Vencer a Rotina Mecânica Gera um Magnetismo
Positivo
Carlos Cardoso Aveline

Há nos cidadãos modernos
um déficit de vontade individual. É provável que nenhum indivíduo do mundo
atual escape inteiramente deste aspecto do carma coletivo.
Os fatores determinantes desse problema são vários. A política econômica dominante busca
transformar o indivíduo em um consumidor passivo e destituído de força
própria. A política teológica das igrejas trata de transformá-lo em
um crente cego e igualmente sem
vontade. Para a mídia, ele é um mero consumidor de informações e de
entretenimento. A medicina atual o transforma em um comprador de remédios e
alguém que se submete a este ou aquele tratamento, ao invés de ensinar-lhe desde
o início a ter uma vida saudável e a produzir e preservar o seu próprio
bem-estar e sua saúde. Tudo isso alimenta a preguiça mental e emocional.
Quando se tem a intenção de vencer o variado processo de coisificação
da vida humana, é necessário fazer um
esforço definido. Despertar
interiormente significa ir contra a corrente comum que avança águas
abaixo. O ato de romper a rotina automática da vida faz com que o
indivíduo crie uma força de vontade firme e produza um magnetismo próprio. O
teosofista pode romper a rotina, por exemplo, ao dedicar todos os dias um
determinado tempo da sua vida a conhecer melhor o que é eterno.
Um estudo regular de filosofia, e uma meditação diária em um canto da
casa que seja reservado para isso, são práticas que fortalecem a vontade através
da autodisciplina. Mas é preciso lembrar que o progresso espiritual nunca
é algo assegurado. Mesmo que alguém já
tenha vários anos de prática, cada dia
será sempre, de certo modo, o primeiro
dia de esforço. A experiência acumulada não é garantia de coisa alguma. A
vigilância é sempre igualmente necessária. Ninguém está acima de testes.
Quanto mais se avança, mais
duras, mais sagradas - e mais decisivas -
são algumas provações. O pior engano que alguém pode fazer consigo mesmo
é convencer-se de que “já conhece” o caminho espiritual. Esta ilusão impede
a pessoa de querer aprender, e ser aprendiz é uma condição indispensável para
que haja progresso.
Ser verdadeiramente sábio significa estar livre da roda de
reencarnações e é uma condição que está
além da etapa atual de desenvolvimento humano. Entre os indivíduos que convivem
com nossa humanidade, os maiores sábios são apenas discípulos da sabedoria
eterna. Mas eles aprenderam algo decisivo. Eles aprenderam a aprender.
Para todos, o caminho precisa ser reinventado e reavaliado a cada dia e não há nada mais
elevado do que ser aprendiz. A cada nova descoberta, o desapego é
testado. O caminho não cessa de surpreender o caminhante. Será possível soltar
as velhas ilusões para, com as mãos livres, agarrar as percepções renovadoras
que surgem a cada momento? O indivíduo
pode disciplinar-se? Pode calar a agitação e ouvir a voz do silêncio - que
produz a paz? Ele consegue recolher-se a
um canto todos os dias, “parar o mundo externo”, desligar-se, e instalar-se no
Templo Interior da sua própria consciência? Na medida em que fizer isso, passará a viver
mais plenamente.
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O texto “Fortalecendo a Vontade Individual” foi publicado pela primeira vez de modo anônimo na edição de dezembro de 2009 de “O Teosofista”. Está disponível como artigo independente nos websites da LIT desde janeiro de 2013.
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Leia mais:
* Estude os textos da seção temática Autodisciplina e Concentração: Para Fortalecer a Vontade Espiritual.
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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