30 de janeiro de 2018

A Diferença Entre o Interno e o Externo

Quando Chegamos ao Centro do Nosso
Verdadeiro Ser, Descobrimos a Universalidade

Carlos Cardoso Aveline

O planeta Netuno é um portal para a consciência do universo



Em teosofia, vale a pena examinar a relação entre o chamado “mundo interno” e o mundo externo de cada ser humano.

Quando olhamos superficialmente a vida, pensamos que os processos internos são apenas nossos, individuais, enquanto os processos externos estão sujeitos à influência alheia.

Isso é verdade em uma primeira instância, e no nível superficial do ser. Na realidade, o que é interior não é estritamente pessoal. Nem está separado dos outros seres.

Em astrologia, por exemplo, Netuno, regente do místico signo de Peixes, é o mais contemplativo dos seres planetários do nosso sistema solar; mas Netuno é também o mais galáctico, o mais impessoal e o mais coletivo dos planetas. Assim, não há nada isolado, não só no mundo objetivo, mas também no mundo psicológico e na dimensão espiritual.

H.P. Blavatsky afirma que Netuno é um “visitante” do nosso sistema solar, e esclarece que ele não pertence de fato ao nosso sistema. Dane Rudyar escreveu que Netuno, como Plutão e Urano, são “embaixadores” da Galáxia nesta pequena vila solar, o nosso recanto no meio do cosmos.

Netuno é uma porta astrológica para o mundo impessoal do universo celeste.

Ele nos convida a deixar de lado a ideia errada de que o eu pessoal tem uma existência real ou durável. A personalidade de alguém é muito mais uma “impressão” passageira do que uma realidade. O chamado “eu pessoal” é uma tela relativamente ilusória e mutável, que se coloca entre o infinito mundo externo e o infinito mundo interno.

Só o centro ético do ser, sua essência de sinceridade e honestidade, permanece: não a pobre personalidade externa e passageira que está a serviço da alma interior. Porém a alma espiritual e eterna, o âmago do indivíduo humano, é impessoalmente universal. Não constitui algo ou alguém separado do cosmo: está unida a todos os seres.

A filosofia esotérica nos ajuda a perceber este fato diretamente. Ela ensina a compreender que a tela tênue chamada “eu”, separando momentaneamente o infinito externo do infinito interior, é, ela própria, um resumo do universo. Essa tela provisória vive imersa na bênção ilimitada, embora raramente saiba disso.

Assim, quando a filosofia esotérica afirma que “a mudança é interior”, não está dizendo que “a mudança é estritamente individual”.

Mesmo sendo interior, a mudança nunca é unipessoal. Quando chegamos ao centro do nosso verdadeiro ser, descobrimos a universalidade e nos libertamos interiormente da ilusão de “ahamkara”, isto é, da falsa noção de que existe um eu separado.

A ideia de um eu separado é válida no plano externo, mas se refere apenas aos envoltórios ou instrumentos usados pelo verdadeiro eu. Nossa essência é cósmica. É luz pura. Dificilmente pode ser descrita com palavras, e é dela que vem a vivência direta da felicidade incondicional.

000

Uma versão inicial do texto acima foi publicada sem indicação do nome de autor em “O Teosofista”, edição de setembro de 2008, p. 12. Título original: “O Que é ‘Interno’, e o Que é ‘Externo’?”.

000

Veja em nossos websites os artigos “Netuno, Um Mistério Diante de Nós” e “O Mundo Como Espelho da Alma”. 

000

Em 14 de setembro de 2016, depois de uma análise da situação do movimento esotérico internacional, um grupo de estudantes decidiu criar a Loja Independente de Teosofistas. Duas das prioridades da LIT são tirar lições práticas do passado e construir um futuro saudável.

000