Como a Força Criadora da
Mente Constrói a Civilização do Futuro
Carlos Cardoso Aveline

“A ciência dos futuros -
disse Platão - é
a que distingue os deuses dos
homens e
daqui lhes veio, sem dúvida,
aos homens,
aquele antiquíssimo apetite
de serem como deuses.”
(Pe. Antônio Vieira, no item 2 do capítulo 1 de
seu livro “História do Futuro”, escrito em 1649-1665)
“Pede, e te será dado; busca,
e
acharás; bate à porta - e a
porta se abrirá.”
(Novo Testamento cristão, Mateus, 7:7)
“Tudo o que somos é resultado
do que
pensamos no passado. Tudo o
que somos se
baseia em nossos pensamentos
e é formado por
nossos pensamentos. Se alguém
fala ou age com
pensamento puro, a felicidade
o acompanha assim
como sua própria sombra, que
nunca se afasta dele.”
(“O Dhammapada” budista, Capítulo 1, Versículo 2)
A visualização a seguir desenvolve a
potencialidade superior do ser humano, destrói circuitos fechados de emoções
negativas e abre espaço para uma regeneração cultural. Como meditação e como
ação criadora, ela devolve ao cidadão a consciência de que os seus pensamentos
criam o futuro, individual e coletivo.
A respeito da lei
natural em que a meditação se baseia, cabe levar em conta estas palavras de
Helena Blavatsky:
“Havendo uma certa
intensidade da vontade, as formas criadas pela mente se tornam subjetivas.
Alucinações, elas são chamadas, embora para o seu criador elas sejam tão reais
quanto qualquer objeto visível é para
qualquer outro. Existindo uma concentração mais intensa e mais inteligente
desta vontade, a forma se tornará concreta, visível, objetiva; o homem terá
então aprendido o segredo dos segredos; ele se tornou um MÁGICO.” [1]
O exercício de
visualização pode ser praticado individual ou coletivamente. É boa ideia fazer
com que ele aconteça em uma associação, sindicato ou movimento comunitário. De
preferência, deve ser escolhido um local em que haja silêncio e ar puro.[2]
A sua realização
regular tem um efeito mais forte do que uma ação apenas eventual. Porém, ele é
extremamente benéfico mesmo como um acontecimento isolado.
Os Três Objetivos para a Construção do Futuro
O desenvolvimento
das potencialidades sagradas da humanidade faz parte do dharma e do
dever do movimento esotérico moderno.
O primeiro
objetivo do esforço teosófico inaugurado em 1875 é o estímulo à prática da
fraternidade universal, o que deve ser feito pelo exemplo. A segunda meta é a
busca da sabedoria ensinada pela literatura filosófica de todos os tempos e de
todos os povos, com prioridade para a sabedoria oriental, mais antiga. O
terceiro objetivo é a investigação dos poderes latentes na consciência de cada
ser humano.
As três metas são
inseparáveis. O terceiro objetivo deve ser buscado, naturalmente, como um
instrumento para alcançar o primeiro.
O egoísmo, que
brota da ignorância, é um beco sem saída e provoca um circuito fechado de
infelicidade. A meditação a seguir constitui uma prática altruísta. Ela coloca
os poderes latentes da consciência expressamente a serviço da Fraternidade
Universal. Esta é a maneira correta de desenvolver as potencialidades
transcendentes da mente humana. É também o modo mais eficaz de alcançar a
felicidade.
Meditando pelo Despertar de Portugal
1)
Sentado, com os pés bem plantados no chão, as partes superiores e
inferiores das pernas formando ângulo reto, fique com a coluna ereta.
2) Respire
calma e profundamente. Deixe de lado as preocupações com assuntos pessoais de
curto ou médio prazo.
3) Relaxe
os pés, depois as pernas, as mãos, os braços, e finalmente os músculos do
rosto. Sinta o contraste entre a musculatura relaxada e a coluna vertebral
firme. Assim devemos ser diante da vida:
firmes no essencial e flexíveis no que é secundário.
4)
Pense na dor centenária do povo português. Calcule o sofrimento coletivo
no dia de hoje. Observe a sua própria dor.
Reflita sobre o fato de que é possível transmutar o sofrimento em
sabedoria. Reconheça que o apego à dor não é necessário. Admita que todo
obstáculo é fonte de lições. Perceba com calma que a tarefa do ser humano é
crescer interiormente, fortalecendo a vontade de fazer e viver o melhor.
5)
Visualize a população portuguesa tirando lições de cada desafio que
enfrenta. Veja a sabedoria e a solidariedade permeando as relações entre todos.
Imagine a população a despertar para a força ilimitada da ajuda mútua. Mantenha diante de si, por um instante, a
imagem de cada cidade acordando para a solução fraterna dos seus problemas.
Enxergue Portugal e todas as comunidades de língua portuguesa como partes
ativas de uma civilização global solidária.
6) Veja
os meios de comunicação social atuando a serviço da vida, buscando e
transmitindo sabedoria. Visualize uma espécie de assembleia geral permanente do
povo português, cujo grande tema seja como atuar a cada momento de modo
correto. Enxergue rádio, televisão e jornais portugueses defendendo os
interesses da população. Veja-os criando mecanismos de ajuda mútua. Fortaleça seu compromisso pessoal com esta
visão de país.
7) Visualize por alguns instantes dirigentes
políticos sinceros sendo leais ao povo português em cada Freguesia, Concelho e
Distrito. Lembre-se de que aquilo que é difícil tem mais mérito. Basta que a
meta seja digna. Imagine a sua cidade e Portugal como territórios em que reina
a ética. Veja-os prontos para uma nova era de fraternidade entre todos os
seres. Guarde consigo esta imagem revolucionária. Mantenha-a nítida em sua
mente e coração. Veja a si mesmo como
corresponsável pelo despertar coletivo.
Faça com que esta
visão elevada permaneça mais forte que os sentimentos antigos e
rotineiros. Assim você desenvolve de
modo correto o poder da sua vontade, enquanto acelera o surgimento da
civilização do futuro.
NOTAS:
[1]
Helena P. Blavatsky, em “Isis Unveiled”, Theosophy Co., Los Angeles, Vol. I, p.
62. Veja também a edição brasileira,
“Ísis Sem Véu”, Ed. Pensamento, volume I, capítulo II.
[2]
O momento da lua nova e o momento da lua cheia parecem ser especialmente
adequados para esta atividade.
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Uma versão inicial desta meditação foi
publicada no livro “A Informação
Solidária”, de Carlos Cardoso Aveline, Edifurb, Blumenau, SC, Brasil, 86
pp., 2001, pp. 72-74.

Veja os textos “O Centro do Círculo de Pascal” e “Um Fósforo Antecipa o Novo Dia”, de Carlos Cardoso Aveline, e
também o artigo “A Árvore da
Fraternidade Universal”, de Helena P. Blavatsky. Todos eles podem ser localizados em nossos
websites associados.
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Para conhecer a teosofia original desde o
ângulo da vivência direta, leia o livro “Três
Caminhos Para a Paz Interior”.

Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi
publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.
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