17 de outubro de 2025

O Teosofista - Outubro de 2025

 




A edição de outubro começa com o artigo “A Verdadeira Anatomia do Ser Humano: Onde Fica Atma”. Um Mestre esclarece a questão de onde se localiza o mais elevado dos sete princípios da consciência.

Na página três vemos “Stephen G. Post Escreve: Dois Parágrafos Sobre o Amor Ilimitado”. O amor altruísta é o ponto de convergência mais importante entre todas as espiritualidades e religiões.

A página quatro apresenta “A Teoria dos Abalos Sísmicos”. Busca Interior Inclui Dificuldades. Na página seis, o leitor encontra um link para “Como Disciplinar a Vontade: Descobrindo o Tesouro do Magnetismo Próprio”.

Outros temas de outubro:

* Uma Lição do Egito Antigo - A Função do Chefe de Estado é Harmonizar.

* Santo Expedito ou a Sabedoria da Ação Súbita.

* Pense Antes de Agir ou Falar.  

* A Sabedoria do Brasil - Três Fragmentos de uma Obra Clássica do Visconde de Cairu.

* O Destino das Nações Segundo o Eclesiástico.

* Desejando o Bem Para os Leais e Para os Desleais.

* O Marquês de Maricá - Teosofia no Brasil, Décadas Antes de Helena Blavatsky.

* Ideias ao Longo do Caminho - Como Tornar Sagrada a Sua Vida Diária.

* Pense: o Que Mais Você Precisa Para Ser Feliz?

Com 22 páginas, o Teosofista inclui a lista dos itens publicados recentemente nos websites da LIT.



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A edição acima foi publicada no dia 17 de outubro de 2025, com a Lua em Virgo.

A coleção completa de “O Teosofista” está disponível nos websites associados.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

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15 de outubro de 2025

O Reino Interior

 
Um Território Vasto e Complexo, Que
Cada Um Deve Conduzir com Sabedoria
 
Joana Maria Ferreira de Pinho
 



Minha mente para mim é um reino;
Encontro nela um bem-estar tão perfeito
Que supera qualquer outra bênção,
Venha de Deus ou da natureza.

Sir Edward Dyer no poema



Há várias imagens que podem representar a natureza humana. Desde a abóbada celeste até ao mundo natural à nossa volta, percebemos nelas os elementos e as dinâmicas que compõem o ser humano. O micro está no macro, e o macro ecoa no micro.

Dentro de nós habitam planetas, estrelas distantes e todos os outros corpos celestes, como se o universo inteiro estivesse vivo no espaço da alma. As qualidades e os defeitos da comunidade planetária, do continente e do país aos quais pertencemos, residem igualmente em nosso interior.

O nosso mundo interno é vasto e variado: grutas misteriosas, florestas densas, cidades barulhentas, planícies silenciosas. Rios correm pelas veias, e águias sobrevoam as cordilheiras dos nossos pensamentos. O vento percorre as florestas e sussurra os segredos da alma, enquanto o fogo consome as impurezas. Cada elemento e cada paisagem refletem a complexidade e a riqueza da vida que flui dentro de nós.

Em nossas almas existem mundos inteiros.

Os conflitos mais feios, bem como os ideais mais nobres das sociedades, têm igualmente palco na existência interna de cada um. Temos cavernas que escondem medos, marés de emoções, montes feitos de memórias e de sonhos, e campos cultivados com as sementes de nossas ações.

Tudo isso reside no ser humano, como um território vasto e complexo que cada um deve aprender a conduzir com sabedoria.

Neste reino, a Alma Imortal, ou Eu Superior, é o Rei.

Os elementos da nobreza estão nas faculdades da mente mais elevada, como a razão, a intuição. Os conselheiros do Rei são os instrumentos superiores que ajudam a colocar em prática as decisões do Rei e o auxiliam nas tomadas de decisão através da criatividade, do planejamento, da experiência. Eles informam, orientam e aconselham, tornando possível que as decisões do Rei sejam sábias e que a harmonia se mantenha no reino. O discernimento alerta sobre impulsos que podem gerar desordem; a criatividade encontra caminhos para superar obstáculos; a memória recorda as lições do passado; o planejamento organiza a execução das decisões soberanas.

