10 de junho de 2025

O Outro Brasil Que Vem Aí

 
Eu Ouço as Vozes, eu Vejo as Cores, eu
Sinto os Passos, de um País Mais Brasileiro
  
Gilberto Freyre
 



0000000000000000000000000000000000000000000000000

Nota Editorial de 2025

Este poema profético foi publicado em livro em 1980 e
portanto durante o período da ditadura militar. Os versos
anunciam uma nova etapa histórica em que o Brasil viria
a ser governado por trabalhadores, e não já por membros
das velhas elites. No entanto, devemos evitar conclusões
apressadas. O governante-trabalhador poderá liderar o
país “contanto que seja digno do governo do Brasil”, isto é,
que seja honesto, íntegro e fale a verdade, “que tenha olhos
para ver pelo Brasil, ouvidos para ouvir pelo Brasil, coragem
de morrer pelo Brasil”. Em outras palavras, o governante
deve sacrificar-se  pelo país, ao invés de ser corrupto e usar
a corrupção como forma de se manter no poder. O cidadão
do povo poderá governar o país contanto que tenha “ânimo de
viver pelo Brasil, mãos para agir pelo Brasil”. E isto não surge
por obra do Espírito Santo apenas. É preciso fazer por merecer. 

A preparação ética do povo deve ser realizada. Cada brasileiro
pode alcançar o privilégio de compreender as vantagens de ser
honesto e honrado. Mas, para alcançar o privilégio de ser íntegro
e sincero ele deve educar com calma a sua própria vontade, tanto no
plano consciente como no plano subconsciente. Esta tarefa é mais
complexa e mais difícil do que alguns pensam, e requer um longo
esforço individual e coletivo de autoconhecimento e autoeducação.

O momento de começar o fortalecimento moral de um país está
disponível sempre agora, neste exato momento, porque é a força
moral e ética que permite a um povo não só existir de modo organizado,
mas também construir um futuro. A mesma força interior sustenta
individualmente cada um de nós - e merece ser cultivada a todo instante.

(Carlos Cardoso Aveline)

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000



O Outro Brasil Que Vem Aí 

Gilberto Freyre


Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e das regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar)
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.

(Gilberto Freyre)

000

O poema “O Outro Brasil Que Vem Aí” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde o dia 10 de junho de 2025. Os versos são reproduzidos do livro “Poesia Reunida”, de Gilberto Freyre, Edições Pirata, Recife, 1980, 107 pp., ver pp. 15-17. O poema faz parte também da edição de junho de 2020 de “O Teosofista”, pp. 10-11.

000

Leia mais:




* Corpo e Alma, Cavalo e Cavaleiro (texto de Theodoro D’Almeida).

* Regra da Vida Honesta (tratado estoico clássico de Martinho Bracarense)


* João de Deus, Louco, Santo, e Sábio (Como a Ruptura da Rotina Psicológica Pode Abrir as Portas Para a Vida Mística).

000



Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

000



2 de junho de 2025

Barão de Itararé, a Sabedoria da Irreverência

 
Conversas na Biblioteca: Um Diálogo
Com o Pioneiro do Humorismo Brasileiro
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
O Barão de Itararé conversando com o poeta Manuel Bandeira. Foto de 1966.



000000000000000000000000000000000000000000000

Tudo o que o Barão de Itararé diz no texto a
seguir está rigorosamente documentado, e suas fontes
são indicadas na nota bibliográfica ao final. (CCA)

00000000000000000000000000000000000000000000000000



Qual é o som de uma só mão que bate palmas no ar?”

“Qual era seu rosto, duzentos anos antes de você nascer?”

Tal como um paradoxo Zen, o humor pode ser um clarão cortante que revela os absurdos ao nosso redor. Através do riso, a mente se liberta da ditadura do pensamento. O humor reduz a pó as certezas rígidas do hemisfério cerebral esquerdo. Ele leva a consciência humana até muito além do sofrimento, e a apresenta a um vasto oceano de surpresas intuitivas.    

O brasileiro Aparício Torelly (1895-1971) não foi um mestre Zen.  Mais conhecido como Barão de Itararé, ele é o pioneiro genial que abriu caminho para o atual humor brasileiro.  Antecessor de Millôr Fernandes, sua carreira de rebelde piadista começou cedo. Já tinha fama de irreverente quando era estudante de Medicina em Porto Alegre.

Certo dia, um professor testava os seus conhecimentos em aula. Vendo que Aparício só dava respostas erradas, pediu ironicamente para os alunos:

“Tragam, por favor, um pouco de alfafa e de milho!...”

