O Verdadeiro Discípulo Se Mantém
Sereno Nas Diferentes Situações
da Vida
John Garrigues
Em teosofia, equilíbrio é fundamental
Estabilidade
significa um controle do corpo, dos sentidos, da mente e das emoções, devido à
visão que se tem de determinada meta. Se
a meta não for suficientemente elevada, porém, não pode haver uma verdadeira
estabilidade, porque a própria meta não será estável. Assim, o ser que busca
irá oscilar com o movimento incerto da própria meta buscada.
Ao
longo das eras, os instrutores antigos e modernos nos fazem esta advertência:
“Mantenha sempre presente em sua mente o seu propósito principal”. O objetivo da nossa aliança não deve ser
esquecido nunca.
Qual
é esta meta, o principal propósito de
todo verdadeiro estudante de teosofia? Trata-se da união com o Eu Superior.
Nada menos que isso; uma compreensão cabal da parte divina do nosso ser, e uma
unidade consciente com ela.
Para
muitos, esse parece ser um ideal distante. Sabemos que não estamos
prontos. Para a maior parte de nós, já
houve, só nesta vida atual, longos anos de educação, de experiência, de mudança
de ideias e ideais, e de metas oscilantes. Nós pertencemos à raça humana, e nos
movimentamos de acordo com as ideias dela. Estamos mergulhados e presos à sua
civilização. O ambiente físico e sutil em que vivemos é um fator muito forte.
Em algum momento, em alguma encarnação nós estaremos prontos. É o que pensamos:
muitas vidas depois desta existência atual.
Mas esta é uma posição pessoal, é claro, e, portanto, uma posição
fraca. Nunca poderá haver real estabilidade com base numa visão como esta.
Só
o eu superior ou alma espiritual é permanente. Só o que é permanente pode ser
estável. Nós somos aquele Ser, aquela Divindade, aquele ponto Mais Elevado. O
“objetivo principal” é a compreensão desta realidade.
Concentrando-nos
na ideia, adotando a posição uma e outra vez, pacientemente, com persistência e
sem desanimar, avançaremos para uma meta estável. A estabilidade surge em nós silenciosamente,
mas de modo crescente, como qualquer outro conhecimento ou progresso que valha
a pena. Sentimos que estamos começando a ter alguma estabilidade, a
compreendê-la e a perceber o seu valor. Então podemos passar a examinar,
praticar e usar os poderes e instrumentos da nossa consciência. O condutor se
senta firmemente em seu lugar, à frente da carruagem; ele usa corretamente as
rédeas, aprende a controlar os cavalos e faz com que eles realizem sua tarefa.
O
discípulo estável se mantém forte, sereno e imperturbado enquanto se movimenta
entre seres humanos e acontecimentos de qualquer tipo. Ele é capaz de discernir entre uma coisa e
outra, e pode resolver os problemas, porque os vê como eles são. Ele enfrenta
eficientemente os desafios da vida à medida que eles surgem, e é capaz de
ajudar outras almas que necessitam auxílio e devem ser ajudadas.
O
fogo do eu superior arde com força nele: mas ele deve manter-se firme e estável
até mesmo em relação à satisfação provocada por este fato, porque é necessário
evitar a falsa impressão de que esta força pertence
a si, o que o faria cair do Akasha para a luz astral inferior, indo da
estável impessoalidade outra vez para a oscilante posição pessoal. Alimentado pelo eu superior, o próprio fogo o
sustenta e o alimenta. Devido à sua força, verdadeiros milagres podem ser
feitos para beneficiar outros seres. Não é por acaso que um instrutor afirmou a
respeito desta força que “ela fortalece e melhora até mesmo as circunstâncias
da vida”.
Podemos
esforçar-nos, pois, para obter estabilidade mantendo sempre em vista o
principal objetivo, e adotando uma e outra vez a posição correta; a cada dia e
a cada hora, de momento a momento. Não há outro modo de avançar. Deste modo veremos que nada é grande, nada é
pequeno, tudo é parte da vida, tudo é interessante e valioso como
experiência. A elevação vem com a
estabilidade, e também com uma confiança, uma certeza, uma nobreza, uma
humildade. A recompensa por esta vitória deve ser imensa e maravilhosa, porque,
ao obtê-la, o indivíduo se torna um Mestre da vida.
“OM
é o arco. O Eu Superior é a flecha. Brahman é o seu alvo. Ele será atingido por
um homem que não age impensadamente; e, à medida que a flecha se torna uma com o
alvo, o homem se tornará um com Brahman. Deves saber que só ele é o Eu
Superior, deixando de lado outras palavras. Ele é a ponte para o Imortal.
Medita no Eu como OM.” [1]
NOTA:
[1] John
Garrigues está citando aqui as
primeiras linhas do Mundaka Upanixade, que abrem o artigo “A Flecha no Alvo”,
de William Q. Judge. O artigo está
disponível em nossos websites associados.
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O texto
acima foi publicado inicialmente de modo anônimo pela revista “Theosophy”, de Los Angeles, em sua
edição de janeiro de 1922, pp. 77-78. Título original: “The Key to Steadiness”. A
tradução ao português apareceu pela
primeira vez na edição de agosto de 2011 de “O Teosofista”.
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Sobre o mistério do despertar individual
para a sabedoria do universo, leia a edição luso-brasileira de “Luz no
Caminho”, de M. C.
Com tradução, prólogo e notas de Carlos
Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85 páginas, e foi publicada em 2014
por “The Aquarian Theosophist”.
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