31 de janeiro de 2018

Despertando das Guerras do Ópio

A História Humana
Obedece à Lei do Equilíbrio

Carlos Cardoso Aveline




Está sendo travada em nosso século uma espécie de guerra psicoativa contra a lucidez e o bom senso da mente humana.

O fenômeno surge como um bumerangue cármico. Parece ser em parte uma volta em espiral das Guerras do Ópio do século 19, quando a Inglaterra, a principal potência ocidental na época, impôs sobre a China o uso intensivo de ópio.

Sim. Aquele país profundamente cristão, a terra de Shakespeare e Dickens, local de nascimento de tantos pensadores éticos, usou o ópio como arma suja para destruir moralmente a população chinesa e assim dominar o seu país.

A primeira Guerra do Ópio ocorreu em 1839-1842. Na segunda Guerra do Ópio, durante os anos 1850, a Inglaterra contou com a ajuda da França para outra vez derrotar militarmente a China. Deste modo, os dois países, sinceramente cristãos, garantiram a destruição ética da nação chinesa e tanto o tráfico de drogas como a exploração colonial puderam continuar conforme desejado. O consumo e o tráfico de drogas impostos à China eram chamados de “livre comércio”.

Cedo ou tarde, de um modo ou de outro, tudo o que é plantado deve ser colhido. A lei da causa e do efeito, que garante punição e recompensa, é explicada no capítulo sete de Deuteronômio e em várias outras escrituras - judaicas, cristãs e orientais.

No século 21, o Ocidente parece ser o alvo prioritário de uma guerra contra a lucidez dos seus habitantes. Enquanto isso, a influência da China sobre os assuntos internacionais e a economia ocidental cresce constantemente, com frequência de maneiras misteriosas e indiretas, conforme o tradicional estilo asiático.

Na civilização ocidental, amplamente cristã, o uso intensivo de bebidas alcoólicas se soma hoje a um consumo crescente de maconha e outras substâncias psicoativas.

A isso devemos acrescentar os intensos efeitos psicológicos dos mecanismos de propaganda política e comercial em grande escala, e a vasta quantidade de desinformação produzida pelas empresas de jornalismo convencional.

Há várias ordens de fatores roubando do cidadão o seu bom senso e prejudicando a sua capacidade natural de pensar de modo correto.

Uma parte significativa da população humana vive dentro de uma escravidão instintiva, permanecendo dominada pelos impulsos animais. Indivíduos de talento são prisioneiros do costume de sonhar acordados e mantêm suas consciências desligadas da realidade. Em muitos casos, dedicam-se a especulações pseudointelectuais. Milhões de pessoas praticam devaneios espiritualistas sem utilidade prática, ou adotam crenças religiosas sustentadas pela fé cega e pelo fanatismo, das quais existe um grande número de variedades.

Diversas formas de “Psicologia” baseada no egoísmo reduziram a influência das escolas éticas de pensamento psicológico e psicoterapia, como as que foram criadas por Sigmund Freud, Alfred Adler, Erich Fromm, Karen Horney, Rollo May ou Viktor Frankl.

Como consequência da negação da alma espiritual e da exaltação do egocentrismo, doenças da alma como a depressão psicológica e outras formas de sofrimento emocional são hoje epidêmicas. Este fato, por sua vez, tornou-se uma desculpa para que uma psiquiatria mecanicista possa intoxicar quimicamente milhões de pessoas, receitando “remédios” psicoativos que visam controlar o cérebro e transformam seres humanos em exemplos lamentáveis de pessoas robotizadas.

Este passageiro mas doloroso processo de desespero da alma é em grande parte involuntário, e para muitos invisível. O fenômeno é provocado predominantemente de boa-fé. Ocorre por falta de discernimento, e está vinculado à adoração do dinheiro e das posses materiais.

Centenas de formas de ignorância espiritual se espalham como tentativas infantis de evitar o progresso moral da humanidade, graças ao qual ela alcançará os níveis de evolução em que predomina a autorresponsabilidade.

Esta tendência negativa induz os cidadãos a uma derrota silenciosa em suas próprias almas e ameaça destruí-los psicologicamente de modo semelhante à maneira como as Guerras do Ópio derrotaram a população chinesa durante o século 19.

Já é hora de os humanos aprenderem uma ou duas lições de ética. A “psicologia” manipuladora desenvolvida pelos nazistas nas décadas de 1920 a 1940 com o objetivo de dominar as mentes dos cidadãos foi adotada até certo ponto pelo Ocidente democrático, depois da segunda guerra mundial, conforme o escritor inglês George Orwell denunciou devidamente.

A manipulação mental de nações inteiras já havia sido denunciada e prevista por Helena Blavatsky no século 19. Helena também esclareceu que o fenômeno não poderia durar muito tempo e seria desmontado na hora certa.

A Vitória da Luz e da Ética

As almas humanas buscam pelo que é moralmente bom, eticamente belo, e verdadeiro. O tempo nunca passa em vão. Uma após a outra, as bolhas de ilusão coletiva - no plano comercial, religioso e político - deixam no momento correto de resistir ao impacto dos fatos objetivos.

A História não evolui de acordo com fantasias, nem com propaganda. Ela obedece estritamente à lei da natureza, que é a lei do equilíbrio e da justiça, ou carma.

Existe na alma humana uma reserva moral de bom senso e boa vontade. Ela convida os cidadãos a romper o hábito de sonhar acordado - que resulta do uso de drogas, do egoísmo e da propaganda - e a acordar para a consciência e a ação autorresponsáveis.

A teosofia afirma que o nascimento de uma civilização baseada na ética e na solidariedade é inevitável. A filosofia esotérica pondera também que não há motivo para postergar esse fato. A nova civilização será um renascimento de outras mais antigas. A mudança deve ocorrer primariamente na vida e na alma de cada um. A boa vontade é o princípio orientador básico, e cada cidadão é o centro da mudança espiritual e civilizatória.

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