O Amor Verdadeiro é o Conhecimento
Profundo de uma Alma Irmã da Nossa
Farias Brito

A lei do casamento é o amor.
Mas que vem a ser o amor?
Não é a inclinação cega. Esta é quase sempre animal. Por
isto têm razão os pais quando se opõem ao casamento de seus filhos, se estes se
deixam atrair por falsas aparências de amor, e o que não raro sucede, fascinados
por seduções malévolas. E quantos não são realmente iludidos por paixões
simuladas, caindo no laço armado pelas mais torpes especulações?
O amor, o amor verdadeiro é o conhecimento profundo de
uma alma irmã da nossa; de uma alma que nos seduz por sua beleza, que nos
encanta por sua bondade.
Deve vir não como um relâmpago que nos confunde e
atordoa; mas como serena manhã que nos acorda de longe, que cresce lentamente,
que nos vai sucessivamente iluminando, penetrando-nos, saturando-nos, fibra a
fibra, com seu fluido benéfico, e por fim nos inunda com sua claridade. É a
contínua experimentação de um coração que nos serve de abrigo.
E deve ter seu principal fundamento no conhecimento, como
uma fé que a razão esclarece. Por isto precisa de tempo para avigorar-se. Eis o
que é o amor. É o princípio mesmo da vida.
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O texto acima é reproduzido do volume “Inéditos
e Dispersos”, de Farias Brito, Editorial Grijalbo, São Paulo, 1966, 550
pp., ver p. 119. Título original: “Fragmento
de uma Carta”. O artigo foi também publicado em “O Teosofista”, fevereiro
de 2016, pp. 1-2.
Nascido em 1862, o filósofo Farias
Brito viveu até janeiro de 1917. Está entre os pensadores brasileiros que
observaram a vida desde um ponto de vista elevado e metafísico. Brito
transcendeu as religiões dogmáticas e sua obra tem numerosos pontos em comum
com a teosofia original.
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