O Céu, o Êxtase e a Iniciação
Cruz e Souza
Cruz e Souza
O poeta catarinense João da Cruz e
Souza (1861-1898)
1. O Grande Momento
Inicia-te,
enfim, Alma imprevista,
Entra no seio
dos Iniciados.
Esperam-te de
luz maravilhados
Os Dons que
vão te consagrar Artista.
Toda uma
Esfera te deslumbra a vista,
Os ativos
sentidos requintados.
Céus e mais
céus e céus transfigurados
Abrem-te as
portas da imortal Conquista.
Eis o grande
Momento prodigioso
Para entrares
sereno e majestoso
Num mundo
estranho d’esplendor sidéreo.
Borboleta de
sol, surge da lesma…
Oh! vai,
entra na posse de ti mesma,
Quebra os
selos augustos do Mistério!
2. Êxtase Búdico
Abre-me os
braços, Solidão profunda,
Reverência do
céu, solenidade
Dos astros,
tenebrosa majestade,
Ó planetária
comunhão fecunda!
Óleo da
noite, sacrossanto, inunda
Todo o meu
ser, dá-me essa castidade,
As azuis
florescências da saudade,
Graça das
Graças imortais oriunda!
As estrelas
cativas no teu seio
Dão-me um
tocante e fugitivo enleio,
Embalam-me na
luz consoladora!
Abre-me os
braços, Solidão radiante,
Funda,
fenomenal e soluçante,
Larga e
búdica Noite redentora!
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Os
poemas acima são reproduzidos do volume “Poesias Completas”, de Cruz e Souza,
Editora Record, Rio de Janeiro e São Paulo, 124 pp., ver respectivamente pp.
101 e 111. Foram publicados também em “O
Teosofista”, edição de abril de 2013.
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