416 pp., 1946, p.
37.
[2] Todos os seres são
nossos codiscípulos, isto é, nossos companheiros de aprendizado.
[3] Quem é o mestre? A
obra “Luz no Caminho”, cuja origem é essencialmente a mesma que a da Escada de
Ouro, avisa: “A inteligência é imparcial: ninguém é teu inimigo; ninguém é teu
amigo. Todos são teus instrutores.” (“Luz no Caminho”, Ed. Aquarian, 2014, p.
35.) No entanto, há fontes sagradas e centrais de instrução espiritual, e o
acesso a elas deve ser preservado. Este verso também poderia ser formulado
assim: “leal senso de dever para com a fonte de instrução/inspiração”. Porque
a fonte não é pessoal, nem fixa, nem única, mas deve ser respeitada, para que
não se interrompa o contato com ela e para que o processo de aprendizagem tenha
condições magnéticas de prosseguir.
[4] “Collected
Writings”, H. P. Blavatsky, TPH, India/USA, volume XII, p. 503. A
Escada de Ouro foi divulgada também em várias outras publicações.
[5] O texto “Os Versos de Ouro de Pitágoras”, com introdução, tradução e
comentários de Carlos Cardoso Aveline, pode ser encontrado em nossos websites associados.
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Clique para ler o artigo “Comentários à Escada de Ouro”.
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Sobre o mistério do despertar
individual para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de
Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada
em 2014 por “The Aquarian Theosophist”.
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