Quer a nobreza, quer os conselheiros, correspondem àqueles setores que são profundamente leais ao Eu superior e que ajudam o Rei no estabelecimento da verdade e da justiça. 

Os pensamentos, emoções e hábitos são súditos do nosso Reino que precisam de uma liderança forte e equilibrada. As lembranças, os desejos e as experiências correspondem às terras com seus desafios e riquezas.

As batalhas deste reino refletem conflitos internos que precisam ser resolvidos com justiça. O nosso exército e guarda real são feitos de energia, de força de vontade, de autodisciplina, coragem, rotinas saudáveis, vigilância. Enfrentando possíveis impulsos negativos e crises internas, o exército tenta garantir que a vida do Rei esteja protegida e que as suas decisões sejam implementadas.

As leis do reino são os princípios, as normas e o ideal pelos quais devemos governar nossa conduta e nossas escolhas, de forma que haja coesão e paz.

Aprender a governar este reino é, portanto, a arte de integrar cada elemento e de estabelecer uma ordem harmoniosa.

Se o rei (a Alma Espiritual ou Atma) falha no bom governo, o reino interno entra em anarquia. Quando os conselheiros (discernimento) são ignorados, surgem as decisões erradas. Quando o povo (emoções) se rebela, nasce o caos interno. Se o exército (vontade) está fraco ou desordenado, há uma incapacidade para agir. 

Para nós, ainda longe da consciência superior plena, é necessário educar corretamente a nossa Alma.

É precisamente sobre essa arte de educar e disciplinar o governante e de bem governar que refletiu Jerónimo Osório (1506-1580), bispo de Silves, em Portugal. Humanista, conhecido como o “Cícero português”, J. Osório escreveu a obra “Da Instituição Real e Sua Disciplina”[1], publicada em 1572 e dedicada a D. Sebastião, na época rei de Portugal. O tratado oferece conselhos sobre a condução do reino, as virtudes do soberano e a disciplina necessária para governar sabiamente. Algumas dessas lições podem ser aplicadas na arte de governar a nós mesmos.

Jerónimo Osório escreveu:

“…O encargo de reinar não pode prescindir das normas da honestidade. (…) O que tiver como sumamente bela a função de reinar, também terá como eminentemente nobre a prática de honestamente agir.” (p. 7)

No contexto cristão humanista de Jerónimo Osório, e também na perspetiva teosófica, o significado de “honestidade” inclui inteireza do caráter, a coerência entre o bem que se conhece e se pensa e o bem que se pratica.

O governante honesto é aquele cuja conduta se harmoniza com a Verdade, que reina não por si, mas segundo o princípio do Bem.

A verdadeira honestidade nasce do autodomínio. Muitos confundem honestidade com impulsividade, julgando-se sinceros e honestos ao expor, sem ponderação, tudo o que pensam e sentem.

Carlos esclarece no texto “O Poder da Honestidade”:

“A sinceridade deve andar junto com a boa intenção e uma inofensividade essencial. Ser honesto com as pessoas não é o mesmo que dizer a elas a primeira coisa que nos vem à cabeça. A franqueza cega dos impulsivos é um gesto automático, impensado e portanto irresponsável, causando frequentemente mais problemas do que soluções. A sinceridade precisa ser exercida com calma e de modo impessoal. É indispensável um equilíbrio interior.” [2]

Quem age por impulso ainda não governa a si próprio. E, conforme lembra Osório, “como poderá tutelar a liberdade dos seus quem for escravo de suas paixões?” (p. 9). E Carlos acrescenta que “ao lado da honestidade deve haver sensatez”. [3]

Assim como o rei terreno deve dominar suas paixões para governar com justiça, também nós, com nosso rei interno, devemos aprender a reinar sobre os nossos próprios impulsos, para que o território interior possa servir à Lei Universal e vá ao encontro da prosperidade e da bem-aventurança. Se tal não ocorrer o poder poderá ser tomado por um tirano, o que na nossa natureza interna ocorre quando qualquer aspecto inferior da alma humana ocupa o trono da consciência.