Rápido, Aparício completou:

“E, para mim, um cafezinho, por favor.”

Não demorou muito para que o brincalhão desistisse de obter um diploma, explicando que “um curso superior não encurta as orelhas de ninguém”. 

Aos 30 anos, largou o Rio Grande do Sul e foi tentar a vida no Rio de Janeiro. Durante alguns meses, escreveu para o jornal A Manhã. Depois deixou o emprego e fundou sua própria publicação, não por acaso batizada de A Manha. Mais adiante, nomeou a si mesmo como Barão de Itararé, em homenagem “à batalha que não houve” durante a revolução de 1930. 

Comprometido desde jovem com as lutas sociais, foi preso e perseguido em mais de uma ocasião. Questionador, envelheceu sem deixar de ser criança.  Aliás, insistia em afirmar que “a adolescência é aquela idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará tão cretino quanto o seu pai”. 

Nos últimos anos da vida, dedicou-se a estudos de cabala, numerologia e astrologia.  Morreu aos 76 anos, no auge da ditadura militar, deixando conosco seus textos e o testemunho do seu jeito debochado de ser brasileiro. 

1) O que é a vida? 

R: A vida é a arte de não morrer. Mas essa arte é variada e polivalente. Daí a necessidade da simplicidez, para evitar a encrenquidão. A boa vida, portanto, deve marchar paralela à boa arte. E, como a música é a mais bela das artes, felizes são os que levam a vida na flauta.

2) Um dos desafios que a humanidade enfrenta hoje são as experiências genéticas, desde os alimentos transgênicos até a clonagem humana. Embora seja útil em certos casos, a genética pode transformar a vida em um processo artificial, desvinculado dos valores humanos. 

R: O homem moderno enlouqueceu definitivamente. Nos dias que correm, ninguém mais se admira de ver um limoeiro galego produzindo azeitonas italianas, sem caroço, ou um tomateiro gigante do Turquestão vergando os galhos, sob o peso de melões portugueses, prontos para a exportação.

Mas o homem da era atômica não está operando essas metamorfoses apenas por meio de enxertos, cruzamentos ou hibridismos. Muitas vezes, ele recorre à faca, ao serrote, ao bisturi, e, então, já vai fazendo as coisas com maus modos.  Hoje há mais uma arrojada experiência do célebre professor escocês MacAckow, que está atualmente na Alemanha, a serviço do chanceler, pretendendo, pela cirurgia plástica sob medida, transformar um gorila africano e cabeludo num ariano puro, dolicocéfalo e louro, capaz de provocar, depois de devidamente barbeado e penteado à la Hitler, um novo e violento movimento racista.

3) Além de casar quatro vezes, você também fez toda uma pesquisa transdisciplinar para chegar a uma definição rigorosamente científica sobre o casamento.  Qual sua conclusão?

R: As definições, em geral, são pontos de vista individuais. E o ponto de vista individual está quase sempre subordinado ao interesse de cada um. Assim, o problema do matrimônio é definido de diversas maneiras, segundo o ponto de vista profissional. O banqueiro afirma: “O matrimônio é um bom investimento quando é garantido por um bom patrimônio.” O médico opina: “É uma enfermidade que começa com um aumento de temperatura e termina com calafrios”. O farmacêutico: “É a melhor poção calmante para os doentes de amor.” [ Para] o investidor da bolsa de valores,  “é uma especulação que, mais cedo ou mais tarde, leva o especulador à ruína”.

4) Na sua opinião, os políticos e os diplomatas nunca dizem a verdade?

R: Às vezes, os diplomatas dizem a verdade. Mas é preciso que estejam distraídos, como aconteceu a um delegado das Nações Unidas. Interrogado por um correspondente sobre a guerra mais recente e sobre o papel da ONU - que não sabia como pôr um fim ao conflito - estabeleceu-se a certa altura o seguinte diálogo:

“Que acontece quando há uma disputa entre duas nações filiadas à ONU?”

“Não se leva em consideração a disputa”. 

“Que acontece quando há uma disputa entre uma grande potência e um pequeno país?”

“Não se leva em consideração o pequeno país”. 

“E o que acontece quando há uma disputa entre duas grandes potências?” 

“Ah, nesse caso não se leva em consideração a ONU.”

5) Alguns políticos brasileiros não conseguem pensar em outra coisa além de eleições. Trata-se de uma obsessão.  Você tem algum conselho infalível para esses candidatos? 

