Lema da Bandeira Brasileira
Faz Parte da Sabedoria Universal
Carlos Cardoso Aveline
“O
equilíbrio é a ordem; e
o
movimento é o progresso.”
Eliphas
Levi
“Modus et
ordo”, ou “método e ordem”, dizia o lema do rei Edward VI, na Inglaterra do
século dezesseis. “Ordem e progresso”, afirma a frase inscrita na bandeira do
Brasil desde a proclamação da República em 1889.
As
duas ideias são úteis tanto na vida coletiva como no esforço individual.
A
existência de um Método implica que deve haver uma Meta elevada. Os objetivos
desprezíveis dificilmente inspiram uma ação eficaz e de longo prazo.
Um
bom método produz ordem, e estes dois fatores combinados abrem caminho para o
progresso na direção do objetivo.
A
questão básica é a mesma para um país, para uma comunidade local, para a nossa
civilização planetária e cada indivíduo nela. Devemos saber em primeiro lugar
se há um objetivo nobre e duradouro.
Uma
vez confirmado que buscamos avançar na direção certa, cabe verificar se o
método de ação escolhido é moralmente correto. Caso contrário, fracassará. Em terceiro
lugar, é preciso examinar se há ordem e coerência suficientes em nossos esforços
por fazer progresso.
A
meta de um país sensato é o bem-estar durável do seu povo inteiro, e não a mera
expansão do consumo de bens materiais.
A
felicidade nacional, sutil, é mais importante que noções materiais como o
produto interno bruto, ou PIB. O progresso não pode ser medido em dólares, e nem
todas as riquezas de uma nação são visíveis.
Quando
falta a ética, temos o contrário da ordem e o oposto do progresso. A
cleptocracia, o poder dos ladrões, é a marcha atrás.
O
lema da bandeira brasileira indica o dever de cada cidadão. Sua ideia não
pertence a esta ou aquela filosofia, porque faz parte da sabedoria universal em
suas diversas vertentes. [1] O axioma
é válido em si, transcende qualquer sectarismo e expressa uma verdade que
pertence a todos os povos. Constitui também um princípio básico da filosofia
esotérica autêntica. Eliphas Levi, estudioso da cabala e um precursor da
teosofia de Helena Blavatsky, escreveu em uma obra publicada na França em 1860:
“Na
natureza, tudo se conserva pelo equilíbrio e se renova pelo movimento. O
equilíbrio é a ordem; e o movimento é o progresso. A ciência do equilíbrio e do
movimento é a ciência absoluta da natureza.” [2]
A
ordem não pode ser imposta de cima para baixo ou de fora para dentro. Cabe à
liderança da comunidade propor uma percepção compartilhada da ordem natural das
coisas. A coerência de um país resulta da coerência dos seus cidadãos. Melhor
do que reclamar de uma nação ou comunidade é inspirá-la para que melhore.
A
ordem e o progresso trazem consigo uma bênção. Constituem um carma positivo. Na
bandeira do Brasil, a frase com estas palavras está escrita no meio do céu.
Há
ordem em todos os planos da natureza. Nossa galáxia e nosso planeta estão espontaneamente
organizados, e o progresso neles é cíclico e eterno. O indivíduo e a comunidade
sábios entram em harmonia com a ordem e o progresso naturais do universo.
A
melhora durável vem de dentro para fora. Surge a partir das causas na direção
das consequências. Aparece primeiro na mente, depois ocorre no plano do plantio,
e finalmente se desdobra no processo da colheita.
A
verdade é que o país em que vivemos não existe nas ruas, mas nas consciências.
O país cumpre o papel de um espelho dinâmico para cada um. A ideia de Ordem e
Progresso é inspiradora para nossos esforços individuais e constitui um bom
lema para o movimento teosófico, porque expressa um aspecto central da arte de
plantar bom carma.
NOTAS:
[1] A origem
positivista do lema da bandeira brasileira não tem, portanto, grande interesse
real. É inegável a força da sabedoria não-sectária presente nas suas três
palavras, que apontam para a necessidade de construir responsavelmente um
futuro saudável. Embora o positivismo seja uma filosofia estreita e falha, teve
o bom mérito de doar este lema para a república do Brasil.
[2] “História da
Magia”, de Eliphas Levi, Ed. Pensamento, SP, Brasil, 409 pp., ver p. 402. A
obra foi publicada pela primeira vez em francês em 1860.
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Para conhecer um diálogo documentado com a sabedoria de grandes
pensadores dos últimos 2500 anos, leia o livro “Conversas na Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline.
Com 28
capítulos e 170 páginas, a obra foi publicada em 2007 pela editora da
Universidade de Blumenau, Edifurb.
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