Osório faz a seguinte distinção entre o Rei e o tirano:

“É Rei o que obedece à inspiração divina, segue os ditames da reta razão, promove a justiça, reprime os crimes e as fraudes, observando em tudo a devida ordem e medida. É Rei o que consegue impor-se a toda a Nação pelos merecimentos de suas virtudes; o que todos os perigos afronta para salvar a pátria; o que, aspirando à posse da eterna glória, chega a desprezar a morte para alcançar a imortalidade.”

“Será, pelo contrário Tirano, aquele que não atender a Deus [isto é, a Lei Universal], enjeitar os ditames da razão, der guarida à impureza e ao prazer; o que violar as leis divinas e humanas e recorrer ao dolo e à simulação. Será tirano quem trocar a verdadeira dignidade por uma falsa aparência de decoro.” (pp. 9-10)

A tirania não é apenas um fato político, mas um estado de desordem espiritual: quando o eu inferior se apodera do governo, a luz da razão e da inspiração divina é ofuscada, e o reino interior cai em confusão. E bem ensinou José Bonifácio ao escrever: “A verdade, quando fica muda, introduz a tirania.” [4]

Reinar honestamente, no sentido mais elevado que Osório propõe, é manter o trono da consciência sob a autoridade legítima da Alma, estar em sintonia com a Lei Universal que também habita em nós. Somente assim o reino interno reflete a ordem divina.

Lemos em “Da Instituição Real e Sua Disciplina”:

“Reger ou governar é orientar algo para o seu devido fim. Por isso, quem rege ou governa o povo, esforça-se por conduzir os cidadãos, com ordem, medida e disciplina, ao objetivo para que todos devem tender. E esta finalidade consiste no engrandecimento e na prosperidade da república. Ora a prosperidade de um povo está em possuir o bem e livrar-se do mal.” [5]

O devido fim daqueles que se dedicam ao estudo teosófico é cooperar conscientemente com a Grande Lei. Tanto a meta de governar os pensamentos, as emoções, os estados de consciência e os hábitos, como o dever de governar todos os demais cidadãos do nosso reino, requerem autodisciplina. A prosperidade espiritual, assim como a prosperidade de uma república justa, depende da concórdia entre o pensar, o sentir e o agir, e esta concórdia é inseparável da vitória do bem sobre a ignorância, da virtude sobre o vício. 

O governante de si mesmo deve permanecer vigilante, equilibrando discernimento, coragem e prudência. Dessa forma, a paz é estabelecida e a tirania interna é evitada. Este é o propósito do estudo e da prática teosóficos: transformar a vida interna em um reflexo da ordem divina, preparando o terreno para uma plena expressão da consciência superior.

Aquele que pretende exercer um sábio e bom governo do seu reino exige de si mesmo forte atividade nos assuntos internos. A inação leva à derrota espiritual, como alerta Osório:

“Não anda o ócio sozinho; acompanham-no o tédio, a negligência, a timidez e a preguiça. E se for o Rei atacado por estes vícios (…) lá se vai por terra a salvação do povo.” (p. 36)

Numa perspectiva teosófica, ócio e negligência, além de corresponderem a falhas de conduta, são obstáculos à evolução da consciência. Pensamentos, emoções e hábitos devem ser cultivados sob a direção da Alma, o legítimo Rei.

O Rei interior desperto mantém a ordem, dissipa os impulsos cegos e alinha o reino com a Verdade e a justiça. Educar e disciplinar o nosso reino é, portanto, uma prática diária e um exercício refletido, em cada escolha e ato.

NOTAS:

[1] “Da Instituição Real e Sua Disciplina” (De Régis Institutione et Disciplina), de D. Jerónimo Osório, Edições Pro Domo, Lisboa, 1944, 419 pp. O livro está disponível na Biblioteca Nacional Digital de Portugal.

[2]O Teosofista”, agosto de 2019, p. 4. 