R: Aquele que quiser ser eleito deve usar com toda confiança a seguinte receita, fórmula do farmacêutico Alberto de Oliveira, membro da Academia e conceituado fabricante de versos parnasianos: “O candidato deve percorrer o seu distrito eleitoral e, com cada um dos eleitores, apostar 10 mangos na ideia de que não tem chances e não será eleito. Como todos os eleitores terão interesse em vencer a aposta, todos votarão nele.”

6) O Brasil tem tido uma sorte danada com os dirigentes políticos que prometem defender os direitos do povo. Quando chegam ao poder, esquecem o que haviam dito até o dia da posse e se comportam como se fossem reis, ou como se fossem o Sol, em torno do qual deve girar toda a vida.  Esse problema é antigo? 

R: A expressão “astro-rei” para designar o Sol deve ser muito velha. Provavelmente, trata-se de uma imagem literária feita por algum intelectual palaciano, na época em que as monarquias ainda prosperavam. 

A imagem é francamente bajulatória, pois o escriba foi movido pelo desejo de agradar o rei, e não de agradar o Sol. Um dos Luíses da França foi denominado “o Rei Sol”. As monarquias agora estão por baixo, (...) mas os literatos pernósticos ainda continuam a chamar o Sol de “astro-rei”. A expressão é, portanto, anacrônica e precisa ser atualizada.  O Sol, no Brasil, deveria chamar-se metaforicamente de “astro-presidente”, porque, por incrível que pareça, toda a vida nacional gravita em torno dos presidentes da república - que nem por isso têm sido lá muito brilhantes.

7) E o que você tem a dizer sobre a coerência pessoal dos “líderes do povo”,  depois que passam a morar nos palácios?

R: Num congresso de socialistas no início do século 20, em Londres, George Bernard Shaw denunciou como uma vergonha da sociedade o fato de que muitos ricos passeiam em automóveis estupendos, enquanto existem ainda pessoas condenadas a viver em favelas e cavernas. “Como podem subsistir esses privilégios e manter-se essas diferenças sociais?”, perguntou o orador, acrescentando: “Agora mesmo, nesse edifício, está postado um automóvel luxuosíssimo, uma autêntica provocação contra os pobres dessa cidade.”

Shaw fez uma pausa, avaliando os relâmpagos de despeito que brilhavam nos olhos dos seus ouvintes, e concluiu: “Mas, de qualquer modo, antes de pensar em incendiá-lo, quero avisar-lhes que esse automóvel é meu!”

8) Você tem uma visão bastante peculiar a respeito da história do Brasil...

R: O Brasil foi descoberto, por acaso, em 1500, e ficou sendo colônia de Portugal até 1822, mas não por acaso. Nesse ano, um príncipe português proclamou a independência do Brasil e o país, desde então, passou a fazer dívidas por conta própria, ficando cada vez mais dependente dos seus credores. Em 1889 foi proclamada a República, a qual foi passando por muitos estados de evolução, entre os quais podemos citar o estado de sítio, o estado de emergência, o estado de guerra, o Estado Novo, que culminou afinal, no estado a que chegamos.  

9) Uma das figuras irreverentes da filosofia grega antiga é Diógenes, o mais famoso dos cínicos. Como se sabe, os cínicos eram sinceros, mas questionadores e ligeiramente debochados. Diógenes morava em um barril, nas ruas.  Dizem que certa vez o poderoso Alexandre parou diante de Diógenes, que tomava Sol na calçada, e perguntou ao sábio se havia algo que poderia fazer por ele. Diógenes respondeu: “Sim. O senhor pode dar licença, por favor, e sair da frente do Sol,  para não fazer sombra na minha frente.”

Outro dia, o filósofo foi visto caminhando para lá e para cá no meio do povo, com jeito preocupado, carregando um lampião aceso em plena luz do dia. A cada um que perguntava o que ele fazia, Diógenes repetia: “estou procurando por um homem honesto”.

Mais de vinte séculos depois, o que faria Diógenes, o Cínico, se tivesse de viver nos dias atuais? 

R: Se voltasse agora ao mundo, Diógenes começaria atirando a sua anacrônica lanterna no lixo e acabaria comprando em prestações, sob reserva de domínio, um possante holofote, a fim de reiniciar a procura de um homem de bem.

Diógenes envelheceria novamente projetando a luz dos refletores em todas as direções, e terminaria os seus dias na mesma busca inútil que lhe consumiu a existência anterior.

