Sete Trechos Para
uma
Abordagem Do
Filósofo Estoico
Paul
Carton

Uma estátua de Lúcio Sêneca, que
nasceu no ano 4 antes da era cristã
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Nota Editorial:
Reproduzimos a seguir sete partes da obra
“O
Naturismo em Sêneca”, de Paul Carton.
O livro é uma compilação dos escritos de
Lúcio
Sêneca e está publicado nos websites associados.
O autor de cada trecho é aqui identificado
antes da sua transcrição. Os números das
páginas
estão entre parênteses ao final da passagem.
Nascido a 12 de março de 1875, Paul Carton
é um
pitagórico do século 20 e autor de
diversos livros
importantes para os estudantes de teosofia.
Lúcio
Sêneca (4 AEC-65 EC) está entre os principais
filósofos
estoicos do mundo antigo. É considerado um
teosofista.
(Carlos Cardoso Aveline)
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1. A Filosofia da
Felicidade
Carton:
Primeiro
que tudo, Sêneca admite como princípio dirigente fundamental a necessidade para
o homem de viver em conformidade com a natureza, se quer ser feliz. (p.10)
Sêneca:
“Segundo
o grande princípio de todos os estoicos, é a natureza que eu pretendo seguir:
não nos afastarmos dela, formarmo-nos sobre a sua lei e o seu exemplo, eis a
sabedoria.” (p.10)
Sêneca:
“O
homem feliz não é aquele que o mundo assim chama, e no qual o ouro aflui em
abundância mas aquele que tem todos os tesouros na sua alma, que, altivo e
magnânimo, calca aos pés o que os outros admiram; que não vê ninguém com quem
se queira trocar; que toma a natureza como guia e as suas leis como regras,
vivendo como ela ordena.” (p.10)
“Só
temos que purificar a nossa alma e seguir a natureza; quem disso se afastar
está condenado a tudo desejar e a tudo recear, a ser escravo dos
acontecimentos.” (p.10)
2. O Altruísmo e a
Inteligência
Carton:
O
altruísmo, o amor ao próximo, a bondade a respeito dos inferiores, a
beneficência concedida a todos, tanto amigos como inimigos, encontram-se
professados categoricamente por Sêneca numa série de passagens das suas cartas.
(pp.80-81)
Sêneca:
“É
necessário viver para os outros se queremos viver para nós.” (p.81)
“O
benefício vem muito tarde, se vier apenas a seguir ao pedido”. (p.81)
Carton:
Mas
a beneficência deve ser praticada segundo certas regras para ser louvável e
útil. (p.81)
Sêneca:
“Em
matéria de benefícios, a lei das duas partes ordena que aquele que dá se
esqueça imediatamente, e aquele que recebe se lembre eternamente. Em nada
prejudica a alma, em nada a humilha, a lembrança constante daquilo que os
outros têm feito por nós.” (p.81)
3. Filosofia
Clássica e Reencarnação
Sêneca:
“No
dizer de Pitágoras, uma consanguinidade universal liga todos os seres, e uma
transmutação sem fim os faz passar duma forma para outra. A crermos nisso,
nenhuma alma morre nem mesmo cessa de atuar, salvo no curto momento em que ela
reveste um outro invólucro. Sem investigar aqui quais as sucessões de tempo e
quais os domicílios por vezes habitados, ela volta à forma humana (…).” (p.51)
4. A Conduta
Correta
Sêneca:
“…A
plenitude da felicidade para o homem é sofrear e vencer todos os maus desejos,
erguer seus olhos aos céus e devassar os pontos mais recônditos da natureza…
Oh! Como o homem é pequeno se não se educar acima das coisas humanas.” (pp.
10-11)
5. O Sábio Pode
Ser Visto como Louco
Sêneca:
“O
que o homem de bem julgar honesto fazer, fá-lo-á, por mais penoso que seja; e
fá-lo-á mesmo em seu prejuízo; fá-lo-á até quando para ele houver perigo. Mas,
uma coisa vergonhosa, nunca a fará, mesmo que dela possam resultar riquezas,
honras, prazeres, poder.” (p.80)
“Aquele
que resolver ser feliz, só deve reconhecer como bem a honestidade.” (p.80)
Carton:
Mesmo
com risco de sermos tratados como loucos por certos homens, devemos ter a
coragem de nos impormos a mais firme correção e a maior sabedoria. (p.80)
Sêneca:
“Consente
em passares por desarrazoado aos olhos de certos homens. Experimenta aqueles
que querem contra ti o ultraje e a injustiça; nada sofrerás se a virtude
estiver contigo. Sim; se queres ser feliz e abertamente homem de bem, há
desprezos que deves aceitar”. (p.80)
6. A Saúde da Alma
Sêneca:
“Cuida,
pois, acima de tudo, da saúde da alma; que a do corpo venha em segundo lugar; e
esta última custar-te-á pouco, se tu te quiseres portar bem...” (p.54)
7. A Arte de
Obedecer à Natureza
Sêneca:
“O
que é, na verdade, a razão? A imitação da natureza. E o soberano bem? Uma
conduta conforme ao voto da natureza.” (p.11)
“A
natureza, na verdade, é o guia que se deve seguir. É ela que observa, que
consulta a razão. É, pois, a mesma coisa: viver feliz ou viver segundo a
natureza.” (p.11)
Carton:
Mas,
seguir a natureza, em que consistirá? Em ser escravo da verdade; em procurá-la
antes de tudo e entronizá-la na vida pela obra diária do sábio governo de si
próprio, auxiliado pela reflexão e pela meditação; em fazer ato ao mesmo tempo
de ciência, de filosofia e de religião. Porque se não se aliassem os princípios
científicos aos princípios filosóficos e religiosos, as ligações naturais do
homem e o fim da sua vida seriam desconhecidos. Seguir-se-ia então uma
concepção falsa dos verdadeiros bens, uma aberração sobre as condições normais
da existência material e mental. Foi o que Sêneca compreendera perfeitamente. (p.12)
Sêneca:
“O
título de feliz não é consagrado ao homem que está fora da verdade; por toda a
parte a vida feliz é aquela que tem por base um critério esclarecido e seguro,
que é a base imutável da vida.” (p.12)
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O artigo
acima foi publicado como item independente nos websites associados dia 8 de
julho de 2020. Uma versão ligeiramente diferente desta compilação está
publicada sem indicação do nome do editor, sob o título de “O Estudo de Carton
Sobre Sêneca”, na edição de fevereiro de
2019 de “O Teosofista”, pp. 3-5.
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