[3] Do texto “O Poder da Honestidade”, publicado em “O Teosofista”, agosto de 2019, p. 4.

[4] Palavras citadas no artigo “José Bonifácio, um Patriarca Polêmico”, de Carlos.

[5] “Da Instituição Real e Sua Disciplina”, de D. Jerónimo Osório, Edições Pro Domo, Lisboa, 1944, 419 pp., pp. 21-22.

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O texto acima está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 15 de outubro de 2025.

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Leia mais:







* Examine nos websites da LIT a seção temática sobre Cristianismo e Teosofia.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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23 de setembro de 2025

A Independência e a Paz

 
O Exercício do Poder com Sabedoria
Exige o Talento Para Construir Consensos
 
Michel Temer




A consolidação da independência do Brasil, proclamada por D. Pedro I há 202 anos, sempre teve como força organizadora primordial a busca pela paz interna. Nações divididas e em permanente conflito intestino tornam-se vulneráveis à ação de forças externas que desejem subjugá-las. Mais ainda quando conflitos crônicos e aparentemente insolúveis passam a opor os Poderes, que a Constituição determina serem harmônicos, mesmo independentes.

Na mais que centenária história da nossa República, a pacificação interna sempre apareceu como objetivo desejável, ainda que os métodos para tentar alcançá-la tenham oscilado, de regimes concentradores de poder e força a regimes que buscaram alguma forma de conciliação entre opostos. Na verdade, esses dois vetores sempre existiram em paralelo, com um polo prevalecendo sobre o outro de acordo com as circunstâncias históricas.

Presidentes que buscaram a pacificação interna tiveram como prêmio para a posteridade o reconhecimento da História. Talvez o exemplo mais agudo seja Juscelino Kubitschek, que soube compreender o papel estratégico da conciliação. Ideia que também orientou nossa transição mais recente, liderada por Ulysses Guimarães e Tancredo Neves e consolidada de modo admirável sob o comando do presidente José Sarney.

Com as velas enfurnadas por esses ventos, a Nova República plasmou na Constituição Federal de 1988 a ideia de um novo Estado alicerçado na tese da paz interna e internacional. Para isso, a ordem que o povo deu por meio dos constituintes às autoridades constituídas foi: “unam-se todos”. As controvérsias sempre existirão, e haverá momentos de disputa especialmente aguda, mas o método para dirimi-las será o diálogo e a decisão democraticamente adotada.

Note-se que o texto da Carta embute a indispensabilidade da oposição, pois seu sentido jurídico-constitucional determina que ela ajuda a governar, na medida em que critica, contesta, contradita, contraria, fiscaliza. É natural que haja diferentes correntes de opinião, distintos grupos com ambição política. Nosso ordenamento constitucional determina, entretanto, que as diferenças devem ser decididas pacificamente, de acordo com as leis do país.

E se vale para os cidadãos, vale também para as instituições de Estado, que jamais deveriam lançar combustível na fogueira das paixões políticas. Isso apenas aceleraria a tendência a uma indesejável radicalização, além de minar a segurança jurídica de que decorre a segurança social, essencial para os investimentos, o trabalho e o relacionamento entre os indivíduos e as instituições. Cumprir rigorosamente o sistema normativo é perseguir a paz.

E o Supremo Tribunal Federal será sempre o primeiro e maior interessado em cumprir a regra à risca. Até por ser última instância do Judiciário e guardar a responsabilidade do controle constitucional.

Não haverá no Brasil desenvolvimento e justiça social sem paz política, e esta não terá permanência se todos os segmentos sociais e políticos não se sentirem participantes legítimos do jogo, submetidos às mesmas regras que os adversários e com possibilidade real de alcançar seus objetivos dentro da lei e da ordem. É sabido que a força da lei reside não apenas na força do Estado para impô-la, mas principalmente na crença social de que ela vale para todos.