Desta vez, entretanto, poderia abandonar o seu tonel e tentar a pesquisa nos arranha-céus e nas moradias suntuosas, mas nem por isso seria mais feliz nas suas conclusões.

A humanidade, realmente, não presta para nada, mas não nos devemos esquecer de que nós fazemos parte dela e, portanto, nós também não somos lá grande coisa.

Basta este raciocínio para que tenhamos uma grande dose de tolerância e de complacência para com essas pobres criaturas, cheias de imperfeições e de fraquezas, pois também nós somos feitos do mesmo barro frágil e quebradiço.

O grande erro de Diógenes foi justamente o de procurar o homem de bem entre os seus semelhantes. O homem que julga mal os outros não pode ser trigo limpo.

10) Diógenes estava olhando na direção errada? 

O filósofo cínico não deveria projetar a luz embaciada da sua lanterna sobre os homens. Ele deveria começar voltando-a sobre si mesmo, porque, por mais patife que seja um cavalheiro, sempre tem o seu lado bom. Aquele que procurar com boa vontade e sem azedume um homem de bem não precisará percorrer as ruas da cidade, porque esse homem já se encontra presente no próprio pesquisador.

A humanidade não presta. Mas nós devemos viver reconciliados e conformados com ela. Esse é o antiácido capaz de melhorar a nossa azia e de acalmar as náuseas totalitárias que assaltam periodicamente o nosso estômago.  E, para chegar a essa conclusão, não é necessário ser muito filósofo, como Diógenes. Basta ser um pouco cínico.

NOTA BIBLIOGRÁFICA:

O melhor estudo disponível sobre a vida e a obra do filósofo de Itararé  é a biografia O Barão de Itararé, as duas vidas de Aparício Torelly, Cláudio Figueiredo, Ed. Record, RJ, 1988,  206 pp.

Fontes das respostas, respectivamente, no diálogo acima: 1) Barão de Itararé - Antologias d’A Manha (1927, janeiro a abril) por Fortuna, Ed. Studioma, 1995, 63 pp., ver p. 27; 2) Almanhaque, o Almanaque d’A Manha de 1955, EDUSP/Imprensa Oficial de SP/Studioma, 2002, 224 pp., ver p. 113;  3) Almanhaque de 1955, volume citado, p. 86;  4) Almanhaque de 1955, volume  citado, p. 204;  5) O Barão de Itararé, Antologias d’A Manha (1926), Ed. Studioma, 1995, 63. pp., ver p. 50; 6) Almanhaque de 1955, volume citado, p. 204;  7) Almanhaque de 1955, p. 219;  8) Almanhaque do Barão de Itararé para 1949, Imprensa Oficial SP, EDUSP-Studioma, edição facsimilar, SP,  2003, 264 pp., ver p. 24; 9) Almanhaque do Barão de Itararé para 1949, obra citada,  p. 228; 10) Almanhaque 1949, obra citada, p. 228. (CCA)

000



O texto acima reproduz o capítulo 26 de obra “Conversas na Biblioteca”, de Carlos Cardoso Aveline,  Edifurb, Blumenau, 2007, 170 páginas. Foi publicado nos websites da Loja Independente de Teosofistas no dia 02 de junho de 2025.

000

Leia mais:



* Veja a seção temática

* Examine nos websites da LIT a seção temática sobre Cristianismo e Teosofia.

000



Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

000

31 de maio de 2025

Poema Acróstico - Fraternidade Universal

 
O Nosso Ideal é a Prática da
Sinceridade, e Disciplina nos Afazeres
 
Aracy Medeiros Clemente
 



1. Fraternidade

Força para fazer o bem.
Responsáveis por uma vida limpa,
Aberta a nossa mente, e
Tendo um coração puro,
Elevamos o nosso espírito.
Respeitamos o outro.
Nenhum mal desejamos. Nosso
Ideal é a prática da sinceridade, e
Disciplina nos afazeres.
Alegria e solidariedade,
Desapego e coragem, são coisas que
Eternizam o Amor.

2. Universal

Unidos somos força.
Ninguém poderá desfazer ou
Impedir o coração.
Verdade e sinceridade.
Elevando-se a bondade,
Renascem o sentimento solidário, a
Sabedoria e o poder.
Alcançamos a Verdade com a
Luz do coração.

000

Aracy Medeiros Clemente é associada da Loja Independente de Teosofistas e vive em Minas Gerais.

000

O poema acima está disponível como item independente nos websites da LIT desde 31 de maio de 2025. Ele faz parte também da edição de  julho de 2021 de “O Teosofista”, página 06.

