Viver no Céu, Enquanto Caminhamos na Terra
Carlos Cardoso Aveline
O estudante de filosofia pode sentir que ele é apenas “um”, mas é
um erro pensar assim.
Ele é um, e é muitos. Até sua visão de si mesmo muda com mais
frequência do que ele percebe. Ele tem ideias e sentimentos contraditórios
sobre seu próprio ser, em vários níveis de percepção e ao longo de diferentes
momentos da vida.
Todos os seus estados de consciência, fatores emocionais, hábitos
físicos, circunstâncias e aspectos do seu carma estão interconectados de modo
imediato. O estudante os inclui a todos.
Neste sentido ele é um.
No entanto, o fato de ser “um” neste contexto não significa que
ele exista como indivíduo separado.
O sentido de separação é uma forma de autoengano e causa
sofrimento desnecessário. O estudante e o universo são um só. Ele é único, mas
não está separado. É um indivíduo, porém existe em unidade viva, dinâmica, sem
intermediários, com o seu sistema solar e a via Láctea.
Mercúrio, Saturno e Júpiter vivem em sua alma junto com outros
deuses celestiais. O Sol e a Lua são seus irmãos e ele é a Terra e a areia,
também. Ele é o solo e o semeador. Deve plantar em si mesmo e nos outros o que
é Bom, à medida que aprende a praticar a antiga ciência da agricultura
celestial.
Saturno, o mestre que estabelece o limite da parte mais próxima do
nosso céu, ensina aos estudantes de teosofia autêntica a terem respeito pelo
solo. Seria errado procurar com exagero a contemplação do indescritível. A cada
passo na direção dos reinos abstratos da Natureza, outro passo deve ser dado no
autoaperfeiçoamento terrestre da alma do estudante, através da autopurificação,
do desapego, da autocompreensão e da autorresponsabilidade.
O quietismo, teosófico ou não, não passa de uma armadilha. O
estudante precisa agir. Seu trabalho externo deve estar dedicado à meta da
Contemplação, e a recíproca é verdadeira. Os seus momentos contemplativos precisam
ser vividos de modo que fortaleçam o compromisso diário de viver corretamente
no plano físico e no emocional.
Não pode haver divórcio entre Céu e Terra na consciência do
estudante. Não existe luta entre chão e estrelas. Nosso planeta sempre foi e
será sempre uma parte do oceano cósmico.
A Terra é um corpo celestial feminino em construção, viajando com
seus codiscípulos e o mestre Sol em torno do Centro da galáxia. A alma
espiritual de cada humano é como uma pequena faísca ou centelha. Está intimamente
ligada a todas as partes do sistema solar, e também constitui em si mesma uma
miniatura viva do cosmo.
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Uma versão inicial do texto acima foi publicada sem indicação do
nome de autor na edição de setembro de 2014 de “O Teosofista”, pp. 4-5. Ele também está publicado em inglês em
nossos websites associados sob o título de “A Plurality of Integrated Steps”.
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Sobre o mistério do
despertar individual para a sabedoria do universo, leia a edição
luso-brasileira de “Luz no Caminho”,
de M. C.
Com tradução,
prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, a obra tem sete capítulos, 85
páginas, e foi publicada em 2014 por “The
Aquarian Theosophist”.
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