Transformar a natural polarização, característica de todas as sociedades, em radicalização pode gerar prêmios imediatos em poder e glória, especialmente nesta nossa era de digitalização e interconexão ubíquas. Mas será ilusão, e, como toda ilusão, passageira. Ainda que proporcione vitórias eleitorais momentâneas. O exercício do poder com sabedoria demanda, além da capacidade de exercer a força, o talento para construir consensos.

Daí decorre o conceito de legitimidade. E nenhum poder se sustenta sem isso.

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O artigo “A Independência e a Paz” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 23 de setembro de 2025. Foi publicado inicialmente pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, em 7 de novembro de 2024.  

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Sugestões de Leitura:






* Veja outros artigos do ex-presidente Michel Temer.


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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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22 de setembro de 2025

Esquerda, Direita, Centro…

 
Ideologias Devem Servir Para Buscar
Soluções, e Não Para Dividir Pessoas
 
Michel Temer
 



Sou contra as rotulações. Esquerda, direita, centro, extrema esquerda ou extrema direita pouco importam ao cidadão comum. O que ele quer do governante é resultado. Se este for positivo, se tiver emprego ou conseguir sobreviver economicamente, não importa o rótulo que o governante queira utilizar. Aliás, os rótulos têm apenas um efeito eleitoreiro. Alardeia-se que a esquerda é a favor dos pobres e a direita, dos ricos. Mas exemplos de governos eleitos são plenos de esquerdistas protetores do empresariado, ricos, e direitistas que se dedicam fortemente a bons resultados sociais. Rótulos, portanto, nada significam para os habitantes de um país

Costumo exemplificar: pergunte a quem passa fome se ele é de esquerda, direita ou centro. Dirá: quero um pão. A um desempregado: quero um emprego. A um empresário: quero financiamento. Ou pagar menos tributos. Tudo a indicar um comando pragmático, objetivo, palpável, de acordo com as necessidades de cada qual.

Importante, sim, é preservar o sistema democrático porque é nele que o povo manda ao escolher seus representantes. Para os que apreciam a rotulação, melhor seria distinguir os sistemas democráticos dos autocráticos ou monocráticos, já que estes últimos retiram do povo a capacidade de escolha, gerando fórmulas absolutistas.

Vejam que não é incomum, naquela rotulação tradicional, jogar empregados contra empregadores e estes contra os empregados. São, na verdade, as duas grandes forças produtivas nacionais e aos governos cabe compatibilizá-las, e não desarmonizá-las. Tomemos argumento trivial: os governos querem combater o desemprego. Para tanto, é preciso ter emprego. Para ter emprego, é preciso ter empresa. É claro que se impõe, nessa equação, que uns e outros estejam satisfeitos com suas atividades. Daí o lucro, daí salários adequados.

Outro preconceito: meio ambiente e terras indígenas. São valores nacionais que merecem preservação. Entretanto, esses temas passaram a ser ideológicos, prejudicando, em face de embate ideológico, a sua adequada solução. E tudo isso gera mal-estar e disputa entre brasileiros, quando todos deveriam unir-se para solucioná-los. Ideologia deve prestar-se a buscar soluções, não dividir pessoas. Concreção, racionalidade, discussão de ideias, e não embate destrutivo de conceitos.

Outra coisa que se nota: cada novo governo (na União, nos Estados, nos municípios) quer destruir o que os anteriores fizeram. Mudam-se programas e até seus nomes, quando se sabe que cada governante, no seu momento histórico, fez coisas úteis. Se efetivou erros, eles hão de ser apontados e corrigidos. Aí, sim, cabe a observação crítica cujo objetivo será nobre: consertar o que deu errado.

Outro conceito equivocado: nas democracias é fundamental a existência da oposição. No seu conteúdo jurídico-constitucional, a oposição existe para ajudar a governar quando critica, contesta, contradita, fiscaliza. Impede ela, com tal atuação, o poder absoluto, unitário. Mas não é essa a sua atividade, ou seja, se eu perdi a eleição, o meu dever é destruir aqueles que a venceram. O conceito, portanto, é político, e não jurídico. Com isso se prejudica a governabilidade e, em consequência, o povo. O exemplo clássico institucional correto é o que se dá no Reino Unido. Lá, a maioria forma o governo, o gabinete de situação, e a oposição estabelece o que se conhece como gabinete das sombras, cujo objetivo é fiscalizar o governo.