000

Leituras recomendadas:






* O Poder de Cura do Eucalipto (a Amizade das Árvores).



000



Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

000


 

29 de maio de 2025

Decida Vencer e Defina o Objetivo

 
Alguns Pontos Básicos na
Arrancada Para a Vitória
 
Jean des Vignes Rouges
 



1. A Decisão de Vencer

Ao jovem que sonha com uma grande carreira, ao mesmo tempo que secretamente treme ao pensar em perder a vida. Aos homens e mulheres de todas as classes sociais, inclinados a repetir sem parar: “Os tempos estão difíceis! Problemas surgem de todos os lados, grandes e pequenos. Estes me incomodam, aqueles me aborrecem... Estou cansado disto, como posso sair desta situação?”

Quero ajudar você.

E, antes de mais nada, você sabe como pronunciar corretamente esta pequena frase: “Eu quero vencer”?

Quantas pessoas eu conheci que não sabiam dizer essas palavras, embora elas sejam bem simples!

Revejo Faugier, largo, atarracado, forte, com as sobrancelhas franzidas. Ele parecia correr pela vida como um animal selvagem furioso, repetindo: “Eu sou dinâmico, vou ter sucesso aconteça o que acontecer!”

Que mal-educado, eles pensavam! E fugiam para longe do seu alcance, prometendo a si mesmos, se necessário, pregar alguma peça cruel nesse personagem devastador. E o pobre rapaz, vítima de um orgulho mal expressado, nunca conseguiu alguma coisa. De percalços a fracassos e de azar a infortúnios, ele acabou caindo um dia em alguma vala, dinamitado - pode-se dizer - por seu próprio dinamismo.

O gordo Marchet também repetiu com frequência: “Eu quero vencer!” Mas fazia isso com uma voz tão fraca que dava vontade de rir, pensando que ele desistiria logo no primeiro obstáculo.

Lembro-me também do magro e nervoso Tolacq, tão ansioso por “honrar seu nome” com uma carreira gloriosa. Infelizmente, ele repetia isso com entonações que revelavam sua forte angústia interior. Ninguém apostou nele, tampouco. Contudo, ele obteve vitórias, graças à sua determinação incondicional, ainda que nervosa.

Quanto ao Marloffe, frenético e ambicioso, meio louco, que rondava sempre os “poderosos” mendigando, exigindo uma promoção, um emprego ou um favor, ele às vezes conseguia assustar os distribuidores de empregos, até porque suas exigências eram de chantagem. Acima de tudo, ele conseguiu ser odiado e desprezado.

Saiba portanto expressar o seu desejo de vencer de tal forma que as suas palavras façam subir, desde sua alma, o despertar de energias adormecidas, ao mesmo tempo em que anunciam sem alarde a colocação em movimento de uma vontade sadia, forte, razoável, e decidida a continuar querendo até o fim.

Não precisa falar alto! Evite também o ridículo das atitudes escandalosas. Gritos podem ser úteis em certas ocasiões, mas, na vida cotidiana, é melhor que você seja o homem sobre o qual as pessoas confessam com admiração: “Ele não age como um arrogante, ele fala com calma, mas, cá entre nós, fique sabendo, esse sujeito, por trás da sua aparência reservada, tem um temperamento forte como um trovão dos céus! Ele vencerá.”

2. Definir a Meta

O que você quer alcançar?

Quer desfrutar de prazer? Deseja se divertir? É essa a vitória com que você sonha? Também conheci muitas pessoas para quem o ideal era “evitar o tédio”. Como resultado, “faziam a festa”. Sempre observei que esses indivíduos infelizes acabam morrendo cheios de nojo de si mesmos e dos outros. Administradores desastrados das energias que a natureza lhes deu, eles se desgastam de maneira miserável.

Eu não insisto. Além disso, você é rico o suficiente para se dar ao luxo doentio dessa existência parasitária? Então trema! Pois você não ignora que preservar uma fortuna é, em nossa época, um problema ainda mais difícil de resolver do que a quadratura do círculo. A pobreza está esperando por você.

Mas talvez “sucesso”, para você, signifique ser um “santo”. Se a sua vocação é suficientemente forte, a sua alma tão perfeitamente pura, a sua vontade tão submissa aos imperativos divinos que você sente irresistivelmente a felicidade na forma de desapego aos bens deste mundo, de devoção absoluta aos outros, a todos os ideais concebidos pelas religiões e filosofias; então eu me curvo respeitosamente diante de você. Meus conselhos neste caso só podem ser como as modestas observações técnicas que um trabalhador humilde às vezes permite apresentar ao seu chefe... E as quais, mesmo assim, são úteis ao patrão.

