Por Toda Parte
Existem Minas de Ouro e
Diamantes, à Espera
de Alguém que as Veja
O. S. Marden
A história de Ali
Hafed repete-se uma e muitas vezes diariamente, em todos os lugares do globo. É
sabido o velho conto oriental do camponês persa.
Ali
Hafed vendeu, por menos da metade do seu valor, a fértil fazenda que possuía
nas margens do Indo, e foi pelo mundo em busca de diamantes; mas, ao cabo de
alguns anos de pesquisas infrutíferas, morreu de fome, de frio e de desespero, numa
terra longínqua. Entretanto, o novo dono descobriu na propriedade desprezada uma
enorme quantidade de diamantes de inestimável valor, que deram origem às
afamadas minas de Golconda.
Muitíssimos
jovens, como Ali Hafed, não conseguem aperceber-se das ocasiões de prosperidade
que os rodeiam, e dizem, como ele disse, que poderão encontrá-las noutra parte
diferente e distante daquela em que estão.
São
cegos para as ocasiões que se lhes oferecem, não sabem aproveitá-las e, muito
menos, aguardar que amadureçam. No numeroso exército dos vencidos, muitos
deixaram escapar, de entre as mãos, ocasiões que, bem aproveitadas, lhes teriam
garantido riqueza e renome.
Não
há necessidade de ir às cidades populosas em busca de ocasiões e conjunturas de
prosperidade. Por toda parte existem minas de ouro e diamantes à espera de que
alguém as descubra, e precisamente a mina mais rica, abundante e valiosa, com
os filões à flor da terra, é o caráter do homem, no qual todas as suas
qualidades e aptidões se resumem. Quem não as possua, sólidas e brilhantes como
o ouro, e, simultaneamente, nítidas e refulgentes como o diamante, será em vão
que emigrará para terras estranhas em busca de fortuna, porque, sem o capital
intrínseco do caráter, o seu trabalho ficará reduzido à tarefa do boi, que, por
toda parte onde vá, é jungido ao arado.
Tenhais
nascido numa choça ou num palácio, na cidade ou no campo, achareis ocasiões de
aperfeiçoar o vosso caráter e de ser um homem útil, porque a vida que palpita
em torno de vós não deixará de proporcioná-las umas sobre as outras. A vós cabe
estar alerta para aproveitá-las e corresponder acertadamente aos estímulos da
inspiração e da ambição. Não longe de onde estais neste momento, no mesmo lugar
que tão mesquinho e estreito vos parece, está alguém encontrando uma mina de
diamantes. Edison encontrou uma, vendendo jornais nos comboios, ou trens.
Carnegie, numa estação telegráfica. Wanamaker, empurrando uma carreta nas ruas
de Filadélfia. Marshall Field, num modesto armazém em Pittsfield. Michael Faraday,
lavando garrafas no laboratório de uma farmácia.
A
ocasião não pertence a quem a busca às cegas, nem é de quem a espera
preguiçosamente, mas de quem consegue descobri-la e aproveitá-la. A maior parte
de todas as oportunidades, de todas as ocasiões, está em nós mesmos.
Os
companheiros de Charles Schwab não viram a ocasião que ele aproveitou, enquanto
trabalhava como aprendiz numa fábrica de aços, nem os de Andrew Carnegie se
aperceberam de que, como ele, a poderiam ter na expedição de telegramas. Sem
dúvida que os demais vendedores de periódicos devem ter rido de Edison, ao
vê-lo trabalhar no seu laboratório ambulante, quando o trem, o comboio, parava
nas estações.
As
primeiras experiências que levaram Alexander Bell à invenção do telefone, causaram
riso aos estudantes da Universidade de Boston, de que era catedrático, e, ao
fundar uma sociedade para a exploração do invento, muito poucos capitalistas se
aventuraram a tomar ações, embora o seu tipo de emissão fosse somente de vinte
e cinco dólares. Unicamente Bell previu a mina de ouro que as suas rudimentares
experiências encerravam.
000
O texto acima é reproduzido
do livro “A Obra Prima da Vida”, de
O. S. Marden, Livraria Figueirinhas, 274 páginas. O volume foi publicado na
década de 1950 na cidade do Porto, Portugal. Ver pp. 41-43. A ortografia foi
atualizada. Termos caídos em desuso foram substituídos por palavras usadas e
conhecidas no século 21. (CCA)
000
O artigo “Enxergando as Possibilidades” foi
publicado nos websites associados dia 31 de julho de 2020.
000
000