Com essas considerações e com vistas a aperfeiçoar o sistema, volto aos rótulos. Por mais que se os despreze, eles subsistem. E, por subsistirem, permito-me dizer que em alguns momentos no Brasil venceu o que se chama de esquerda; em outros, a direita. Mas as últimas eleições municipais indicaram que o povo quer o centro, ou seja, moderação, tranquilidade, harmonia. Nada da radicalização que tem imperado nos últimos tempos. Quando se pensa no centro, parte-se da concepção latina segundo a qual a virtude está no meio (in medio virtus).

Se o centro é vencedor, é preciso organizá-lo. Organizá-lo significa somá-lo. O que se constatou nestas eleições municipais é que muitos partidos vencedores são de centro. Levaram a maior parte, expressiva mesmo, dos municípios brasileiros.

Em 2026 teremos eleições nacionais e estaduais. Faria bem ao País se esses partidos começassem a aliançar-se desde já por meio de um programa comum que venha a ser debatido durante a campanha para ser aplicado no governo, oferecendo, assim, ao eleitorado a oportunidade de saber a opção que está fazendo. Uma espécie de ponte para os futuros quatro anos, de 2026 a 2030. Isso dará consistência e credibilidade a esses partidos. Candidatura ver-se-á no momento próprio, mais adiante.

De igual maneira, ainda preso à rotulação: a esquerda poderá agrupar-se e, de igual maneira, formatar um programa comum. E de igual forma poderá fazê-lo a chamada direita.

Sendo assim, a próxima eleição não será apenas de nome contra nome, mas de programa contra programa. Será, na certa, uma atuação bastante respeitosa com o eleitorado.

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O artigo “Esquerda, Direita, Centro…” está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas desde 22 de setembro de 2025. Foi publicado inicialmente pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, em 23 de novembro de 2024.

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Sugestões de Leitura:







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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”. 

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19 de setembro de 2025

O Teosofista - Setembro de 2025




A breve nota “O Progresso Moral é a Base Necessária da Paz e da Prosperidade”, escrita por Helena Blavatsky, abre a edição de setembro. Em poucas linhas, Blavatsky indica o que está faltando para que seja possível a felicidade.

A página dois traz o artigo “A Força Curativa do Pensamento”. O tema é como mandar paz e vitalidade - com eficiência - para o seu próprio corpo físico.

Na página oito, Sá de Miranda aconselha: “Corrige os Teus Erros a Tempo”. E ao ler estes poucos versos você escuta um autor do século 16, que foi, aliás, irmão mais velho de Mem de Sá, o Governador-Geral do Brasil entre 1558 e 1572.

Outros temas de setembro:  

* Teosofia, o Caminho da Integração. Cada obstáculo é uma oportunidade para olhar para dentro e melhorar a nós próprios. Texto de Joana Maria Ferreira de Pinho.

* Se Quer Reunir Força, Poder e Sabedoria, Contrarie a Si Mesmo.

* Como Redescobrir o Brasil. Há sempre luzes espirituais acesas na vida dos povos, cabe estimulá-las. Artigo de Arnalene Passos do Carmo.  

* O Rumo do Pensamento.

* Swami Sivananda: O Que é Satya - Veracidade.

* Cristina Florentino: o Bode Expiatório da Família.

* Os Conflitos e os Testes Durante o Aprendizado da Vida. Uma reflexão de Sá de Miranda, em versos.

* O Respeito Por Si Mesmo é a Base do Respeito Pelos Outros.

* Ideias ao Longo do Caminho. O universo é como um espelho mágico refletindo de volta tudo o que você faz.

Com 26 páginas, o Teosofista inclui a lista dos itens publicados recentemente nos websites da LIT.



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A edição acima foi publicada no dia 19 de setembro de 2025, com a Lua em Virgo.  

A coleção completa de “O Teosofista” está disponível nos websites associados.

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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.

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