Você pretende ser “um grande deste mundo”? Chefe de uma poderosa empresa industrial, comercial ou agrícola? Você sonha em um dia se tornar deputado, ministro e, por que não, presidente da República? Ou, mais modestamente, você quer ter uma carreira brilhante, em qualquer lugar que o destino o coloque? Então aqui retomo a minha função como técnico em psicologia com a afirmação de que posso esclarecer algumas coisas para você.

Mas por que eu deveria ser demasiado modesto? Isso daria a você um mau exemplo. Eu também estou sujeito à lei geral, aquilo que manda ao homem afirmar a sua personalidade, fazendo com que ela seja respeitada pelos seus semelhantes, porque se ele contasse apenas com a admiração espontânea deles, infelizmente ficaria desiludido! Com muita frequência.

Digo-lhe, portanto, com a autoridade que me foi dada por uma vida que começou há muitos anos, repleta de altos e baixos, de leituras, de reflexões e observações da realidade - recomendo, portanto, que você cultive as qualidades que o tornam bem-sucedido.

Quais?

Elas são incontáveis! Procure em um dicionário todas as palavras que designam virtudes úteis a um homem que deseja ter sucesso. Que colheita! Perseverança, atividade, afabilidade, ambição, desenvoltura, ardor, segurança, audácia, autoridade, bom senso, bravura, charme, circunspecção, clarividência, clareza de espírito, combatividade, constância...

Paro por aqui. Seriam necessárias várias páginas para transcrever as qualidades, e livros inteiros para comentá-las. Mas acredito que o primeiro dever de um doador de conselhos é não sobrecarregar aqueles que o ouvem com uma torrente de exortações, porque elas iriam apenas perturbar o seu espírito, ao invés de o ajudar. 

É por isso que, sobre este tema - o sucesso -, fiz uma seleção de ideias entre todas aquelas que me parecem transmitir ao meu leitor uma força propulsora eficaz.

Porque esse é o propósito. Em suma, o objetivo não é tanto ensinar você a fazer pequenas coisas usando truques psicológicos, mas sim transmitir-lhe o desejo de ter sucesso. As palavras aqui não são simples carteiros apáticos encarregados de depositar na “caixa postal” da sua mente frias advertências de cobradores de impostos. Não, as palavras de um livro sobre a arte de ter sucesso também devem proporcionar o choque psicológico, um “pontapé em determinado lugar” [1], aplicado com força no ponto certo de uma “moral” que talvez estivesse ronronando muito satisfeita consigo mesma.

Eu estudo neste volume [2] as qualidades que você deve desenvolver até a medula dos ossos. Por isso eu as viro e reviro de todos os lados para você ver. Com método, porém.

Portanto, em relação à arte do sucesso, vou distinguir duas partes. A primeira ensina como regular o motor, digamos assim, ou equipar o homem com os sentimentos e as tendências que garantem a criação de energia e preparam o seu uso metódico. A segunda parte consiste em manobrar essa máquina admirável que é você mesmo, no meio social onde você deve “deixar a sua marca”. Isso torna necessário o estudo de outros seres humanos e dos meios pelos quais alguém se faz amado ou temido por eles.

A exposição desta segunda parte exige um volume que escreverei mais tarde.[3] Essa é, pelo menos, a minha esperança.

NOTAS:

[1] Esta imagem pitoresca é de um assinante da revista “France Efficience”, satisfeita com a publicação. (Nota de JVR)

[2] “Les Qualités Qui Font Réussir”, de Jean des Vignes Rouges, Éditions Amiot-Dumont, Paris, 1951, 223 páginas.

[3] Veja outros artigos de Jean des Vignes Rouges.  

000

O texto “Decida Vencer e Defina o Objetivo” está disponível como item independente nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 29 de maio de 2025. Ele faz parte também da edição de maio de 2025 de “O Teosofista”, pp. 13 a 16. Foi traduzido do livro “Les Qualités Qui Font Réussir”, de Jean des Vignes Rouges, Éditions Amiot-Dumont, Paris, 1951, 223 páginas, ver pp. 09 a 13. Tradução: CCA.

000

Clique e leia outros artigos sobre Jean des Vignes Rouges.

000



* Veja a seção temática

* Examine nos websites da LIT a seção temática sobre Cristianismo e Teosofia.

000



Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

000