A Teosofia Ética do Mundo Clássico
Ocidental
Musônio Rufo

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Nota Editorial:
Selecionamos e traduzimos a seguir doze fragmentos
de Musônio publicados no volume “Tabla de Cebes -
Musonio Rufo,
Disertaciones, Fragmentos Menores,
Epicteto, Manual,
Fragmentos”,
Editorial Gredos, Madrid,
1995, 250 pp. Indicamos o número de página ao final de
cada
citação. O filósofo estoico Musônio viveu de 28 E.C. a
100 E.C.
(Carlos Cardoso Aveline)
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1) Ser filósofo é o
mesmo que ser bom. (p.
60)
2) A filosofia
consiste em ocupar-se da perfeita honestidade e nada mais. (p. 59)
3) A virtude é uma ciência não só teórica, mas também prática, como a medicina e a música. (p. 59)
4) Por que os homens
deveriam buscar e investigar como viver melhor, que é aquilo em que consiste o
filosofar, e as mulheres não? Por acaso convém que os homens sejam bons, e as
mulheres não?
(p.
77)
5) Não é possível
viver corretamente o dia de hoje sem vivê-lo como se fosse o último. (p. 149) [1]
6) Por que acusamos
os tiranos [dirigentes políticos] se
somos bastante piores do que eles? Temos impulsos iguais aos deles em destinos [contextos] diferentes. (p. 149)
7) Merecerás o
respeito de todos se começares primeiro por respeitar a ti mesmo. (p. 151)
8) Se preferes
sobretudo ficar dentro do que é adequado, não te aborreças com as circunstâncias.
Pensa quantas coisas já te aconteceram na vida não do modo como tu querias, mas
como era adequado. (p.
150)
9) Que o prazer não
seja um bem em si mesmo não é algo que pareça perceptível de imediato, porque o
prazer nos convida como se fosse um bem. Mas se tomarmos como premissa maior a
ideia de que todo bem é preferível, e acrescentarmos a ela outra premissa reconhecida,
a de que alguns prazeres não são preferíveis, teremos demonstrado que o prazer
não é um bem.
(p.
72)
10) ... E o fato de
que o trabalho intenso não é um mal não parece convincente de imediato; mais
convincente é o seu contrário, a ideia de que o trabalho é algo mau. Mas se
admitirmos uma premissa maior evidente, a de que devemos evitar todo mal, e
acrescentarmos a ela outra premissa ainda mais evidente, a de que muitos
trabalhos não devem ser evitados, chegaremos à conclusão de que o trabalho
intenso não é um mal.
(p.
72)
11) Não é preciso que
o mestre do filósofo exponha a quem aprende uma grande quantidade de
raciocínios e demonstrações, mas que ele fale sobre cada tema oportunamente,
que trate de ajustar-se ao discernimento de quem ouve, que diga o que é
convincente e não pode ser facilmente refutado, e, sobretudo, que ele fale do
que é mais útil e atue de acordo com o que diz, conduzindo assim os seus
ouvintes.
(p.
74)
12) Quanto ao aluno,
ele deve concentrar-se no que lhe é dito [pelo
professor]. De um lado, sua meta deve ser não deixar que um erro permaneça
despercebido. [2] Deve admitir seus
erros. De outro lado ele não deve querer - por Zeus! - ouvir demonstrações
longas sobre a verdade, mas sim demonstrações claras. E se o aluno ficar
convencido de que os conselhos são corretos, que os siga em sua vida, pois só
assim obterá algum benefício da filosofia; ao desenvolver ações que estão de
acordo com os raciocínios que aceitou e que eram corretos. (p. 74)
NOTAS:
[1] Esta frase é atualmente famosa porque foi
adotada em suas “Meditações” por Marco Aurélio, o imperador-filósofo da Roma
antiga. Na verdade, Musônio foi professor de Epicteto (55 C.E.-135 C.E.), e
Epicteto ensinou filosofia para Marco Aurélio (121 C.E.- 180 C.E.). Durante
o século vinte, Carlos Castaneda adotou a mesma ideia em seus livros. (CCA)
[2] Inclusive um erro do próprio professor.
(CCA)
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O artigo acima está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde dezembro de 2015. Ele foi publicado pela primeira vez na edição de dezembro de 2014 de “O Teosofista”, sob o título de “Doze Fragmentos de Musônio Rufo”.
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Leia mais:
* Corpo e Alma, Cavalo e Cavaleiro (texto de Theodoro D’Almeida).
* Regra da Vida Honesta (tratado estoico clássico de Martinho Bracarense).
* João de Deus, Louco, Santo, e Sábio (Como a Ruptura da Rotina Psicológica Pode Abrir as Portas Para a Vida Mística).
Veja a Seção Temática “Filosofia Ocidental, Clássica e Moderna”.
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Para conhecer um
diálogo documentado com a sabedoria de grandes pensadores dos últimos 2500
anos, leia o livro “Conversas na
Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline.

Com 28 capítulos e
170 páginas, a obra foi publicada em 2007 pela editora da Universidade de
Blumenau, Edifurb.
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